Recursos

Quebra Braços

A linda jovem se levantava da sua cama bordada em cetim, enfeitada com panos ali e aqui, jogou seu lençol de seda por aí, e se colocou a andar com seu vestido branco, cheio de babadinhos meigos, para uma quase-mulher, de olhos azuis e um cabelo castanho escuro até a altura da cintura. Longos cabelos. Ela caminhou até a varanda, para olhar a linda vista das florestas que decoravam o horizonte com uma cor esverdeada, e mais ao fundo, uma lua e várias estrelas que brilhavam, brilhavam forte, como se estivessem chamando a pobre coitada, que lentamente, se colocava a pular desse precipício. Aos poucos, ela já estava a um passo de cair da sacada para nunca mais poder voltar, pois as estrelas chamavam, a Lua chamava o mundo a chamava. Ela não conseguia se jogar, tinha medo de entrar de cabeça nessa queda insana, voltou para a cama, se escondeu em meio aos panos, e dormiu novamente. Para acordar depois. E depois.

A Casa Vermelha – Pt.1

Dois jovens, um garoto de uns dezessete anos e uma garota de aproximadamente quinze anos entravam numa mansão, uma bela mansão monocolor. Sua madeira, seu teto, seu chão, suas portas suas janelas (exceto o vidro), suas escadas, era tudo com uma cor predominante, a cor vermelha. Ambos ficaram surpresos com isso, uma casa no meio do nada, e de pintura totalmente incomum. O garoto, Robert foi primeiro, chegou a uma pequena escadaria que levava a porta principal, nela havia um circulo de ferro, pintado de cor vermelha, no qual ele jogou contra porta, fazendo um barulho bem alto. Robert voltou alguns passos, e a garota, Amélia, foi em direção à porta que se abria sozinha.

Por dentro, tudo era vermelho, mas esse vermelho tinha um cheiro estranho, cheiro de sangue, algo do tipo. Robert começou a explorar o local, e vagarosamente, deixou a garota para trás, usando todo o seu entusiasmo para procurar coisas desconhecidas, em um lugar desconhecido, um verdadeiro aventureiro. Amélia seguia o garoto, mas ao andar pelas várias salas do lugar, acabou sendo atraída por uma porta, que diferente de tudo no local, tinha uma cor branca. Chegando lá, ela abriu a porta, e viu uma sala toda branca, e uma porta ao fundo, entrou nela e a porta se fechou. Ela rapidamente ficou tonta, mas a sensação passou e ela, nervosa, abriu a porta para sair dessa casa esquisita.

Agora, tudo havia mudado de cor, a mesma casa, os mesmos detalhes, só que agora com uma cor diferente, o Branco. Amélia começou a ficar nervosa, não sabia o que fazer, e de repente, ouve-se dois sons estranhos, um barulho de batida, e o grito de um homem. Era Robert, algo havia acontecido com ele. Amélia olhou para o teto, e ele começava a se tingir de vermelho, o mesmo vermelho da sala de estar. Algo estava acontecendo.

A Casa Vermelha Pt.2

O coração de Amélia palpitava muito rapidamente, o local não passava mais uma vibração feliz, aconchegante, agora era algo bem mais assustador. O branco que antes trazia paz agora traz loucura. A expressão da garota era de medo, com algumas pequenas lágrimas caindo sobre seu singelo rosto, sua maquiagem começava a se esvanecer, seus olhos começaram a ganhar um avermelhado, cuja garota não queria ver. Vermelho, agora ela odiava essa cor. Ela voltou alguns passos e lentamente, sentido alguns calafrios, voltou para a sala branca, a mesma que havia sentido uma tontura. Ela abriu a porta, e vagarosamente, a fechou, tendo nem entrado na sala. As pessoas fazem coisas sem sentido quando tem medo, mas, como um tiro no escuro, ela teve sorte de descobrir o que estava acontecendo. A sala girou. Sim, ela se movimentou, e ficou vermelha. Ela abriu a porta, e viu a passagem que tinha entrado inicialmente.

Ela correu de uma porta a outra, e deu de cara com a antiga sala vermelha. Por mais estranho que pareça, ela sentiu um pingo de felicidade ao ver essa cor novamente, a mesma cor que matou seu amigo, e que provavelmente a mataria, se não tivesse cuidado o suficiente. Colocou suas mãos na parede, e então escorregou e caiu no chão. Esse vermelho não era sangue, nem tinta seca, mas sim, tinta fresca. A garota voltou dois passos, e viu no chão, as pegadas que ela havia deixado. Como não havia percebido isso, era o ápice de sua adrenalina, ou sua êxtase em mistérios que havia deixado ela desse modo? Amélia seguiu seus passos e chegou ao Hall da casa, onde ela se separou de Robert. Subiu as escadas, mas deu de cara com uma parede. A casa não tinha um segundo andar, pensou a garota, pasma. Amélia correu para fora da casa, e percebeu o porque de uma casa com poucas coisas, era uma mansão, pois eram duas casas, uma branca e uma vermelha, em meio ao nada. A garota deu uma volta na mansão e viu a entrada vermelha e uma entrada branca. A primeira tinha um segundo andar, já a segunda, não. Atarantada, Amélia saiu da mansão sem ao menos pensar no que havia acontecido ao seu amigo, ela não queria ser a próxima vitima desse Labirinto Vermelho.

~X~

I Put My Love In Ice

Ela andava recatada, cheia de si, dançava Blues como eu nunca tinha visto em ninguém na vida. Ah, sua saia de bolinhas vermelhas até o joelho mexia e remexia, parecia que iam sair do corpo dela a qualquer momento. Ela finalmente parou então, sentou-se em um banquinho vermelho, um lugar vago a esquerda e a direita, um cara com penteado Elvis (pensei isso com certa desprezo, mas eu também usava esse penteado, na verdade, todos do lugar usavam) e uma jaqueta couro preta. Sentei-me no lugar vago e comecei a pedir bebidas, e a pagar bebida para outros caras e outras mulheres, mas a única que eu queria realmente pagar, era a garota da saia de bolinhas vermelhas, até que finalmente criei coragem e a chamei para dançar. Foi surreal, inimaginável, ver sua saia correndo circularmente contra o vento. Ela olhava para mim com seus pequenos olhos verdes, e o cara da jaqueta olhava para mim como se eu estivesse estragando alguma coisa. No final da dança, ela me deu um papel, um endereço e uma dica, “Corra até mim enquanto puder.” Ela foi embora, e eu fiquei cantando alto alguns sucessos do momento.

~X~

Ela não andava mais, agora ela estava fria, e eu estava triste e ao mesmo tempo feliz. Foi à última vez que nos reencontramos, mas no final o frio conserva tudo, até o meu coração. Foi a única solução.

Você diz
Pode ir
Talvez realmente nem ligue
Mas quero que me vingue

Quero que me vingue
De tudo que prometi
Que iria amar para sempre
Mas tenho que seguir em frente

Prepare a lente
Do a armação do seu lindo óculos
Pois essa vai ser a nossa única crônica
Tudo bem, mas deixar sua cabeça atônita.

Parasitas

Você acha que eu realmente ligo para essa porra? Tipo, você acaba comigo por dentro, suga tudo que tenho de bom, e coloca coisas ruins no lugar. Vai conseguir consertar isso? Duvido. Vai conseguir fazer coisa pior? Provavelmente, é a sua arte. Es uma artista por natureza em me causar desastres e não tem hipérbole que exista, que possa aumentar ainda mais a raiva e o amor que tenho pelo seu parasitismo. Sugue-me mais, eu odeio, mas eu também amo perder tempo. Você destrói meus sonhos antigos, para formar novos juntos, e então finalmente, quebra uma realidade, construída detalhe por detalhe, até o último chão de um futuro que não acontece mais. Tu consegues ser minha, mas quando quero que realmente vá, você realmente fica, e me parasita cada vez mais. Isso dói, mas é bom. “Desatina sem doer”, quem dera. Vai conseguir me fazer melhor? Claro, mas depois iremos ter mais uma pancada feia, mas sabe o bom no final disso tudo? Que no final, se o parasita não achar mais nenhuma vítima, ele vai morrer de saudades.