estrela

estrela

(O voyeur, Adriana Varejão)

um

chamai-a estrela. minha estrela. me espreguiço nesse banco de praça. goldenrod se levanta ao meu redor. me ajeito. pego um cigarro no box e o isqueiro. acendo e começo a fumar. espeon se aproxima de mim. levanta colocando as patas sobre o meu colo. inclinando a cabeça em ângulo agudo na direção de meu rosto. ele gosta do cheiro da fumaça. seu rabinho balança com alegria. e do outro lado da rua está estrela. odeio quando algum carro passa entre nós dois. me atrapalha a visão. e se já não bastasse tudo que existe entre nós, como o fato de nunca termos nos falado, precisa ainda de um carro? é claro que não. como eu e ela nos conhecemos? queria poder responder isso. mas, como já disse, não nos conhecemos. quer dizer eu a conheço. a pergunta então seria: como eu conheci estrela? era só mais um dia de sol como muitos outros, ou quase. eu estava voltando para a casa calmamente depois de mais um estressante dia na escola. espeon como sempre do meu lado. falava as coisas com ele, sabia que me entendia, era meu único amigo de verdade. foi então que eu cruzei por ela em um semáforo. seus sapatos levemente surrados pisavam delicadamente na faixa de pedestre. sua saia rosa longa balançava com o vento, desenhando o contorno de suas pernas minuciosamente. ela apertava sua bolsa contra o corpo. não consigo lembrar de sua blusa porque lá já estava perto demais do sorriso. um sorriso sem destinatário que parecia expressar uma satisfação plena, parecia ocultar qualquer problema. quem visse aquilo esqueceria enquanto estivesse em cena de qualquer problema. seus cabelos negros e curtos caiam sobre o rosto de vez em quando e ela afastava a mecha inconveniente com os dedos indicadores e médios de sua fina mão direita. seus olhos castanhos olhavam por cima de meu ombro, mas nunca pra mim. nosso primeiro encontro foi assim, durou 15 segundos, que se estenderam para sempre. eu os estendi. quando cheguei do outro lado da rua girei sobre o calcanhar. a segui devagar. com cuidado. não queria que ela me visse, talvez queria. mas quem sabe? se não sei. estrela foi andando pela rua até chegar nessa praça que agora estou. sentou por algum tempo nesse mesmo banco e fumou um cigarro. em seguida foi para uma loja que há aqui em frente, onde agora está. trabalha lá. eu nunca entrei lá. nunca comprei qualquer coisa com ela. eu nunca falei nada. desde aquele dia até hoje me sento aqui depois da escola com espeon, fico por três horas observando estrela. imaginando como poderíamos ser felizes juntos. mas o fato é que ela não gostaria de mim. não sou bom em agradar. nem em falar. nem em correr. batalhar. desenhar. cozinhar. sorrir. escrever (como podem perceber). no que sou bom? observar. sou um voyeur, sim. enfim, essa é minha rotina de segunda a sexta desde o dia em que a vi pela primeira vez. quanto tempo isso faz? dois anos. eu tenho muita sorte de ter estrela. ah, sim. como sei o nome dela? não sei, só acho que esse combina.

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ai que história lindinha, já me apaixonei pela estrela e pelo voyeur. *-* adorei o fato dele ter um Espeon. achei muito interessante você não revelar o nome deles. continua assim que vou continuar acompanhando! *¬*

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oi.

então, vou tentar falar o máximo que posso e não usar shift porque essa é a regra básica do universo.

não usar shift.

eu acho que já falei quase tudo no pvt, menos que essa é a minha fic favorita agora. eu curti a forma como você narrou - cômica, apaixonada e tudo mais -, como já disse, acho que ficou muito a sua cara.

boa sorte com ela e tudo, vou acompanhar com certeza.

espero que ela tenha um desenrolar doentio e um final psicologicamente perturbador, btw.

Bonita essa imagem no início. Faz jus ao nome. Talvez tenha um sentido mais profundo que um pornográfico, fotogênico. Talvez seja mais romântico. Ou não, apenas coisas da rotina, assim. É. E gostei bastante do jeito de narrar, slá, o timing ficou perfeito. É uma história tão urbana, tão moderna, tão... Normal. Normal demais, dói no peito de quem ama.

Dói no peito de quem ama de uma forma voyeur.

Continue, please.

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Pardon pela demora. Tu sabe de tudo, por que demorei e essas balelas.

Depois que você disse pra eu comentar logo, que queria saber minha opinião, agora eu não sei o que dizer. Que ficou incrível eu já te disse pelo fb. Eu nunca li nem assisti nada sobre voyeur, mas é uma temática super intrigante mesmo. Pesquisei e já anotei uns filmes famosos que o abordam. Que a maioria de seus textos estão me lembrando a Clarice Lispector depois que você leu A Hora da Estrela, isso você também já sabe. Não pela narrativa em si, mas a forma como você a desenvolveu e, é claro, por causa daquelas perguntinhas que ela costuma fazer - sempre, sempre perspicazes, sempre nas horas certas.

Enfim, minha irmã amou entender quando eu respondi à sua pergunta de qual era o nome da garota. A estrela inominada. haha Eu gostei muito mesmo, aguardo o próximo caps hein.

Pena que desistiu completamente da outra fic, mas que ela ia te enrolar pra caramba, é verdade.

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obrigado vocês quatro, essa fanfic não vai durar por muito, mas vai ter um fim, só que não há tempo, certo?

"não mira ira

não miro mas te acerto no peito

quando mudo meu amor de endereço"

dois

estou na varanda do apartamento onde moro com minha mãe. sentado. com espeon ao meu lado descansando. o sol se põe entre os prédios. os carros buzinam incansavelmente como se aquilo fizesse o tempo passar mais rápido, ou o trânsito andar. meu maior arrependimento é ser. eu realmente queria ter coragem pra falar. mas prefiro sempre me esconder em mim. olho os pidgeys no céu girando uns em torno dos outros indo para suas árvores. eles não têm medo de entrarem em contato uns com os outros. por que tenho? deslizo minha mão pela sacada. batendo levemente os dedos pelo percurso. suspiro. estou angustiado. amanhã já é sábado. estrela não trabalha nos sábados. nem nos domingos e quartas. são dias tristes. sem luz. respiro fundo. sinto como se as coisas estivessem prestes a se desfazerem. vale citar já o fato de estrela sempre encontrar com alguns garotos. todos os dias praticamente, algum vai com ela pra loja. a deixa na porta. se despedem com um beijo. normalmente o garoto que acompanha muda em um período de duas semanas, as vezes menos. sempre um novo. com perfis bastante diferentes. mas assim como estrela tem seus namorados eu tenho a minha. o que faz de mim um completo perdedor, acredite. eu não amo maria. mas sei que ela me ama. sempre foi minha única amiga, a única pessoa com quem converso. somos muito abertos um com o outro. conversamos sobre quase tudo. o único assunto que faz com que esse "quase" exista é estrela. é óbvio que não falamos sobre ela. maria nem sequer sabe que estrela existe. eu sou uma pessoa horrível, sabe? uso maria só como um porto seguro. ter com quem trepar regularmente só pelo bem do corpo, mas minha alma se culpa cada vez mais.

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Maria, Maria. Terá ela alguma participação mais interessante que apenas um bode expiatório na fic? Podia abordar dos sentimentos dela também, embora, ao colocar um nome, talvez tenha acabado com essas chances. O conhecer o desconhecido é o que mais me agrada em sua fic atualmente. Essa Estrela... Não sei ao certo, mas ela me parece meio [palavra censurada].

[palavra censurada] ou não, há sempre the true love way. Ou talvez não possa ser nada, não é? I'm expecting to see.

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Olá. Bom, só o título de sua fanfic já me chamou a atenção - tudo em minúsculo e o fato de ser pequeno, principalmente. Seus capítulos são de poucas palavras - poucas que valem por muitas - e misteriosos, o que acaba deixando a fic mais única. Gostei. E esse protagonista não parece ser um garoto apaixonado qualquer, já que não é nem um pouco trouxa.

Fiquei com um pouco de pena da Maria, visto que ela está apenas sendo usada pelo jovem. Você escreve bem e de uma forma um tanto curiosa. Nunca vi ninguém escrever uma fanfic toda em letra minúscula de propósito. Normalmente, eu pediria por uma 'correção' disto, mas não dessa vez. É interessante ler assim.

Não tenho muito o que comentar sobre esta estória, apenas que ela ficou muito boa. Tentarei acompanhá-la. Espero que não desista no meio do caminho. x: Bom, encerrarei o comentário por aqui. Até mais e boa sorte! :3

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não acredito que você teve a coragem de colocar a maria no meio da conversa

seu ousado

agora o coitado vai ter que suportar a dor de duas perdas

ótimo cap, btw

Cara, mas é verdade mesmo. Essa tua fic já se tornou minha preferida no fórum, ao lado da fic do Weirdo - que infelizmente sumiu novamente.

Eu tenho que admitir que sua forma minimalista de escrever me anima a ler mais rápido, embora eu nunca consiga produzir algo assim. Talvez eu seja extravagante, exagerado, sem moderação (?). Sempre que tento coisas pequenas, elas aumentam pouco a pouco e quando vejo é um texto gigante... Vai ver, um dia consigo.

E essa personagem Maria... parece ser uma daquelas mulheres que, como qualquer pessoa do planeta, merece viver e amar; mas com certeza é do tipo que ri quado na realidade devia chorar, e não, não vive, apenas aguenta. Porém, com força, com raça, com gana sempre, ela se mantém viva. Vejo que é uma personagem a ter em si misturadas intrinsecamente a dor e a alegria. E embora todas evidências contrariem isso, ela parece ter uma mania estranha de... ter fé na vida.

Narrativa deliciosa.

Referência:
https://www.youtube.com/watch?v=yJAjcPjaieY

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Vim comentar antes que vc poste outro capis.

Eu gostei, adoro essas coisas de meter outras pessoas no meio, pq sinceramente, por mais que vc goste de alguem, ela nunca é a primeira pessoa com quem vc se relaciona. Todo mundo tem uma historia antes de um grande amor. Eu fiquei com pena da Maria sabe, nunca que vou querer ficar com alguem pensando em outro. -s

estou gostando, continua postando. o/

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nossa, quantos comentários, não sou acostumado com isso, eu gostaria de responder um por um, mas só repetiria coisas sem jeito (estou sem jeito com a cordialidade que estão me tratando) e as perguntas do perry são daquelas boas que se respondem com o andar do bonde

~~

"Sem você bem que sou lago, montanha.
Penso num homem chamado Herberto.
Me deito a fumar debaixo da janela.
Respiro com vertigem. Rolo no colchão.
E sem bravata, coração, aumento o preço."
-Ana Cristina Cesar

três

a luz do sol se espreme para passar pela estreita fresta da cortina. levanto, esfrego meu rosto cansado, afasto remelas de meus olhos, abro o caminho para a luz do fim de tarde entrar melhor. já deve se aproximar das 18:00 o crepúsculo cresce pelo céu, abraçando toda a cidade. acendo meu cigarro e começo a fumar. olho para maria que ainda dorme. está linda, sinceramente, do fundo de meu coração que ama outra, a luz a envolve com ternura, como uma mãe que abraça seu bebê, mas ao mesmo tempo parece deixa-la intocável, como um beija-flor que toca o mínimo possível numa flor. seus longos cabelos negros se esparramam pela cama, o lençol rosado cobre seu delicado corpo, contrastando levemente com sua pele morena. vejo suas pálpebras darem algum sinal de vida, se separam aos poucos. aqueles olhos acinzentados então me fitam, em um misto de desejo e incompreensão. "você está reflexivo" diz ela. "estou pensando" digo batendo o cigarro na sacada. "em?" maria pega um cinzeiro na cômoda ao lado da cama, traz para junto de si, acende um cigarro também. "coisas angustiantes". “que tipo de coisas angustiantes?”. “aquelas que mais doem”. sinto meu peito preso com cordas, um nó aqui, outro ali, por todo meu coração. já faz duas semanas que estrela não aparece no trabalho, o que fiz para merecer isso? onde ela está? por onde anda? eu deveria entrar lá e perguntar, mas eu não sei seu nome. perguntar por descrições só entregaria meu interesse, não quero isso. resolvi caminhar algumas vezes pelo percurso que ela normalmente fazia para ir trabalhar, várias e várias vezes. nada. estrela sumiu, e agora o que será de mim? fico nesse quarto com meu chão, mas e meu céu? se desfez

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Ah, cara, estou me apaixonando pela sua fic. Quando estava no meio desse capítulo, pensei em reler tudo - é tão rápido. Mas decidi fazer isso quando chegar no quinto, porque sim. Li o três devagar, o mais lento que pude, degustando cada frase varias vezes, e eu não posso negar a beleza dessa sua nova narrativa, aparentemente tão despretensiosa.

O final para mim ficou mais genial do que, é provável, aparentará aos outros leitores. Sem falar contigo antes, acho que não conseguiria metaforizar tanto o final, com seu toque de ambiguidade. Eu até imaginei o protagonista caindo, depois se pendurando e quando se vê, já nem se lembra mais da existência da maria.

Só no aguardo de mais

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Espero que a estrela não seja uma rapariga, se não tadinho do voyeur, e tadinha da Maria que vai sofrer por ele depois. Adorei este trecho: fico nesse quarto com meu chão, mas e meu céu? se desfez

Até o next chapter. o/

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Cara, fiquei com bastante pena da Maria agora. Ao menos o cara não a sacaneia e até que a trata bem. Continuarei a esperar.

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