Cotidie
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Cotidie
Vou postar algumas crônicas e textos aqui.
O de sempre, só que de novo: http://recordarrepetirelaborar.wordpress.com
O futuro lhe espera, pois que espere sentado.
Pois bem, foi hoje, o dia da escolha. Foi ali quando a garota recém saída daquela mesma escola entrou educadamente e nos disse que deveríamos colocar nossos dados em uma folha para receber os documentos necessários para o vestibular. Burocracia também se aprende na escola. Ainda assim, eu estava tranquilo, mas uma vez iria despejar meus dados pessoais e uma folha e dar para desconhecidos lerem e utilizá-los a bel prazer.
A maioria da turma estava em polvorosa.
Alguns tinham uma confiança estufada em seus rostos tão grande que dava raiva. Mas a raiva não era para eles, era raiva pelo meu achismo. Pois é, eu acho que vou fazer esse curso, mas quero fazer aquele, dois dias depois, estou de olho em outro. Mas e daí? Eu não quero é ter que escolher nada. Na verdade, essas múltiplas opções me embaralham, criam quase uma angustia. Acho que afinal é medo mesmo, medo de viver.
Vai lá e escreva, a folha chegou à sua mão. – Dizia meu inconsciente.
Com minha letra garranchosa preenchi tudo. Foi aí que veio surpresa, eu deveria colocar o curso que eu escolhi. Mas eu nem escolhi! E nem quero escolher, obrigado. Olhei as outras assinaturas, com suas confiantes letras e cada pingo de tinta bem colocado e qual foi minha surpresa, quando vim um espaço em branco, vazio. Fui ao nome.
Mas esse menino não ia fazer Direito?
- Ei, ciclano, você não ia fazer Direito?
Ele me olhou e me encarou, com um sorrisinho de viés.
Eu te entendo, pensei, não precisa dizer nada.
Escreva, escreva e pare de enrolar, seu futuro está em jogo. – Meu inconsciente continuava a gritar.
E quem disse para você que eu quero ter futuro? Pois eu odeio esse tal de futuro, tão imutável e tão mutável, tão tudo e tão nada, tão criatura selvagem que me causa arrepios. Vá, atire a primeira pedra quem nunca teve medo do temível, enfatizando, futuro.
Vou escolher Letras, pensei.
Então escolha, meu inconsciente disse, e morrerá pobre.
É verdade, pensei, e pensei também em como sou tão suscetível, tão enclausurado nos disse e me disse que regem a sociedade.
Então Arquitetura. Isso.
Mas você ama escrever. – O diabinho incitava-me. – Ama ler e ama contar histórias.
De que lado você está afinal?
Do contrário ao seu, ora pois. Sou seu inconsciente e esse é o meu trabalho.
Escolhi aquele e mudarei depois se não gostar. E daí? Afinal, estamos em constante mudança e todas as mudanças trazem seu lado bom e ruim, seus problemas e recompensas. Valerá tentar moldar o futuro ao meu gosto, mas sei que nada mudará. Será tudo o mesmo, só que de novo. A fera indomável e abstrata do amanhã continuará a me aterrorizar, assim como a você.
A maioria da turma estava em polvorosa.
Alguns tinham uma confiança estufada em seus rostos tão grande que dava raiva. Mas a raiva não era para eles, era raiva pelo meu achismo. Pois é, eu acho que vou fazer esse curso, mas quero fazer aquele, dois dias depois, estou de olho em outro. Mas e daí? Eu não quero é ter que escolher nada. Na verdade, essas múltiplas opções me embaralham, criam quase uma angustia. Acho que afinal é medo mesmo, medo de viver.
Vai lá e escreva, a folha chegou à sua mão. – Dizia meu inconsciente.
Com minha letra garranchosa preenchi tudo. Foi aí que veio surpresa, eu deveria colocar o curso que eu escolhi. Mas eu nem escolhi! E nem quero escolher, obrigado. Olhei as outras assinaturas, com suas confiantes letras e cada pingo de tinta bem colocado e qual foi minha surpresa, quando vim um espaço em branco, vazio. Fui ao nome.
Mas esse menino não ia fazer Direito?
- Ei, ciclano, você não ia fazer Direito?
Ele me olhou e me encarou, com um sorrisinho de viés.
Eu te entendo, pensei, não precisa dizer nada.
Escreva, escreva e pare de enrolar, seu futuro está em jogo. – Meu inconsciente continuava a gritar.
E quem disse para você que eu quero ter futuro? Pois eu odeio esse tal de futuro, tão imutável e tão mutável, tão tudo e tão nada, tão criatura selvagem que me causa arrepios. Vá, atire a primeira pedra quem nunca teve medo do temível, enfatizando, futuro.
Vou escolher Letras, pensei.
Então escolha, meu inconsciente disse, e morrerá pobre.
É verdade, pensei, e pensei também em como sou tão suscetível, tão enclausurado nos disse e me disse que regem a sociedade.
Então Arquitetura. Isso.
Mas você ama escrever. – O diabinho incitava-me. – Ama ler e ama contar histórias.
De que lado você está afinal?
Do contrário ao seu, ora pois. Sou seu inconsciente e esse é o meu trabalho.
Escolhi aquele e mudarei depois se não gostar. E daí? Afinal, estamos em constante mudança e todas as mudanças trazem seu lado bom e ruim, seus problemas e recompensas. Valerá tentar moldar o futuro ao meu gosto, mas sei que nada mudará. Será tudo o mesmo, só que de novo. A fera indomável e abstrata do amanhã continuará a me aterrorizar, assim como a você.
O de sempre, só que de novo: http://recordarrepetirelaborar.wordpress.com
Última edição por Pokaabu em Seg 9 Dez 2013 - 21:02, editado 3 vez(es)
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Em breve.
Pokaabu- Membro
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Data de inscrição : 02/07/2011
Re: Cotidie
Hey-Yo!
Realmente é um exagero obrigarem-nos a escolher o caminho do nosso futuro quando nós mal conseguimos decidir-nos perante a ementa de um restaurante xD Infelizmente, é um trabalho que faz parte da vida de todos...
Bom, mas gostei muito da escrita. Apenas encontrei um erros, principalmente acentuação, mas não vou citar. A final, não conseguem obstruir a bela narração verdadeira. Bom trabalho!
Realmente é um exagero obrigarem-nos a escolher o caminho do nosso futuro quando nós mal conseguimos decidir-nos perante a ementa de um restaurante xD Infelizmente, é um trabalho que faz parte da vida de todos...
Bom, mas gostei muito da escrita. Apenas encontrei um erros, principalmente acentuação, mas não vou citar. A final, não conseguem obstruir a bela narração verdadeira. Bom trabalho!
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Fic: http://www.pokemonmythology.org/t45806-legendary-hunting
Escritório: http://www.pokemonmythology.org/t44918-legendary-hunting
Dengel- Membro
- Idade : 27
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Data de inscrição : 19/07/2013
Frase pessoal : Just Live and Let Die
Re: Cotidie
Refletindo posteriormente vi que não é difícil, nós é que tornamos difícil.
Eu havia escrito esse texto quando estava muito triste, tinha sumido, abri o caderno esses dias e lá estava ele.
Eu havia escrito esse texto quando estava muito triste, tinha sumido, abri o caderno esses dias e lá estava ele.
Ensaio sobre o adeus.
Desculpe se não sou mais do seu agrado, mas não posso continuar aqui. Não é nada pessoal, acredite. Apesar de eu apreciar a sua companhia e aguentar seus gracejos e a maioria das suas piadas sem graça; preciso ficar só. Perdoe-me o clichê, mas não é você, sou eu. Eu que há muito tempo tenho me enganado com essa fútil e tola relação desgastada, eu que continuo aqui, tentando manter a conversa há muito tempo sem rumo num tom agradável.
Por favor, me deixe ir.
Não preciso dos seus abraços demorados a todo e qualquer segundo, tampouco seus beijos molhados e macios incessantes. Eu tenho nojo. Me causa repulsa ver como você dedica tanto tempo a cuidar de mim e esquece o ser humano maravilhoso que você é. Eu me sinto extremamente culpado por isso. Finalmente chegamos ao ponto. A culpa que você também carrega é imensa. Perdão, ela não existe e você está errada. Não só você, mas eu também, errado por ter deixado essa mentira chegar a tal ponto.
Por favor, não seja mais tão condescendente com todo mundo, pare de aceitar aquelas coisas horríveis que todos adoram fazer com você. Sinto, sinto realmente se tudo que lhe disse aqui te fez chorar. Ou se a raiva que vejo escondida em seu olhar tenha finalmente aflorado. Um mal necessário. Males os quais a vida está cheia. Pois então é o fim e eu lhe digo adeus.
Por favor, me deixe ir.
Não preciso dos seus abraços demorados a todo e qualquer segundo, tampouco seus beijos molhados e macios incessantes. Eu tenho nojo. Me causa repulsa ver como você dedica tanto tempo a cuidar de mim e esquece o ser humano maravilhoso que você é. Eu me sinto extremamente culpado por isso. Finalmente chegamos ao ponto. A culpa que você também carrega é imensa. Perdão, ela não existe e você está errada. Não só você, mas eu também, errado por ter deixado essa mentira chegar a tal ponto.
Por favor, não seja mais tão condescendente com todo mundo, pare de aceitar aquelas coisas horríveis que todos adoram fazer com você. Sinto, sinto realmente se tudo que lhe disse aqui te fez chorar. Ou se a raiva que vejo escondida em seu olhar tenha finalmente aflorado. Um mal necessário. Males os quais a vida está cheia. Pois então é o fim e eu lhe digo adeus.
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Em breve.
Pokaabu- Membro
- Idade : 28
Alerta :
Data de inscrição : 02/07/2011
Re: Cotidie
Cara, entendo perfeitamente essa situação do último conto, não por mim, mas mais por amigos mesmo. É horrível. Tu escreve bem, cara. Curti sim esse último aí.
Acho meio chatão demais esse joguinho de eu me odeio por fazer você me amar etc. Acho bobeira adogiadogiaodig É isso. Flw.
Acho meio chatão demais esse joguinho de eu me odeio por fazer você me amar etc. Acho bobeira adogiadogiaodig É isso. Flw.
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Caio.- Membro
- Idade : 27
Alerta :
Data de inscrição : 27/06/2010
Frase pessoal : A noir. E blanc. I rouge. U vert. O bleu.
Re: Cotidie
Fracasso. Fracasso é a palavra que me define agora. Fracasso, angústia, medo, ilusão, tudo temperado com uma pitada de euforia, uma euforia parca, desiludida, já jogada de lado pela minha indefesa autoconfiança. Sabe o que eu sou? Um oitenta e quatro, eu sou um oitenta e quatro, um copo meio vazio, um futuro insosso, um braço quebrado. Onde está aquele menino que era o mais inteligente da classe? Elogiado a torto e a direita? Aquela vontade de repetir antes de terminar de comer, o saber antes de acontecer, a certeza de que você não deu o seu melhor.
Então voa passarinho, voa para longe, para um lugar onde eles não possam te encontrar.
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Em breve.
Pokaabu- Membro
- Idade : 28
Alerta :
Data de inscrição : 02/07/2011
Re: Cotidie
Caraca, Pok, esse último conto me fez sentir um desintegrante teor de mudança, o drástico da ocasião se prende muito bem ao texto simples. Vai, cara, isso acontece mesmo... Agora, veja bem, será que existe futuro mais insosso do que o do profissional com sucesso econômico nessa nossa sociedadezinha? acho que não, hein
Gostei do texto anterior também, embora eu concorde com o Caio, considero meio bobo esse sentimento altruísta de que o outro é tão perdidamente apaixonado que não tem tempo pra si mesmo, e você ajuda separando-o de si. hã-ãh
Gostei do texto anterior também, embora eu concorde com o Caio, considero meio bobo esse sentimento altruísta de que o outro é tão perdidamente apaixonado que não tem tempo pra si mesmo, e você ajuda separando-o de si. hã-ãh
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God has a voice,
She speaks through me
She speaks through me
Re: Cotidie
Cara, esse texto... É quase sempre um pensamento bem recorrente em minha mente, esse sentimento de fail, de esperar que coisas boas fossem acontecer assim, facilmente. Mimo? Bah, não sei. Mas incomoda demais, sim, certamente. De tirar 6,0 com muito esforço e ver aquelas piranhas que não estudam tirando 8,0 porque o pai tem dinheiro até o cu... E aí você deixa de ser o melhor da classe, né? Slá. É, é. Várias coisas, várias coisas. Não só isso.
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Caio.- Membro
- Idade : 27
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Data de inscrição : 27/06/2010
Frase pessoal : A noir. E blanc. I rouge. U vert. O bleu.
Re: Cotidie
Gostei bastante desse seu último texto, eu consegui realmente sentir os sentimentos que ficaram nas palavras que foram deixadas, a angústia de não saber o que acontece agora, é uma parada estranha quando sentimos, mas se parar pra pensar, as vezes até o amor é estranho. O fracasso não é algo para se pensar tanto, meio que, o mais importante é se levantar com orgulho, independente como foi a queda, sabe. Não é mimo, é meio que natural das pessoas, não tentar falhar.
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Umbreon_NICE- Membro
- Idade : 25
Alerta :
Data de inscrição : 05/07/2010
Frase pessoal : COMUNISMO ANTI SOCIAL
Re: Cotidie
Ele caminhava, meio assim sem caminho, sem destino, incerto, só o vento, as estrelas. Com a cabeça baixa, foi até o mar, derramou lágrimas que se misturaram às águas. Chorou o dia todo, meio assim, sem destino, sem caminho. Pensou se misturar à imensidão também ele, ser sereia sem vida, vagar sobre o infinito. Limpou o rosto porque lágrimas não mudam nada, o nada ele já era, deixou rolar, já tinha deixado tudo para trás. Qual era o sentido das estrelas? Poeira espacial, eu, elas, somos todos estrelas. Voltou à cidade, pássaros cantavam uma melodia triste, era meio crepúsculo, meio aurora, havia perdido a noção do tempo que nunca teve. Virou-se numa esquina, gato de rua, nunca caíra em pé, andou mais um pouco, meio sem caminho, sem destino, incerto
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Em breve.
Pokaabu- Membro
- Idade : 28
Alerta :
Data de inscrição : 02/07/2011
Re: Cotidie
Cara, eu adorei esse teu texto. É uma grande pena que tenha postado aqui, que tá paradão. Me lembrou algo meio estilo Caio, meio estilo esses escritores novos mesmo, até algumas coisas que eu faço vez ou outra (há pouco tempo fiz um texto de temática parecida). Adorei cada linha dele, da sereia, do gato, é tão style. Ótimo texto.
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Caio.- Membro
- Idade : 27
Alerta :
Data de inscrição : 27/06/2010
Frase pessoal : A noir. E blanc. I rouge. U vert. O bleu.
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