- Respostas aos comentários:
-Ice: Muito obrigado pelos elogios e pode deixar que eu já estou começando a arrumar o main-post, só estou com certas dificuldades pra digitalizar a arte do banner e dos personagens, mas não se preocupe que em breve tudo vai ser resolvido.
Black~: Obrigado pelo comentário e...como você viajou nessas suposições kkkkk. Desculpe os erros, as vezes escapam sem querer.
Capítulo 1 - Casacos Verdes Eu sei que essa história pode abusar da capacidade de ser verídica por todas as suas coincidências e todos os seus acontecimentos heroicos, mas ouça o conselho de quem já sabe como tudo acabou: Nada vai dar certo.
Aquela manhã chuvosa não parecia estranha, nada além do fato de que a chuva parecia ficar mais forte a cada segundo. Logo estávamos debaixo de uma tempestade e a cidade de Slateport tinha todos os seus habitantes dentro de suas casas.
Eu e professor Birch fomos obrigados a passar o dia no Centro Pokemon que aliás era nosso “hotel”. A viagem de Odale para cá não duraria mais de três dias se a chuva não estivesse tão forte a ponto de cancelar todo e qualquer tipo de viagem seja por mar, ar, ou terra.
Os coqueiros eram arrastados e forçados pelas rajadas de vento enquanto se encharcavam pela água, as ruas lisas e brilhantes refletiam as luzes de relâmpagos do céu. A enfermeira Joy estava apreensiva, bem como meu mentor, o professor Birch. Nem mesmo os pokemons se atreviam o suficiente para saírem de suas casas naquele momento. Até Lucario se sentia mal e, acredite, quando ele se sente assim, algo de ruim está para acontecer.
Uma música estridente soara pelo salão principal, em poucos segundos Birch achou seu telefone na bolsa e o atendeu. Alô? Alguns segundos de drama. Eu...eu vou avisá-lo. Estarei aí assim que puder. E desligou.
- Tony, seus pais – disse com a voz trêmula e incrédula. Virei-me automaticamente – Eles estavam na estrada quando um coqueiro caiu em seu carro. Eles...estão desacordados.
Eu não consegui dizer nada. As pessoas me olhavam friamente esperando alguma reação, mas eu não consegui me expressar. Eu tinha certeza que o pior tinha acontecido, eu sempre fui realista. Naquele momento segurei as lágrimas nos meus olhos e tentei parecer forte, afinal eu teria que enfrentar aquilo sozinho e muito provavelmente não estaria no local hoje.
Eu realmente nunca soube como lidaria com a morte, a sensação de que deve haver algo maior que explique tudo, algo que me deixe pequeno e essa ideia de ser pequeno não me agrada, quem é pequeno é incapaz de ajudar as pessoas, é impotente. Eu queria ser grande, ou pelo menos normal, eu queria que tudo desse certo, eu queria ver meus pais mais, eu não poderia viver sem eles, mas alguém acabara de me forçar a aprender.
Eu desabei.
...
Meus pais morreram dois dias atrás, durante aquela maldita chuva torrencial que destruira casas e vidas. Hoenn estava de luto e as cidades estavam vazias, principalmente Odale. Minha casa não tinha ninguém, muitas coisas molhadas e muitos sonhos destruídos. Entrei no quarto dos meus pais pela primeira vez depois de tudo e vi algo que nunca notara antes, um cofre.
A maioria das pessoas não faria o que eu fiz devido ao luto, mas o luto nunca combinou comigo, sim, eu estava muito triste, eu poderia me matar, mas eu não poderia gastar dias, semanas, meses parado, depressivo, eu tinha que passar por isso e abrir aquele cofre.
Uma pilha de pastas sem sentido pareciam se encaixar formando uma sequência, uma única sequência que traria lógica àqueles papeis. Textos, manchetes, fotos, fotos e mais fotos, fotos das mesmas pessoas, mal encaradas e de casacos verdes, todas, exceto três.
Uma das fotos trazia um homem ruivo de aproximadamente 45 anos, pálido, olhos apertados, marcações e números de códigos o acompanhavam, ele havia sido preso. Uma outra foto trazia um mulato com uma barba relativamente grande, olhos espantados e pupilas contraídas, aparentemente raivoso por estar sendo preso, diferente do homem anterior que parecia frio e indiferente.
A outra foto era mais estranha e menos ameaçadora. Algo parecido com um anuário de universidade, uma mulher jovem e bonita, com um enorme sorriso e um jaleco, com um ar bem profissional. A canetinha laranja contrastrava com o fundo branco da foto, “Alicia”.
Eu conhecia aquela mulher, era colega dos meus pais, viajava muito com eles em pesquisas sobre a história dos pokemons. Mas o que ela fazia ali? Algo me dizia que a página seguinte me explicaria.
As atividades desse grupo têm sido muito suspeitas, indícios das presenças dele nas cavernas que visitamos, principalmente na Caverna da Grande História. Alicia está demonstra muita indiferença quanto às pistas, tem algo de errado com ela. Ouvimos ela falando sobre um encontro e sobre algo chamado “projeto alpha”, vamos segui-la nos próximos dias.
Looker, se algo acontecer conosco, busque a pasta antes que Tony a veja, ele vai querer se meter e é muito perigoso, esse grupo lida com poder antigo, com pokemons antigos, eles não têm capacidade para controlar Groudon e Kyogre e isso nos traz um enorme risco, precisamos nos certificar se Alicia está relacionada com eles e impedi-los.
Ass.: Joel e Ana Chase
Era a última página, era uma cópia de um e-mail mandado para alguém chamado Looker há uma semana. Há uma semana meus pais estavam em uma pesquisa com uma grande equipe, eu lembrava de quem veio busca-los em casa, Alicia e o líder da pesquisa, Brandon. Eles me deixaram em Littlehood com Birch e viajaram. Foi a última vez que vi meus pais.
Na capa de todas as pastas marrons havia um nome branco, Caso Hoenn, e um número que identificava a sua parte na sequência. Tudo era muito estranho, mas eu não teria tempo pra descobrir.
- Anthony, eu sei que você está aí! – disse uma voz firme – Eu sei que você encontrou a pasta. Eu sou o Looker, sou um policial internacional. Estou subindo...
Eu tremia. Mas ao pesar minhas condições, provavelmente não teria nada a perder e eu queria muito saber o que estava por trás de tudo aquilo, então esperei pacientemente que ele subisse as escadas.
Looker era um homem bem apessoado, com um grande “sobre-tudo” marrom e um cabelo cinzento com alguns poucos fios brancos nas laterais. Sua aparência severa era convincente apesar de seus olhos cinza-escuros que traziam um ar inofensivo. Ele apenas me fitou brevemente e virou de costas voltando para onde veio.
- Vamos. A cúpula nos aguarda. – disse descendo as escadas.
Ele realmente esperava que eu o seguisse, mesmo que ele possa me matar ou coisa do tipo. Em condições normais eu não teria ido, mas... Eu o acompanhei, ainda processando certas coisas que acabara de saber.
Do lado de fora da casa havia um carro preto de modelo meio antiquado, preto, com faróis quadrados e formas bem grosseiras. Looker destravou o carro e, dando a volta, entrou no lado do motorista.
O interior do carro era o extremo oposto do que seu exterior aparentava, era futurista, com painéis touch screen com vários botões, bancos de couro e vidros escuros, por isso não pude ver o interior estando fora. Looker apertou um botão primeiramente aleatório, mas que segundos depois me toquei, modo de voo, dizia o botão.
O carro deu um solavanco para frente e em segundos atingiu uma velocidade tremenda. Confesso que fechei os olhos nessa parte e cheguei a ouvir uma risadinha vinda de Looker o que me deu um pouco de raiva, mas até onde sabia, aquele homem misterioso era da polícia internacional e, seja lá que tipo de habilidades essas pessoas tem, não seria agora que eu iria descobrir.
Quando tornei a abrir os olhos estávamos em pleno voo e abaixo de nós havia apenas água, atrás de nós eu podia ver a costa da praia de Odale, bem como a floresta de Betalburg. Nos cinco minutos seguintes não vimos nada além de mar, levando em conta que metade do território de Hoenn é assim, dependendo de onde íamos, não haveria nada de muito relevante para ver no caminho.
- Onde estamos indo? – perguntei tentando parecer sarcástico, o fato de Looker me arrastar para um lugar desconhecido me incomodava muito, muito mesmo.
- Bem, olhe para a sua frente.
Toda a conturbação mental quase me fizera ignorar aquela enorme ilha que, de acordo com a óbvia indicação de Looker, era nosso destino.
Paramos atrás de uma enorme pirâmide porque Looker disse que não poderíamos chamar atenção de ninguém com seu carro voador. Realmente não sei como isso seria possível, já que era bem claro que havíamos chegado em um carro voador e cada ser vivente que tivesse uma visão normal poderia notar isso.
Segui Looker até a casa à esquerda da pirâmide (por sinal, bem simples, realmente não parecia um esconderijo secreto, a não ser que tudo aquilo fosse uma piada...). Entramos e a casa estava completamente vazia, apesar de muito bem limpa e conservada. Com toda a certeza seus donos pretendiam se mudar para lá em breve.
- De quem é? – resolvi perguntar checando o local.
- Para todos os efeitos, de Brandon, mas...
- Mas eu prefiro a atmosfera da pirâmide, bem mais aconchegante para um historiador. – concluiu aquele rosto conhecido, um homem alto, cabelo ligeiramente grisalho, um olhar firme e uma expressão intimidadora, além das roupas verdes em modelos típicos de quem trabalha em escavações. – Você trouxe o garoto – prosseguiu -, significa que os planos mudaram, certo? Então precisamos informar à cúpula principal.
- Mas... Se você é Brandon, você conhece os meus pais e aquela mulher que até onde eu entendi é suspeita de alguma coisa – tentei encaixar as informações na minha cabeça -, Alicia. Ela tem relação com aquele temporal, não tem? O temporal que matou os meus pais.
- Tememos que sim Tony. – disse Looker – Tudo indica que ela está...
- Mexendo com pokemons antigos, certo? Groudon e Kyogre, essa chuva só pode ter sido fruto de Drizzle. – acrescentei ainda confuso.
- Você vai entender logo. – disse Brandon (ajudando muito, por sinal) – Agora vamos.
Brandom entrou no quarto de onde havia saído, eu e Looker o seguimos. Dentro o quarto parecia comum, assim como todo o resto da casa, isso até os dois senhores entrarem no guarda-roupa. Era estranho, mas eu fui mesmo assim.
Atrás das roupas havia um galpão enorme, repleto de tecnologia de ponta e de pessoas transportando informações de diversos bancos de dados em seus computadores para as mãos de Looker na forma de pastas idênticas àquelas que eu achara mais cedo no cofre dos meus pais.
Acabamos entrando numa sala redonda, com uma mesa redonda e uma tela de computador enorme e redonda revestindo as paredes e mostrando cada cidade e rota do mapa de Hoenn. Looker tomou o assento oposto à porta e Brandon sentou-se à sua esquerda.
Parei para notar as cadeiras ocupadas, identifiquei três rostos conhecidos, mas os outros dois permaneciam incógnitos.
- Tony – chamou professor Birch à direita de Looker -, talvez você reconheça, esses são Norman e Steven.
Birch apontou para um homem de aparência severa, cabelos pretos curtos e um casaco preto com uma camisa vermelha por dentro e para um jovem adulto com olhos prateados e um cabelo um tanto rebelde de mesma cor, vestia um terno preto com detalhes cinza-claro e uma gravata amarela. Certamente conhecia os dois, Norman era o líder de ginásio de Odale, treinava tipos normais e todos diziam que ele era quase invencível com estes, assim como quase todos naquela sala, era bem próximo de meus pais. O outro era o campeão da Elite dos quatro de Hoenn, usava pokemons do tipo metal, principalmente um icônico Mega-Metagross shiny que eu nunca vira perdendo uma batalha.
- Esse é Ruby, meu filho – apontou para um garoto não muito mais velho que eu, cabelos pretos com um gorro branco e olhos castanhos por trás de óculos de grau -, e esta é Saphire, filha de Norman. – Birch se referia a uma garote bem simpática de cabelos castanhos e olhos azuis muito bonitos, usava uma roupa esportiva azul e preta e tinha uma bandana azul-claro na cabeça.
- Bem, temos certas experiências com alguns dos casacos verdes. – disse Ruby vindo me cumprimentar.
- Prazer, Anthony. – respondi sem jeito – Você disse experiências?
- Eles deteram as equipes Magma e Aqua há alguns anos. – disse uma voz meio rouca que acabara de entrar no recinto. – Me chamo Scott, sou orientador de treinadores e coordenadores de Hoenn, ajudei esses dois quando começaram. Não imaginava que eles parariam o maior mau que Hoenn já havia visto. Maxie e Archie. – duas fotos apareceram nas paredes repetidas vezes – Eles fazem parte dos casacos verdes agora, mas nada indica que algum deles lidere o grupo. Mas eles escaparam da prisão há mais ou menos um ano e, desde então, estão sumidos.
Eu demorei um pouco para reconhecer as figuras nas telas, mas eram aquelas mesmas pessoas que eu encontrara em fotos nas pastas dos meus pais, aliás, eram as mesmas fotos. A diferença é que mais cedo aquelas fotos estavam acompanhadas de uma terceira, a foto de Alicia.
- Então Anthony... – falou Looker com expressão séria – Está disposto a nos ajudar? Eu sei que filho de quem você é, se sairá muito bem, mas também sei que não posso obriga-lo a isso. A escolha é sua. – concluiu.
Olhei para as duas cadeiras na minha frente, as únicas vazias na sala, e logo me ocorreu que aqueles provavelmente eram os assentos de meus pais. Eles tinham tentado parar aquele grupo e de alguma forma eu sabia que a morte deles não fora causada simplesmente pela queda de uma árvore. Eu queria saber de tudo, eu queria encontrar Alicia e aquela parecia minha maior chance.
- Sim, eu vou fazer isso. – disse olhando cada rosto que estava naquela mesa, todos me fitaram, sorrindo.
- Bem-vindo à Operação Hoenn. – disse Looker com uma voz esperançosa e animada – Vamos pegar aqueles casacos verdes.