Obrigado,
@Killer123 por ter lido o prólogo da minha história! Eu gosto de escrever histórias mais maduras, mas ainda estou começando e essa provavelmente é minha única história com início-meio-fim. E não tome nenhuma conclusão precipitada até o último capítulo que ficará finalmente claro quem o matou ou tinha a verdadeira intenção de acabar com a vida dele. Mas enfim, espero que continue gostando e que aproveite o capítulo de hoje.
Capítulos lançados aos sábados!
Maryl
Quando Fernando completou seus dezoito anos, pegou toda a quantia que seus pais haviam guardado para que garantisse um pouco de seu futuro. Ele era filho do dono de Armazém mais respeitado da cidade de Tunica. Fernando era aventureiro, um jovem revolucionário, que seguia apenas as próprias ordens, não dava ouvidos a ninguém, mas não era agressivo, dotava de um enorme carisma e lábia, além de também ter sido agraciado pela beleza. Tinha cabelos longos para um homem, penteados para trás, formava um pequeno topete que caia sobre sua testa. Todas as suas feições eram simetricamente calculadas. Seus olhos cor de mel, talvez fossem a menor beleza de sua feição. Até mesmo sua tia tentou abusar dele, ainda que ele tivesse permitido. Apesar de tudo, a única coisa que seu pai esperava era que ele desse valor aos mais importantes princípios que lhe foram ensinados e, essa única esperança, foi quebrada, quando Fernando decidiu desaparecer assim que completou sua maioridade. Sem carta de despedidas, apenas um adeus. Sem motivos.
Fernando mudou-se para o estado vizinho, onde fez sua vida como um rapaz da noite. Estamos falando de alguém que era filho de ricos e que por apenas vontade de sentir a liberdade, resolveu experimentar todos os males da vida quando pode. Se envolvia com mulheres novas, carentes, negras, casadas, brancas, estrangeiras, sendo todas ricas. A maioria delas, Fernando se envolvia apenas com o sexo carnal, que lhe era pago para fazer. Algumas clientes mais fiéis, o figuravam como seu homem e, por ser muito belo, Fernando cativava o coração de todas e os partia logo em seguida. Fernando não sabia amar. Com vinte anos já teve mais mulheres do que se podia contar. Mas foi por Maryl que Fernando se apaixonou pela primeira vez. Paixão, não amor. Fernando não ama, isso é um fato, apenas para futuras referências.
Quando já tinha vinte e um anos, conheceu Maryl, enquanto jogava conversa fora com seus amigos em um bar. Foi um lugar hostil para uma primeira troca de olhares, mas o amor não escolhe quando quer acontecer, o cupido está em todos os lugares. Eles poderiam ter se conhecido pela janela do banheiro. Mas foi enquanto Maryl entregava as coxinhas que preparava em casa para o seu Manoel, dono do bar. A menina ainda tinha dezenove anos e não sabia da profissão do boêmio, os dois tinham uma química incrível e ambos sentiam o calor da paixão, do sexo. Maryl era despretensiosa, calma e ao mesmo tempo provocante. Seu rosto pálido, com lábios carnudos e vermelhos, tinha uma pequena cicatriz no queixo e seus olhos encaixavam-se perfeitamente no formato de seu rosto. Sua sobrancelha era um pouco grossa e formava uma barra com um leve caimento dando-lhe impressão de um rosto triste ou ingênuo. Seu nariz era delicado assim como a textura de sua pele parecia como a de um algodão. Era uma boneca e uma gata borralheira, pois dedicava sua vida à sua mãe doente. Não conhecia seu pai.
— Maryl, meu docinho, farei de você mulher, vou te apresentar o mundo, o prazer, mas você deve estar preparada para isso, pois eu estou. Quero explorar cada pedaço do seu corpo, estou estremecendo de prazer. – Fernando excitava Maryl na cama de sua suíte, era a primeira vez dos dois juntos e ele já era profissional em dar prazer às mulheres.
— Não sei se estou preparada. Minha mãe disse que o correto sempre foi que fizéssemos depois do casamento. Não tenho certeza se quero. Por favor... – ela o afastou, ainda que quisesse muito, apenas estava ali para aproveitar o momento com o rapaz. Os dois se beijavam, se esfregavam. Com o pouco de pudor que ainda lhe restava, resistia ao homem que buscava a mão dela para satisfazer sua ereção – Pare. Por favor.
— Não há problemas se fizermos. Não tirarei sua virgindade, mas você terá de aceitar uma outra forma de prazer. Vamos nos realizar, Maryl, não se prenda, não seja tão difícil.
— Não sei se é correto.
— Não precisa saber, vamos apenas fazer.
A partir dali ouve-se apenas gemidos, o ranger dos pés da cama no chão e o barulho da madeira do estrado da cama cedendo. Ele estava sedento por Maryl, ela o provocava de certa forma que nem mesmo ele entendia. Todo aquele charme. Talvez ele nem fosse culpado, nem mesmo ela, são os sentimentos. Fernando não se contentava em fazer aquilo apenas uma vez, eram vezes seguidas, dia após dia e Maryl se doava ao seu amado. Por mais dor que sentisse, ela não conseguia resistir aos encantos dele.
O protagonista dessa história, ninguém sabe ao certo, Fernando causou grandes dores à Maryl, ainda que por conveniência dela. Quando ele entrou em sua vida, virou seu mundo de cabeça para baixo. O romantismo durou como um doce dura em mão de criança. Em pouco tempo, Fernando já se via pressionado por viver uma vida que ele não gostaria. Ele obrigou Maryl, indiretamente, a dedicar-se somente a ele, sua mãe veio a falecer pouco tempo depois que ela foi viver com Fernando. Apesar de tudo, sua mãe era a favor, Fernando, como um bom galanteador, prometeu o mundo para a filha de dona Rosa. A senhora sofria de um tipo violento de câncer pancreático, e por morarem no interior não pode ser tratado, e naquela época, tratamento de câncer era apenas para os mais ricos. Nem mesmo Fernando conseguiria pagar o tratamento, se quisesse. Maryl pagou com sua vida para ter o amado de seu lado.
Aos seis de convivência e apenas um de casamento, Teo nasceu. O bebê mais lindo que alguém já pode ver na terra. A maturidade trouxe mais beleza tanto à Maryl, quanto ao Fernando, mas por baixo de tanta beleza e falsa felicidade, os dois, hoje, viviam uma relação de brigas. A mulher descobriu sobre a profissão de seu marido, e apesar dele ter deixado isso de lado assim que casou, ele continuou transando com outras mulheres da cidade. Uma das moças mais lindas, ficou conhecida como a maior chifruda. Aos vinte e cinco anos, linda, sofrida, mãe, esposa, dona de casa e infeliz, Maryl não sabia mais como viver tendo ao seu lado, um homem que hoje, ela enxergava como um vadio. Ele nunca foi violento com ela, mas extremamente manipulador. Todas as vezes que Maryl brigava com Fernando, ele se dizia arrependido e que o sexo era um vício, pedia a perdão a sua mulher e a conquistava com uma noite de sexo. Ela, acima de tudo, o amava. Mas não conseguia superar as traições. Se limitou a viver submissa por anos a ele. Sobrevivia do dinheiro que ela nem sabia de onde que Fernando tirava.
— O Teo já está com oito anos, Maryl, como você espera que eu tenha orgulho de um filho que brinca de bonecas?! Você o educou de forma errada. – aos berros, Fernando gritava e cuspia em sua mulher, as discussões já se tornaram frequentes e praticamente, o convívio, era insuportável. Teo não gostava de seu pai. – Este marica! É tudo culpa sua. Sua incompetente, vagabunda.
— Alto lá, Fernando! A vagabunda aqui não sou eu, não fui eu que me vendia para as mulheres dessa cidade. E quem sabe até para os homens! Onde quer que eu passava me olhavam com pena de mim, deviam pensar ‘Olha só, a corna’ e eu engolia tudo, tudo! – Maryl gritou, estava a beira de um ataque de nervos – Você, foi você, que nunca esteve presente, você! Você que nunca quis estar perto de seu filho e ele sentiu isso na pele e sentirá mais ainda agora que o pai acredita que ele não se interessa por mulheres. Fernando, tenha sabedoria, ele apenas é uma criança, não sabe nada sobre sexo ou coisas do tipo.
— Que criança. Com oito anos eu já espiava minhas primas tomando banho. Com quinze já transava com mulheres mais velhas que minha mãe. Deixe de trata-lo como um ser indefeso, um veadinho. É assim que você o vê, não é mesmo?
— Pare com isso! Teo está no quarto, não admito que você continue essa discussão. Se não está satisfeito conosco. Deixe um dinheiro para que possamos sobreviver por alguns meses e suma da nossa vida. Eu criarei meu filho sozinha.
— Para ter essa vergonha na minha vida, prefiro que cuide dele sozinho mesmo. – Fernando foi em busca de seu dinheiro guardado no fundo falso de sua cômoda e separou uma quantia alta para Maryl – Se um dia sair dessa casa, deixe-a do jeito que está que voltarei a morar aqui. E em breve procurarei você novamente para o divórcio.
— Era tudo o que eu queria. Estou cansada. Você sempre me fez sofrer. Mesmo quando eu era moça e apenas deveríamos ser namorados, você insistia em fazer sexo comigo e por anos fizemos sexo anal. Nunca que eu me sujeitaria a uma coisa porca dessas se não fosse por amor. E você nunca considerou nada do que eu fiz a você.
— E você? Não gostava? Não me engane, Maryl, por favor. Você acha que só você se sacrificou para fazer de nosso casamento uma instituição feliz? Olhe para si mesma. Quantos luxos eu te dei. Como você acha que eu fiz tanto dinheiro? Pense bem. Quantas vezes eu me expus ao perigo. Você quem nunca deu valor. Por mim basta, se proferir mais uma palavra, me obrigará a fazer uma coisa que eu nunca faria com mulher alguma.
— O que? Me bater? Pois me espanque.
Fernando perdeu toda a sua compostura e bateu em Maryl como se ela fosse uma vadia qualquer de rua, bateu com socos, tapas e até mesmo com seu cinto. Encheu ela de hematomas e Teo assistiu a tudo aquilo, chorando, pelo buraco da fechadura de seu quarto. Naquele dia, o menino teve certeza, ele seria o novo homem da vida de sua mãe e o mais novo inimigo da vida de seu pai.
— Pois que você nunca mais me procure, seu ordinário. — Maryl gritou aos prantos enquanto o marido, que parecia estar possuído, deixava sua casa.
Dez anos se passaram, e Teo completou dezoito anos. O menino, que agora já era um homem, nunca havia se relacionado com ninguém, por respeito à sua mãe. Maryl, voltou a viver com outro homem, desta vez mais centrado, mais responsável, o médico da cidade. Apesar de Fernando nunca mais ter voltado para pedir o divórcio, o médico aceitou apenas viver com a mulher por interesses de aparência, já que ele era homossexual e precisava ter status na sociedade. Maryl era linda ainda, e o médico, Tyler, era um homem bastante generoso, cuidou dela quando precisou, foi seu melhor amigo e a reergueu. Os dois tinham uma parceria incrível e ambos de fato sentiam amor um pelo outro, apesar de não haver interesse sexual. Tyler tinha um grande interesse por Maryl e Teo. Teo por admiração ao seu padrasto, queria estudar também medicina e os dois tinham muita afeição um pelo o outro. Apesar de tudo, da vida ter seguido pra frente, Teo nunca esqueceu do dia em que seu pai quase matou sua mãe e de todas as ofensas proferidas, ele buscava vingança, assim como Maryl também, pois aquele homem estragou sua vida, a prometeu tudo o que uma mulher queria e tirou a sangue frio. O fantasma do passado voltou a perturbá-la quando ele procurou ela novamente, ele estava de volta na cidade. E tudo que aconteceu no passado revivia na cabeça daquela família, que hoje estava estabelecida, em grande status na sociedade. Fernando queria de volta, algo que ele jogou fora a muito tempo.
- Citação :
- Notas do autor. A narração objetiva e não muito atenta a detalhes é proposital. Por ser uma novela / drama, eu tento frisar mais os sentimentos contidos nas 'cenas' (imaginárias) e não me atento muito à questão temporal ou sobre contar o passado ao pé da letra. É pra ser curta, então não estou esticando muito. Talvez eu terei que esticar o capítulo 3 e fazer 2 capítulos dele, pois ficou muito longo. Então a história na verdade poderá ter 5 capítulos x)