[GAMEPLAY] Portões

A Escócia tem belas paisagens, mas seria ainda melhor se não fosse nublada todo santo dia.

A zona rural ao redor tem um certo ar etéreo, quase como se fosse algo de outro mundo. Ironicamente, o Portão para o outro mundo diretamente na sua frente parece tedioso por contraste, uma mancha cinzenta na paisagem verdejante.

Ao redor do Portão, foi construída um enorme domo de concreto reforçado. Ao redor dessa bolha cinzenta, foi erguida a Base de Operações John Rae, sob controle das forças armadas britânicas. Supostamente, a base continua do Outro Lado.

Você respira e consegue ver a fumaça branca saindo de sua boca, subindo lentamente e se dissipando no ar. Mal dá para acreditar que é primavera. Maldito portão tinha que ter aberto bem no norte das ilhas britânicas. Você ouve uma voz gritando 'Próximo!' e as pessoas na fila, com seus casacos grossos e malas pesadas, dão um passo a frente. Soldados ingleses com rifles e coletes estão de prontidão dos dois lados da entrada da base.

É só uma inspeção de bagagem, coisa de rotina. Porém, dadas as circunstâncias, eles tem que ser extremamente cautelosos. Deus sabe que as consequências seriam terríveis em caso de um descuido.

Sem nada para fazer, você espera pacientemente na fila, mãos enfiadas bem fundo nos bolsos do casaco, o vento gelado machucando seu rosto. Você suspira. Fumaça branca sai de sua boca e sobe em direção ao céu cinzento. 'Próximo!' a voz chama novamente. Você dá mais um passo a frente.

Isso pode demorar um pouco.

Na fila, eu estava pensando na vida e cantando pra mim

- E depois de um sonho quase sem fim, estava preso em um mundo vazio, sem esperança em mim, até pensei que tudo estivesse perdido, mas percebi que não é assim, mesmo com asas meio ruins, sei que podemos voar, Com Amor...

Lá estava eu esperando pacientemente na fila, para uma viagem que só tem incertezas, mas o dever me chama, esse é meu jeito de ajudar as pessoas, só espero não ter que deixar alguém morrer

- ... 


Estou cercada por um bando de idiotas. Sério que eles que irão defender o nosso planta?

Marcelo esperava pacientemente sua vez, ele fumava um cigarro e olhava de um lado ao outro descontraído, estava longe de casa em um lugar com o clima extremamente diferente mas isso não parecia o incomodar nem um pouco, tudo no que ele conseguia pensar é como seria o mundo do outro lado.

-Que demora. Ele falava baixinho pra si mesmo.

Algumas pessoas perto do meio da fila começam a assobiar músicas.

Isso logo provoca uma pequena reação em cadeia, com pequenos grupos assobiando melodias distintas, criando uma pequena cacofonia, até que um sujeito de corte de cabelo militar, provavelmente um soldado, perto do fim da fila, toma a iniciativa e puxa a melodia, mais gritando do que cantando:


Imediatamente, alguns outros soldados se juntam a canção, em um tom alto e animado. Outros ainda começam a batucar em suas malas e assobiar. As nuvens no céu acima começam a ficar mais escuras, e um vento gelado bate do norte.


A fila continua avançando em um ritmo monótono, porém constante. 'Próximo!' a voz na cabine chama, e mais uma pessoa entra.


Um soldado fardado na ameia no topo do muro que cerca a base sorri e sacode a cabeça, e então continua andando pelo topo da passarela. Ao longe, vocês conseguem ouvir o som de motores de helicóptero sendo ativados, e em segundos uma meia dúzia de veículos decola do outro lado da parede, saindo em patrulha. Uma gota de água gelada atinge a ponta do seu nariz. Típico, agora está chovendo também. Curiosamente, isso parece cativar ainda mais os soldados que estão cantando, porque eles continuam mais alto ainda:


Finalmente, você está na frente da fila. 'Próximo!' a voz na cabine chama, e você entra apressadamente enquanto a chuva do lado de fora começa a apertar. Um guarda em uma pequena guarita está esperando. 'Documentos.' ele diz curtamente. Você pega os papéis no seu bolso e os entrega. Ele os lê com atenção e então o encara com um olhar não muito amigável. Nesse momento, os cantores lá fora estão chegando ao clímax da música.


"Tudo parece estar em ordem." O guarda diz, lhe devolvendo os documentos. "Mas antes de entrar, você tem itens pessoais para declarar? É melhor falar agora que você está entrando, ou eles podem acabar confiscados."

Marcelo se ajeita e vai mexendo nos bolsos do casaco, como que se estivesse procurando algo, ele para e começa a tirar estes items:

-Tenho esses aqui.

Os items são:

- Eu não possuo nada. Não preciso de nada.