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 Pokémon: Laços

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Alice Le'Hills
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Alice Le'Hills
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MensagemAssunto: Pokémon: Laços   Pokémon: Laços Icon_minitimeQui 2 Jul 2020 - 23:25

Hello guys. Fico muito feliz de ver o fórum voltando a ativa depois de tanto tempo parado. Essa área de fics sempre foi a minha favorita, então decidi também deixar a minha marca aqui pro renascimento do fórum.


Apresento a vocês esse projeto. Trata-se de uma série de contos independentes, isto é, cada capítulo vai ser independente um do outro. A ideia aqui é ir lançando pequenas histórias no mundo Pokémon, seja com personagens já existentes no canon da franquia, seja com personagens originais.

Pokémon: Laços Pokzom12

"Quando uma vida encontra outra, algo nasce. É um laço. Um elo que os conectam por toda a eternidade" - Campeã Cynthia, Sinnoh


~~~


ÍNDICE DE CAPÍTULOS

Capítulo 1 - Nasce uma Lenda (Neste post)
Sinopse: Em uma noite épica, a região de Galar testemunha a batalha que definirá o nascimento, ou não, de um novo Campeão. 

Sinopse: Em Unova, um jovem menino encontra um Cubchoo machucado e perdido, e decide ajudá-lo a encontrar sua família. 

Sinopse: Devastada pela morte do seu avô, uma jovem menina faz amizade com um garotinho.


~~~

Citação :
Pokémon: Laços Galarchampionribbon
CAPÍTULO 1

伝説が生まれる
DENSETSU GA UMARERU
NASCE UMA LENDA

De olhos fechados, sente a brisa do mistério o beijar. Ouve os gritos. E os aplausos. Sente na pele a excitação que toma conta do ambiente. Respira fundo. “É isso”, pensa. “Esse é o momento”. Abre, então, os olhos.

O estádio de Wyndon estava lotado, com um oceano de torcedores, espectadores e patrocinadores em cada canto possível do prédio. Na arena, dois treinadores em lados opostos. De um lado, o Campeão da Liga de Galar, e aquele que detém esse posto há mais de vinte anos, Mustard. Do outro, um jovem treinador que começara a sua jornada há pouco tempo. Essa é a sua primeira vez em uma liga oficial. 

Essa é uma das arenas de batalhas mais majestosas e grandiosas do mundo Pokémon. Todo treinador de Galar almeja, um dia, lutar aqui. E, de preferência, sair vitorioso. Para Leon, o oponente de Mustard, isso não poderia ser diferente.

– Você lutou bem para chegar até aqui – reconhece Mustard – Vejo em você o potencial de um grande treinador.

Leon dá um leve sorriso, e Mustard continua:

– Mas será que apenas isso será capaz de fazê-lo vitorioso? – provoca.

Mas Leon não se abala. Toda a sua jornada o preparou para este momento. Desde o dia em que seu pai o presenteou com o seu primeiro parceiro Pokémon, um Charmander, passando por todo o Desafio dos Ginásios, até esse exato segundo, Leon sempre teve um objetivo em mente: se tornaria o novo Campeão de Galar.

E a sua reputação fazia jus ao seu sonho. Mantivera um histórico exemplar de vitórias durante sua jornada, derrotando os líderes de ginásio com facilidade. Nas fases preliminares da liga, derrotou, ainda, seus dois maiores rivais, Sonya e Raiham, que agora aguardam, na plateia, o início da batalha.

As luzes, então, se apagam e, rapidamente, apenas um holofote se acende, em uma espécie de palco na lateral esquerda da Arena. Chuva de faísca são lançadas do chão nas extremidades do palco. Um homem levemente barrigudo, com o cabelo semi-raspado emerge do escuro e pega o microfone.

– Senhoras e senhores, boa noite! – exclama o homem, com excitação – Como Presidente da Liga Pokémon de Galar e do Desafio do Ginásio, é com muita alegria e honra que apresentamos, nessa noite, a batalha da final que decidirá quem será o novo Campeão. De um lado, nosso Campeão há mais de vinte anos, Mustard!

A plateia se anima e gritos ecoam por toda a arena. Mustard sempre foi um treinador muito respeitado e admirado, não só pelos Galarianos, mas por treinadores e cidadãos de outras regiões também.

– E do outro lado, um jovem treinador de Postwick, ao qual tive o prazer de endossar para que participasse do Desafio do Ginásio, Leon!

Dessa vez, a plateia vai a loucura. O barulho e animação são perceptivelmente maiores. Leon se tornou extremamente popular com seu jeito único de batalhar, com movimento rápidos e poderosos, bem como pela fama que ganhou de nunca ter perdido uma batalha sequer.

– Muito bem, muito bem – diz Rose, o presidente, acalmando a plateia – Essa será uma batalha de quatro contra quatro. Aquele que, ao final, ainda tiver Pokémon com condições para batalhar, será o Campeão. Preparados?

Mustard e Leon se entreolham. É um olhar de mútuo respeito. Um reconhece no outro as suas qualidades e habilidades enquanto treinadores.

– Que comece a batalha!! – exclama o Presidente Rose, ao mesmo tempo em que os holofotes se apagam sobre si e acendem sobre a arena.

Neste momento, Mustard e Leon, consecutivamente, pegam Pokébolas em seus bolsos e as lançam no ar. Mustard lança o Pokémon Artes Marciais, Mienshao, que se mantém em uma majestosa posição de ataque assim que atinge o chão. Do outro lado, Leon lança o Pokémon Espada Real, Aegislash, na Forma Escudo, que flutua sobre a arena.
 
– Não pegue leve comigo só porque é a minha primeira vez aqui – diz Leon – Eu quero vencer uma vitória justa.

– Você me conhece bem o suficiente para saber que eu jamais seria do tipo de pegar leve – responde, incisivo – Vamos, Mienshao, use o Knock Off!

Em uma velocidade impressionante, Mienshao corre na direção do Aegislash e, utilizando os pelos de seus braços, acerta o Pokémon espada violentamente sem que ele ao menos pudesse revidar, sendo arremessado pela arena pelo impacto do ataque. O dano, massivo, só não fora pior porque a sua forma atual privilegia a sua defesa.

– Menshao, acerte-o novamente com o Knock Off! – ordenou o velho campeão.

– Aegislash, evasiva!

Na medida em que o Pokémon lutador corria novamente em sua direção, prestes a lançar mais um golpe poderoso, o Aegislash se levanta rapidamente, e se lança ao ar, deixando com que seu adversário acerte tão somente o solo, fazendo com que uma nuvem de poeira tome conta de suas proximidades.

– Agora, Aegislash, revide com o Shadow Ball!

Ao ouvir o comando, a criatura rapidamente muda para sua Forma de Lâmina, que prioriza o seu ataque, e disfere uma bola de energia sombria contra o Mienshao, que é arremessado para longe da cortina de poeira.

– Prossiga, usando o Aerial Ace – ordena o aspirante a campeão.

Então, o Pokémon prossegue, balançando o seu próprio corpo em um gingado ritmado, acertando o em cheio o Mienshao, que sofre um dano superefetivo e permanece no chão.

– Termine com o Sacred Sword!

Quando o Aegislash prosseguia para acertar novamente o seu adversário, estando na iminência de golpeá-lo, este salta com uma agilidade impressionante, deixando com que o Pokémon fantasma-metálico acerte apenas o chão, ficando fincado ao chão.

– Aegislash, tente sair daí, rápido! – grita um Leon bastante preocupado.

Apesar de ter acertado golpes massivos em seu adversário, o seu parceiro Pokémon não se encontra em uma posição favorável. E ele sabe que qualquer vacilo contra Mustard pode significar a sua perdição. E Mustard costuma se aproveitar bem disso.

– Mienshao, utilize o Blaze Kick! – ordenou o velho.

Seu Pokémon rapidamente parte em direção ao Aegislash, salta a uma altura de mais de dois metros e meio enquanto o seu pé esquerdo começa a incendiar-se e, então, desfere-lhe um poderoso chute flamejante que o arremessa contra a parede da arena. Leon não contava que Mienshao poderia usar um golpe tipo fogo tão forte quanto esse.

A poeira, então, abaixa, deixando o Pokémon espada visível. Ao contrário do que se poderia imaginar, ele está de pé, para a surpresa de Leon e Mustard.

– Aegislash, use o...

Leon tem seu comando interrompido. Seu Pokémon sucumbe aos danos e cai ao chão. Está fora de combate, incapaz de permanecer lutando. A plateia lamenta enquanto o narrador anuncia a derrota de Aegislash. Leon saca, então, a Pokébola do bolso e o retorna.

– Você fez um bom trabalho... – diz, baixinho.

Ele a guarda e logo em seguida saca outra, lançando-a ao ar. Dela saí um estranho Pokémon azul, humanoide, com chapéu e bigode, que parece sapatear no campo. É o Pokémon Comediante, Mr. Rime.

– Não temos tempo a perder! Mr. Rime, use Freeze-Dry! – ordena Leon.

Seu Pokémon o obedece rapidamente e emana em direção ao Mienshao um denso vento congelante. Em questão de segundos, Mienshao está incapaz de se mover, com mais de 70% do seu corpo congelado.

– Isso! – comemora Leon, para si mesmo.

– Mienshao, use o Blaze Kick para se livrar do gelo!

O Pokémon fuinha tenta desesperadamente fazer com que o seu pé entre em chamas, o que leva mais tempo que o normal devido à temperada ao qual está submetido.

– Não vamos deixar isso acontecer. Mr. Rime, acabe com o Psychic!

Concentrando-se, ele emana ondas de energias psíquicas de seu corpo, que atingem Mienshao em cheio, elevando-o do chão e, em seguida, arremessando-o ao ar com uma explosão de ondas eletro-psíquicas. Ao cair no chão, não resta dúvidas: Mienshao está fora de combate. Leon conseguiu empatar a disputa.

Mustard concentra-se. Poderia ser apenas sorte de iniciante. Ele chama Mienshao de volta para a Pokébola e, logo em seguida, convoca outro Pokémon para continuar a disputa. Dos raios de energia disparados pela esfera branca e vermelha sai um ser quadrúpede, de coloração caramelo. É o Pokémon Lobo, Lyconroc, em sua Forma do Meio-dia.

– Vamos, Lycanroc, ataque usando o Accelerock!

– Mr. Rime, impeça que ele o acerte usando o Psychic!

O lobo dispara em alta velocidade em direção ao Mr. Rime, mas, quando estava perto de atingi-lo, o Mr. Rime emana fortes energias psíquicas em sua direção, levitando-o e impedindo que continuasse a atacar.

– Agora use o Freeze-Dry! – exclama Leon.

Uma ventania congelante é mandada em direção ao Lycanroc, que começa a sentir os efeitos do movimento, tendo suas patas levemente congeladas.

– Esse truque não vai funcionar duas vezes – diz Mustard, esboçando um suave sorriso debochado – Lycanroc, use o Stone Edge!

Em questão de segundos, cerca de cinco pedregulhos pontiagudos emergem do chão debaixo do Mr. Rime, atingindo-o em cheio e o arremessando para o ar. Neste instante, Lycanroc está livre dos movimentos que o mantinha levitado.

– Agora, Lycanroc, use o Crunch!

Com o Mr. Rime em queda livre, o lobo do tipo pedra corre em sua direção e o atinge com uma mordida avassaladora. Com os dentes enfincados em seu adversário, Lycanroc o arremessa em direção ao chão.

– Termine com o Accelerock!

Ainda no ar, Lycanroc impulsiona-se em direção ao Mr. Rime, que se encontra abatido no chão.

– Mr. Rime, revide com o Drain Punch!

Em uma reação rápida, Mr. Rime é capaz de atingir Lycanroc do focinho, não só causando danos, mas também se recuperando de parte do dano que também acabara de sofrer.

– Rápido, Mr. Rime, ataque novamente com Psychic!

O Pokémon de bigodes rapidamente emana diversos raios de energia psíquica em direção ao Lycanroc e, dessa vez, o arremessa em direção à parede da arena com força total. Não há esperanças, Lycanroc não pode mais lutar.

O público vibra de emoção. Leon pode sentir o gosto da vitória cada vez mais perto. “Não fique muito confiante”, pensa. Do outro lado, Mustard lamenta a derrota de mais um de seus parceiros Pokémon. Ele o chama de volta para a Pokébola.

– Nada mal para um estreante em ligas – provoca ele.

– O seu reinado termina hoje, Mestre – responde o jovem.

– Eu não teria tanta certeza se fosse você – diz, sacando outra Pokébola do bolso e arremessando-a – Vai!

De sua Pokébola sai um enorme Pokémon réptil, repleto de escamas. É o Pokémon Escamoso, Kommo-o.

– Esperava mais de você, Mustard. Não é uma escolha muito inteligente escolher um Pokémon tipo dragão para enfrentar um tipo gelo – debocha Leon, com uma autoconfiança transbordante – Mr. Rime, ataque com o Freeze-Dry!

Uma corrente de vento frio é, então, lançada em direção ao Pokémon lagarto.

– Kommo-o, revide com o Flamethrower!

Ele, então, abre a boca. E em questão de segundos forma uma poderosa chama que é violentamente lançada em direção ao Mr. Rime. O vento congelante rapidamente se desfaz, não chegando nem perto de lhe causar dano. A labareda, então, atinge o Mr. Rime em cheio, causando danos irreparáveis. O Pokémon de gelo está fora de combate com apenas um golpe.

– Nunca se esqueça, jovem. Por trás de toda escolha há uma estratégia meticulosamente pensada. E por trás de toda estratégia, há anos de experiencia em batalhas Pokémon. – aconselha o senhor.

Leon sabe que a derrota de seu Mr. Rime é derivação de sua confiança exacerbada e em sua sensação de que estava com a vitória na palma de suas mãos. Sabe que precisa se concentrar mais e não abaixar a sua guarda. Provou, mais uma vez, que vacilar contra Mustard pode ser fatal.

O jovem treinador, então, retorna o Mr. Rime para a sua cápsula e, logo em seguida, arremessa outra. Dela, sai um estranho Pokémon com cabeça de asa delta. É o Pokémon Furtividade, Dragapult.

– Sem perder tempo, Kommo-o, use o Clanging Scales!

O Pokémon lagarto obedece as ordens de seu treinador e rapidamente chacoalha as escamas de seu corpo, como um chocalho, reverberando um ruído incômodo. Dragapult sente rapidamente os efeitos do golpe, incomodando-se com o barulho e sofrendo dano massivo.

– Dragapult, rápido, revide com Dragon Darts!

Neste momento, o Pokémon fantasma dispara os dois Dreepy que se encontram em sua cabeça, e ambos cumprem uma função similar à um míssil. Os dois Dreepy acertam o Kommo-o em cheio, também causando danos massivo ao lagarto. É um embate de dragão contra dragão e ambos estão em desvantagem e vantagem, ao mesmo tempo.

– Dragapult, ataque com o Dragon Claw! – exclama Leon, já ofegante. Sabe que não pode se dar ao luxo de perder essa rodada.

– Ataque de volta com o Drago Tail! – ordena Mustard, com tranquilidade.

Ambos os Pokémon carregam os seus ataques. Enquanto um concentra energia de dragão em sua calda, o outro a faz em suas garras. Uma vez com os ataques carregados, disparam um em direção ao outro. E, então, acertam-se violentamente, e o choque entre os movimentos causam ondulações que reverberam em todo o estádio.

Os dois adversários tomaram dano, mas, ainda assim, permanecem de pé, encarando-se com tenacidade. 

– Pra cima dele, Kommo-o, e ataque usando o Ice Punch!

O Pokémon lagarto, então, empunha uma energia gélida em suas garras superiores e parte para a direção do Dragapult.

– Evasiva com o Phantom Force!

Quase sendo atingido, o Pokémon dragão-fantasma furtivamente desaparece da arena, deixando seu adversário desconcertado, confuso. Kommo-o olha ao redor do campo, tentando identificar por onde será atacado. De início, não identifica nada.

Porém, pouco depois, sente vibrações em suas escamas. Seu adversário o atacará pela esquerda. E poucos segundos depois, Dragapult ressurge imponente atingindo-o em cheio, mas não antes de que pudera revidar com o Ice Punch que havia carregado. Ambos os Pokémon são arremessados em direções contrárias.

Então, Leon e Mustard observam o resultado. Um empate. Ambos Dragapult e Kommo-o estão fora de combate. Resta apenas um Pokémon para cada um dos treinadores. Mustard está confiante.

Já Leon está, pela primeira vez desde que entrou no estádio, tenso. Resta-lhe apenas um Pokémon. É tudo ou nada agora. Ele está a um passo de se tornar o novo campeão, mas, ao mesmo tempo, uma derrota agora significaria o fim de tudo pelo o qual ele vem batalhado e se dedicado desde que deixou sua família, em especial o seu irmão, Hop, em Postwick, no sul de Galar.

Os treinadores retornam os seus Pokémon derrotados para suas respectivas Pokébolas.

– Confesso que não esperava nada diferente de uma partida contra você – diz o treinador experiente e atual campeão – Essa partida me deixou pegando fogo.

– Saber que se trata de uma batalha justa faz com que a minha vitória seja ainda mais saborosa – provoca o jovem treinador, para o qual Mustard dá uma leve risada – Espero que entenda que eu deixei o melhor para o final.

Leon rapidamente arremessa a sua última Pokébola em direção à arena. Das luzes que ela emana sai uma criatura alada, laranja. Seu último monstrinho capaz de lutar é, também, a forma final do seu primeiro companheiro de jornada: um imponente Charizard, o Pokémon Chama.

O velho campeão, então, saca a sua última Pokébola e a segura cuidadosamente com as duas mãos, na altura de seu peito. De olhos fechados, inspira e expira lentamente, como numa espécie de meditação. Abre, então, os olhos. Um olhar profundo, determinado. E lança a sua última cartada.

Surge na arena um Pokémon urso com aspecto formidável, cinza, com uma faixa amarrada à cabeça, em posição de luta. O lendário Pokémon Wushu, Urshifu, é conhecido pela elegância de suas poses, mas também pela força de seus ataques. E, quando se trata de seu Estilo de Ataque Rápido, detém a reputação de atacar como o curso de um rio: incessável.

– Não foi só você, Leon, que deixou o melhor para o final – provoca – É chegada a hora de um duelo com força total. Urshifu, use o Thunder Punch!

O Pokémon lutador-aquático corre em direção ao Charizard com uma velocidade impressionante e, num piscar de olhos, já está quase o alcançando.

– Charizard, revide usando, também, o Thunder Punch!

O Pokémon voador levanta voo e carrega em seu punho uma grande carga de energia elétrica e dispara em direção ao Urshifu. No centro da arena, ambos os Pokémon disparam o soco elétrico um ao outro. A concentração de eletricidade é tão grande, que o choque entre os ataques causa uma explosão no campo, recuando, imediatamente, ambas as criaturas para a direção oposta para qual estavam se direcionando.

Porém, apesar da intensidade dos ataques, estão de pé. Intactos.

– Charizard, contragolpeie usando o Air Slash!

Ele rapidamente bate suas asas, disparando lâminas de ar com uma capacidade cortante extraordinária, e o golpe atinge o seu adversário em cheio.

– Urshifu, você está bem?

Mustard já demonstra preocupação. Mas seu parceiro se mantém inabalado, e o acena dizendo que “sim”.

– Ótimo. Força total com o Surging Strikes!

Sem delongas, ele corre em direção ao Charizard com os seus punhos carregados de energia aquática, salta e, com movimentos extremamente velozes, dispara repetidos socos em seu oponente, com um movimento tão fluido quanto uma corrente de água. Assistir aos golpes do Urshifu é como assistir a uma dança.

– Charizard, se livre dele usando o Flamethrower!

Um imponente lança chamas é disparado das mandíbulas fortes do Pokémon réptil, arremessando o seu adversário em direção ao chão, ainda que não seja um golpe tão efetivo.

– É hora de ir com tudo – diz Leon, pegando a Pokébola e retornando o seu parceiro.

Estica, então, o braço. Um brilho cintilante é emanado de seu bracelete, liberando raios que vão de encontro a Pokébola que está em sua mão. Neste momento, a esfera é infundida de poder e se torna dez vezes maior do que o normal. É aí que ele o arremessa de volta.

Da esfera monumental, o Charizard retorna à arena. Mas dessa vez é diferente. Não só está maior, mas a sua aparência também mudou. A parte superior de seu corpo está coberta de chamas, formando uma asa de fogo colossal. O parceiro de Leon é capaz de se Gigantamaximizar.

Do outro lado, Mustard observa. Para a surpresa de Leon, porém, ele não parece preocupado. Muito pelo contrário. O atual campeão também retorna Urshifu para sua Pokébola e, realizando a mesma sequência que seu adversário, infunde sua esfera com a energia emanada pelo Ponto de Poder onde o estádio de Wyndon fora construído, deixando-a dez vezes maior.

O Urshifu retorna à arena, também com tamanho colossal e uma energia azul que flui por todo o seu corpo. Assim como seu oponente, ele também é capaz de Gigantamaximizar.

– Vamos, Charizard, ataque-o com o G-Max Wildfire!

De suas asas flamejantes, ele libera uma energia esplendorosa, formando um pássaro de fogo que voa em direção ao seu adversário. O golpe o atinge em cheio, deixando-o com queimaduras.

– Vamos ver se você consegue aguentar esse movimento! – exclama Mustard – Me mostre do que você é feito! Urshifu, ataque agora com o G-Max Rapid Flow!

O Pokémon rapidamente carrega seus punhos com água e a dispara em forma de socos, em um movimento habilidoso, fluido e impiedoso. O golpe atinge o Charizard em cheio, causando um imenso dano.

– Não se abale, Charizard! Revide com o Max Lightning!

Ele rapidamente invoca uma poderosa tempestade de raios, que atingem o Urshifu de todos os lados, eletrocutando-o. Urshifu vai ao chão. Com dificuldade, tenta levantar-se e, aos poucos, vai se recuperando. Mas Leon sabe que não pode deixar com que ele se recupere.

– Charizard, use o Max Airstream!

Batendo suas asas de fogo, o Pokémon libera uma gigantesca corrente de ar, similar a um tornado, que se dirige em direção ao seu oponente enfraquecido.

– Urshifu, revide com o Max Rockfall!

O lendário, então, invoca uma rocha massiva que emerge do solo. A rocha não só impede que a corrente de ar o atinja, como também começa a cair em direção ao Pokémon fogo-voador e, logo em seguida, o atinge, derrubando-o. Charizard está, agora, no chão. Na arena, o Max Rockfall invoca, ainda, uma tempestade de areia.

– Charizard, se livre dessa rocha de qualquer jeito!

Podemos sentir o desespero na voz de Leon. Seu parceiro tenta lutar contra a rocha, mas ela é pesada demais. Está encurralado. Preso, debaixo dos escombros.

– Termine com o Max Knuckle!

O Pokémon lutador carrega um soco avassalador e o dispara em direção ao Charizard. Entretanto, no último segundo, quando o golpe estava prestes a atingi-lo, o voador consegue forças para arremessar a rocha que o prendia em direção ao seu adversário. O Max Knuckle atinge, portanto, a rocha, despedaçando-a em milhares de rochas menores.

Neste instante, os dois Pokémon emitem um brilho e, de repente, começam a diminuir. Em poucos segundos, estão em sua forma e tamanho original.

Ambos aparentam cansaço e fraqueza.

– Urshifu, termine com isso usando o Surging Strike!

Usando suas últimas forças, o Pokémon dispara em direção ao oponente, carregando seus punhos água e pronto para desferir-lhe um golpe fatal. Estranhamente, o Charizard não se mexe. Na iminência de ver seu parceiro ser atingido, Leon grita:

– Agora, Charizard!

O lagarto, então, salta, sobrepondo a altura do Urshifu, que desfere o golpe apenas no ar.

– Dragon Tail! – exclama Leon.

Do alto, o Charizard golpeia o Pokémon lendário nas costas usando a sua calda, carregada de energia do dragão, arremessando o Urshifu contra a parede.

– Termine com o Air Slash!

Precedido de um rugido imponente e ensurdecedor, o Charizard dispara diversas lâminas de ar em direção ao seu adversário. O Urshifu, que ainda se encontra na parede, tentando recuperar-se, é atingido em cheio pelas lâminas.

Há uma tensão no ar. Uma expectativa. Todos os olhos voltados para o Pokémon atacado. Terá ele aguentado esse golpe?

A poeira, então, se abaixa. Urshifu está sem condições de batalhar.

– Não acredito – lamenta Mustard, para si mesmo.

Leon observa incrédulo. Está estático. Imóvel. Sente por dentro uma euforia que começa a tomar conta de si, mas, ao mesmo tempo, não é capaz de se mover. Seus olhos tremulam enquanto se enchem de lágrimas. Ele esboça um suave sorriso.

Charizard voa em sua direção, jubiloso, comemorando o resultado. É só aí que ele é capaz de mover. Se agarra no pescoço do seu parceiro e se desfaz em lágrimas. Mas é um choro de alegria. E alívio. Seu sonho se cumpriu.

Sem que percebesse, Mustard já estava se aproximando.

– Sempre soube que em você havia a potência de um grande treinador.

Leon se solta do Charizard e olha para o seu oponente. Um olhar de respeito. E gratidão pela partida justa.

Mustard segura no braço esquerdo de Leon e o levanta, gritando:

– Senhoras e senhores, Galar tem um novo Campeão! Avante, Leon!

O público vibra, grita, aplaude, assobia. Há um clima de festa tomando conta de toda a arena. Em pouco tempo, fogos de artifícios explodem no céu, pintando o retrato de uma noite histórica.

– O que você vai fazer agora? – pergunta Leon.

Mustard sorri e, em seguida, ergue sua cabeça aos seus.

– Sabe, jovem, eu já estava me preparando para esse momento. Honey e eu já conversamos muito sobre eu deixar o meu posto...

Leon se vira para ele, surpreso.

– ... Mas eu queria que isso ocorresse quando eu enfrentasse um treinador digno de se tornar meu sucessor. E hoje eu, finalmente, o encontrei.

Leon esboça um sorriso de gratidão.

– Estou construindo um Dojô na Ilha da Armadura. Eu e Honey devemos nos mudar para lá em breve – ele se vira, então, para Leon – Espero poder contar com a sua visita quando inaugurarmos.

O novo campeão sorri e estende sua mão em direção a Mustard, que a aperta.

– Vai ser um enorme prazer.
...

Em um quarto pequeno, porém elegante, uma pequena criança de apenas seis anos observa a televisão atentamente. Na tela, o novo Campeão, Leon, ergue, na companhia de seus Pokémon, a taça da Liga de Galar, dado a ele por Mustard. Discursa algo que não podemos escutar.

A criança, um menino, tem os olhos encantados. Em seu colo anotações, desenhos e esquemas feitos enquanto assistia à partida.

– Um dia, Lee...

Diz Hop, baixinho, para si mesmo.

– ... eu quero me tornar um Campeão, assim como você.

Bom, espero que tenham gostado. Estou trabalhando no próximo capítulo e devo postá-lo em breve. Comentários, críticas e sugestões são sempre bem-vindos.


Última edição por Alice Le'Hills em Qua 22 Jul 2020 - 20:38, editado 11 vez(es)

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MensagemAssunto: Re: Pokémon: Laços   Pokémon: Laços Icon_minitimeSex 3 Jul 2020 - 10:24

Alice! Bom ver mais alguém da área de volta, visto que não estamos em muitos né kkkk, espero que você continue por aqui kk, mas vamos ao que interessa.

Bem, vamos lá.

Achei interessante a ideia que você teve, de fazer os capítulos apenas como contos separados. Não sei se vão ter continuações dos contos, tipo, você contou sobre o Leon agora e depois ele vai aparecer, ou se alguns contos se interligarão em algum momento, mas enfim. De toda forma, achei diferente e legal essa ideia de trazer os contos separados.

Bem, Galar eu manjo absolutamente 1% se muito, então li sem entender muita coisa kkkk, mas pelo que acabei vendo, o Mustard já era o campeão antes do Leon nos jogos também, e inclusive usava os mesmos pokémon, então você aparentemente trouxe a história do Leon antes do que se passa nos jogos para a gente.

Bem, pra ser sincero, apesar do tamanho do capítulo, ele se resumiu à batalha entre os dois, mas como disse acima, ao menos serviu para trazer um background do campeão de Galar, mas como não joguei os jogos sei bem pouco, então é isso kkk.

Mas, como só teve a batalha, vou falar dela. Assim, eu gostei da batalha, mas, uma opinião pessoal minha, achei a batalha muito robótica e rápida, ficou parecendo as batalhas dos games, onde em dois golpes acaba, e um pokémon ataca e o outro toma dano, depois vice-versa, pelo menos pra mim foi algo bem estático. Mas talvez tenha sido a sua intenção fazer uma batalha semelhante à dos games, então é só uma opinião minha mesmo kkk.

Não tenho muito pra falar kkk, mas achei a ideia promissora e espero que nos próximos capítulos apareçam personagens originais ou personagens dos games/anime que eu ao menos conheça para poder comentar melhor kkkk.

Então, é só e boa sorte com a fic.

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The Adventures of a Gym Leader - Capítulo 48
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MensagemAssunto: Re: Pokémon: Laços   Pokémon: Laços Icon_minitimeSex 3 Jul 2020 - 23:10

Oie Alice, bem vinda de volta a essa área tão maravilhosa. Fico muito feliz de ver mais alguém vindo deixar sua contribuição aqui pra nossa área do coração não morrer pois sou deveras apegado a ela.

Gostei muito da sua ideia de ir postando contos, acho até mais desafiador do que ir criando uma história ao longo de vários capítulos, pq a gente precisa se identificar com o que está sendo contado muito rápido pra conseguir se importar com os acontecimentos.

Diferente do Black, eu acabei de passar de 100 horas no Sword então estou super imerso em Galar. Devo dizer que eu amo o Mustard e ODEIO o Leon com todas as minhas forças, acho ele um dos campeões mais chatos dos games, então tive que me despir de vários preconceitos pra não julgar o conto ds forma errada KKKKKK

Como o capítulo se resumiu basicamente a batalha, vamos a alguns comentários. Realmente achei que ela estava mecânica demais em alguns momentos, porém gostei particularmente do uso do Mr. Rime e seus poderes psíquicos e de gelo, achei que você saiu um pouco do óbvio enquanto narrava os poderes dele e isso poderia ser extendido para o resto sabe?

Também é a primeira vez que leio uma batalha gigantamax em uma fic e achei a sua adaptação BEM LEGAL, também pq fugiu do óbvio e não ficou tipo 3 turnos de poderzinho pra um lado e pro outro, inclusive fiquei imaginando o Charizard de sei lá quantos metros caindo e sacudindo a arena inteira KKKKK Além disso, rolou uma boa descrição das alterações temporais e nos campos que os golpes dynamax causam, enfim, curti bastante esse final.

Bem, Alice, espero que continue conosco e já estou bem curioso com esse próximo conto do garoto e do Cubchoo. Gostei muito da sua escrita e garanto que enquanto você estiver disposta a escrever, terá pelo menos um leitor aqui pra comentar haha até a próxima.
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roberto145
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MensagemAssunto: Re: Pokémon: Laços   Pokémon: Laços Icon_minitimeSeg 6 Jul 2020 - 20:49

Tudo bem, Alice?

No geral, eu gostei do conto. Achei bem escrito (houve apenas um erro de digitação em evasiva, no começo da batalha). Concordo com os comentários do Black e do Brijudoca. Também achei um pouco rígida o modo de como escolheu descrever e narrar a batalha, tornando-a muito próxima do que seria a dos games. Eu, pessoalmente, não tenho nada contra com esse método, porém acho que você daria um pouco mais de vida se tivesse posto algumas reações fisiológicas mesmo durante a descrição entre comandos, por exemplo sentir raiva, adrenalina subindo, surpresa com algum ataque inesperado etc, dos próprios Pokémon mesmo, afinal eles também são seres vivos né? Acho que poderia ter entrado um pouco a mais fundo nas emoções dos treinadores também.

Fora isso, fico com a opinião do Brijudoca de realmente ser complicado escrever algo mais compacto e ainda assim fazer com que o leitor se apegue ao que foi escrito. Esperarei ansiosamente para ver como você prosseguirá hahaha
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Alice Le'Hills
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MensagemAssunto: Re: Pokémon: Laços   Pokémon: Laços Icon_minitimeQui 9 Jul 2020 - 19:23

Hello guys. Vim trazer hoje o segundo conto dessa série, mas antes de falar sobre ele, vamos aos comentários sobre o primeiro conto.

Comentários:

Bom, vamos ao próximo capítulo. De início quero dizer que não sei se vou conseguir manter essa frequência semanal, mas espero que sim. Segundo, quero me desculpar pelo tamanho do capítulo, ficou um pouco grande demais. Até pensei em dividi-lo em duas partes, mas não sei se seria uma boa ideia. Gostaria de saber a opinião de vocês: se os próximos capítulos ficarem grandes assim, vocês se importariam se eles fossem divididos em partes??
Sem mais delongas, vamos ao capítulo.

Citação :
Pokémon: Laços Spr_5b_613
CAPÍTULO 2
私の友達、クマシュン
WATASHINOMODACHI, KUMASHUN
MEU AMIGO, CUBCHOO
O soar do despertador começa baixinho, quase que distante. Mas o seu sono, aos poucos, começa a esvair-se. E o soar do despertador, pouco a pouco, ganha força. Como o chiar de um bule perto da hora do café. Estica os braços e, ainda de olhos fechados, procura pelo aparelho no criado-mudo azul-ciano que fica ao lado de sua cama. Precisa de alguns segundos até encontrá-lo e, quando o faz, acerta-o com tanta força que o derruba no chão. Era uma vez um despertador.
 
Brycen levanta, sonolento, e percebe o estrago. Precisaria comprar um despertador novo caso não quisesse se atrasar para a escola. Ele se levanta de sua cama, pequena, e se arrasta até a janela. Puxa as cortinas de forma de desajeitada, deixando com que a luz solar invada o ambiente que, até então, encontrava-se tomado pela penumbra.
 
Um sorriso encantado se forma em seu rosto infantil. Todos os anos, Brycen espera por esse mesmo dia: o primeiro dia de neve do ano. Oba! Neve significa ir ao parque brincar com os seus amiguinhos de escola. Também significa que Pokémon migratórios farão de Icirrus o seu lar durante o inverno, principalmente os do tipo gelo, o seu preferido. E não poderia ser diferente. Herdou essa paixão do seu pai, Edgard, líder de ginásio da cidade e especializado em tipos gelo. A verdade é que o ginásio de Icirrus estava em sua família havia gerações. E Brycen sabe, desde pequeno, que o seu pai tem a expectativa de que ele o substitua quando chegar a hora. Porém, Brycen tem seus próprios desejos e ambições.
 
Ele tira suas roupas e coloca uma muda mais adequada para o clima frígido do lado de fora. Desce as escadas, correndo.
 
– Aonde vai com tanta pressa filhão? – pergunta uma voz vinda da cozinha. É o seu pai.
 
O menino dá meia volta e caminha em direção ao seu pai, seu herói.
 
– Tá nevando! Tá nevando! – diz, eufórico – É dia de ir ao parque brincar!
 
– Mas você não acha que antes deve comer? Não vai querer desmaiar de fome na frente dos seus amigos.
 
Brycen fica cabisbaixo, pensativo.
 
– É... você tem razão, papai. – O pesadelo de toda criança na idade de Brycen é passar mal na frente dos amigos. Para eles, é como se o mundo acabasse naquele instante.
 
Edgard serve o café. Torradas com ovos mexidos e bacon, o preferido de Brycen. Ele olha fixamente para o prato de comida, mas permanece imóvel.
 
– O que houve? Não está com fome?
 
– Não, não é nada disso, papai... – responde, triste – é que a mamãe quem costumava me fazer isso de café.
 
Seus olhos enchem de lágrimas.
 
– Eu sinto tanta falta dela...
 
Edgard puxa uma cadeira, colocando-a ao lado de seu filho e se senta, abraçando-o.
 
– Eu sei, eu sei. Eu também sinto. Mas olha pelo lado bom: já se passaram três semanas. Mais três e ela estará de volta conosco.
 
Brycen se convence e começa a comer. Tem sido assim nos últimos dias devido à ausência de sua mãe, Alana. Ela é uma atriz famosa, muito conhecida em Unova, e está longe de casa desde que iniciou as gravações de O Haunter da Ópera, filme em que conseguiu o papel principal e que, por isso, demandava intensas horas de gravações, forçando-a a realocar-se momentaneamente para cidade de Virbank – cidade sede dos Estúdios Pokéstar –, pelo menos até o término das gravações.
...
 
Icirrus é uma cidade relativamente grande localizada ao norte da região de Unova e, por isso, costuma ter um clima predominantemente frio ao longo de todo ano e, por isso, enfrenta, todos os anos, um inverno rigoroso. É uma cidade com grandes elevações e morros, onde ficam a maioria das construções, tendo em vista a presença de poças e açudes na região mais baixa da cidade – poças essas que, no inverno, se tornam o point da juventude para patinação no gelo.
 
Brycen e Edgard andam pelas ruas de Icirrus em direção ao ginásio da cidade, que fica mais ao norte, próximo à saída que leva ao caminho para a Torre Dragãospiral – a torre mais antiga de Unova, cuja história ninguém conhece. Edgard possui um desafiante agora pela manhã e essa é uma oportunidade perfeita para que Brycen fique no Parque Municipal e brinque um pouco.
 
O Parque Municipal de Icirrus compreende uma área relativamente extensa próxima ao Ginásio, repleta de vegetações, árvores e, claro, Pokémon selvagens. Em seu centro há um chafariz de água termal subterrânea, junto com uma imponente estátua de um Cryogonal. Ao redor da praça central, diversos vendedores ambulantes comercializam guloseimas para os moradores e turistas que frequentam o parque. Brycen gosta, em especial, do algodão-doce de Swirlix vendido por Louis, um Kalosiano que imigrou para Icirrus há alguns meses.
 
Após alguns minutos de caminhada, chegam ao parque. Da entrada é possível ver o Ginásio – uma construção majestosa, com pilares de gelos e estátuas em forma de sincelos por toda a fachada, do chão ao telhado, culminando em uma grande estátua de floco de neve ao centro do telhado, logo abaixo da entrada.
 
– Bry, o papai precisa ir batalhar agora – tira de seu bolso trinta pokédolares e os entrega ao menino – Isso é para caso sinta fome.
 
 – Valeu, pai. Boa sorte da batalha!
 
Edgard sorri, agradecendo. Logo em seguida, parte em direção ao estádio.
 
...
 
Brycen corre pela mata adentro, ofegante. Tropeça em um ou dois galhos secos pelo chão e cai de cara no chão coberto por uma fina camada de neve. Sente um líquido quente escorrer de seu nariz. “Droga, sangue”, pensa, ao passar a mão para limpar-se e notar seu braço vermelho – um contraste com a branquitude de sua pele.
 
Ouve passos rápidos vindo da direção de onde viera. Levanta e se põe a correr, cada vez mais dentro da mata. Então, se agarra em um espesso tronco de carvalho, tentando ao máximo se esconder. Respira fundo, de olhos fechados e, depois, vasculha seus arredores com o olhar. Nada.
 
Certifica-se, mais uma vez, que está sozinho e volta a correr. De repente, algo salta de uma moita de Fruta Gomoran* e o agarra, derrubando-o ao chão.
 
– Te peguei! – grita, com entusiasmo.
 
Ufa, é apenas Ryan, o melhor amigo de Brycen. Estão brincando de esconde-esconde.
 
– Droga, Ryan! Como você me achou?
 
– Você ainda não aprendeu a se esconder direito – diz, notando o nariz  machucado de Brycen – O que houve com você?
 
Brycen levanta e se senta. Ryan faz o mesmo.
 
– Eu caí enquanto me escondia – diz, entre risos.
 
Ryan tira um pano que tinha guardado em seu bolso e o entrega para seu amigo.
 
– Toma. Pressiona bem pra estancar o sangue.
 
– Valeu.
 
Ryan olha ao redor. Nunca havia adentrado tão profundamente na floresta.
 
– Acho melhor a gente voltar, Bry.
 
Brycen, então, se dá conta: pra onde é o caminho de volta? Não sabe. E tampouco sabe Ryan. Eles se entreolham.
 
– Estamos perdidos, não estamos? – pergunta Ryan, recebendo como resposta apenas um sorriso nervoso de Brycen.
 
Eles se levantam e olham ao redor. Deve ter algo, qualquer coisa, que indique o caminho de volta para o parque.
 
Um barulho vindo da moita. Eles se assustam. Não poderia ser Gunther, ele não viera brincar hoje. Ou talvez seja exatamente isso que ele queria que eles pensassem, para que ele pudesse pregar uma peça.
 
O barulho se intensifica, ficando cada vez mais perto até que, da moita, sai um pequeno Pokémon azul e branco, com uma gota de coriza escorrendo de seu nariz.
 
– Choo? – diz o Pokémon, com um olhar curioso para os meninos.
 
Eles respiram com alívio.
 
– É só um Cubchoo – diz Brycen.
 
– AAAAA que fofinho! – Ryan está tomado pela fofura do Cubchoo, como se tivesse infectado por um poderoso Charm.
 
– Calma... se esse Cubchoo está aqui, isso significa...
 
Os meninos se entreolham.
 
– BEARTIC! – gritam, juntos.
 
Ficam, então, tomados pelo pavor. Eles gritam e, rapidamente, correm, escondendo-se na mesma moita de Fruta Gomoran onde Ryan se escondera antes. Cubchoo se assusta com os gritos e também tenta se esconder, enfiando a cabeça na neve.
 
Da moita, os meninos observam.
 
– Será que tá por perto? – indaga Brycen.
– Não sei, mas se estiver a gente tá em sérios apuros.
 
O Cubchoo levanta a cabeça e vasculha o ambiente com o olhar, de um lado para o outro.
 
– Choo??
 
O pequeno urso se levanta e caminha, também de um lado para o outro, como se estivesse procurando algo. Ou alguém.
 
– Choo! Choo! Choo! – Há algo triste na melodia de seu grito. Como se fosse um pedido de socorro.
 
Então, Brycen nota algo estranho no Cubchoo.
 
– Ryan, olha.
 
– O que foi?
 
– O muco do Cubchoo... tá mais aguado do que o normal.
 
E ele estava certo. A gota de coriza, que deveria ser espessa, como água quase que congelada por completo, estava líquida demais.
 
– E o que isso significa?
 
– Meu pai me disse que quando o muco do Cubchoo está águado, isso significa que ele está machucado ou até mesmo doente – responde Brycen, preocupado – A gente precisa ajudá-lo.
 
– Você tá ficando doido, Bry? Se a gente encosta nesse Cubchoo, e somos vistos pela Beartic, nós estamos mortos!
 
Brycen observa o pequeno Pokémon, ainda procurando e chamando por alguém. Ele parece frágil, indefeso.
 
– Eu vou arriscar – diz, olhando para o seu amigo – Eu preciso arriscar.
 
Brycen, então, sai de seu esconderijo na moita e, lentamente, tenta aproximar-se do ursinho.
 
Assim que o Cubchoo percebe sua aproximação, inala o seu muco e dispara uma rajada de ar congelante em direção a Brycen, que cobre o seu rosto com as mãos. O ataque, porém, foi fraco.
 
– Você tá bem? – pergunta Ryan, ainda da moita.
 
– Sim. Acho que foi uma tentativa de Frost Breath, mas ele está muito fraco – diz, virando-se, logo em seguida, para o Cubchoo – Tá tudo bem, amiguinho. Vem comigo.
 
O Pokémon parece desconfiado. Ao perceber os braços esticados de Brycen aproximando-se de si, tenta esconder-se, de novo, enterrando sua cabeça na neve. O menino, então, o pega no colo, colocando-o próximo de seu peito, enquanto o urso polar esboça um suave choro.
 
– Shhh... vai ficar tudo bem. Eu vou cuidar de você.
 
O Pokémon levanta a cabeça e olha fundo nos olhos do menino. E é, então, que algo inexplicável acontece dentro do coração dos dois. Como se, nesse momento, suas almas se interligassem. Cubchoo sente que pode confiar nesse humano que acabara de conhecer.
 
Ele estica sua pata dianteira esquerda em direção ao rosto de Brycen, tocando-o levemente, quase que como um carinho. E então, desmaia.
 
...
 
A porta automática do Centro Pokémon se abre e um treinador que já estava de saída quase é atropelado pelos dois meninos, que correm desesperadamente em direção ao balcão.
 
– Vocês tão cegos?! Não me viram não?! – esbraveja o treinador.
 
– Perdão, moço, mas é uma emergência – grita Ryan, sem nem mesmo olhar para trás.
 
Os garotos se aproximam do balcão central, onde uma simpática enfermeira Joy, ao lado de seu fiel Aldino, observa tudo com ar de preocupação, já imaginando que o Cubchoo – que estava caído nos braços de Brycen – estivesse em apuros.
 
– Enfermeira Joy, por favor, você precisa ajudar o Cubchoo! – diz Brycen, bastante afobado.
 
– Mas o que aconteceu? – ela pergunta, demonstrando preocupação.
 
– Eu não sei! Eu e o Ryan o encontramos na floresta e ele parece estar machucado! Olha como o muco dele está fraco!
 
A enfermeira se inclina, apoiando-se no balcão, para poder ter uma visão melhor do urso branco. Ela percebe, então, que o Pokémon se encontra desmaiado e constata que, de fato, o seu muco não está com consistência normal. Rapidamente, vira-se para o Aldino que se encontrava de prontidão ao seu lado, apenas esperando o seu comando.
 
– Aldino, rápido, pegue uma maca!
 
– Audi, Audino! – responde a criaturinha rosa.
 
Em poucos instantes, o Pokémon audição corre para fora da área do balcão, seguido da própria enfermeira. Enquanto o primeiro se direciona a uma área traseira, separada do saguão principal por uma porta automática, onde os Pokémon feridos ficam em recuperação e observação, a segunda apenas dá a volta no balcão a fim de verificar o Cubchoo mais de perto.
 
– Este Pokémon... ele é seu? – indaga a carismática mulher, no auge de seus vinte e poucos anos.
 
– É... não... – o menino responde, cabisbaixo, com medo de que sua resposta mudasse algo – Ele é selvagem, mas o encontramos ferido na floresta do parque.
 
– Não tem problema! – ela diz, estampando um sorriso simpático no rosto – Nós cuidaremos muito bem dele!
 
Cuidadosamente, a enfermeira retira o Cubchoo do colo de Brycen, acalentando-o em seu próprio colo. Poucos segundos depois, o Audino retorna da sala dos fundos, trazendo consigo uma maca. Joy, então, coloca o urso na maca e o seu Pokémon assistente rapidamente retorna com o Cubchoo para a sala de onde viera.
 
No mesmo lugar, imóvel, Brycen observa atentamente, com lágrimas em seus olhos.
 
...
 
Cerca de uma hora havia se passado desde que o Cubchoo fora carregado para a sala de atendimento. Brycen continua sentado no saguão, esperando por qualquer notícia. Ryan ao seu lado, cochilando.
 
A porta do Centro Pokémon se abre e um homem alto, de cabelo azul claro – quase branco – entra, olhando por todos os lados. É Edgard. Ele, então, finalmente percebe que Brycen está sentado na área reservada para os treinadores que estão aguardando pelos seus Pokémon, e corre em sua direção.
 
– Filho! Você está bem? O que aconteceu? Te procurei no parque em toda parte.
 
Brycen, que até então se mantivera cabisbaixo, levanta a cabeça.
 
– Pai... como você me encontrou?
 
– A enfermeira Joy fez o favor de me avisar.
 
– Desculpa te deixar preocupado... – diz, abaixando a cabeça novamente.
 
Edgard se ajoelha e, gentilmente, ergue a cabeça do filho com as mãos, pressionando o queixo suavemente para cima.
 
– Tudo bem, filho. Foi só um susto. O importante é que você está bem.
 
– Mas o Cubchoo... eu não sei se ele está bem...
 
Os olhos do menino começam a se encher de lágrimas. Nem mesmo ele consegue explicar ou entender o porquê de ter se apegado tanto a esse Pokémon que mal conhecera. Mas sente que é como se os seus corações estivessem interligados. Conectados. Como um elo inseparável nesse emaranhado de fios que liga cada um de nós durante as nossas vidas.
 
– Bry... que Cubchoo? – indaga o pai. Até então, seu filho não tinha nenhum Pokémon.
 
– Sim... eu o conheci no parque, mas acho que ele está doente ou machucado. E certamente está perdido.
 
Edgard se senta ao lado de seu filho, abraçando-o e acariciando os seus cabelos, tão azuis quanto os seus. Ele já entendeu tudo. Brycen o fazia lembrar dele mesmo quando criança. Esperto, corajoso e apaixonado pelos Pokémon, capaz de fazer de tudo para protegê-los. E ele sabia que, no lugar de seu filho, teria feito a mesma coisa. Estava orgulhoso. Havia o criado bem. Mal podia esperar para contar para Alana, sua esposa, sobre o ocorrido. Sabia que ela também se sentiria orgulhosa. Tão orgulhosa quanto no dia em que Brycen revelou o seu desejo de também seguir carreira de ator, para preocupação de Edgard, que até hoje espera que ele o substitua como Líder de Ginásio quando chegar a hora de aposentar-se.
 
Alguns minutos se passam e a porta da sala de internações se abre. De lá, sai a Enfermeira Joy, trazendo consigo, em seu colo, o Cubchoo, já acordado. Ele aparenta estar bem melhor. O muco de seu nariz está com uma consistência mais saudável que anteriormente e ele aparenta estar feliz.
 
– Brycen? – chama.
 
Ele e Edgard se viram e o menino percebe que o urso está bem.
 
– Cubchoo! – grita, esbaforido.
 
O grito de Brycen é tão alto que todo mundo no recinto se vira para olhá-lo. Até mesmo Ryan acorda, perdido depois do cochilo. Mas o filho de Edgard não está nem aí. O Cubchoo está bem e, no momento, isso é tudo que importa.
 
Joy entrega o Pokémon para ele, que o pega no colo, sendo surpreendido por um repentino abraço dado pelo urso, como um pedido de “obrigado”. Edgard observa tudo, com um sorriso de orgulho que corta o seu rosto de orelha à orelha.
 
– Muito obrigado, enfermeira Joy! – o menino agradece.
 
– Cub, Cubchoo! – balbucia o ursinho, esboçando alegria.
 
– Por nada! Estamos sempre à disposição!
 
Brycen se despede da simpática mulher e, junto de Ryan e Edgard, parte para casa, carregando o Cubchoo no colo.
 
...
 
Brycen está sentado à mesa, com o Cubchoo ao seu lado, enquanto Edgard termina de cozinhar o jantar. Edgard nunca foi de dominar a arte da cozinha. O seu negócio mesmo é batalha Pokémon. Mas desde que Alana precisou passar um período morando em Virbank, para gravar o seu filme, ele teve de assumir todas as tarefas da casa. Inclusive cozinhar.
 
– O jantar já está quase pronto – avisa o aventureiro na cozinha.
 
– Pai, tem algo queimando aí, não?
 
Então Edgard se dá conta: distraiu-se por alguns minutos e o bolinho de carne estava começando a queimar. Desliga o fogo rapidamente e retira o bolinho da frigideira. Ufa. Ainda está aproveitável.
 
Bryan ri, seguido pelo Cubchoo, ainda que este não entenda completamente o que está se passando.
 
– Essa foi por pouco, hein, filhão.
 
Pega os pratos e serve a comida para Brycen, que pega um dos bolinhos em seu prato e o oferece ao Cubchoo.
 
– Meu pai não cozinha muito bem, mas... espero que você goste.
 
– Cub? – o ursinho inclina a cabeça para o lado, desentendido, ao mesmo passo em que segura o bolinho a ele oferecido com as suas patinhas.
 
Então, ambos começam a comer com voracidade enquanto Edgard observa. “Como podem os dois serem tão parecidos?”, pensa.
 
...
 
A lua já brilha forte no céu de Unova, ainda que encoberta por uma ou outra nuvem carregada. A noite parece calma, serena, exceto pelo vento que uiva ao passar pelas frestas da janela do quarto de Brycen.
 
Apoiado nesta mesma janela, Cubchoo observa o mundo exterior. Vê a neve caída no chão, onde alguns Pidove ciscam. Vê alguns Woobat e Swoobat voando por perto, provavelmente procurando algo para comer. Também vê alguns Deerling, com a pelagem de inverno, andando despretensiosamente pela rua.
 
Ele, então, começa a bater com a patinha na janela, entoando uma espécie de murmúrio. Nunca havia passado nem mesmo uma noite sequer longe da pelagem quentinha de sua mãe. Estava sentindo falta. O cobertor velho que Edgard o deu para que pudesse se aquecer durante a noite não era o suficiente. Até esquentava, mas não tinha o cheiro de sua mãe. E nada pode substituir isso.
 
Com o barulho das batidas na janela, Brycen é despertado de seu sono. Assenta-se, recostando-se na cabeceira. Coça os olhos. Que horas são? Já deve ser de madrugada!
 
– Cubchoo, o que cê tá fazendo aí?
 
E a única resposta que recebe é o murmúrio do ursinho que, em poucos instantes, põe-se a chorar. Um choro leve, suave, mas, ao mesmo tempo, profundamente triste.
 
Brycen se levanta e vai até o Pokémon, envolvendo-o nos seus pequenos braços infantis, em uma tentativa de acalentá-lo.
 
– Shhh... vai ficar tudo bem... eu tô aqui com você... – diz, enquanto acaricia a cabeça do Pokémon.
 
O carinho que Brycen o faz é o mesmo que sua mãe costuma fazer. Na cabeça. Cubchoo, de repente, se sente em casa. Como se o colo do menino tivesse forma de lar. Ele deixa no colo do garoto, apoiando sua cabeça em seu peito e fecha os olhos. Ele pode sentir. Está seguro.
 
– Eu sei que você deve sentir falta de sua mãe. Eu sinto falta da minha também...
 
O urso levanta a cabeça, e olha para o rosto do menino. Brycen está chorando. Um choro quieto.
 
– ..., mas a minha mãe vai estar de volta em breve – ele enxuga as lágrimas que escorrem em suas bochechas rosadas – E eu juro... eu juro que vou te ajudar a encontrar a sua.
 
O pequeno Cubchoo se deita novamente no colo de Brycen, abraçando-o, como uma forma de dizer “obrigado”.
 
– Vem. Você vai deitar comigo.
 
O menino, então, volta para a cama, levando consigo o Cubchoo. Ele deita o pequeno urso perto da parede, deitando-se ao seu lado logo em seguida, cobrindo-os com um edredom importado feito de algodão de Whimsicott que sua mãe lhe dera de presente.
 
...
 
É um dia ensolarado em Icirrus. Uma variação do clima nublado e cinzento que usualmente é vivido durante o inverno. Apesar disso, nessa época do ano o sol não sobe além de uma altura um pouco acima do horizonte, o que significa que sua presença não diminuí em nada os efeitos da massa de ar polar que atingem a cidade anualmente. Todavia, a população de Icirrus já está mais que acostumada com o frio. E um dia de sol significa um dia para ser aproveitado ao ar livre.
 
É domingo e Edgard hoje não precisa enfrentar nenhum treinador em seu Ginásio, ocasião perfeita para ir ao parque com Brycen para ensiná-lo mais e mais sobre os Pokémon. Sabe que, em breve, seu filho deverá sair em uma jornada.
 
Edgard e Brycen estão em uma parte do parque em que há muitos brinquedos e diversas crianças brincam com Pokémon selvagens ou de seus pais. Brycen carrega Cubchoo no colo.
 
Edgard o está ensinando sobre batalhas Pokémon, mais especificamente sobre as vantagens de tipo.
 
– Então, se um desafiante usa um Pokémon do tipo fogo, ele terá vantagem ou desvantagem sobre mim?
 
O menino pensa.
 
– Hum... vantagem!
 
– Isso, muito bem! – diz o pai, orgulhoso – E como devo fazer para contornar essa vantagem!
 
Brycen se levanta e, com empolgação, imita alguns golpes do tipo água enquanto responde:
 
– Você pede que seus parceiros usem um Hydro Pump! Não, que usem um Water Gun! Melhor, que usem Surf!
 
Cubchoo tenta copiar os seus movimentos. Edgard ri. Pode perceber o quanto Brycen está animado.
 
– Essa seria uma boa ideia, mas os meus Pokémon não sabem usar esses golpes.
 
– Não? – indaga, desapontado – O que você faz então?
 
– Bom, nessa situação o que eu faria seria...
 
Sua fala é interrompida por um estrondo vindo do outro lado do parque, próximo à floresta.
 
– SOCORRO!
 
O grito desesperado de uma mulher parece vir da direção do estouro.
 
– Rápido, Brycen, procure abrigo com o Cubchoo!
 
– Mas papai, onde você vai?
 
– Preciso ver o que está acontecendo.
 
– Mas não é perigoso?
 
Edgard se vira para Brycen.
 
– É, mas também é o meu dever como Líder de Ginásio.
 
Edgard se põe a correr em direção ao estrondo. Brycen sabe que deveria se esconder. Porém, se lembra das palavras de sua mãe, que ecoam em sua cabeça: “seja valente, encare seus medos!”. É o que ela sempre diz quando ele sente medo de algo. Tomado pela coragem, Brycen também corre na direção do estouro, trazendo Cubchoo consigo.
 
Alguns minutos de corrida, um cansado Brycen chega ao outro lado do parque e pode observar o que estava acontecendo: parte dos brinquedos estavam destruídos e outra parte estava congelada. Então, percebe que tudo isso fora causado por apenas um Pokémon. Um Beartic descontrolado.
 
Edgard, que correra mais rápido e já havia chegado há alguns minutos, enfrentava o grande urso polar. Apesar de ser um treinador especializado em tipos gelo, possui alguns outros Pokémon que colecionara durante a sua jornada, como o Excadrill que chamou para ajudá-lo a acalmar o Beartic.
 
– Excadrill, use o Metal Claw!
 
O Pokémon toupeira rapidamente carrega energia em suas garras, transformando-as em garras metálicas. Então, se põe a correr em direção ao Beartic, saltando assim que se aproxima o suficiente, de modo a atingi-lo pelo alto.
 
Mas ele não contava que seria atingido por um poderoso Ice Punch desferido pelo Beartic, que não só o impossibilitou de atacar, mas também o arremessa para longe, fazendo com que caísse perto de Edgard.
 
Excadrill se levanta com dificuldades. Está exausto, ofegante.
 
– Excadrill, você está bem? – pergunta Edgard, recebendo como resposta um balançar positivo de cabeça – Então use o Dig!
 
O Pokémon estava prestes a juntar suas patas em cima de sua cabeça, a fim de se moldar em formato de broca, quando ouve os gritos do Cubchoo. O pequeno urso consegue se desvencilhar dos braços de Brycen e corre em direção ao Excadrill, sendo seguido por Brycen, que grita:
 
– Cubchoo, volte aqui!
 
Só então Edgard percebe que Brycen estava ali.
 
– Brycen?! O que faz aqui? Eu mandei você se esconder?
 
– Desculpa pai, mas eu preciso ser valente! – responde.
 
O Cubchoo corre com muita velocidade, passando o Excadrill e indo em direção ao Beartic que, ao vê-lo, consegue abstrair-se de seu estado de raiva.
 
– Cub, Cubchoo! – grita o pequeno urso.
 
– Bear, tic! – responde o maior, correndo em direção à sua cria.
 
Trata-se de uma fêmea Beartic, mãe do pequeno Cubchoo. A confusão causada no parque se dera em função de sua busca pelo seu filhote. Pôde sentir seu cheiro, mas estava frustrada por não conseguir achá-lo. E os Beartic, apesar de serem Tipo Gelo, são uma espécie conhecida pelo seu temperamento esquentado.
 
O pequeno Pokémon salta em direção à sua mãe, que o agarra no colo. É um reencontro feliz. De longe, Brycen entende tudo. O pequeno Cubchoo havia encontrado sua mãe e provavelmente vai deixá-lo. Edgard, percebendo a situação, chama o Excadrill de volta para sua Pokébola.
 
Brycen se aproxima da família ursídea.
 
– Cubchoo... fico feliz que encontrou sua mãe... – diz.
 
O Cubchoo se desprende da Beartic, caminhando em direção ao menino. Eles, então, envolvem-se em um abraço. Apertado.
 
– Eu vou sentir sua falta, amigo.
 
– Cub, Cub – balbucia o urso. Não falo a língua dos Pokémon, mas aposto que ele disse algo como “eu também”.
 
Cubchoo, então, se desprende de Brycen e volta para a sua mãe. Ambos começam a andar em direção à floresta, distanciando-se de Brycen, que permanece no chão, imóvel, dando tchau com as mãos. Uma ou duas lágrimas escorrem de seus olhos. É um misto de felicidade e tristeza. Está feliz porque pelo menos um deles está com a mãe. Está triste porque sabe que provavelmente nunca mais irão se ver.
 
– Vamos, filho. Melhor irmos para casa – diz Edgard.
 
Brycen se levanta, ainda choroso, e se põe a caminhar junto com seu pai em direção contrária ao Cubchoo.
 
Alguns segundo depois, consegue ouvir o grito do Cubchoo. Brycen se vira e vê o pequeno Pokémon correndo em sua direção, sendo seguido pela Beartic. Ele também se põe a correr em direção ao ursinho.
 
– Cubchoo... achei que você tivesse ido...
 
O Pokémon, então, o abraça novamente. O abraço de Brycen ainda tem jeito de lar. Ele se solta e, depois, olha no fundo dos olhos do garoto.
 
– Cub, cub, Cubchoo! – diz, deixando suas patinhas erguidas para cima, como se estivesse em forma de batalha.
 
Edgard, então, tem um estalo.
 
– Bry... eu acho que... eu acho que ele quer vir com você.
 
– Comigo?
 
O menino olha no fundo dos olhos do Cubchoo. Sente que possuem algo especial, ainda que não saiba dizer o que.
 
– É isso mesmo que você quer, Cubchoo?
 
O ursinho faz um “sim” com a cabeça, para a surpresa de Brycen, que abre um sorriso de ponta a ponta da orelha. Seus olhos brilham de felicidade. Edgard se aproxima, trazendo em sua mão uma Pokébola. Ele se ajoelha ao lado de seu filho e a entrega.
 
Cuidadosamente, o garoto encosta a ponta da esfera na cabeça do Pokémon. Ela, então, se abre, emanando uma forte luz vermelha que envolve todo o urso, transformando-o em energia e, em seguida, sugando-a para dentro de si. Ela se fecha e começa a balançar na mão de Brycen. Balança uma, duas, três, quatro, cinco vezes! Até que, por fim, para, liberando um pequeno conjunto de estrelas.
 
Brycen acaba de pegar o seu primeiro Pokémon, seu primeiro parceiro. Ele logo lança a Pokébola para cima, fazendo com que ela emane a mesma luz de antes, materializando o Cubchoo em sua frente.
 
A Beartic se aproxima e se ajoelha em frente à sua cria. Gentilmente, afaga a cabeça do pequeno ursinho. Ela entende que ele deve seguir o seu caminho e que é chegada a hora de se despedirem. O beija por uma última vez e, então, levanta-se, pondo-se a caminhar em direção à floresta. Brycen, Edgard e Cubchoo observam, enquanto a Beartic se distancia cada vez mais, até desaparecer entre as árvores.
 
...
 
É noite. Uma noite estrelada, sem nenhuma nuvem no céu. Um homem alto, forte, de cabelos azulados corre por cima da laje de um enorme prédio. Do alto, pode-se ver a imensidão de prédios e arranha-céus da cidade de Castelia, a capital e maior metrópole da região de Unova.
 
Ao chegar na beirada, o homem se vira. Vê que há outros três homens encapuzados atrás de si.
 
– Renda-se! – diz um dos homens.
 
– Não há escapatória – diz o segundo.
 
O homem ri. Um riso debochado.
 
– Sempre há escapatória para o Bryce-man! – responde, mergulhando de costas em direção ao chão.
 
– Ai, porra! – grita uma voz. A mesma voz do homem que acabara de pular.
 
– Corta! – grita uma voz rouca.
 
É o diretor, que deixa de olhar a imagem no monitor da câmera e volta-se para o set de gravação, onde o homem, que havia “pulado” do prédio, encontra-se deitado em uma plataforma verde chroma-key. Na verdade, todo o estúdio é verde chroma-key.
 
– Você está bem, Brycen? – pergunta o diretor.
 
– Sim, sim, mas acho que machuquei... Ai! – grita, com dor – Acho que machuquei meu pulso na queda.
 
Ele havia pulado de uma outra plataforma, um pouco mais alto, onde os outros três atores ainda estavam de pé.
 
– Ficou bom? – pergunta ao diretor.
 
– Ficou excelente! – responde, voltando-se para toda a equipe de produção que está por trás das câmeras – E com essa tomada a gente finaliza a produção de “Brycen-man 4: Sem escapatórias”, bom trabalho pessoal!
 
Toda a equipe e elenco se aplaudem. Um clima de festa, apesar da luxação que Brycen sofreu.
 
Pouco depois de finalizar as gravações, Brycen deixa o set. Do lado de fora, caminha em direção à um trailer que se encontra a poucos metros da saída do estúdio. Há seu nome na porta.
 
Brycen cresceu e deixou de ser aquela pequena criança que tentava ser valente. Seguiu os passos de sua mãe, emplacando uma invejável carreira no cinema com a franquia policial “Full Metal Cop” e os filmes do “Brycen-man”, deixando seu pai com sentimentos mistos e a sua mãe muito orgulhosa.
 
Ele entra no trailer, onde um grande e imponente Beartic dorme. É o seu parceiro, Cubchoo, já evoluído.
 
– Ei, amigo, acorda.
 
O Pokémon, ainda sonolento, levanta e se senta. Brycen se senta ao seu lado, retira o crachá de seu pescoço e o joga longe.
 
– Eu tava pensando... Tá na hora da gente ir pra casa – diz, retirando do seu bolso uma Freeze Badge – Tá na hora de assumirmos o ginásio.

* Nota: Fruta Gomoram é a tradução da Rawst Berry
É isso, espero que tenham gostado. Comentários, críticas e sugestões são sempre bem-vindos.


Última edição por Alice Le'Hills em Qua 22 Jul 2020 - 20:39, editado 3 vez(es)

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MensagemAssunto: Re: Pokémon: Laços   Pokémon: Laços Icon_minitimeSáb 11 Jul 2020 - 0:05

Bem, vamos lá.

Confesso que é meio difícil pra você escrever assim, mas pra gente também é pra comentar, visto que cada capítulo é literalmente uma história kkkkk, por isso eu já digo de agora que o capítulo não tem problema ser maior, visto que você tem que abrir e fechar as histórias no mesmo capítulo, portanto o importante é fazer um tamanho que fique coerente, claro que extremamente gigante não é necessário, mas também não é necessário se prender a padrões menores e tals.

Agora, sobre a história em si, devo dizer que apesar do tamanho, não tenho muito o que falar sobre o capítulo kkkk, mas gostei de você ter trazido essa história do Brycen e de como ele conseguiu seu primeiro pokémon, do fato do seu pai ser líder etc.

Eu não sei qual a idade do Brycen aí no capítulo, mas achei ele bem infantilizado, então creio que ele era bem jovem aí, sendo justificável. Inclusive, nesse ponto, achei muito bom você ter criado um contraponto interessante entre o jovem e o Cubchoo, com os dois passando pela mesma situação de saudades da mãe. Só não entendi muito bem essa conexão, se era realmente algo mais ou se era só pra dizer que tinha mesmo.

No entanto, eu não curti algumas coisas, mas aí é opinião pessoal minha kkkk. Eu não gostei muito de algumas overreactions, tipo o "AAAAAA que fofinho" kkk, talvez é chatice minha, mas acho que overreactions, caps lock e onomatopeias não ficam muito bons, mas é só o que eu acho kkk. E também o outro é mais um toque: em muitos pontos da fic a narração foi bem simples, com, sei lá, cinco palavras e depois voltava pra outra fala. Eu recomendaria você até mesmo colocar esse tipo de narração no fim da linha da própria fala, ou então desenrolar mais onde for possível kkk. Mas no geral, como disse, são apenas observações minhas kkk.

Eu achei bem legal a forma que você encerrou o capítulo e como disse acima, é um desafio tentar terminar de forma correta e coesa né. Não sei se você continuará esse conto algum dia, mas o fim deu tanto pra satisfazer esse capítulo em questão, quanto deixa aberto se caso tenha outro. Interessante.

Enfim, como disse, não tinha muito pra falar, apesar do tamanho, então desculpa se não foi o melhor dos comentários kkk. Então é só e boa sorte com a fic.

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MensagemAssunto: Re: Pokémon: Laços   Pokémon: Laços Icon_minitimeDom 12 Jul 2020 - 0:14

Oie Alice,

Gostei muito desse conto, mais do que o primeiro inclusive, principalmente porque eu fico muito apegado com histórias que constroem tão bem esse início de amizade entre treinador e pokémon, e você fez isso muito bem, de uma forma bonita e tocante.

Meu único contato com BW foi há 9 anos atrás na época do lançamento, então eu realmente não lembrava nada do Bryce. Logo, foi muito legal ver a sua percepção de como foi a infância dele, e os eventos levaram ele a se tornar um ator e, posteriormente, assumir o legado do pai como líder de ginásio. (Bom que todo mundo saiu feliz no final das contas kkkk)

Todas as cenas entre o garoto e o Cubchoo, desde o encontro na floresta, no centro pokémon, dormindo juntos e até a "despedida", foi tudo muito fofo. Foi muito bonito ver o início da amizade deles e como eles tiveram uma ligação imediata, até mística eu diria, quando se tocaram. Enfim, terminei o conto com um sorriso bobo no rosto e feliz deles terem ficado juntos, mesmo sendo algo previsível haha

Quanto ao tamanho, sempre que alguém me pergunta algo do tamanho dos capítulos, eu sou o primeiro a defender os capítulos enormes, pois acho que o autor deve ter a liberdade de contar tudo que ele acha necessário sem se interromper. No seu caso específico, como se trata de contos, eu acho que é ainda MAIS importante que você não se deixe abalar quanto ao tamanho. Deixe fluir e vá escrevendo sem se preocupar, pq por exemplo, esse conto de hoje foi grande mas foi muito legal pra mim por ter lido ele de uma vez, se você tivesse divido em partes eu acho que ia ficar muito anticlimático e não teria o mesmo feito, saca?

Enfim, Alice. De erros não percebi nada não, achei a escrita ótima e as descrições muito boas. Fico no aguardo do próximo conto o/
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MensagemAssunto: Re: Pokémon: Laços   Pokémon: Laços Icon_minitimeDom 12 Jul 2020 - 21:09

Olá, Alice! Bem-vinda de volta ao fórum! É sempre bom ver mais gente chegando. Espero que continue ativa por aqui.


Vamos à fic. Me surpreendi quando vi que na verdade serão vários contos em vez de capítulos continuados. É uma ideia interessante e diferente, mas imagino que deve ser trabalhoso, pois é preciso desenvolver a história em apenas um capítulo, e precisa de muita criatividade para pensar em uma história diferente, com personagens diferentes, para cada capítulo. Dá para explorar bastante coisa.

Por isso não vejo problema em serem grandes, visto que é preciso mostrar toda a história nele, já que não terá continuação. Se cortar, pode acabar ficando meio sem graça.Além de que, não posso reclamar porque os capítulos da minha fic são sempre grandes. kkkkkkk Não consigo escrever pouco. Mas gosto de capítulos grandes justamente porque dá para desenvolver melhor e avançar mais a história.


Sobre o primeiro conto, eu também sou do time que não sabe quase nada de Galar, só sei o que eu vi em algumas gameplays por aí. Concordo com os comentários acima, acho que a batalha ficou meio mecânica, pois faltou mais emoções e reações nos pokémons, que apenas ficaram fazendo o que seus treinadores ordenaram, parecendo muito as batalhas dos jogos. Mas foi interessante, ainda mais envolvendo Gigantamax, a primeira do fórum.

Já o segundo conto eu gostei bastante, mais do que o primeiro. No fim, nem achei tão grande assim, pois a leitura passou rápido. Foi bem legal acompanhar o encontro e o desenvolvimento do início da amizade entre o Brycen e o Cubchoo, muito fofos os dois. No final, estava esperando que ele voltaria para a mãe, mas ele acabou preferindo ficar com o garoto, bom para eles. E até deixou um gancho para uma possível continuação.


Pelo nome "Laços", imagino que o foco dos contos será mostrar laços de amizade entre humanos e pokémons, o que é um tema interessante para abordar. Estou curiosa para saber quem serão os próximos.

Vi alguns errinhos de digitação:


Citação :
Precisaria comprar um despertador novo caos não quisesse se atrasar para a escola.


Ali seria "caso".


Citação :
Neve significar ir ao parque brincar com os seus amiguinhos de escola.

"Significa".



Citação :
“Droga, sangue”, pensa, ao passar a mão para limpar-se e notar seu braço vermelho – um contrate com a branquitude de sua pele.


Faltou um "s" no "contraste".




Enfim, é isso, aguardo o próximo capítulo. Um abraço e até mais!

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MensagemAssunto: Re: Pokémon: Laços   Pokémon: Laços Icon_minitimeQui 16 Jul 2020 - 4:07

Hey Alice o/

Primeiramente, você já está ai pela área há algumas semanas, mas só agora estou interagindo diretamente contigo, então bem-vinda de volta! Não sei se lembra de mim (nem espero que lembre, faz um tempão já), meu nick antigamente era IsaacXD7 e guardava boas memórias de você no fórum por sua fic, O Elo Perdido, ter sido a primeira fic que eu li na vida e um dos principais fatores que me impulsionaram a escrever, além de ter me dado uma grande ajuda no mapa da região da minha primeira fic (que hoje morro de vergonha dela, mas enfim, foi a primeira né). Fiquei muito feliz de te ver por aqui de novo, ainda mais comentando fics e publicando uma.

De toda forma, desculpe a demora pra aparecer, acabei demorando pra vir ler o primeiro capítulo e não percebi que uma semana já tinha se passado, ai você acabou soltando o segundo também KKKKKKK enfim, li os dois e finalmente comentarei!

Em geral eu gostei dessa ideia um pouco diferente de cada capítulo ser um conto diferente. Algo bem interessante que posso ver nesse estilo é que as histórias não precisam necessariamente ter personagens com grandes objetivos que os impulsione à andar a pé no meio do mato cheio de bicho por um país inteiro, ou lutar contra uma grande facção criminosa nem coisa do tipo… pode ser simplesmente algo sobre a rotina deles, ou uma pequena aventura, como foi no segundo capítulo.

Eu também estou no time que não está familiarizado com Galar… na verdade, de Unova pra frente eu sei apenas alguns pedaços de cada lugar, alguns maiores que outros. Fui no Google rapidinho e vi que o tal Leon realmente é o campeão da região, além de ler os comentários com mais detalhes. Tanto nesse caso quanto no segundo, eu gostei bastante que ao trabalhar com personagens cannon você está mantendo o cannon original enquanto “explica” o que ocorreu antes da história. Inclusive eu nem sabia que o Brycen era ator, descobri agora KDOPSAKDOPAD.

Focando mais no primeiro capítulo agora… já que ele foi basicamente uma batalha por inteiro, vamos nos focar nisso. Eu concordo parcialmente com os comentários de que a batalha ficou mecânica. Na verdade, ela me lembrou mais as lutas do anime — e eu confesso que só de ver um treinador falar “evasiva” já me lembra muito as lutas do anime. Eu não vi a batalha acontecendo de forma “um bate e o outro apanha e vice-versa” como nos games, mas eu concordo que alguns duelos foram consideravelmente rápidos. Entretanto, minha principal crítica aqui é que eu acredito que você poderia ter explorado mais a narração da execução dos golpes, achei um pouco vago em alguns momentos. Isso me proporcionou uma autocrítica enquanto eu lia também, acho que eu exagero um pouco nessas narrações enquanto escrevo, mas acho que você acabou “economizando”, então precisamos encontrar um ponto-médio nisso ai kkkkkkkkkk. E por fim, achei bastante imersivo a forma como a batalha terminou, com o Leon paralisado, eu real me senti no lugar dele com isso.

Sobre o segundo capítulo, este já foi… menos específico por falta de um termo melhor. Eu gostei bastante do desenvolvimento infantil do Brycen, tanto na personalidade dele de criança pura e corajosa, quanto na relação com o pai dele. Também foi legal o relacionamento dele com o Cubchoo, apesar de eu honestamente não gostar muito do discurso de “somos interligados”, mas isso é literalmente apenas gosto pessoal meu. Enfim, eu gostei muito desse plotzinho que você fez pro background do personagem, ele seria menos esquecível pra mim se isso fosse oficial eu diria, acho que vou até encarar como realmente oficial daqui pra frente em prol disso kaiopfsakgapokdspoad. E como o Black disse, eu também gostei de como o capítulo fechou, ficando completo e ao mesmo tempo abrindo espaço para complementos. O final tem bastante cara de final, enquanto o do primeiro ficou meio com cara de cliffhanger, como se você pretendesse fazer a história do irmão dele depois, mas eu imagino que a continuação daquilo ali seja o próprio desenvolvimento do irmão no jogo (que eu não sei como é, só imagino).

Por fim, dada a ressalva sobre a batalha ali, sua escrita em geral é ótima! Estamos sempre evoluindo, então não sei se caso eu vá ler sua antiga fic eu pense da mesma forma de quando li da primeira vez, mas eu já tinha em mente que você era muito boa desde aquela época, então agora eu posso apenas confirmar isso de novo. Pensando assim, fico feliz que comecei nisso pela sua, acho que me deu uma ótima visão pra me inspirar de início kdsaopkfgsopakpoaskd.

Ah e sobre o tamanho e frequência: sua fic é basicamente um compilado de Oneshots, então é bem comum os capítulos serem geralmente maiores que o normal mesmo. Confesso que me assustei um pouquinho ao rolar a página da primeira vez, ia comentar que talvez fosse o capítulo mais longo que já vi numa fic, mas antes que pudesse fazer isso a Nina teve a proeza de precisar de 2 posts pra postar um cap. Enfim, eu não me importo com o tamanho não, seja grande ou pequeno, acho que isso cabe ao autor de decidir em que ponto está bom pra parar, por isso não se importe em dividi-los só pelo tamanho, prefiro que faça isso pelo “feeling” de até onde está bom. Já sobre a frequência, eu confesso que acho bem agradável quinzenalmente, já que gosto de intervalos extensos que me deixem mais “folgado” em geral, mas se preferir semanalmente, eu consigo me virar também.

Bom, por enquanto é isso, até mais o/

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MensagemAssunto: Re: Pokémon: Laços   Pokémon: Laços Icon_minitimeQua 22 Jul 2020 - 17:36

Hello, guys. Trago hoje pra você o terceiro conto dessa série, mas antes vamos aos comentários:

Comentários:


Quero agradecer a todos quanto ao feedback sobre o tamanho, isso é algo que eu estava muito da dúvida, mas vocês me convenceram a não me preocupar muito com isso e deixar fluir. Sobre o próximo conto, eu gostei muito de escrever ele, apesar de ter me dado mais trabalho que os demais kkkkk. Quem quiser ler a sinopse antes, tá no Mainpost. Enfim, sem mais delongas, espero que gostem:


Citação :
Pokémon: Laços Loveball
CAPÍTULO 3
チエの願い
CHIE NO NEGAI
O DESEJO DE MAIZIE

É uma manhã cinzenta, ominosa. E triste. Uma chuva fina – quase que uma garoa – e intensa cai suavemente pela cidade, que está sob uma nuvem escura e carregada. O vilarejo de Azalea, em Johto, já viu dias melhores. Costuma ser um local ensolarado, com pouca precipitação ao longo do ano. Só que esse é um dia diferente.
 
Azalea não é uma cidade grande, não mesmo. Sua população gira em torno de quatro mil pessoas. E olhe lá. Seu grande atrativo? O ginásio, comandado pela carismática líder Bugsy; o poço dos Slowpoke, que cumpre bem o seu papel como atração turística – se é que se pode chamar um poço de atração turística; e a fabricação de Pokeball especiais customizadas, que são brilhantemente feitas pelo Kurt. Bom, quero dizer... ao menos eram.
 
— Que Arceus, em toda a sua bondade e misericórdia, receba o nosso irmão e filho desta terra em seus braços, para que não mais sinta nada, senão o seu divino amor. E que ele possa viver eternamente, não só em nossos corações, mas também na região prometida pelo Alpha.
 
Tais palavras foram ditas com exímia suavidade, emanadas por uma voz genuinamente gentil, calma, de um homem alto, negro, de feições joviais atraentes, no auge de seus 30 e poucos anos. Veste uma túnica azul marinho, com duas listras douradas na altura da cintura, bem como na gola e na boca das mangas. Em volta da manga e do pescoço há pequenos círculos, também dourados, de onde saem listras formando um X com duas meias luas, uma de cada lado. Esse é o símbolo da criação, tal qual o arco que circunda a cintura de Arceus.
 
O homem, único presbítero da cidade, continua o seu discurso de conforto diante de uma multidão que se aglomera na colina na parte mais ao norte da cidade. Estamos em um local ébrio, tomado por teias de Spinarak, de árvores ocas e quase-mortas e lápides por todos os lados. Esse é o cemitério da cidade e um funeral está acontecendo.
 
Em frente ao clérigo há um caixão devidamente ornamentados com rosas e outras flores, bem como uma foto do falecido. É um senhor ancião, devia ter uns sessenta e poucos anos, talvez quase setenta, quando a foto fora tirada. Segurava em uma de suas mãos a sua criação favorita: uma Loveball.
 
— E agora — diz o homem — a neta do nosso estimado Kurt prosseguirá com algumas palavras.
 
Da multidão, uma menina bonita, de cerca de dezesseis anos, se aproxima. Dá a volta no caixão e assume o lugar onde antes estava o presbítero. Maizie tem o cabelo uniformemente ondulado, de cor marrom, com leves nuances de carmim, e ela traja preto em todas as suas peças. Retira os óculos escuros e revela olhos tão azuis quanto o mar das Ilhas Laranja. E prossegue a discursar.
 
Maizie se levanta com tudo, assustada, assentando-se na cama. Procura pelo celular em meio à penumbra. Três e meia da madrugada. Droga, sonhou com isso de novo. Desde que seu avô, Kurt, morreu, há três meses, esses sonhos se tornaram constantes. E ela odeia isso.
 
Olha para o lado. Um Pokémon rosado, exceto por uma parte amarela em sua cabeça, com cara de bobo e cauda longa, dorme. Esse é Lentilha, um Slowpoke Galariano e parceiro de Maizie. Ela estica sua mão e o cutuca.
 
— Ei, vou dar uma volta. Quer vir comigo? — diz, baixinho, com o que Lentilha acorda  e, bem devagar, põe-se a levantar, bocejando durante o processo.
 
...
 
Maizie caminha segurando Lentilha em seus braços. As ruas estão vazias e não se pode ouvir nada além do silêncio e o piar de alguns Murkrow selvagem que, vez ou outra, dão o ar da graça. A cidade de Azalea é o retrato perfeito do interior de Johto, com ruas meticulosamente calçadas com blocos de pedra e canteiros floridos por todas as partes. As casas seguem o mesmo estilo arquitetônico e harmonizam a modernidade das construções de alvenaria com o delicado toque de natureza impresso por toda a cidade. Ela para de andar por alguns segundos. De onde está, consegue ver o cemitério no topo da colina.
 
Alguns minutos de caminhada e Maizie se encontra no sepulcrário. Ela caminha por entre as lápides, adentrando-se cada vez mais no local. Ao redor, alguns seres estranhos, redondos e de corpos aparentemente gasosos levitam, junto de outro que possui duas mãos desconexas de seu corpo. Gastly e Haunter são Pokémon típicos daqui, apesar de só costumarem aparecer à noite. Se tiver sorte, pode presenciar raras aparições de algum Gengar.
 
Por de trás de uma árvore estreita, próxima à lápide onde Maizie se ajoelha, um pequeno Pokémon a observa, escondido na penumbra da noite. Espia, com seus olhos grandes, contornados em preto e íris verde, enquanto o luar ilumina parte de seus pequenos braços e de sua cabeça, revelando sua coloração rosa e uma pequena ponta verde nas antenas que saltam de sua cabeça, logo em cima dos olhos.
 
— Vô... — diz a menina, com a voz travada de um choro sufocado — Por que, vô?
 
Por mais que ela tentasse se segurar, a força de suas lágrimas é mais forte. Ela chora. Um choro manso, contido, quase que reprimido. Ajoelhada, ela se inclina ainda mais para frente, recostando sua testa na beirada do túmulo, com suas duas mãos apoiadas sobre a tampa. Lentilha também chora, ao lado Maizie. Ele havia sido um presente de seu avô, quando este viajou para a Ilha da Armadura, na região de Galar, e trouxe para a menina, nas suas palavras, “um Slowpoke muito diferente dos que temos em Johto”. E ela se lembra, todos os dias, desse momento.
 
Ela retira do bolso uma Loveball. Essa foi a primeira bola especial inventada e fabricada pelo seu avô, que a deu de presente como forma de demonstrar o amor que sentia pela sua neta. Segura a esfera em suas mãos, com força. Como se aquele objeto fosse a representação da essência de seu ascendente. A materialização de todo o seu ser em um dos frutos de seus muitos anos de trabalho e pesquisa.
 
De longe, o pequeno Pokémon rosáceo observa, curioso. Esgueira-se para fora do abrigo que o tronco da árvore lhe proporciona, deixando-se vulnerável ao permitir que sua forma fosse revelada pela luz refletida pelo satélite natural do planeta. E, aos poucos, se aproxima, batendo o seu pequeno par de asas – inaudíveis – enquanto voa para observar mais de perto.
 
— Eu prometo — continua Maizie — prometo continuar com o seu trabalho e com a sua pesquisa. Não vou deixar o seu legado morrer — e, mais uma vez, a emoção toma controle de sua voz, trêmula. Maizie desfalece em choro e soluços, levando alguns segundos para se recuperar. Respira fundo e prossegue — Eu só queria ter a oportunidade de te ver mais uma vez. Ao menos uma vez...
 
Ao ouvir essas palavras, os olhos do Pokémon de aspecto fádico brilham. Ele une suas mãozinhas, enquanto o brilho dos seus olhos emana pequenas partículas e gotículas de choro, que se espalham por toda a parte, cintilando pelo ar. Ao ser tocada por essas lágrimas, Maizie já não mais chora. Todo o seu corpo é tomado por uma calmaria e uma sensação de completude e conforto inexplicável.
 
Ela ergue sua cabeça, olhando fixamente para a lápide onde o nome de seu avô está talhado na pedra de mármore. Então, um brilho forte, saindo do Pokémon que ainda olhava, curioso, se espalha por todo o local. Maizie põe o braço na frente dos olhos, protegendo-se da luz. Com o outro braço, ainda de olhos fechados, agarra Lentilha perto de si, colando-o em seu corpo. Junto ao brilho, forma-se uma estranha ventania.
 
A ventania dura alguns segundos até que se acalma. E, ao fazê-lo, a luz intensa que brilhava também desaparece. Maizie retira o braço de frente dos seus olhos e, cuidadosamente, abre os olhos. Ainda está claro, mas é uma claridade diferente. Consegue ver o sol acima do horizonte. Está de dia.
 
— Como que o tempo passou tão rápido?
 
Ouve, então, um estranho barulho fino vindo de longe. Soa como um cry de um Pokémon, mas não de algum que fosse comum por ali. Ela, ao menos, nunca ouvira nada igual. Olha ao seu redor, tentando encontrar a criatura, mas nada vê. Entretanto, se dá conta de algo ainda mais bizarro. Até poucos segundo atrás, Maizie estava no cemitério, perto da lápide de seu avô. Agora, encontra-se em uma colina verde, florida, com belas e fortes árvores. Nenhum sinal de cemitério ao seu redor.
 
Ela, então, torna seu olhar para baixo, em direção a cidade. Vê uma cidade muito menor em relação a que estava acostumada. As casas são mais espaçadas entre si e são consideravelmente menos numerosas. Há mais árvores pelo vilarejo e um aspecto mais rural. Consegue perceber que nem mesmo as ruas estão calçadas, pelo contrário. São ruas de chão batido.
 
— Onde diabos eu estou??
 
...
 
Maizie caminha pelas ruas da cidade. Há um olhar curioso em seu rosto, como se estivesse tentando buscar, mentalmente, similaridades entre o vilarejo no qual se encontra e a cidade onde vive, Azalea. Exceto que, bom... esse vilarejo se parece muito com Azalea. Vasculha cada canto do povoado e consegue reconhecer uma ou outra construção. “Aqui é Azalea”, pensa. “Mas por que tudo parece tão diferente?”.
 
Sua caminhada a leva a ficar defronte a um local ao qual está muito familiarizada. Está diante de um terreno plano, um pouco elevado, onde uma modesta casa fora construída. Esse canto da cidade ainda era igual. É a casa onde ela cresceu. Onde, também, vivia o seu avô. Sobe um pequeno lance de escadas que a levam da rua até o terreno, aonde ela sobe mais um lance para chegar ao alpendre.
 
— Será que mamãe tá em casa? — diz, ao bater na porta, aguardando alguns minutos logo em seguida. Ninguém responde. — Talvez ela tenha saído para ir ao mercado...
 
Maizie se vira de volta para a rua. Olha em direção ao local onde fica o mercado, mas não o vê. Vê apenas um terreno vazio e coberto por vegetação alta e ervas daninhas. Franze a testa, enquanto seu olhar confuso ainda fita insistentemente a suposta localização do comércio. “Talvez aqui não seja Azalea no fim das contas”, pensa.
 
...
 
— Não é possível, Lentilha... — Maizie continua incrédula, enquanto anda pelas ruas da cidade — Esse lugar parece Azalea, mas não a que eu conheço. Estou quase convencida de que talvez não estejamos em Azalea.
 
Lentilha – que está no colo da garota, sendo carregado por ela por todo o canto – inclina sua cabeça para poder olhá-la, deixando transparecer um olhar confuso. Se bem que... seu olhar é sempre confuso, né? Convenhamos: o que os Slowpokes têm de sabor quando cozinhados adequadamente, eles não têm de inteligência.
 
A caminhada de Maizie a leva à praça central, uma área retangular extensa, repleta de flores, árvores e arbustos, bem como bancos, um playground e, até mesmo, um chafariz em seu centro. É o local preferido dos idosos, que passam horas e horas alimentando diversos Pidgey, Hoothoot, Murkrow e Spearow que aparecem por aqui. As crianças e jovens do vilarejo também costumam se reunir aqui para brincar e passar o tempo.
 
Ela observa, na praça, um garoto solitário. Está sentado em uma mesinha de concreto, muito pequena, sobre a qual há um caderno de desenho e diversos lápis-de-cor. Ele observa, de longe, um grupo de outros meninos brincando com um Growlithe muito dócil. Maizie, então, se aproxima do menino e consegue obter uma visão completa do que ele desenha. É um desenho muito habilidoso, com traço preciso, de uma máquina que ela não é capaz de reconhecer.
 
— Muito bonito o seu desenho.
 
O garoto se assusta, puxando o caderno para perto de si e escondendo-o em sue peito. Ele é visivelmente mais novo que Maizie. Deve ter uns oito ou nove anos, não mais que isso.
 
— É... obrigado?! — responde, envergonhado, até perceber Lentilha no colo da menina, fazendo com que ele se incline em curiosidade — Uau, eu nunca vi um Slowpoke com a cabeça amarela antes! — exclama, entusiasmado, apesar de estar com a voz levemente trêmula, demonstrando certa timidez. Maizie ri.
 
— Esse Slowpoke veio da região de Galar. Foi um presente que deram para o meu avô e ele o deu pra mim.
 
— Nossa, Galar... é tão longe né? Deve existir muitos Pokémon que eu não conheço por lá...
 
— Sim. Eu também não conheço, mas dizem que é muito bonito — Agora me conta sobre o seu desenho. O que é? Digo... não conheço essa máquina.
 
— Uma invenção minha... quer que eu te conte sobre? — pergunta, demonstrando ser bem educado e solicito.
 
— Claro. Posso me sentar?
 
— Uhum — responde, fazendo um “sim” com a cabeça, enquanto recoloca o caderno na mesa. A menina se senta logo em seguida — Essa é uma máquina para realizar trocas de Pokémon.
 
A resposta de Maizie para essa afirmação é um vago olhar confuso. Como assim? Essas máquinas já não existem? Ela mesma já realizou troca de Pokémon uma vez, enquanto viajava de férias por Sinnoh. O menino prossegue:
 
— Tá vendo essa ponta aqui? — pergunta, apontando para parte do desenho, onde há uma espécie de invólucro sobre uma estranha esfera cinza — Aqui você deposita o seu Pokémon, enquanto o seu parceiro de troca deposita o dele nessa outra ponta — agora, ele aponta par ao outro lado da máquina, idêntico ao primeiro — A máquina vai fazer a troca fazendo com que as duas Pokéballs troquem de lado e você vai conseguir ver nessa tela aqui — ele aponta novamente, dessa vez para a pequena tela que há no meio da máquina.
 
Ao ouvir a explicação, Maizie só consegue pensar: “isso já não existe??”. Porém, algo curioso chama sua atenção: a Pokéball citada pelo menino. É uma esfera cinza com uma listra preta e uma ponta rosqueada em vermelho. Então, ela se dá conta: essa é uma Pokéball antiga, igualzinha a que seu avô guardava de recordação em um armário na sua casa, junto a uma Loveball tão velha quanto, que ele dizia ter recebido de presente de um anjo.
 
— E aí, gostou? — pergunta o menino.
 
— Sim, sim, muito interessante! Você tem muito talento como inventor.
 
— Eu sei. Meu sonho é ser um inventor e talvez um dia trabalhar com o Professor Maple.
 
— Professor Maple? — indaga, curiosa. Nunca ouviu falar em nenhum professor com esse nome.
 
— Sim, ué, o professor que entrega o Pokémon inicial na cidade de New Bark.
 
— Esse não seria o Professor Elm?
 
— Quem? — o menino responde com uma pergunta — Que eu saiba, não tem nenhum professor com esse nome aqui em Johto.
 
A única coisa que se passa na cabeça de Maizie é “Impossível, o Professor Elm é extremamente famoso, talvez esse garoto só seja doido.”. Há algo aqui que não faz sentido. Ela só ainda não consegue identificar o que é.
 
— E por que você não está brincando com o restante do pessoal? —indaga.
 
O garoto olha em direção às demais crianças. Elas continuam brincando com o Growlithe, algumas jogando bolas para que o Pokémon cãozinho corra e a traga de volta, outras brincando de pega-pega entre si. O menino, então, volta a ter um olhar triste, cabisbaixo.
 
— Eles não gostam de mim...
 
— Por quê?
 
— Porque eu gosto de inventar e eles acham que eu sou idiota por isso.
 
Maizie sorri com carinho para ele. Há algo na fisionomia do menino que a deixa confortável. Se ela tão rapidamente se encantou por ele, como pode as outras crianças não gostarem dele? Ela, então, retira do bolso a Loveball que seu avô lhe deu.
 
— Tá vendo isso? —pergunta, mostrando a esfera rosada com um desenho de coração.
 
— Sim... o que é? Parece uma...
 
— Uma Pokéball, né? — Maizie o interrompe.
 
— Sim, mas é diferente das que eu já vi.
 
— Sim, porque essa é uma Pokéball diferente. Essa é uma Loveball — revela.
 
— Uma Loveball?
 
— Uma Pokéball especial feita a partir dos abricós rosa e que possuam uma taxa de captura maior para Pokémon de gênero oposto ao que você usa na batalha — explica.
 
— Uma Pokéball feita de abricó?? — os olhos do menino brilham de curiosidade. Ele está mesmerizado, fascinado com o que acaba de ouvir — Isso é mesmo possível?
 
— Sim, o meu avô consegue fazer uma diferente dependendo do tipo de abricó... — Maizie trava e se engasga. Seus olhos começam a se encher de lágrimas, mas ela consegue as conter — Bom, ele conseguia.
 
— E não consegue mais?
 
— Ele... — ela percebe que talvez esse seja um assunto muito delicado para lidar com uma criança e, por isso, mente — Ele tá muito velho, tadinho, não consegue mais trabalhar. Então ele viajou para muito longe há três meses.
 
— Você deve sentir falta dele. Eu sinto falta do meu. Ele morreu quando eu tinha sete anos.
 
— Sinto muito por isso... — Maizie percebe que talvez estivesse errada. Talvez ele seja maduro suficiente para falar sobre isso. Talvez ela não seja. E isso a deixa assustada.
 
De longe, da copa de uma das árvores da praça, o Pokémon rosado – o mesmo de antes, no cemitério – observa enquanto a menina conversa com o garoto. Seu olhar é genuinamente intrigado e curioso, mas ao mesmo ao mesmo tempo inocente e ingênuo.
 
— Bom — ela prossegue — o que eu quis dizer é que o meu avô também era um inventor. E ele conseguiu inventar muitas e muitas coisas, porque ele nunca desistiu de seus sonhos. E eu aposto que você também vai conseguir atingir os seus, é só não dar bola para as besteiras que os outros meninos pensam.
 
— Você jura?
 
— Juro.
 
— Jura juradinho? — insiste o menino.
 
— Sim, juradinho — responde, estendendo seu dedo mindinho em direção ao garoto, que prontamente repete o movimento. Os dois, então, entrelaçam seus dedos, como forma de juramento — Agora, por que você não pega o Lentilha e tenta brincar com esses meninos?
 
— Posso? — os olhos do menino brilham de excitação.
 
Maizie faz que “sim” com a cabeça, sorrindo logo em seguida. Ele, então, pega Lentilha de seu colo e corre em direção às crianças, enquanto ela continua sentada, observando. Vê que, assim que ele se aproxima, alguns torcem o nariz e fazem cara feia. “Idiotas”, ela pensa.
 
Entretanto, ela estava certa em um aspecto. Assim que o grupo notou que se tratava de um Slowpoke diferente, vindo de outra região, todos se juntaram em um círculo em volta do garoto, querendo ver e tocar o Pokémon. Estavam todos muito curiosos e agitados, fazendo bastante algazarra. No colo do menino, Lentilha passou a demonstrar um desconforto que não lhe é usual. Não é para menos: não estava acostumado com tamanho barulho e falatório.
 
Em um rompante de ansiedade e medo devido, o Pokémon disparou uma poderosa pulsação d’água de sua boca. O disparo de água não atinge as crianças, mas apenas os afasta, além de assustar Maizie, que se põe corre em direção ao menino. O golpe atinge, porém, a copa de uma das árvores próximas.
 
Enquanto Maizie corria para se aproximar do garoto, ouve um barulho que lhe é familiar. É o mesmo grito que ouviu quando o cemitério sumiu e ela apareceu na relva da colina. O grito é seguido rapidamente de um barulho de algo caindo no chão. Ela, rapidamente, direciona seu olhar ao local de onde veio o som. Não consegue ver com clareza, mas vê uma criatura rosa caída no chão que, em questão de segundos, se levanta e desaparece no ar.
 
— Moça, moça, por que ele fez isso? — pergunta o menino, correndo em sua direção com o Lentilha no colo.
 
— Uau, isso foi muito irado! — concorda uma das crianças do grupinho.
 
— Foi mesmo! — reitera outra.
 
Maizie, ainda tentando assimilar o que tinha visto, buscando em sua memória algum Pokémon que fosse familiar, se frustra ao perceber que não consegue lembrar de nenhum. Pelo menos não com a imagem rápida que teve da criatura, bem como ângulo e a distância. Ela, então, se vira de volta para o garoto para finalmente respondê-lo:
 
— Ele deve ter se assustado com o barulho. Slowpokes não gostam de barulho, e o Lentilha, em especial, gosta ainda menos — explica.
 
— Entendi — diz o garoto, dessa vez sussurrando.
 
— Podemos brincar um pouco mais? — pergunta uma das crianças, também sussurrando.
 
— Claro — responde a treinadora, voltando seu olhar para as árvores. A imagem do pequeno Pokémon ainda não sai de sua cabeça.
 
...
 
Já se passaram algumas horas desde que o garoto voltou a brincar com o grupo de crianças. Eles correm por todo o lado com Lentilha e o Growlithe do grupo. Maizie olha para o relógio prateado que carrega em seu pulso esquerdo. Já está quase na hora do pôr-do-sol. Ela se dá conta de que precisa ir embora, mas, primeiro, precisa descobrir onde está e como voltar.
 
— Eu preciso ir, preciso voltar para casa — grita Maizie, levantando-se e andando em direção ao menino.
 
Ele para de correr, pega Lentilha no colo e caminha em direção à menina.
 
— Mas já? — lamenta.
 
— Já, já tá bem tarde e eu preciso voltar pra casa. Você é um menino muito especial, tem muito talento — ela estende a mão em direção ao menino — Fica com essa Loveball pra você, pra te servir de inspiração a querer inventar sempre mais.
 
— Obrigado! — agradece, pegando a esfera rosada da mão da garota — Onde você mora?
 
— Em Azalea. Não faço ideia de como chegar lá.
 
— Uai, como assim? —indaga o menino — Aqui é Azalea.
 
— Oi? — essa é a única reação possível para ela, seguida de uma risada. Um riso de nervoso.
 
O receio de Maizie se tornou verdadeiro e sua intuição estava certa. Ela está, de fato, em Azalea. Mas por que tudo parece tão diferente? Isso é algo que ela ainda não consegue, de fato, decifrar.
 
— É, aqui é Azalea. Eu moro naquela casa ali, em cima do morro —diz o menino, apontando para uma casa a dois blocos da casa onde estivera a pouco tempo. A dois blocos da sua casa.
 
Maizie ri de nervoso novamente, enquanto coça a cabeça. Ela tenta disfarçar para evitar maiores perguntas:
 
— É, é verdade, devo estar me confundindo — a verdade é que ela não está se confundindo. De fato, não faz ideia do que está acontecendo —Bom, eu preciso ir. Até mais!
 
— Até mais! — despede-se — E obrigado pela Loveball! Espero conseguir inventar algo tão legal quanto ela.
 
— Tenho certeza de que você vai!
 
Maizie acena com as mãos, despedindo-se do garoto, que acena de volta. Logo em seguida, ela põe-se a andar, seguindo pelo mesmo caminho de onde viera.
 
...
 
A garota caminha por uma das ruas do vilarejo enquanto observa cada detalhe das ruas para ter certeza. Consegue identificar alguns lugares, como o ginásio – que é o mesmo – e algumas casas. Pela primeira vez, Lentilha não está em seu colo. Está andando, um pouco atrás, devido a sua lentidão.
 
— Olha esse Slowpoke, que diferente! — diz uma voz masculina grave e rouca, vindo de uma das calçadas — Eu preciso pegá-lo.
 
Maizie se assusta com tal afirmação e se vira para Lentilha. Vê, na calçada a sua esquerda, um rapaz jovem retirando de sua bolsa uma grande esfera cinza, tal qual a que o garoto havia desenhado. Ela desenrosca a parte vermelha da esfera e a arremessa em direção ao Lentilha.
 
— Não! — grita Maizie.
 
Ao atingir Lentilha, a esfera cinza se parte ao meio, com a parte rosqueável ficando na metade superior, e emite uma forte luz vermelha que contorna todo o Pokémon. Entretanto, ao invés da luz o converter em energia e sugá-lo para dentro da bola, ela se dissipa.
 
— Ué, o que aconteceu? — pergunta o treinador.
 
— O Lentilha já tem treinadora — responde Maizie — No caso, eu.
 
— Ai, perdão, moça, eu achei que ele fosse selvagem — diz o jovem, sem jeito e envergonhado.
 
— Tudo bem...
 
Maizie repara, então, que a Pokéball usada pelo treinador é uma Pokéball antiga, muito antiga, e que já havia entrado em desuso há décadas. É então que ela tem um estalo: é, sim, possível que ela esteja em Azalea. Uma Azalea do passado.
 
— Agora tudo faz sentido... — murmura.
 
— O que faz sentido? — pergunta o rapaz, confuso.
 
— Nada, nada — responde a menina, com uma risada tímida — Só pensei um pouco alto. Vamos, Lentilha.
 
Maizie se despede do treinador, pega Lentilha no colo e volta a caminhar em direção à colina. O jovem rapaz continua com um olhar confuso, mas a ignora e volta ao local onde se encontrava anteriormente.
 
...
 
O sol já se encontra quase no horizonte e o crepúsculo se aproxima. Maizie sobe a colina coberta por uma relva baixa de coloração verde-limão, onde alguns Sentret e Furret correm e rolam. Ela já subiu pouco mais da metade do caminho. Quer chegar ao topo, no mesmo lugar onde misteriosamente apareceu hoje mais cedo.
 
— Eu não entendo... Como viemos parar aqui?
 
É quando algo rápido passa voando em sua frente. Ela não consegue ver claramente, mas tem a impressão de ter sido uma criatura rosa. A mesma que viu há pouco tempo, na praça. Põe-se a correr colina acima, seguindo a mesma direção para a qual o ser místico voou, apesar de não mais lhe ter em vista.
 
Chega no topo da colina, exausta e ofegante. Busca por ar, enchendo seus pulmões até a capacidade máxima. Não está acostumada a se movimentar dessa forma. Procura em sua volta por qualquer sinal do Pokémon misterioso, mas não o vê. Então, senta-se na relva, frustrada e, logo em seguida, se joga de costas na grama, deitando-se. Observa o céu e seus tons alaranjados e violetas, com quase nenhuma nuvem. O céu de Johto é, de fato, um espetáculo à parte no mundo Pokémon.
 
Sente a brisa tocar-lhe o rosto e bagunçar o seu cabelo. É um vento calmo, leve e, de certa forma, confortável. Respira fundo. Busca, de todo jeito, tentar entender onde está. Ou melhor, sabe que a pergunta não é essa. Ela tenta entender quando está e como foi parar ali.
 
É, então, que abre os olhos e percebe o Pokémon de antes lhe observando, flutuando bem na sua frente. Por um segundo, ela se assusta, mas logo se recompõe. Percebe o olhar curioso do Pokémon, que agora voa em sua volta, tocando suas pequenas mãos rosas em seu cabelo.
 
As antenas, os olhos, o corpo... a cabeça pontiaguda, como uma gota. Maizie sabe que Pokémon é esse. O reconhece das lendas que seu avô incansavelmente a contava todos os dias antes dela ir dormir.
 
— Você... — diz, baixinho — Você é o...
 
A fala da garota é interrompida por um grito fino vindo da criaturinha, o mesmo que ela ouvira nas duas ocasiões anteriores, seguido de um forte e luminoso brilho. Novamente, Maizie usa seus braços para cobrir seu rosto da luz, enquanto uma forte ventania se forma, durando menos de um minuto.
 
...
 
Está tudo calmo agora. Não há mais luz, nem vento. Maizie finalmente abre os olhos. A lua brilha forte no céu de Azalea. Ela pode ver toda a cidade, do jeitinho que ela conhece, lá embaixo da colina. Ao seu redor, lápides cobertas de teias e uma floresta de árvores mortas. À sua frente, o túmulo de seu falecido avô. Ela está ajoelhada, na mesma posição que se encontrava antes de surgir de dia na relva.
 
Ela observa, incrédula. “Terá sido tudo isso um sonho?”, pergunta-se. Ela se levanta e procura ao seu redor, mas não há nem sinal do estranho Pokémon.
 
— Talvez tenha sido coisa da minha imaginação.
 
Maizie se despede do túmulo de seu avô e se põe a caminhar de volta para casa, deixando o cemitério. Ao passar perto de uma árvore, vê um corpo rosa em cima de um dos galhos. Corre, pensando ser o mesmo Pokémon de antes, mas percebe ser apenas um Hoppip dormindo.
 
...
 
De volta em casa, Maizie tenta fazer pouco ou nenhum barulho, esgueirando-se pelos cômodos para que seus pais não descubram que ela saiu de madrugada. Porém, ao invés de ir para o seu quarto, como de costume, ela se dirige ao quarto de seu avô.
 
Entra em um cômodo de tamanho considerável. As coisas do falecido Kurt ainda continuam no lugar. Sua cama, arrumada, como se estivesse à espera de alguém para usá-la. No guarda-roupas, todas as vestimentas do velho ainda se encontram penduradas, todas lavadas e passadas.
 
Ela decide, então, mexer em um grande baú guardado no canto do quarto. Seu avô nunca deixara com que ninguém mexesse ali, assim como seus pais também mantinham igual restrição após a morte do ancião.
 
Abre o baú empoeirado. A nuvem de poeira e incomoda, fazendo com que a garota tussa. Ela, porém, abafa a tosse, na tentativa de não ser flagrada no quarto. Baixada a poeira, a menina vislumbra o conteúdo da caixa. Algumas mudas de roupa de tamanho consideravelmente menor às de seu avô. São roupas de quando ele era mais jovem, um menino. Vê peças de roupa de sua avó, que ele guardara de recordação.
 
Entre as muitas roupas, vê a foto do casamento dos seus avós. Ele, sempre sério, de terno, abraçado com uma mulher simpática, de feições atraentes. Sua avó faleceu muitos anos antes de seu avô e Maizie tinha pouca ou nenhuma lembrança dela, senão pelas poucas fotos que via pela casa.
 
Encontra, também, uma pequena caixa. Retira a caixa do baú, posicionando-a em seu colo. Encontra uma Pokéball antiga, cinza, tal qual a que havia presenciado antes. Encontra, também, uma Loveball com aspecto velho. Essa esfera, em particular, estava muito desgastada e, até mesmo, desbotada, como se existisse há décadas.
 
No fundo da caixa, Maizie encontra um caderno. Ao folhear o objeto, percebe se tratar de um caderno de desenho. Consegue identificar as ilustrações: são figuras de abricós e as respectivas Pokéball feitas a partir de cada um. Nota que, curiosamente, o caderno começa pelo Abricó Rosa, usado na produção da Loveball. Há, ainda, um desenho que mostra o processo de transformação dos frutos nas Pokéball especiais.
 
Uma folha, porém, chama atenção de Maizie. É o desenho de uma máquina, idêntica à que o garoto que ela havia visto no que pensava ser um sonho havia desenhado. Há no desenho, porém, três modificações cruciais. No lugar da Pokéball antiga, que ela viu no desenho original, há uma Loveball.
 
Além disso, em cada lado da máquina há, diferentemente do original, um treinador. De um lado, há um pequeno garoto, ainda criança. Do outro, uma jovem menina adolescente.
 
Ela nota, então, o terceiro e último detalhe. No monitor que se encontra no meio da máquina, há um desenho dos dois Pokémon sendo trocados. Do lado do menino, há um Growlithe. Do lado da menina, há um Slowpoke de Galar.
 
O desenho, então, começa a borrar onde pequenas gotas de lágrimas caem. Maizie chora. Finalmente, para ela, toda a experiência que passou mais cedo começa a fazer sentido.

É isso pessoal, espero que tenham gostado. Pra quem não se lembra quem é Maizie, ela é uma personagem que existe no universo do anime (tem um link pra página dela na Bulbapedia titulo do conto hahahah). Comentários, críticas e sugestões são sempre bem-vindos!
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MensagemAssunto: Re: Pokémon: Laços   Pokémon: Laços Icon_minitimeSex 24 Jul 2020 - 19:40

Olar Alice, tudo bem?

Esse foi meu cono favorito até agora. Especialmente porque eu gosto muito de Johto, mas faz muito tempo que não tenho muito contato a região. Enquanto eu lia o conto, admito que me deu muita vontade de pegar o DS e dar uma passeadinha pelo meu Soul Silver, pra relembrar os bons tempos.

Uma coisa que me chamou atenção logo no começo foi a caraismática líder Bugsy. Então no mundo dos seus contos Bugsy é mulher? Cis, trans, gender fluid, erro de digitação (kkkk)? Sei lá fiquei com isso matutando na cabeça o tempo todo enquanto lia o conto kkkk espero que se for o caso nós venhamos a ter um conto específico delx.

Enfim, vamos ao que interessa. Conforme eu ia lendo fui puxando beeeeem lá no fundo da memória que no anime o Kurt realmente tinha uma neta, mas até o final, onde você falou que é a mesma Maizie do anime, eu não tinha certeza haha

Eu gosto muito, mas MUITO MESMO, de histórias com viagem no tempo, então creio que foi isso que me fez amar tanto esse conto. Claro que uma trapalhada dessa só podia ser obra do Celebi. Eu tenho uma baita dificuldade em descobrir que pokémon é qual só pela descrição, então na cena do cemitério, onde você o descreveu pela primeira vez eu já tava lá fritando os neurônios tentando desvendar que raio de bicho rosa era esse. Só no primeira descrição da cidade que eu me toquei que a Maizie tinha ido pro passado e me deu o estalo que o pequeno viajante do tempo shiny é rosa.

Toda a jornada da Maizie e do Lentilha (adorei o nome apesar de detestar lentilha kkkkk) foi muito fofa. Ela encontrando o Kurt e basicamente dizendo tudo que ele precisava ouvir pra se inspirar e se tornar o grande fabricante de pokeball é de dar aquele famoso nózinho na cabeça que viagens no tempo costumam causar haha Mas a sua foi bem tranquila, servindo mais como parte do processo de aceitação do luto para a garota.

Dei uma bela gaitada no trecho "Convenhamos: o que os Slowpokes têm de sabor quando cozinhados adequadamente, eles não têm de inteligência.", o famigerado debate já trazendo efeitos pras fics haha (ou você já planejava citar essa iguaria? kkkk). Também gostei do nome do professor do passado, Maple, é 100% um nome que a gamefreak daria para um dos professores.

O final foi muito bonitinho com ela encontrando a Loveball que ela deixou com o Kurt do passado e percebendo que teve a chance de encontrar o avô uma última vez. FEELS BRO.

Eu acho que tinha algum errinho que eu queria comentar, mas já esqueci, então não deve ser importante kkkk Parabéns pelo bom trabalho Alice, espero que não demore muito para vermos um conto se passando na melhor região de todas, vulgo, Sinnoh. Até a próxima o/
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MensagemAssunto: Re: Pokémon: Laços   Pokémon: Laços Icon_minitimeSáb 25 Jul 2020 - 17:14

Bem, com um pouco de demora, mas vamos lá kkk.

Talvez eu ainda esteja um pouco no hype do final de Dark, mas esse conto foi o melhor de todos kkk. Assim, como o Briju, eu adoro viagem no tempo e ainda mais essas que causam o tal do paradoxo de bootstrap, onde uma ação do passado teoricamente só ocorre por causa de uma ação do futuro kkkkk. Genial. Então, continuando nisso, eu achei incrível a ideia do Kurt ter criado as pokébolas justamente porque sua neta do futuro lhe mostrou isso kkkk, enfim.

Eu também ia comentar sobre o (no seu caso "a") Bugsy, porque no universo dos jogos/mangá/anime/whatever, i Bugsy é menino, e você colocou como sendo uma menina. Não sei se ele é trans, genderfluid, algo assim, ou se você apenas colocou como mulher mesmo e pronto kkkk. De toda forma, isso nem é relevante, só fiquei curioso mesmo.

Eu achei bem legal essa relação dela com o Lentilha. Apesar de ter parecido pouco tempo, você desenvolveu bem a relação deles, o que é algo muito legal, melhor que só ser pokémon tipo "ataca, ataca" kkk. De toda forma, achei legal ser o slowpoke de galar kkk, parece que alguém está no hype de Sw/Sh kkk.

Eu confesso que buguei no Pokémon, porque eu sou do tipo que se você perguntar o nome do pokémon é capaz de eu saber quem é sem ver a imagem, mas o contrário me parece bem mais difícil. No começo eu pensei em qualquer coisa entre Clefairy e Jigglypuff kkk, depois de toda a descrição eu pensei no Mew por ser mítico e rosa. Eu chutei o Celebi por causa da viagem no tempo, mas a parte rosa me bugou hard kkkkk. No fim era ele mesmo, afinal, só ele pra causar essas peripécias temporais.

Acho que não tenho muito o que comentar mais. Eu gostei bastante desse capítulo em si e você soube trabalhar várias situações, mesmo que indiretamente, muito bem.

Então, é só e boa sorte com a fic.

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The Adventures of a Gym Leader - Capítulo 48
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MensagemAssunto: Re: Pokémon: Laços   Pokémon: Laços Icon_minitimeDom 26 Jul 2020 - 23:17

Boa noite, Alice, tudo bem?

Inicialmente, gostaria de me desculpar por não ter comentado antes. Infelizmente, alguns problemas me impediram de vir aqui com maior frequência.

Sobre o segundo conto que você postou, eu gostei dele. Não sou lá o maior adorador de Unova, mas mesmo sabendo de toda aquela cultura que se tem na região por filmes e tal, nunca tinha pensado no Brycen como ator hahahaha (não me lembro se no game se comenta isso). Para mim, foi um tanto inusitado a ideia dele fazendo aqueles filmes de ação genéricos kkkkkk e, então, meio que de repente decide ser líder de ginásio. Isso me fez pensar se o Beartic (e outros pokemon) ficaram sem condicionamento para batalhas e tal. Talvez você pudesse esticar mais um pouquinho o conto e explorar essa mudança. Acho que ia ficar bem interessante essa dualidade infância x adulto. 

Sobre o último conto, pessoalmente, foi o meu preferido. Achei o mais bem escrito, com uma boa descrição e narração. Como amante da segunda geração (minha favorita hahaha), Johto é incrível e acho que ficou muito legal a descrição dessa parte mais inferior da região. Também como disse o Brijudoca, se tem Celebi, tem viagem no tempo hahahah. Contudo, o que mais achei interessante mesmo e me fez gostar mais desse conto do que os demais foi o tema da dificuldade de aceitar a partida de alguém que gostamos. Falo isso, porque talvez seja o maior assunto que faz com que minhas histórias sigam e se conectem, e você fez de um modo que achei muito interessante envolvendo a viagem no tempo. No final, mesmo já com a quase confirmação de que o menino era o Kurt, ainda assim a última parte possui aquele xeque mate, não por revelar que era mesmo o Kurt, mas por demonstrar que, mesmo ainda sentindo o pesar do luto, aquela fase de negação foi superada e isso dá uma catarse enorme.

Por fim, só queria apontar uma pequena coisa. Houve nos dois contos o uso da conjunção como, porém unindo frases ao invés de orações. Como ela é uma conjunção subornativa, seu papel como conjunção comparativa só pode ocorrer entre orações de uma mesma frase e não entre frases (como li os contos em dias separados, esse comentário pode não se aplicar ao primeiro conto pq minha memória tá um cu e posso ter confudido hahahah).
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MensagemAssunto: Re: Pokémon: Laços   Pokémon: Laços Icon_minitimeSáb 8 Ago 2020 - 1:36

Olá, Alice!


Vamos para mais um conto! Devo dizer que foi o meu preferido até agora. Foi muito bem escrito e interessante.

Quando eu dei uma olhada inicialmente, cheguei a pensar que era uma personagem original, só depois fui perceber que a Maizie realmente existe, sendo a neta do Kurt. Aliás, você pretende trabalhar com personagens originais ou só com os já existentes mesmo?


Também estranhei o "a Bugsy". Será que você se confundiu ou no universo da fic realmente é  mulher? rsrs

Gostei da relação dos personagens com o Lentilha (e adorei o nome). Parece que você gostou bastante de Galar. Eu confesso que ainda não me acostumei muito com os pokémons.

Deu para sentir bem a tristeza dela nesse começo. E depois da "conversa" que ela teve com o avô, quando aquele pokémon apareceu, eu logo já imaginei que se tratava de um Celebi, que a transportou no tempo para realizar o desejo dela de ver o avô mais uma vez. Você tentou disfarçar usando a versão shiny, mas pela mudança repentina, ainda mais levando em conta a cidade em que estão, logo já pensei nele.

Mas não esperava que ela seria levada para a época em que o avô ainda era criança. toda a interação entre eles foi bem legal, e me surpreendi com a revelação de que, no fim das contas, foi ela própria quem deu a ideia dos abricós e que o apresentou às pokéballs como conhecemos, até presenteando com uma, o que acabou meio que criando um Paradoxo de Bootstrap, já que é um objeto que viaja no tempo, existindo sem nunca ter sido criado de verdade. Lembrou a série Dark que estou assistindo. Foi uma sacada bem legal.

Bom, é isso, continue com esses contos, porque estão bem legais.

Até o próximo e um abraço!

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