Bom, essa é minha primeira one-shot de Pokémon. Já há um tempo venho querendo escrever sobre eles, porque são meus favoritos. Espero que gostem. Eu chorei muito enquanto escrevia. Bom, aí vai.
Apenas Por Esta Noite
Flashback
Abri meus olhos.
Tudo estava branco a minha volta, dentro da grande bola de energia que eu e irmão havíamos formado e lançado em direção a tsunami que pretendia destruir Alto Mare.
Olhei para os lados, procurando meu irmão.
- Latios? Cadê você?
Uma luz diferente, um azul mais claro, transparente, me chamou a atenção, e vi que era Latios na minha frente.
Ele estava da cor do Soul Dew, translúcido. Não tinha mais o tom branco com detalhes azuis de sempre.
- Latios? O que aconteceu?
Como resposta, ele estendeu sua pata e eu a peguei.
- Latias... você compreende?
- O que, irmão?
- Para que destruíssemos a onda... nós nos fundimos, mas isso teve um preço.
Minha mente pareceu entender o sentido daquelas palavras, mas meu corpo se recusava, eu segurava sua pata com força.
- Como assim?
- Tente entender, Latias. Usei toda a minha energia. Alguém tem que se sacrificar pra isso. E esse alguém... sou eu.
- Latios... não! Não faça isso comigo! – protestei, finalmente entendendo o que aconteceria em seguida. – Eu te amo! – disse, com lágrimas nos olhos.
- Eu também te amo. É por isso que estou fazendo isso. Temos amigos verdadeiros que vão te ajudar. –
Ele piscou um olho, querendo que eu compreendesse a razão por trás daquilo.
- Não... por favor... – murmurei, inutilmente.
- Adeus, Latias... e não se esqueça... eu te amo muito. Pra sempre – ele disse, e tirou a pata da minha.
Fiquei tão chocada que não me movi.
Ele foi se distanciando, pouco a pouco, enquanto as lágrimas escorriam pelo meu rosto.
Latios se distanciou até que começou a se desfazer, como se fosse explodir.
- Não me deixe! – foram minhas últimas palavras, enquanto era empurrada para longe com a explosão, ao mesmo tempo em que uma luz azul o envolvia, indo em direção ao céu.
--
Abri os olhos. Outra vez, eu tivera um pesadelo com minhas memórias.
Eu estava sozinha no grande tronco de árvore no qual dormia com Latios antigamente. Embora já fizesse um ano, eu ainda não me acostumara com a ausência dele.
Levantei-me, sobrevoando o Jardim Secreto, e meus olhos se encheram de lágrimas quando as memórias surgiram em minha mente – daquela fatídica noite na qual Latios se deixara capturar para me proteger.
Olhei para o céu; a lua crescente estava ali, como naquela noite, há um ano.
Um farfalhar nas folhas da árvore me tirou de meus devaneios.
- Quem está aí? – falei, me virando rapidamente.
Na minha frente apareceu um dragão branco com detalhes azuis e um triângulo vermelho em seu peito.
Latios.
A princípio pensei que fosse apenas um sonho; mas percebi que era real quando meus olhos ficaram marejados.
Nos abraçamos longamente; ele sorriu e começamos a voar juntos, um perseguindo o outro, brincando; ficamos assim por alguns minutos, até nos cansarmos.
Voamos até o tronco da árvore; deitamos lado a lado, ele quase me cobria com uma de suas asas.
- Eu não aguentava mais ver você sofrer -, sua voz era exatamente como eu me lembrava.
- Você... voltou.
- Sim. – Sua voz parecia querer esconder alguma coisa. Só consegui chorar novamente, dessa vez de emoção.
Não havia necessidade de mais palavras; encostamos nossas cabeças e acabamos dormindo logo, como fazíamos antigamente.
Quando acordei na manhã seguinte, ele ainda estava ao meu lado, seu olhar sereno e protetor como sempre.
- Latias... tem uma coisa que não te contei.
- O que, irmão? – perguntei, inocente.
- Eu... isso é apenas uma visita. Foi permitida por causa do seu sofrimento. A condição foi para que eu... fosse embora ao amanhecer.
- Quer dizer que...
- Irmã... eu pertenço ao reino dos céus agora. – Sua voz era triste, cheia de mágoa – eu não posso voltar a viver, por mais que eu queira...
- Não... não me abandone novamente... – eu o abracei. Ficamos assim por algum tempo.
- Eu também queria que fosse diferente... – ele piscou, e pude ver as lágrimas em seus olhos.
- Eu nunca te abandonei -, continuou falando, enquanto lutava para não chorar; eu já estava em prantos.
Continuávamos abraçados. – Tenho olhado por você desde aquele dia... e mesmo que você não possa me ver, eu sempre estarei ao seu lado... te protegendo, te olhando, te guiando.
- Eu te amo.
- Sim. Pude voltar por uma noite pelo que sentimos um pelo outro.
- Ninguém pode nos separar – completei.
- Não é só porque eu morri que o amor precisa acabar... - ele assentiu, e liberou suas lágrimas. – Veja. Quando o sol incidir sobre mim, eu irei...
- Não! – me segurei nele.
- Quando você se sentir sozinha, lembre que estou aqui. E por favor, me prometa um coisa.
- O que você quiser.
- Latias, não fique triste. Não quero te ver chorando, só de alegria. Ás vezes você vai sentir saudade, e isso também dói em mim, mas um dia nos encontraremos novamente.
- Latios... eu prometo. Não me esqueça.
- Nunca. Agora, é a minha hora...
A luz solar veio sobre nós. Demos um último abraço.
Latios começou a sumir assim que o Sol o iluminou.
- Adeus, irmã. Porém... esse adeus não é para sempre.
Segurei sua pata até que o senti se desfazendo, pequenas faíscas de luz iam tomando conta de seu corpo, até que ele se libertou, e de repente nada havia em minhas patas.
Ergui minha cabeça para o lindo céu azul sem nuvens, e então o vi voando, sorrindo para mim.
Latios... um dia nos veremos novamente.
...