Depois de sua mãe ter saído de seu quarto, Jullih, não pensava em nada mais do que terminar seu relatório para a escola. Seu trabalho estava quase no fim e ele era bem simples.
A professora passara como castigo para os alunos – após uma grande bagunça que resultou em uma janela quebrada e um aluno machucado – uma pesquisa sobre as tribos iniciais do mundo e o que elas haviam influenciado em cada continente.
Jullih digitava cada vez mais rápido e nem sequer pregava o olhar no teclado, seus dedos não paravam por mais de dois segundos em uma única letra e seus olhos não descansavam um minuto da tela do computador. Na tela a imagem de uma grande torre na forma de uma cruz aparecia e esta estava situada em uma grande colina, logo acima de uma cidadezinha.
E foi então que percebeu que o mundo á sua volta se aquietara... Nem mesmo seus irmãos martelavam as pilhas de metal ou estavam brincando com o Drillbur de escavadores no quintal. Mas onde eles estariam? E o almoço já não deveria estar pronto? E em meio aos seus pensamentos ouviu um grito rouco que fora silenciado após alguns minutos.
Os olhos da menina pareciam que iam saltar para fora das orbitas e suas mãos tremiam quase sem controle. Ela olhou rapidamente para uma gaveta ao seu lado e a abriu.
Na gaveta da mesa do computador havia alguns objetos e entre eles uma pokébola, uma flauta de concha, um bloco, uma caneta, um celular e uma calculadora. Sua mão esquerda segurou firme na esfera vermelha e azul e ainda temerosa a jovem desceu as escadas de seu quarto indo para a cozinha.
[...]
Varias sombras caminhavam na penumbra de um bosque imenso. As arvores com suas copas densas não permitiam que luz solar alguma transpusesse seus domínios verdes e o local estava totalmente escuro.
Um dos vultos era alto e até um pouco gordo, parecia haver garras afiadas nas mãos e em sua boca dentes pontiagudas. Seus olhos eram estreitos e turvos. Outra sombra mais próxima dessa era baixa e possuía um sorriso maléfico bem como olhos vermelhos e a terceira era de porte médio com laminas ao invés de mãos.
- O procedimento esta sendo feito corretamente? – perguntou a voz do vulto maior.
- Sim de acordo com ele. – respondeu a voz rouca e nada aprazível de se ouvir.
Os três vultos da vanguarda estavam caminhando mais rápido agora e os demais que vinham logo atrás pareciam estar cansados e ociosos em continuarem a marcha. E então a conversa recomeçou.
- E a mulher? – perguntou o vulto maior mais uma vez. – esta...
- Morta? – interrompeu o de tamanho médio. – sim, bem morta. – e afiou suas laminas e nelas um brilho vermelho pode ser visto.
- Será que fizemos tudo corretamente? – disse uma das vozes atrás das três figuras á frente. E um soco foi desferido em seu rosto o jogando para trás de toda a companhia.
- Mas é claro que fizemos! – rugiu a voz do maior mais uma vez. Agora ele parecia estar furioso e depois de se certificar que as perguntas haviam acabado voltou a caminhar. – só devemos esperar os outros dois e depois poderemos partir.
E assim continuaram a marchar. Sempre em direção retilínea e rumo á uma grande colina verde e montanhosa.
[...]
Jullih chegará à cozinha e encontrou nada de mais á não ser a panela com o arroz todo queimado, o forno já tostando a carne e a pia transbordando de agua por não ter sido fechada antes de preencher toda a jarra completamente.
Não deu importância á isso e saiu dispara em direção ao jardim que ao dar nele parecia quieto demais. Tao quieto que podia se ouvir até mesmo o bramir das folhas ao vento. Foi então que um chiado veio da rua de terra que levava para a cidade ou para a rota 01 e para lá seguiu caminho.
Quando se aproximava da rota ouviu alguns barulhos de galhos sendo quebrados e de vozes finas e roucas ao longe podiam ser diferenciadas e ouvidas se tudo estivesse em silencio como naquele momento. Sem esperar mais apertou a esfera branca e vermelha que tinha em mãos e dela um raio vermelho foi liberado dando forma á um grande Pokémon.
O Pokémon liberado parecia ser uma estatua feita em pedra cinza. Seus braços resistentes e fortes possuíam traços em amarelo e seus olhos eram da mesma cor das linhas curvas e das esferas no centro das costas das mãos. Na cintura uma espécie de saia de pedra se projetava e no ombro esquerdo uma crosta de um cinza mais escuro se levantava uniforme. Na costa do mesmo ser havia uma macha também escura.
- Olá Golur... – a voz da garota parecia temerosa e preocupada. O Pokémon pareceu perceber a situação da treinadora. E falou com sua voz grossa e retumbante.
- O que aflige você?
- Meus irmãos e minha mãe sumiram! – disse ela em meio á lagrimas que escorreram por sua face até terminarem por pingar de sua bochecha para o chão, onde pequenas marcas foram formadas. – por favor, me ajude!
E ela se sentou sobre sua perna e chorou, e suas lagrimas regaram a relva que nascia aqui e ali na rota de terra batida. Suas mãos estavam em seu rosto no formato de concha e as mesmas tremiam e o Pokémon por fim falou mais uma vez.
- Vou ajuda-la como prometi quando vim para esta dimensão. – e com isso estendeu a mão para a jovem. – mas não posso fazer isso sozinho. Você vem? – e seus olhos de luz amarela se fixaram no rosto da treinadora que após olhar fixamente para eles se levantou.
- Sim eu vou! – disse enquanto enxugava as lagrimas de seu rosto e então correu para o bosque que dividia a rota.
[...]
- É melhor você calar a boca ser verme imundo! – reclamou uma voz estranha. A criatura segurava um menino de cabelos verdes em seus cipós e o balançava no ar. – senão acabo com sua vida de uma vez por todas!
O garoto só dava sinais de vida por estar com o corpo tremendo e com os olhos abertos e o mesmo se dizia do garoto ruivo ao seu lado sendo carregado por um grande urso de pelagem marrom e garras afiadas.
- Minha irmã vai acabar com vocês dois! E ai vão ver só! – reclamou o pequeno, mas foi silenciado por um soco em sua cabeça. E desmaiado ficou bom um bom tempo. Até que um barulho de galho pisado pode ser ouvido. E vinha de trás.
- Corra com os dois que eu fico aqui e retardo se for algum inimigo! – disse o urso enquanto arremessava o garoto ruivo para a planta carnívora que corria em meio as arvores. Depois disso se escondeu em meio às moitas e arbustos espinhosos ali.
[...]
- Sinto uma força negra por aquela direção! – disse o golem de pedra apontando pela mesma direção onde outrora a planta carnívora esteve correndo. O urso estava à espreita só esperando o momento certo para atacar.
- Então vamos para lá! – disse a garota, mas no momento em que correu para aquela direção varias coisas aconteceram.
A primeira foi que o urso marrom pulou dos arbustos com um poderoso rosnado e desferiu um Rock Smash perfeito no golem que estava parado. A segunda fora que o Pokémon feito de pedra e luz caiu e ficou desnorteado por um tempo. E a terceira foi que a garota conseguiu desviar por pouco das garras afiadas do urso em raiva.
- Mas o que um Ursaring faz aqui nessa rota?! – gritou a garota que conseguira rolar para detrás de um tronco grosso de uma arvore velha.
- Não sou um simples Ursaring! – disse à fera que saltara do mato. – sou Urnoer o dono das colinas de pedras na dimensão da Mystery Dungeon!
E um choque percorreu o corpo e a mente de Jullih. Mystery Dungeon era nada mais nada menos que a dimensão onde ela fora transformada em um Pokémon aos sete anos, onde fez amigos que eram pokémons e descobriu que naquele lugar não existiam humanos. Lá soube também de desastres que ocorriam e ajudou os moradores locais com seus problemas e cada vez mais forte enfrentou seu ultimo desafio. Derrotou Arceus o criador junto de seus amigos e do criador recebera um colar com a joia das mil almas que continha um poder... (que só será revelado mais a frente)
- Esta assustada com esse nome criança? – perguntou o urso.
- Sim estou. – disse ela, mas tornou a falar e agora saíra detrás do tronco. – mas não por medo, mas por minhas lembranças daquele lugar.
- Que seja... Matarei você e seu bichinho de estimação do mesmo jeito! – e partiu pra cima de Jullih com as garras brilhando num poderoso Slash.
Golurk, entretanto acordará e antes que o golpe acertasse a treinadora concentrou todas as energias das sombras em uma esfera e disparou no urso que com o impacto voou em direção ao tronco de duas arvores onde caiu estirado.
Jullih correu e o abraçou e agradeceu por tê-la salvado do urso feroz. Mas antes de prosseguirem o mesmo levantou sorrindo.
- Será preciso mais do que um simples Shadown Ball para me derrubar. – e agora partiu para cima com os dois braços envoltos em uma luz amarronzada e amarela. Outro Rock Smash.
- Eu cuido dele você vai! – disse Golurk para Jullih que correu em meio as arvores e desde aí o combate entre os dois gigantes começou terrível e feroz. Nessa luta somente um ficaria de pé e o outro morreria aos pés do inimigo.
[...]
Jullih corria feito uma louca pelo bosque em meio as arvores, cipós e arbustos espinhosos que ali havia. Contornou uma grande arvore de tronco e galhos brancos e então apertou ainda mais o passo.
‘’- Se eu não os encontrar será tarde demais!’’ pensava ela consigo mesma enquanto corria. Mais alguns metros e então deu de cara com um grande circulo magico, todo envolto em energia. E a sua frente à comitiva dos inimigos.
Os vultos continuaram caminhando e nem se deram conta da garota. Quando por fim os três primeiros vultos alcançaram o portal que a viram.
O maior entre eles andou um pouco mais até poder ficar cara a cara com Jullih e então sua forma foi revelada. Sua pelagem era branca e três cacos de gelo pendiam de seu queixo, em suas patas haviam garras albinas e afiadas e seu focinho e olhos eram pretos. Um Beartic.
- Não deem mais um passo! – berrou ele para sua própria companhia. – temos uma visita inesperada! – e riu alto. Enquanto isso os outros dois vultos companheiros dele se aproximaram.
Um era baixo e sua cor era azulada com traços em preto. Na sua cabeça três bolas medias se encontravam e por seu corpo algumas outras de tamanho menor. Um Palpitoad.
O outro era um pouco maior, sua pele era dividida por traços e sua cor era vermelha. Em seu rosto estava marcado grande força e sagacidade. Um Throh, pokemon lutador e perito em judô.
- Vejam só, se não é a pequena Zorua que uma vez nos visitou em Pokepark! – riu o sapo intermediário. Jullih simplesmente andou mais alguns passos à frente.
- Cadê meus irmãos? – ela disse com os punhos fechados.
- Há essa hora já devem estar perto de... – mas foi interrompido por um murro do urso polar.
- Quer contar todo o plano pra ela e depois morrer que nem a mulher? – seus olhos pretos ficaram com um brilho obscuro e sua boca ficou reta.
Uma mulher estava morta... Seus irmãos estavam na dimensão do mundo isolado onde só os pokemons habitavam. Mas e essa mulher? Será que? Lagrimas começaram a escorrer pelo rosto da garota e o lutador vermelho sorriu e disse:
- Então quer dizer que você já entendeu quem era a mulher, não?
Mais uma vez Jullih caiu ajoelhada no chão e derramou-se em lagrimas. Por que isso só acontecia com ela?
Primeiro seus irmãos eram levados e agora sua mãe era morta? Isso não ia ficar assim. Ela não deixaria isso passar impune, não mesmo!
Ela começou a se levantar e seus punhos se fecharam mais uma vez, suas roupas estavam mudando de cor. A camisa e a saia antes verdes agora estavam na cor vermelha com traços em branco. A saia agora era comprida e descia ate os tornozelos e a camisa ia ate a cintura. As mangas eram largas deixando um bom espaço entre o braço e o pano.
Seus punhos começaram a ser envoltos por uma energia vermelha e logo raios corriam de um lado a outro e se encontravam na esfera de energia que já era suas mãos. Os pokemons ficaram assustados, mas voltaram a sai depois de um tempo.
- Quer dizer que a boneca quer uma lutinha?- riu o lutador. – Será rápido e fácil!
A voz de Jullih soou alta e com poder sobre todos ali.
- Sim será fácil! – e com isso juntou no meio de suas mãos uma grande esfera de energia vermelha e depois a apertou criando uma onda de poder que destruiria tudo a sua frente.
Os pokemons não conseguiram desviar e muitos pereceram sobre somente aquele golpe. Entretanto o urso e o lutador ainda estavam de pé. Os outros haviam morrido, teriam eles subestimado o poder da garota?
- Ah cansei de suas palhaçadas! Ice Beam! – vociferou o urso enquanto um raio azul e branco disparava em direção a garota pronto para congela-la.
O lutador não ficou de fora e em suas mãos uma bola de luz azul foi formada para depois ser lançada na mesma direção do raio que se acumulou em tono dela e a carregou.
Quando ambos os poderes estavam para colidirem com a garota, numa tentativa desesperada a mesma se joga carregada de energia em seu corpo na direção dos ataques. O resultado foi de uma grande explosão e fumaça onde mais nada era visto.
Por hora é só espero que tenham gostado! E deixo avisado que de agora em diante a verdadeira historia em torno de PMD começara e entao novos continentes e novos pokémons apareceram, mas isso somente no proximo capitulo e ainda mais a frente!