- Spoiler:
Na verdade eu fiquei bem preocupada se a "última cena" teria ou não uma boa impressão nos que liam a fic. Geralmente não se mistura muito Pokemon com romance...
O sexto capítulo também será fatiado, eu acho D: Afim de que eu possa retratar tudo o que acontece, também aproveitando terreno (...)
- Citação :
- Aproveitando e PREPARANDO terreno para a chegada em Mahogany, onde tudo começa a fazer sentido.
Nota da Autora: Aqui vai mais um capítulo. Já passamos da metade da fanfic, e é provável que boa parte dos capítulos comecem a serem fatiados também - mas por uma boa causa, que é expressar em detalhes tudo o que acontece na incrível aventura da Juri.
E notem que os capítulos também estão ficando cada vez mais "espessos" porque agora há muito mais diálogos e desenhos neles. E penso até em lançar uma votação para saber se isso chega a incomodar os leitores, porque temo que posts enormes se tornem desestimulantes da hora de se ler a fanfic. Fora isso, nada mais a comentar - Boa leitura!
Músicas Disponíveis para este capítulo:
- Opening Gekiranger - Gekiranger Soundtrack Uma música que expressa bem a bravura e a coragem presente no coração de cada treinador e pokemon. É a abertura em japonês da série Gekiranger, aqui no ocidente conhecido como Mighty Morphin PowerRangers.
- Kurofume Raikou - Taiko No Tatsujin DS Sountrack Não pude achar para download na Internet, portanto a gravei eu mesma. Ilustra bem a música folclórica tocada no Festival de Verão de Cianwood.Capítulo 6 - Festival de Verão em Cianwood! (Parte 1)Eu estava dormindo tranquilamente na macia cama de molas do quarto da pequena Tima. O Sol começou a lentamente entrar com toda a força pela janela sobre minha cabeça. Pigeotto havia acordado cedo, e pousou na beira da janela, usando-a como poleiro. Com todo o seu fôlego, deu um arrulhar tão alto que seria tão senão mais efeciente que um cacarejo. Pulei da cama, quase caindo dela. Tima apenas moveu o corpo para o lado, dizendo "Ai, pera, só mais cinco minutinhos..."
Olhei para Pigeotto na janela, que achava graça... Ri um pouco e o coloquei no meu braço, fazendo carinho em sua cabeça ao afagar seu topete um pouco rijo:
- Bom dia pra você também, Pigeotto. Espere só o instante que eu vou me arrumar.
Mais tarde, já antes de partir (e depois de engolir o café da manhã que a tia Rute insistiu em fazer); ouço a voz de Kevin me chamando. Meus pés estavam sobre os últimos degrais da escada, mas me viro em sua direção, até curiosa para ouvir o que ele tinha a dizer.
- Você já vai tão cedo?... - ele estava preocupado... Aqueles olhos azuis, tão tristonhos! Céus, não devia tê-lo olhado justamente nos olhos...
- Ai, Kevin, você sabe como é... - dei uma pausa quando vi que ele se aproximava - ... O trânsito é bem melhor de manhã.
- Eu entendo... Vou ficar esperando você voltar.
- Eu... Gostei muito do dia de ontem.
- Foi? - ele sorriu. Alisou meu braço, próximo à sua mão - De que parte você gostou mais?...
- Eu, bom... - corei imediatamente - Kevin, eu gostei muito de avançar meu relacionamento assim com você. Mas, você sabe...
- Sei o que?... - ele estava muito perto. Estava sendo fácil demais me suceter às suas discretas porém perigosas investidas.
- Bom... Nada. Eu volto em um ou dois dias, no máximo. - ja ía descendo, quando ele me puxou pelo braço. Ah, Kevin, você tinha que insistir?
- Espera! Você nao pode esperar mais um pouco?
- Eu prometo que volto logo. Quando voltar, eu... Posso ficar uns tempos aqui.
- Você promete?...
- Eu prometo. - sorri, entrelaçando nossos dedos. Ele também sorriu.
Eu vi em seus olhos a dificuldade que ele tinha de lidar com as diferentes emoções que estávamos sentindo um pelo outro. Eu também estava um pouquinho confusa, mas enquanto simplesmente deixasse levar, sei que seria uma experiência interessante e, quem sabe, duradoura. Saí saltitando pelo caminho, subindo as intermináveis escadas que levavam à parte superior da cidade, onde se localizava a ponte Olivine-Cianwood; mas nem percebi o número de degraus. Estava radiante demais para notar estes detalhes...
A Ponte Olivine-Cianwood foi construída a 10 anos atrás, feita para facilitar o trânsito entre as duas cidades - e assim, impulsionar a economia e o turismo para aquelas regiões. Não ajudou só os turistas e transportadoras, mas como os treinadores também (eu nem saberia como chegar em Cianwood se não fosse pela ponte. Atravessar aquele mar todo? Nem a pau!). Quando cheguei lá encima, me deparei com Jasmine me aguardando na frente do pedágio. Ela sorriu ao me ver, empolgada com a certeza de que eu iria ajudá-la.
- Que bom que veio! Veio bem cedo, hein?
- É que o trânsito é melhor de manhã. - Pigeotto, em meu ombro, fez que sim com a cabeça.
- Hummm... - ela pareceu me analisar por alguns instantes - Foi como eu imaginei...
- Erm... Senhorita?
- Você não poderia atravessar esta ponte. Você não parece ter vindo com nenhum tipo de transporte, como bicicleta ou patins...
- Mas... Quer dizer, que só posso atravessar a ponte se eu estiver com algum veículo?!
- Não é óbvio? - tão óbvio que não havia percebido.
- Mas... E agora?
- He he, não se preocupe! - sua risada era singela - Eu pensei nisso. Pode ir na minha, eu a preparei pra você!
Era uma lambreta. E lá estava eu, atravessando a gigantesca ponte que ligava as duas cidades praieiras, a incríveis 40KM/h na lambreta da senhorita Jasmine. Tinha uma cor perolada, com detalhes brancos, e ás vezes vibrava no assento quando eu tentava acelerar aos 60KM/h - a velocidade máxima. Quem me dera que minha mãe me visse naquele instante... Pigeotto estava entediado, e meu corpo expressava minha insatisfação ao curvar minhas costas sobre os guidões. Eu forçava um sorriso na tentativa de acalmar a mim mesma, afinal, podia ser pior!
É, era isso. Pelo menos não estava chovendo... Naquela parte da ponte. Lembrei-me das tempestades na metade do trecho, e não pude conter meu desapontamento. Ah, eu disse que podia ser pior? Verdade, podia, e ficou pior!
O trânsito estava realmente muito tranquilo: no máximo um carro ou dois, e um grupo de ciclistas que vinham na direção contrária... Com seus capacetes, óculos, e roupinhas coladinhas molhadas (porém começando a secar) devido à chuva. Tudo que passaria por ali era notado por nós mesmo a metros de distância, uma vez que o silêncio era apenas quebrado pelo barulho da brisa marinha no pé do meu ouvido. A tempestade não estava aparente no horizonte, apenas o tapete azul e ondulado do mar - o que me fez entender que ainda estávamos longe de chegar na metade. Comecei a me preocupar se chegaria em Cianwood a tempo de fazer alguma coisa. Mas logo perceberia que isso era pouco perto do que eu realmente deveria me preocupar...
Um som diferente da brisa marinha e das ondas batendo nas grossas pilastras sobre nós não se tornam os únicos audíveis. Ouvimos o som de motores rugindo à uma grande distância de nós, vindo em nossa direção. Eram tão altos que eu podia ouvi-los, mas não podia ver de onde vinham, mesmo forçando os olhos para enxergar. Pedi que Pigeotto usasse sua visão de ave rapineira. Até ele enxergar alguma coisa, eu mesma pude ver os pontos negros surgindo rapidamente, rasgando o vento com suas motos envenenadas com os motores berrando ao léu.
Mal pisquei os olhos e eles já estavam a poucos metros. Eu pude contar rapidamente uns cinco deles. Suas motos eram grandes, poderosas e velozes - completamente diferentes da carroça que eu estava dirigindo. Ao passarem ao meu lado, a velocidade das grandes motocicletas era tão elevada que a corrente de ar gerada por elas fez com que minha leve lambreta fosse atirada ao chão, me fazendo cair com tudo contra o asfalto. Não senti dor, arranhei um pouco do rosto mas não doeu... Ouvi pneus cantando alto e desafinados, então um deles saltou da moto e veio em minha direção.
- Ora, ora, o que temos aqui?... - ele tinha a voz rude. Não entendi bem o que ele dizia graças ao palito cerrado entre os dentes, aparentes em seu sorriso vil e perverso... Ou pervertido - Mas você é uma gracinha, hein?
- O que vocês querem? - me levantei, irritada, desamarrotando minha saia de forma nervosa, sem tirar os olhos deles - Não sabem que isso aqui tem velocidade máxima, não?!
- Hehey, calmaí, franguinha! - ele se aproximou bastante, me pegando pelo pulso e me apertando com força, apesar dele não pareçer estar se esforçando pra isso... - É só colaborar. Sabe que a gente não tá nem um pouco afim de machucar esse seu corpinho lindo...
- M-Me solta, seu ogro!! - mexi meu braço com força, tentando afastar sua mão com a minha outra livre, que apenas deslizava sem sucesso.
Os outros atrás dele apenas riam. Eles vestiam roupas de couro preto, fortes, tinham vários piercings e tatuagens, e já eram todos bem adultos. Não tinha nem idéia do que eles queriam, mas também não estava disposta a saber. Estava, sim, disposta a lutar pela minha integridade - ou quem sabe, minha vida... O que me segurava tinha munhequeiras de couro com espinhos de metal bem afiados, o que tornaria dificil de empurrá-lo para longe de mim por aquela reigão do seu corpo. Era como se fosse tudo planejado.
Pigeotto, até então apenas assistia as cenas assustado; até que decidiu tomar uma atitude: ele voou na direção da cabeça do meu agressor, protegida apenas por alguns fios de cabelo que formavam um moicano; e ali fora bicado algumas vezes pelo meu pokémon (viu? quem mandou não usar capacete!). Ele soltou meu pulso e começou a pular e balançar os braços no ar, na tentativa de espantar Pigeotto. Quando ele parou, a cabeça do homem estava bastante ferida com as marcas do bico forte de Pigeotto, que por ser um pokemon que tem noção da sua força, não abrira nenhum ferimento profundo - tinha apenas a intenção de afastar o homem de mim, que o xingara com os piores palavrões.
- Então você e essa galinha querem briga, não é? - disse, furioso, dilatando sua pokebola em mãos - Tá se metendo com a turma errada, garotinha!
De sua pokebola, um Grandbull surgiu. Era grande, feroz, com as presas gigantescas pulando para fora de seu focinho medonho. O olhar era petrificante, seus punhos se fechavam com tanta força que até ja podia vê-los enchendo alguém de porrada. O pior era que ele não estava só... Outros dois motoqueiros colocaram na batalha seus grandes e espessos Muks, que espalahavam toda a sua estrutura (se é que dá pra dizer que algo ali é estruturado...) nojenta, viscosa e mal-cheirosa pelo perímetro. Os outros dois lançaram seus Weezings - eu já achava um Koffing grotesco, quem dirá um bem grande com um inquilino grudado em seu apêndice.
Eu estava prestes a desmaiar diante de tanta imundice. Pior que estava em desvantagem, mesmo se eu usasse todos os meus pokemons em batalha - o que seria impossível de se fazer. Eu e Pigeotto recuamos para trás, e vi em seus olhos castanhos o pavor daquelas criaturas que poderiam fazer estragos enormes nele - até matá-lo, se bem quisessem. Eu achei que não haveria esperança para mim, e queria melhor colaborar - seja com o que fosse... Céus, eu estava morrendo de medo.
Cerrei os olhos com força quando notei que o líder se aproximava novamente. Neste momento, surge o milagre:
- Vocês não sabem que estupro e pedofilia é crime? - se viraram em direção à voz - A Polícia Federal tá ali no pedágio.
A voz vinha de trás deles. Era tanta coisa junta que até eu ficaria com medo se estivesse no lugar deles.
Uma moto grande, com pneus gordos e maciços, cada pedaço de metal brilhava intensamente mesmo com tampouca luz do Sol. Os faróis eram grandes e redondos, e o motor sob suas pernas era brilhante e potente. Sua cor principal era vermelho, assim como o capacete de seu motorista. Tinha o corpo de um adolescente forte, mas falava como um adulto bem-educado. Claro, sem deixar de citar: a moto tinha um assento atrás amplo o bastante para levar o grande e robusto Swampert na parte traseira. E voando ao seu lado, um roliço Peliper pairava no ar com suas finas asas em forma de nadadeiras.
- Vai cuidar da sua vida, moleque! - o líder não se deixou intimidar pela aparição do rapaz - Vai se ferrar que nem ela!
- Vocês são muito prepotentes para quem não tem razão alguma pra atacar as pessoas. - saltou lentamente da moto, sem pressa alguma - Não devem sequer tem uma razão para serem rebeldes!
- Viadinho filho-da-p*ta, vou acabar com você na porrada mesmo!!
Quando ele foi na direção do garoto, tapei minha boca com as mãos pelo horror da cena. O rapaz ficou imóvel, como quem já sabia o que fazer. Swampert agiu rápido para um pokemon tão desenvolvido, e urrando com todo o ar de seus grandes pulmões, jogou os braços contra o asfalto da ponte e a esmurrou com força, fazendo todo aquele perímetro balançar completamente com a intensidade das ondas de força causadas pelo soco, quase comparadas a um terremoto de magnitude fraca. Os motoqueiros e todas as motocicletas, menos a do rapaz, caíram violentamente no chão devido o tremor. Até os pokemons sentiram a intensidade da força de Swampert que, por um momento, pareceu sorrir triunfante.
- Já chega de brincar!! - urrou o líder - Acabem com eles, e não tenham piedade!!
Já que seria assim, não poderia recuar. Poderíamos virar a mesa juntos. Eles estavam cercados por nós, e se usássemos a cabeça, poderíamos inverter a situação. Granbull arranjara outro alvo, e agora eu teria que cuidar dos outros quatro. Mas eu tinha um plano e, para garanti-lo, precisaria de duas coisas: de alguém pra me acobertar e do apoio do rapaz que me salvou... Arriscado, mas era a única tática possível.
- Vá, Feraligator! - usando minha pokebola, trouxe meu pokemon inicial para a batalha.
Ordenei que Pigeotto usasse Wilrwind. Ele assim o fez e, batendo as grandes asas com toda a sua força, formou um grande tufão no qual prendeu os Pokemons nele. O vento era intenso, e Feraligator usava de seus ataques para empurrar os grandes Muks para dentro do vórtex, que infelizmente não tinha força para prendê-los lá dentro. Swampert segurava as mandíbulas poderosas de Granbull nas próprias mãos, fazendo muito esforço para mantê-las bem distantes uma da outra - do contrário, a mordida seria feia. O rapaz olhava o tufão formado por Pigeotto, e seu Peliper (que eu sempre acreditei ser um pokemon um pouco... Lento) voou naquela direção, também começando a bater as asas com força, intensificando e duplicando a força dos tufões.
Por pouco, Feraligator não havia sido puxado pelos fortíssimos ventos agora formados pelas duas aves. Era tão intenso que os dois poderiam acabar invocando uma tempestade ali! Os Weezings e os Muks estavam desesperados, girando em alta velocidade em torno do eixo do tufão. Swampert, usando toda a sua força, segura Grandbull pelos dentes e o atira no tufão, girando-o junto com os outros quatro. Logo depois, abriu bem a boca e lançou um jato contínuo de WaterGun, misturando-a com os ventos que agora também atingiam os pokemons, criando algo muitíssimo similar a um Whirlpool. Só que bem mais forte.
Não precisei ordenar nada para que Feraligator entedesse o recado (e eu achando que se apaixonar acabaria deixando-o burro). Ele rapidamente se posicionou sobre as duas pernas e também começou a usar seu WaterGun, deixando os pokemons cercados num poderoso redemoinho feito ali mesmo, encima da ponte! Era incrível, e até bonito de se ver.
A água respingava sobre nós, os nossos pokemons estavam começando a perder o fôlego. Quando achamos que era o suficiente, encerramos nossas investidas. Os pokemons estavam tontos e machucados, provavelmente por estarem se batendo e se debatendo constantemente dentro do redemoinho. Caíram um sobre o outro, incapazes de realizar um único movimento. Seus covardes treinadores não podiam fazer nada além de bater em retirada, sumindo no outro lado da ponte.
- Não se pode baixar a guarda. - disse o rapaz, se aproximando - Acho que cheguei bem na hora.
- É... É verdade. - eu respondi, ainda ofegante, tateando minhas roupas molhadas. - Eu sou muito agradecida! Não sei nem como agradeçer pela ajuda enorme que você me deu! Se não fosse, por você, eu não saberia- - ele tirou o capacete. Emudeci nesse instante.
Ele era... Um dos homens, rapazes, garotos, sei lá! - mais... Charmoso (para não usar
outras palavras...) que eu veria em toda a minha vida. Não só sua aparencia, mas como seu sotaque, pokemons, entre outros fatores me levaram a acreditar que ele fosse de Hoenn. Considerando o belo contraste que sua pele morena fazia com seus cabelos brancos e platinados, o físico impecável herdado de pais trabalhadores e os olhos claros, acreditei que fosse parte da comunidade praieira de Hoenn - assim como Kevin e a família da tia Rute. Mas considerando a moto de última geração, as roupas e sapatos de grife (apesar de um pouco surradas) e o jeito extremamente educado de se falar proveniente de uma boa educação... Diferente de Kevin e a família da tia Rute, ele deveria ser parte da comunidade praieira MILIONÁRIA, PODRE DE RICA de Hoenn. Vidinha invejável essa sua...
- Você está bem? - ele perguntou - Eles te machucaram?
- Eu?... - daria de tudo para ver minha cara de besta nessa hora - Ah, não, quê isso... Só me apertaram um pouco o pulso, mas eu estou bem...
- Não é querendo ofender, mas você não vai chegar a lugar nenhum com a lambreta da senhorita Jasmine...
- Quê?! - depois do susto, tentei pensar no que dizer - Mas, como você sabe que é dela?
Apontou para a quadrada placa traseira da lambreta, que tinha aspectos personalizados e as letras formando o nome JASMN. Swampert e Feraligator se entreolharam descontentes com minha distração. Pra variar, óbvio demais para eu perceber.
- Com uma moto dessas, você teria que dormir na estrada. - levou as mãos à cintura, sorrindo sem graça.
Eu ri bastante.
- Eu tô falando sério. - ele concluiu. Fiquei séria também.
- Mas... E agora? Não tem como eu chegar lá... Só tenho a lambreta como veículo.
- Se quiser, posso ajudá-la. - meus olhos brilharam.
- Mesmo? Mas, como exatamente?
Swampert pegaou alguma cordas bem firmes que ficavam sob o assento da moto. Amarrou a lambreta firmemente atrás do grande veículo, de forma que ela ficasse bem segura. Parecia ter habilidade com aquilo... Com nossos pokemons dentro das Pokebolas, montei na garupa da sua moto e partimos a mais de 160KM/h pela ponte Olivine-Cianwood. Ele tinha um capacete extra, e havia me emprestado para que eu pudesse me proteger também. Estava me segurando pelas laterais da moto quando ele deu a partida, e quase fui lançada para fora quando ele começou a acelerar!
Pude ouvir as centenas de cavalos de seu morto relinchando com sua potência, e sem aguentar mais segurar pelos lados, me encontrei numa situação embaraçosa: abracei sua cintura, assim me sentindo mais segura, mas não mais confortável...
- Sinto muito, você se importa? - disse, envergonhada.
- Não... Nem pouco.
O som de suas palavras foi misterioso. Até hoje não compreendo o que ele realmente quis dizer. Apenas apoiei meu corpo um pouco sobre o seu, e deixei a moto nos levar... Não demorou, chegamos numa parte onde podia se notar fortes mudanças no clima. As ondas pareciam bater com mais força contra as pilastras, o vento estava ficando mais forte, e as nuvens estavam graduamente se tornando mais escuras e carregadas de trovões. A chuva fina começou a cair. Vimos uma placa que dizia para reduzirmos a 60KM/h e nos deparamos com uma barreira da Polícia Federal, com dois oficiais acompanhados cada um de sua moto e um Grolithe, que sentava respeitosamente ao lado do seu treinador policial. No caminho, cones formavam um estreito zigue-zaque. Um dos policiais nos parou rapidamente:
- Esta lambreta na parte de trás do veículo... - disse, com a voz carregada e arrastada que os policiais costumam tem - Você sabe que não pode andar com isso aí, filho. Está cobrindo a sua placa...
- Pertence à senhorita Jasmine. - ele respondeu naturalmente, ao levantar a proteção de vidro do capacete - Podemos deixá-la aqui?
- ... - seu silêncio foi sombrio e pensativo, logo em seguida, riu - ... Certo. Imagino que ela saiba disso...
Aposto como ele pensou que nós a havíamos roubado.
- ...Pode ligar para ela se quiser. - eu disse - Nós esperamos aqui.
O oficial da lei pareceu captar nossa confiança. De qualquer forma, ele contatou a moça. Foi uma ligação bem rápida.
- Vocês estão liberados. - concluiu - Deixem a moto aqui e continuem seu percurso. Não esqueçam de acender os faróis!
Sumimos no mundo. Ele virou para o outro, um gorducho que sorria misteriosamente, achando graça na situação. O outro também riu, dizendo: "Crianças..."
- - - - -
Finalmente, chegamos em Cianwood. Diferente do meio da ponte, a cidade nos recebeu ensolarada e temperada. As praias estavam cheias de pessoas preparando a cidade para o Festival de Verão: bandeirolas amarradas por todos os cantos, barraquinhas sendo montadas, pessoas e pokemons por todos os lados se mobilizando para organizar a maior festa daquela temporada. O fluxo de treinadores também era grande, a tanto tempo não se via tantas marcas diferentes de pegadas nas areias... Era mesmo uma cidade linda e aconchegante. Por falar em aconchegante...
- Temo que tenhamos que nos separar aqui... - suspirei ao desçer na garupa.
- Entendo... - ele também pareceu desapontado - Espere!
- Hã?
- Parece até tolice perguntar - riu - Mas você virá ao festival esta noite?
- Sim, pretendo. Ainda é cedo, não é? - checando o horário: 10:30am.
- Podemos nos encontrar por lá, então. Por favor, permita que eu salve o número do seu celular?
- Oh? Ah sim, é claro! Anota aí!
Com meu celular registrado na PokeGear dele, nos separamos. Fui com Pigeotto até o centro pokemon onde, após curar meus pokemons e devolver minha TrainerID, a enfermeira pergunta:
- Você é a senhorita Juri?
- ... Sim. - já com medo que mais alguma 'façanha' minha tivesse sido televisionada por todo o país.
- Tem uma video-chamada lhe aguardando. Gostaria de atendê-la? - ufa!
- Ah, sim, claro, claro.
Bem que eu pensei que fosse a matriarca chamando.
- Como você fez para atravessar a ponte, meu amor? - seus olhos curiosos pairavam sobre mim.
- Carona. Com um... Amigo recém-conhecido.
- É muita bondade do seu amigo, né? - ela sorriu, ingenuamente. Talvez mais tarde eu contasse o que realmente aconteceu - Então você vai ao festival, meu amor?
- Pretendo, mãe. Eu ia até pedir pra senhora me mandar aquele meu minikimono.
- O de Wishmur? Logo imaginei... Você gosta tanto dele! Mas antes, queria lhe fazer um favorzão de mãe.
Eu imagino. A ordem fora que eu mandasse meu Graveler para ela, e sem contestar. Em troca, ela enviaria nosso Mewoid doméstico equipado como um "presente". Tudo bem, fazer o que... Assim que ele chegou, abri sua pokebola e de lá saiu nosso Mewoid, sorridente e feliz em me ver de novo, me abraçando o pescoço com seus bracinhos rosados. Me olhou com aqueles grandes olhinhos azuis, com o corpinho flutuando no ar, e tirou das costas (?) algo que parecia ser um objeto pequeno, porém pesado, enrolado em papel madeira e preso por um barbante. Eu o peguei em ma~so e o abri, revelando uma pedra verde com uma folha bem verdinha empressa sobre ela. Minha mãe me mandou uma Leaf Stone! Quando fui para a tela agradeçer pelo presente, levo um baita susto com o que vejo!
Um monstro, um gigante feito de rochas e rijas pedras que cobriam eu corpo, com braços e pernas repitilianos saltando para fora de sua estrutura redonda. Sua cabeça, antes dificilmente distiguida do resto do corpo, agora ganhara forma e aspectos. Seus olhos vermelhos lacrimejavam de emoção e sua boca, agora com dentes afiados, sorria alegre pelo milagre da evolução por troca. Graveler havia se tornado um Golem!
- Graveler! Graveler, você evoluiu! - exclamei, feliz ao ve-lo feliz.
Seu grunhido era ainda mais animalesco e feroz. Mas ele estava feliz... Sempre foi um pokemon muito feliz.
- Gostou, minha linda?
- Amei, mãe! Valeu mesmo!
- Logo estarei mandando Golem de volta desta vez, ele vai levar seu vestido de Wishmur. Até mais, meu anjinho! - se ela soubesse o que o seu anjinho andou aprotando esses dias...
Quando recebi Golem de volta, o abracei bastante mesmo com suas pedras rijas me machucando um pouco em suas fendas. Nosso Mewoid ficou feliz com a cena, mas eu logo o mandei de volta para a mamãe. Eu, na verdade, nunca gostei da idéia de ter um Mewoid, mesmo assim eu cuido dele com todo o carinho. E isso tem um motivo...
A alguns anos atrás, uma equipe de exploradores descobriu fósseis do que acreditavam ser um único e mítico pokemon, o Mew. Após várias pesquisas, descobriram que Mew tinha o poder de se reproduzir assexuadamente, ou seja, ele podia dar a luz a uma copia perfeita de si mesmo. Depois de anos de pesquisa em genética, juntando a vaga porém primordial informação genética presente nos fósseis e completando-a com o DNA hipermórfico de Dittos (que podem se transformar em qualquer tipo de matéria), conseguiram reviver nada menos que uma das cópias perfeitas de Mew.
Sendo pesquisas apoiadas pelo Governo, as cópias de Mew com o tempo se tornaram legalizadas - a grande diferença era que elas não eram perfeitas. Tinham a aparência e personalidade idênticas ao de seu genitor primordial, mas eram muito mais frágeis. Qualquer coisa os derruba com facilidade, mesmo um soco humano - sendo assim eles passaram a se chamar de Mewoids. Portanto, se tornou ilegal seu uso em batalhas. Em compensação, essas criaturas se tornaram muito úteis em várias áreas diferentes, desde construção civil até aulas na Escolhinha Pokemon ou mesmo sendo usado como um pokemon doméstico, graças à sua incrível adaptabilidade que lhe permite aprender QUALQUER tipo de ataque.
Claro, nem tudo são flores. Graças à sua personalidade ingênua, Mewoids são muito afeiçoados aos treinadores e também muito obedientes, uma vez que dificilmente consequem distinguir o certo do errado. É muito fácil alguém lhe ensinar ataques furtivos para incitá-lo a roubar pessoas que passam na rua, ou ataques como Explosion ou Self-destruct para realizar ataques terroristas. E não demorou até a existência deles ser considerada uma polêmica: despertar pokemons e cria-los em laboratório por mãos humanas era brincar de Deus. E apenas para satisfazer o ego humano, como eu já ouvi argumentarem... Os Mewoids são um assunto muito delicado até os dias de hoje. Inclusive é abordado por lideres de partidos políticos como plataformas...
Ainda se eles fossem o único problema enfrentado por nós. Todos os dias, fora os desastres naturais arrasando lentamente Jotho, problemas sociais continuam em costante crescimento. Pobreza por todos os lados, violência, corrupção nos cercando por todos os lados nos mundo político, a medíocridade e hipocrisia humana já não conhecia mais limites. Nossa sociedade estava sucumbindo lentamente... E parece que pouca gente percebe isso. Aposto como nem o sr. Patterson da TV percebe isso. O mundo está acabando...
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Quando entrei no ginásio, reparei como o lugar estava mal iluminado - tão mal iluminado que a retina dos olhos de Pigeotto brilhavam ao refletir a pouca luz. O chão era de madeira laqueada, que circundava uma ampla e rasa piscina natural, com uma grande caichoeira cercada de terreno elevado. Devia ser bem quente, pois o lugar estava abafado por uma cortina de vapor Mas vi que tinha algo diferente lá... Parece que tinha uma pessoa grande sentada, se banhando sob as águas freventes da caichoeira. Uma pessoa BEM grande...
- Com licença... - disse, retraída - Eu gostaria de desafiar o líder do ginásio...
Minha voz fez eco pelo perímetro. Pigeotto olhou em volta, assustado com minha voz. Tirei então os sapatos e as meias, mergulhando os pés na rasa piscina cuja água que ardia em calor latente em meus pés; tão rasa que não passava de meus tornozelos. Lentamente me aproximava da silhueta sob a caichoreira, constatando cada vez mais o tamanho descomunal daquela figura.
- Erm, com licença - limpei a garganta - Queria saber se podia falar com o líder do ginásio, senão eu poderia voltar... Outro... Dia... - Conforme a figura se erguia de sua pose de pernas cruzadas, eu ia perdendo a minha capacidade de formar alguma frase que fizesse sentido.
Leitor, visualize a maior pessoa que você ja viu em toda a sua vida. Certo? Agora imagine uma pessoa 2x maior.
Pois bem... Ele era um homem enorme, monstruoso, devia ter 2,50m de altura. Seus músculos eram bastante desenvolvidos, seus cabelos eram compridos e negros como a noite sem luar. Tinha um adorno na testa que me lembrava algum tipo de lutador, trabalhador braçal, algo do gênero. Suas calças vermelhas estavam ensopadas e, descalço, como deveria ter imaginado. Um estranho cinto de espessas bolas de mármore prendiam enormes estacas de madeira em sua cintura, cuja utilidade sequer passava pela minha cabeça (cuidado com a malícia). Tinha até metade dos braços enfaixada e protegida por luvas espessas de lutador. Em suas costas, uma enorme tatuagem circular, e em seus olhos o fogo de um guerreiro incessante como um huno furioso. PÂNICO foi pouco comparado ao que eu senti na hora...
Fora isso tudo, ele tinha uma aura... Diferente. Provavelmente se eu não estivesse "espiritualizada", não estaria aberta para detectar uma aura tão poderosa. Entendi então que essa energia misteriosa emanada de seu corpo fosse resultado do treinamento árduo do lutador. Não da matéria, e sim do espírito - elemento fundamental se você quiser se tornar um guerreiro de verdade.
- Deseja me desafiar?... - voz grave e poderosa como a de um trovão. A esta altura, o PÂNICO está tomando conta do meu ser.
- ... S-sim, pela insígnia da liga...
- Então prepare-se. - pelo menos ele não era um homem de rodeios.
De início, não tive dificuldades. Por menor que fosse a quantidade de água, Feraligator não teve dificuldades para nocautear o pequeno Medicham em questão de segundos. Estava se tornando mais agressivo nos combates, e não nego que isso em certa altura me preocupou. O humanóide de pernas fortes várias vezes não pareceu preparado para lutar contra um pokemon massivo como Feraligator... Talvez não tivesse atingido o ápice de seu treinamento.
Contra Poliwrat, mandei Weepingbell. Para um pokemon que eu raramente usava, ele se mostrou tremamente habilidoso para quem ainda tinha um estágio a evoluir. Quando Poliwhrat correu em sua direção, pronto para lhe acertar com as grandes mãos impulsionadas pelos massivos músculos de seu corpo azul, Weepingbell o chicoteara com sua Vine Whip e até o levantou com elas, mostrando o quão podia ser forte. Em seguida, o atirou para cima (até o líder do ginásio se assombrou com aquela abordagem) e inflou seu corpo, como se estivesse prendendo algo que estivesse prestes a sair. Então, Weepingbell literalmente "vomitou" uma grande quantidade de folhas afiadas, atirando uma larga quantidade delas em direção de Poliwrath, que desmaiou sem sequer lhe causar um arranhão. Na época eu não entendia, mas Weepingbeel tinha um ataque muito poderoso para alguém do seu tamanho, e se chamava Leaf Storm.
Enfim, seu último pokemon. Quase tão alto quanto o dono, o humanoide tinha feições de uma ave e um corpo de músculos trabalhados para serem ágeis e potentes. Suas garras feririam ainda mais qualquer soco ou tapa que desse no oponente. Aquele Blaziken se aproximou do centro da piscina, me olhando nos olhos, enquanto eu trocava de pokemon.
- É agora. Dê seu melhor, Pigeotto...
A batalha não estava sendo fácil para Pigeotto. Era fácil de resistir ao seu Gust, e Blaziken dava saltos tão loucamente altos que era até possível dizer que estava voando. Em certo momento, enquanto Pigeotto voava para escapar de seus ataques, o lutador ergueu-se do chão e, dando um giro no ar diante de Pigeotto, acertou-se com a parte traseira da poderosa perna, atirando a ave contra o chão. A asas não pareceram amenizar o impacto, e tampouco a água. Mas já estava na hora... Agora era a vez de Pigeotto mostrar seu melhor!
Quando Blaziken pousou seus pés na água, Pigeotto ascendeu os céus. Pareceu uma visão divina. Seu corpo brilhando atingiu a abóboda do ginásio e, numa explosão de luz, ouve-se seu arrulhar majestoso de Rei das aves rapineiras. Seu corpo ficou ainda maior, tornara-se mais alto do que eu. Suas asas agora atingiram uma envergadura suprema de quase 5m de largura. Sua majestosa cabeleira colorida tremulava no ar, e quase chorei ao reconhecer naqueles olhos o amável e gentil Pidgey que eu havia capturado a tão pouco tempo atrás.
Agora ele arrulhava para Blaziken, estático no chão, desafiando-o. Topando o desafio, o pokemon correu em direção às elevações de terra, saltando sobre cada uma como quem subia uma escada. Enquanto isso, Pigeot descia num rasante rapidamente, sem precisar balançar muito as grandes asas que agora usava para planar. Chegando na última, Blaziken preparava seu punho em chamas. Quando Pulou na direção de Pigeot para acerta-lo, este ergue-se numa velocidade incrível e atravessa a lateral do corpo de Blaziken, fazendo-o girar no ar, nocauteando-o com um único ataque de seu poderoso bico. Ali nascia o Às Aéreo (Aerial Ace)
- Seus pokemons são muito poderosos... - admitiu o líder, sem mudar a expressão séria em seu rosto - Admito uma derrota honrosa. Você... Tem um futuro brilhante pela frente. - virou-se de costas - Qual o seu nome, criança?
- ... Juri. Juri Hartbel.
- Juri... - ele pareceu pensativo ao olhar para o horizonte. Blaziken, ao seu lado, também parecia intrigado com meu nome.
- Nós... Nos conhecemos?
- Não. - ele respondeu imediatamente - Mas... Um dia, quem sabe, possamos nos encontrar novamente.
- Hã? - me espantei. Ele agora havia atiçado minha curiosidade - Como assim?
Sentou-se de costas novamente, voltando a se banhar na água quentíssima da cachoeira.
- O nome... - concluiu - É Haruhara.
Supus então, por uma brilhante dedução, que ele se chamava Haruhara. Imaginei o que ele queria dizer com aquilo? Porque, de alguma forma, o que ele disse parecia ter algum sentido? Esta estranha certeza ficou muito incerta em minha cabeça por pouco tempo... Estava muito feliz por Pigeot! Na saía, ele acariciou minhas bochechas com sua cabeça, me afagando com todo o seu jeitinho carinhoso de ser. Mas infelizmente agora ele já não cabia no meu dedo, se bobear eu que cabia em suas garras agora!... Pensamento sórdido.
- - - - -
- Ai, amiga, você demora demais! - Tania, impaciente, me aguardando na porta do lado de fora do banheiro.
- Esperaí, pô, to quase pronta!
- Quer que eu te ajude?
- Não! - respondi, até com certa grosseria. Tenho pavor de mulher me vendo trocar de roupa... - Okay, tô pronta. O que você acha?
- Vai arrasar, menina! - ela deus pulinhos toda animada, batendo a mãos - Isso tudo é pro seu bofe, é?
- E-ele não é meu bofe!... - corei.
- Aah, vai falar que você nao quer passar uma ÓTIMA impressão pro seu cavaleiro galante de corcel metálico?... - passou o braço por baixo do meu, então começamos a caminhar juntas.
- A primeira impressão ja foi dada. Eu estava numa lambreta a 40KM/h na estrada, Tania!
Rimos. Mas... Talvez não fosse tarde demais para uma segunda chance.
A noite estava perfeita. Toda a cidade estava em festa! Pelas amplas ruas de areia, crianças corriam, pessoas conversavam animadas, as barras fervilhavam de clientes, os tambores tocavam conforme as batidas de cada coração alegre pela chegada do verão. Pokemons, jovens e adultos, grandes e pequenos - assim como as pessoas-, passeavam livremente e interagiam uns com os outros. A Polícia Federal, símbolo da protação e segurança continental, marcava sua presença com sua vigilância impecável e evitando qualquer tipo de baderna. Boa parte das pessoas usavam a vestimenta tradicional, o kimono - alguns pokemons inclusive tinham acessórios como os treinadores. A maioria dos kimonos são inspirados em algum pokemon em especial: o que eu usava era de Wishmur, rosa com detalhes amarelos, e o de Tania era de Mantine - azul, com detalhes e estampas de bolhas azul-claras nas extremidades. Tania é uma menina jovem e bonita, e aquele kimono a deixava ainda mais atraente... Na opnião masculina, é claro!
Libertamos nossos pokemons, afim de que eles ficassem livres como os olhos durante os festejos. Pra variar, Feraligator e Sudowoodo adoraram a idéia... Foi quando me lembrei de uma coisa importantíssima! Tirei a Leaf Stone do bolso e toquei Weepingbell com ela. Diante de todos, Weepingbell alegremente semergiu numa luz que dobraria o tamanho de seu corpo. Seu grunhido era agudo e penetrante agora, mas quem ligava? Victreebel era muito alegre e não faria mal a uma mosca. Bom, tecnicamente não... Coloquei um acessório em cada pokemon para que pudesse identificá-los, conforme o conselho de Tania. Em Fera, pus um lenço branco na cabeça. Pigeot, um colar de conchas que havia acabado de comprar. Golem também ganhou um lenço, e Sudowoodo também. O único que sobrou fora um bem grande e vermelho, que amarrei em Victreebel.
Conforme curtíamos o festival, uma coisa no palco me chamou a atenção. Um gigantesco tambor, que devia ter uns 5m de raio, era cercado por dois exuberantes Arcanines e estava sendo tocado por um homem enorme... Haruhara! Sim, era ele, o líder do ginásio! Então para aquilo serviam as estacas... Haruhara tocava o tambor com o coração, e talvez isso deixasse a melodia com a cara dele, uma música forte do pulsar do coração de um guerreiro. Tania estava hipnotizada... Eca! Não sabia que ela gostava desse tipo de cara!
- GENTE, socorro!! - uma voz aguda e forçada surgiu por trás de nós.
As pessoas se afastavam. Victrebell estava olhando de forma assustadora para um rapaz, e ao seu lado estava apenas um Persian preparando-se para dar o bote caso a planta tentasse alguma gracinha - mas acinda receoso em atacar. Corri para aparta-los, antes que Victreebel engolisse o rapaz pro completo numa só bocada.
- Victrebell, o que é isso?! - bronqueei - Você ia mesmo partir pra cima dele?
- Se acalma, moço, ela já parou... - Tania tentava acalmá-lo.
- Essa coisa quase que engole viva!! - exclamou bem alto - Erm, quero dizer, vivo! Aprende a educar seus pokemons antes de sair soltando eles por aí, garota!
Ele tinha uma voz bem... Afeminada. Um corpo bem... Curvelíneo também. Caucasiano, seus cabelos castanhos ficaram bem eu seu tom de pele. Tinha olhos verdes lindos, e lábios também bastante atraentes. Mas... Aquilo era rímel nos olhos? E... Brilho labial transparente? Ele não estava de kimono, então... Ele andava na rua daquele jeito mesmo? Que adianta ser tão bonito assim se... Aah, esquece. Sem comentários! Se não era... Parecia. Parecia DEMAIS!
- Espera... - ele disse - E-eu me lembro de você!
Victrebell reagiu bem àquelas palavras. Estranho... As coisas pareciam estar fazendo sentido agora. Victrebell é alegre e dócil, jamais atacaria alguém... Sem um bom motivo.
- Aaaahh! - foi o grito mais afrescalhado que eu já tinha ouvido ao vivo em toda a minha vida... - É você!! É você mesmo!
Victreebel grunhiu como se ele estivesse certo.
- Foi você que o abandonou, não foi? - disse, olhando para ele.
- Ai, por favor, não falem alto! - ele se aproximou de nós, como se ele nao estivesse gritando momentos atrás... - Eu posso explicar...
Nesse momento, olho na direção de uma caverna. Ouvi um voz vindo que lá, que parecia o eco de outra voz pedindo socorro. Pensei que fosse minha imaginação, mas ela voltou com ainda mais intensidade. Sabia que aquilo era algo que podia se tornar um alvoroço em todo o festival. Olhei para Tania e o rapaz. Ele chorava de forma exagerada e ela tentava acalma-lo. Percebi que era o momento. Se eu fosse sozinha, poderia resolver aquilo sem chamar a atenção de ninguém. O problema era que eu havia esquecido que meus pokemons estavam soltos pela festa...
A caverna era fria e escura como breu. Usei a luz forte, porém limitadíssima da minha PokeGear para iluminar o caminho diante de mim. Exatamente, diante de mim - portanto não havia visto quando pisei sobre um buraco no chão, que abria um túneo para a parte subterrânea da caverna. Saí gritando e rolando pela passagem aberta no chão, e notei que a voz de socorro se intensificava. Chegando no final, saio rolando no chão de terra; ergo um pouco meu corpo e cuspo toda areia que acabei ingerindo. Levanto a cabeça e pude entender de onde vinham os gritos.
Eles eram... Idênticos, Irmãos gêmeos. Tinham feições escandinavas, e cabelos louros-claros legítimos. Seus olhos eram de um azul claro e penetrante, apesar dos rotos expressarem caracteristicas diferentes. O que estava de pé tinha feições levemente mais sérias. O outro, caído no chão, tinha olhos um pouco mais expressivos. E como eram espressivos, estavam vermelhos de chorar de tanta dor! Céus, ele estava ferido no pé! Tinha uma armadilha para pokemons fincando os dentes afiados em seu pé!
- Meu deus!! Como isso aconteceu?! - me aproximei de seu pé, analisando-o. Muito bem, poderia tratá-lo com o kit de primeiros-socorros - Espere só um pouco, eu vou...
Notei o quanto eles me olhavam fixamente. Como... Se estivessem tentando me reconhecer. Notei também seus trajes com detalhes: usavam regatas pretas, calças compridas um pouco menos pretas e botas de couro sob as abas. Tinham estranhos retângulos pintados no corpo, três em cada ombro e dois menores em cada lado da bochecha. Tinham espessos colares de amuletos próximos aos seus corpos e... Tinham pokemons também! Um Espeon, com os olhos compridos, estava próximo do que estava deitado; e um belo Umbreon observava tudo ao lado do gêmeo que estava em pé.
- ... O que aconteceu?
Eles se olharam e, por maior que fosse a dor do outro;, ambos sorriram largamente, dando feições novas àqueles rostos jovens e bonitos. Mas, o que estariam pensando? Eu, com cuidado, havia acabado de retirar a armadilha do pé do gêmeo ferido. Retirei sua bota com cuidado, acabando por arrancar alguns gemidinhos abafados de dor. Os dentes abriram buracos em seu pé, não eram profundos, mas podia se ver o sangue saindo, em forma de linha reta. Enquanto limpava o seu pé, ouvi o gêmeo maior dizendo, se agachando perto de mim:
- Você realmente não se lembra de nós? - voz doce e suave. Sensual? Um pouco.
- N-Não, na verdade eu...
Eles se entreolharam novamente e riram baixinho, sorrindo novamente. A dor do outro parecia ter sumido de vez... Não entendia o que estava acontecendo. O seu jeito de se vestir me era muitíssimo familiar, mas não lembrava de onde... Mas mal esperava que aqueles dois fossem ter tanta influência na minha vida... E na minha missão.