Black, obrigado pelo comentário. Não se preocupe que a fic não vai se desenrolar pelos caminhos clichés não ( pelo menos na minha opinião hehe
)
PS: O Glutão é o típico cara que se não fosse o valentão seria o excluído. Ou é 8 ou 80...
Pokaabu, obrigado por comentar. Sou idoso, admito
, mas esse amor agora veio pra ficar!!
Kabeyama, cara tu desenterrou essa do Poeira da Noite
. Que bom que tu gostava, deixa eu te contar que eu tinha terminado ela, só não postava mais. Se eu der uma fuçada no meu pc antigo talvez eu consiga encontrar ela em algum lugar, aí eu te mando, blz? De qualquer forma, vlw por comentar.
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Sempre em Mente – Capítulo 2 – Davi e Golias
Sábado de manhã presenciou uma cena raríssima nos anais da história. O colégio São Valentim estava cercado por uma multidão de estudantes, crianças de todas as séries e meninos do ensino médio, e todos estavam ali voluntariamente, contentes em esperar o início daquela que estava sendo anunciada (e vendida) como a revanche do século.
As bolsas de apostas estavam altas e em vertiginosa crescente, sendo vigiadas de perto pelos olhos atentos de Bronn, um novato do terceiro ano que tinha um faro para negócios e um tato especial para ganhar dinheiro. Até mesmo o zelador Jepeto entrara no jogo, arriscando um passe que valia duas semanas de refrigerante grátis na cantina.
Sentado na entrada do velho bondinho, onde agora dúzias de meninos e meninas se acotovelavam feito formigas disputando um pedaço de chocolate, estava o flácido William Bell, vulgo Glutão Rolha-de-Poço, famoso por seus atos de vandalismo e crueldade, phd em bullying avançado e especialista na arte de incomodar os outros.
Do outro lado daquela mini arena repousava meio relaxado o fino e esguio Edwin Nixon, cerrando os olhos sob o forte sol daquela manhã e contemplando de longe o ruivo mal encarado que erguia-se sobre ele como uma torre negra e lhe dirigia olhares nada agradáveis, em tentativa bem sucedida de lhe intimidar.
Nix estava suando frio. A parábola de Davi e Golias nunca fora tão vívida nos livros de religião quanto era agora, no momento em que estava vivenciando-a. William mais parecia um animal descontrolado, um predador pronto para o abate, fixando sua presa atentamente antes de efetuar seu derradeiro ataque. “A serpente a beira da morte dá o bote mais fundo” já lhe dizia seu tio. O ruivão a todo o momento remexia os punhos do tamanho de pêssegos, cerrados e torcidos como se não aguentasse mais esperar. No seu cinto surrado uma única pokebola estava atada, pronta para o combate que se avizinhava.
O relógio bateu nove horas. Todos os olhos voltaram-se para o pequeno garoto que ousara desafiar o império de terror de Glutão Rolha-de-Poço. O que ele tinha na cabeça? Não devia ter mais do que 13 anos, tinha braços finos como cabides de armário, não tirava lá essas notas altas, e já havia sido triturado na última vez em que cruzara o caminho de William Bell. E mesmo assim, a luz de Nix brilhava naquele instante de dúvida, um último lampejo num mar de escuridão.
- Eu disse que ia se arrepender garoto. – Rosnou Glutão, só gemidos e baba. Sacou a pokebola e deu-lhe uma traulitada tão medonha no chão que quase a fez rachar. O feixe de luz que se formou a sua frente revelou um formidável Cerigon
, com garras e dentes afiados, um olhar severo e bastante concentrado.
Nix lançou sua resposta na forma de Lunei
, projetado no meio da arena. – Treinei muito. – Foi só o que disse, e seu olhar revelava que não tinha a menor intenção de perder.
O juiz se posicionou no meio da arena improvisada, que não passava de um campo de terra batida com uma esfera branca pintada no meio. As batalhas sempre ocorriam ali por que era possível aproveitar a localização do bondinho usando-o como arquibancada, facilitando a fiscalização dos apostadores por parte de Bronn e companhia.
A hora do combate havia finalmente chegado, e a multidão de alunos entrava agora em polvorosa. O zelador Jepeto estava tento dificuldades em conter o ânimo de todos, principalmente os meninos mais novos, muitos deles ansiosos por estarem por presenciar pela primeira vez um duelo Pokémon diante de seus olhos.
Soou-se o apito oficial. – Que comece a luta! – Gritou o juiz Josh.
- Parte pra cima Cerigon! – Berrou Will, respingando saliva em metade da plateia e ensurdecendo a outra metade.
- Lunei, esquiva. – Respondeu de imediato Nixon. Suor escorria lentamente por sua testa.
O Pokémon dragão partiu em direção à Lunei, lançando suas garras numa espécie de corrida desenfreada. Por sorte o lupino desviou-se da rota de colisão, lançando seu corpo para o lado no momento crítico.
- Contra ataque agora! – Era a vez de Nix fazer sua investida.
O lupino de gelo uivou e avançou, rápido e evasivo como o vento do inverno. Seus movimentos desnortearam o Pokémon dragão, que tentava inutilmente aplicar-lhe uma sequência de arranhões e dentadas.
- Cerigon, pisa na terra! – Will ordenou. Esperava com isso fazer com que Lunei pisasse em falso e caísse direto nas garras de seu Pokémon.
Cerigon iniciou uma sequência de pesadas que fizeram estremecer a mini arena e todo o bondinho. A plateia incentivava e ia ao delírio, enquanto o pobre Jepeto jurava a deus já ter pagado todos os pecados naquela manhã.
- Lunei, dê voltas nele. – Nix gritava. – Salte! Salte, Lunei!
O lupino tentava da melhor maneira sincronizar os saltos com os tremores causados pelo Pokémon rival. Um passo em falso seria o suficiente para desequilibrá-lo e dar fim ao combate, pois o ataque de Cerigon era quase mortal, e muitas vezes preciso.
Foi quando o que William Bell menos esperava aconteceu. Cerigon revolveu a terra com tanta força em uma de suas pisadas que sua perna entrou fundo nas rochas da arena, ficando as garras alongadas solo adentro. Foi o momento perfeito para Lunei desferir seu golpe.
- É agora Lunei, Ataque Rápido. – O lupino lançou-se pra frente com um tremendo impulso, chocando-se contra o peito do vulnerável Cerigon. – De novo, não pare! – Fez isso repetidas vezes, enquanto o impotente Rolha-de-poço assistia a tudo sem poder fazer nada.
Lunei, incansável, aplicou patadas seguidas no corpo fatigado do rival, até que Nix o mandou retornar. Cerigon suspirou, caiu desfalecido no campo, cansado e enfraquecido pelos golpes do lupino de gelo. O juiz apitou e declarou o fim do combate. Nixon pulou, William prostrou-se de joelhos.
- Archibald Edwin Nixon é o vencedor! – Declarou Josh, erguendo o braço em direção ao esguio menino.
Houve um momento de silêncio total, como que para se digerir o que acabara de acontecer. Num estopim a plateia explodiu em palmas, atônita. Ninguém esperava que Glutão perdesse pra alguém como o pequeno Nix, nem mesmo ele.
Todos foram lá lhes dar os parabéns, meninos, meninas, jovens, velhos, os asseclas de William que haviam passado o semestre tornando-o alvo de piadinhas, e até mesmo o zelador Jepeto, que teria de pagar duas semanas de refrigerante para algum moleque sortudo que ousara apostar no Davi daquela parábola.
Foi quando Bronn, o famoso prodígio do dinheiro, deu um tapinha em suas costas e agradeceu. – Obrigado Nixon, você me fez lucrar bastante hoje. Com certeza vou me lembrar por muito tempo dessa bela manhã de sábado.