Capítulo I – Versus Caterpie!
Era uma manhã bem fria, ainda chovia um pouco. Um vento frio batia nas janelas das casas, o sol mal aparecia, estava coberto por uma nuvem bem grande. David dormia, se espalhando preguiçosamente em sua cama. Ainda era por volta das 07:00h da manhã, a entrega dos Pokémons seria meia hora mais tarde.
Liz abriu a porta do quarto do garoto e se andou até a cama do mesmo, balançando o ombro, tentando acordá-lo. Sem efeito.
- Ei, acorda. Já tá na hora. – Cansada de ficar tentar acordá-lo de forma gentil, ela decidiu agir do seu jeito, com suas duas mãos levantou metade da cama, a jogando com seu irmão ainda deitado nela contra a parede. – ACORDA, SEU IMBECIL!
Dave tomou um grande susto, se levantando na hora que caiu no chão, quase tendo sua cabeça decepada pela quina de sua cama.
- Tá doida, Liz?! Isso é jeito de acordar alguém? – Gritou o garoto, ainda assustado. – Eu poderia ter morrido de susto, sua besta!
- Cala a boca, eu disse ontem que você iria pro laboratório pegar seu Pokémon inicial. – Respondeu Liz, fazendo cara de pouco caso. – Já decidiu qual vai escolher?
- Não é dá sua conta! – Disse Dave, levando um cascudo. – Sei lá, talvez um Charmander. Treinadores de Charmanders fazem sucesso com as garotas.
- Xi...
- O que?
- Nada não, vai logo se vestir pra eu te deixar no laboratório.
- Eu vou sozinho, não sou mais criancinha.
- Cala a boca e vai se vestir.
O garoto saiu de seu quarto com uma toalha e foi até o banheiro, que ficava no meio do corredor. Ele entrou e fechou a porta, tirando seu pijama a entrando no chuveiro, enquanto resmungava alguma coisa sobre sua irmã.
Seu banho não demorou mais que cinco minutos, ele logo saiu e voltou para o seu quarto, vestindo uma bermuda azul, seu par de All-Star e uma camisa xadrez vermelho-alaranjada por cima de uma camiseta branca.
- Tá pronto? – Perguntou sua irmã, que o esperava sentada lendo uma revista na cama de seu irmão, agora colocada no lugar em que estava antes.
- Tá me vendo pelado, por acaso? – Dave respondeu com outra pergunta, logo levando um murro na cabeça e caindo meio metro do onde estava. – Saco.
Ele logo se levantou e os dois desceram as escadas, chegando à cozinha. A mãe dos dois estava sentada em frente a uma pequena mesa, tomando uma xícara de leite e iogurte. Ela era realmente bonita, tinha cabelos castanhos e olhos azuis. Em seu colo estava Gregory, tão morto de sono quanto seu irmão mais velho. Ele tinha cabelos loiros chegando aos ombros e olhos azuis. Ele vestia um macacão e uma camiseta amarela. Na cozinha havia uma Nidorina e um Farfetch’d dividindo um balde de ração.
- Bom dia... – Cumprimentou Gregory, com metade da cara em sua tigela de cereais.
- Bom dia, Greg. – Respondeu Dave, desanimado. – Bom dia, mãe.
- Bom dia! – Disse a bela mulher, sorrindo. – Meu pequeno treinador já está preparado pra começar sua jornada?
- Nunca concordei que iria começar nenhuma jornada. – Respondeu, chateado. – Só porque completei doze anos semana passada não significa que eu deva obrigatoriamente a ser um treinador. Não quero.
- Idiota, não é você que ama lutas entre Pokémons? – Perguntou Liz, irritando-se. – É tradição da nossa família, além disso, o Greg ainda é muito novo, se não você poderia se safar dessa, seu covardão.
- E você? Porque não se torna uma treinadora? – Contestou Dave.
- Ué, eu já fui. Quase todos os Pokémons daqui de casa são meus. – Respondeu a irmã mais velha, virando-se e apontando pra alguns que estavam na cozinha. – E isso já está decidido, nada que você falar vai mudar alguma coisa.
A mãe dos três se levantou, indo até Dave, que procurava por uma maçã na geladeira. Seus olhos eram realmente lindos, e aquele semblante calmo lhe dava um ar inexplicável.
- Desculpe por isso, querido. – Ela disse, sorrindo. – Mas estamos em uma situação financeira um pouco apertada. Desde que seu pai desapareceu... As coisas ficaram um pouco mais difíceis pra nós quatro. A Liz me ajuda com a colheita, preciso manter a casa e os nossos Pokémons. Sei que pode soar cruel, mas você se tornando um treinador vai ajudar muito na nossa situação. Você já está bem grandinho, tenho certeza de que vai se tornar um grande treinador no futuro.
Dave ficou calado por um momento, então ele simplesmente pegou a maçã no canto da geladeira e molhou-a abrindo a torneira, saindo da cozinha logo em seguida e abrindo a porta da cozinha, saindo de casa. Liz seguiu-o, também calada.
O garoto de cabelos castanhos ficou calado até que chegaram ao laboratório, era uma casa bem larga, tinha uma pintura branca e seu teto era solar. A porta da frente era de alumínio, ainda chovia. Na porta havia outras três crianças, esperando.
- Ei, vou te deixar aqui. – Disse Liz, cobrindo sua cabeça com o capuz de seu moletom. – Escuta, escolha com cuidado, não vai poder mudar de idéia depois. Eu cheguei atrasada no dia da entrega quando tinha a sua idade, então acabei tendo que capturar um Pokémon por conta própria. Então eu e a mãe conversamos com o prof.Carvalho e...
- Tá bom, legal! A gente conversa direito quando eu chegar em Viridian!
Dave correu até a porta, deixando sua irmã falando sozinho. Liz se controlou pra não xingar seu irmão mais novo na frente de todos os outros pretendentes e logo andou à caminho de casa. Tirando ele haviam quatro pessoas na porta do laboratório, duas meninas e dois meninos. Quase todos estavam calados, mesmo quando ele chegou.
- Hmm, oi. – Disse Dave, com um sorriso meio sem jeito.
- E aí! – Cumprimentou outro menino, que estava a direita da menina de cabelos castanhos claros. – Qual é o seu nome?
- Hã, Dave Hetfield. – Respondeu, olhando pra cada um dos adolescentes. – E você?
- Meu nome é Tyson Wells. – Tyson informou, sorrindo amigavelmente. – Nós três chegamos faz uns cinco minutos, mas ninguém se conhece ainda. Se vamos nos encontrar nessa jornada, seria mais legal se nos conhecêssemos logo. Eu já disse o meu nome, agora é a vez de vocês.
Aquele garoto simpático tinha cabelos vermelhos e olhos castanhos bem claros. Ele vestia um moletom azul cinzento e uma calça jeans.
- Meu nome é Kimberly Thompson, mas todo mundo me chama de Kim. – Disse uma menina de cabelos castanhos bem claros e olhos azuis. Ela também parecia um pouco simpática, vestia shorts jeans e uma camiseta azul clara.
- Thabitha. – Respondeu a outra, de longos cabelos loiros e olhos castanhos claros. Ela estava vestindo uma jaqueta preta por cima de uma camiseta amarela.
O único que não respondeu foi um garoto, que estava encostado na parede ouvindo música em seu MP3. Seus cabelos eram prateados e seus olhos eram verdes, seu olhar era estranho, ao mesmo tempo em que não mostrava nenhum sinal de ameaça, parecia penetrar quem ousasse encarar seus olhos por muito tempo. Quando o cutucaram no ombro, ele tirou seus fones e pelos seus olhos pareciam perguntar o que queriam.
- Qual é o seu nome? – Perguntou Tyson, curioso.
- Hm? Seth Mustaine.
Tyson e Dave continuaram conversando, o garoto de cabelos vermelhos parecia não querer se calar em momento nenhum, odiava não ter nada pra fazer e aquele momento seria ideal pra conhecer seus amigos ou rivais.
De repente, ouviu-se o barulho de chaves. A porta branca de alumínio começou a se abrir, havia dado exatamente 7:30h. O homem que abrira a porta tinha a aparência de quem estava na casa da meia-idade. Ele tinha cabelos grisalhos e olhos castanhos, ele vestia um jaleco branco por cima de uma camisa social azul arroxeada, além de calças marrons. Era muito conhecido no mundo por ser o pioneiro do estudo dos Pokémons.
- Bom dia, crianças. Eu sou o prof.Carvalho. – O senhor se apresentou, sorrindo amigavelmente. – Vejo que dois ficarão sem um dos Pokémons iniciais originais. Mas não se preocupem, ninguém ficará sem nenhum Pokémon.
Os cinco adolescentes entraram no laboratório, seguindo o sábio senhor, que continuava sempre com um olhar confiante e simpático. Os seis passaram por diversos cientistas de aparência praticamente igual, todos concentrados digitando rapidamente em seus Notebooks provavelmente fazendo uma pesquisa nova.
Chegaram á uma pequena mesa, havia três Poké-balls lá. Lá estavam Charmander, Squirtle e Bulbasaur, os Pokémons iniciais da região de Kanto. De uma gaveta Carvalho tirou mais duas esferas bem transparentes e as colocou na mesa. Lá estavam Eevee e Pikachu.
- Bom, a ordem de quem vai escolher primeiro não vai ser por ordem de chegada e sim pela ordem na primeira letra do primeiro nome de vocês, ok? – Disse o professor, coçando seus cabelos. – Quem vai primeiro então? David? Sua mãe me pediu pra que eu reservasse o Bulb...
- Eu quero o Bulbasaur.
O velho professor se surpreendeu com a decisão pelo fato de que a maioria dos que tinham a chance de escolher primeiro sempre escolhiam o Charmander ou o Squirtle, o Bulbasaur normalmente ficava com o último dos pretendentes.
- Tem certeza? Não vai poder mudar de idéia depois que escolher.
- Não, eu quero mesmo o Bulbasaur. Foi o que eu mais simpatizei.
Dave pegou a Poké-ball e ficou observando-a. Dentro dela dava pra ver um pequeno monstrinho, com um bulbo em suas costas e olhos vermelhos. Parecia um pouco tímido. Depois veio Kim, que depois de alguns segundos decidiu escolher o Squirtle. Seth escolheu o Charmander e Thabitha e Tyson escolheram Pikachu e Eevee respectivamente. Cada um recebeu cinco Poké-balls, além da do Pokémon que haviam escolhido.
- Certo, quero entregar pra vocês a Poké-dex. – Disse Carvalho, rapidamente um de seus assistentes trouxe em um carrinho cinco aparelhos avermelhados, parecidos com uma agenda eletrônica. – É uma enciclopédia eletrônica, quando vocês capturarem um Pokémon, automaticamente a Poké-Dex irá gravar as informações dos seus Pokémons.
Cada um recebeu uma Poké-Dex. Quase todos guardaram em suas mochilas, Dave era o único sem mochila, tinha esquecido de pegar a sua em casa. Ele guardou as Pokéballs nas fivelas de seus cintos e a Poké-Dex no bolso. Tinha que passar em casa de uma forma ou outra.
- Dave, vamos seguir jornada juntos? – Perguntou Tyson, sorrindo. – É mais divertido assim.
- Pode ser, ainda vou pegar minha mochila em casa, então me espere na saída da cidade. – Respondeu Dave, enquanto guardava a Pokéball de seu Bulbasaur em seu outro bolso.
Todos os outros já haviam saído, só o garoto de cabelos castanhos ainda continuava no laboratório. Ele suspirou fundo.
- Você não quer ser um treinador, quer, Dave? – Perguntou o professor, enquanto mexia em suas gavetas. – Sua irmã me disse que você ama batalhas.
- Sim, mas eu só gosto de assistir. Não acho que eu leve jeito pra batalhas. – Respondeu o rapaz, desanimado. – Só vou ser um treinador pra ajudar minha família.
- Hm... Dave, me siga. Tem uma coisa que eu quero lhe mostrar.
Os dois seguiram até a porta dos fundos do laboratório, e quando o senhor abriu-a Dave viu um belo campo de luta improvisado. A grama estava bem aparada, tinha um pouco de lama, por culpa da chuva. Mas ainda era possível batalhar lá.
- Quero que batalhe comigo. – Disse o professor, tirando uma Poké-ball de seu jaleco. – Não se preocupe, vou pegar leve. Vá, Caterpie!
O professor lançou sua esfera para o alto e a mesma se abriu, soltando uma luz e tomando forma em um pequeno insetinho verde. Seus olhos eram grandes, ele parecia uma larva, pela forma como se rastejava.
- Vamos, essa vai ser a sua primeira batalha. Vou te convencer que batalhas entre treinadores são muito divertidas. – Falou Carvalho, sorrindo.
- Tá bom, tá bom. – Resmungou Dave, soltando seu Pokémon. – Vai, Bulbasaur! Agora me lembrei, quais são os ataques dele mesmo?
- É nessas horas que você precisa da sua Poké-Dex. Veja aí.
O garoto puxou de seu bolso sua enciclopédia e apontou a câmera para seu Bulbasaur, que analisou o mesmo por alguns segundos, logo em seguida uma voz robótica saiu:
‘’
Bulbasaur, lvl 5. Ataques: Tackle|Growl|__|__’’
- Certo… Saur, comece com o Tackle! – Dave gritou, enquanto observava o pequeno Caterpie.
- Desvie e use o String Shot! – Disse o professor, agora suas feições estavam menos simpáticas, ele estava um pouco mais sério.
O Pokémon-bulbo avançou em direção ao pequeno inseto, que tentou desviar, mas acabou sendo acertado e caiu à alguns metros, mas logo se levantou e de sua ‘’boca’’ expeliu uma espécie de teia, que impediu o Bulbasaur de se mover.
- Agora use Tackle! – Gritou Carvalho.
- Defenda-se!
Caterpie avançou em direção ao seu adversário, que estava preso à teia lançada por ele. Com uma trombada violenta, derrubou o Pokémon-bulbo. Havia doído bastante, mas em compensação a teia havia saído. Saur levantou-se logo em seguida.
- Certo, use o Tackle! – Disse Dave, apontando seu dedo indicador em direção ao Pokémon adversário. – Se ele desviar uso o Growl!
- String Shot!
Aquele Bulbasaur era um pouco lento, mesmo para um Bulbasaur. Ele tentou trombar com o Pokémon inseto, mas ele desviou por segundos. No momento em que Caterpie ia ouvir a ordem de seu treinador, Saur deu um grunido muito alto, impedindo-o de dar qualquer ataque. O Pokémon de grama deu uma bela cabeçada no inseto, que caiu perto do professor.
- Levante-se e use o Bug Bite! – Comandou Carvalho.
- Use o Tackle! – Gritou Dave.
Saur estava avançando em direção à Caterpie, mas no momento em que ia acertá-lo, levou uma fortíssima mordida do inseto. O Pokémon bulbo caiu desmaiado na hora. Dave o retornou para a Pokéball e olhou para seu Pokémon inicial dentro da esfera, ele parecia exausto. O garoto ficou calado por alguns segundos e abaixou a cabeça, fazendo uma sombra que cobrisse seus olhos.
- Tem razão, batalhas são divertidas! – Disse Dave, sorrindo. – Parabéns, professor!
- Obrigado, essa foi uma boa batalha. Quem sabe da próxima vez que voltar aqui a luta seja mais divertida pra nós dois. – Agradeceu o professor. – Fiquei impressionado, pensei que seu Bulbasaur não aguentaria cinco minutos contra o meu Caterpie, que está no lvl. 19.
Os dois voltaram para o laboratório e recarregaram as energias do inicial de grama em uma máquina próxima ao computador do professor. Dave se despediu e saiu do laboratório.
Passando em casa, ele se surpreendeu ao ver sua mochila na porta de casa. Nisso ele teve certeza de que sua mãe estava chorando e que ela não queria que ele a visse assim, por isso pegou sua mochila e andou direto em direção à saída da cidade.
- Demorou, hein? – Disse Tyson, que esperava recostado no tronco de um pinheiro. – Vamos nessa?
- Vamos! – Dave concordou, sorrindo.
To Be Continued