Quantas vezes vocês já não leram um título semelhante em sites ao redor do mundo? Quantas dicas já não receberam para criar personagens únicos e diversificados? Bem, vou tentar dar meu parecer sobre o tema, e espero que possam aprender algo de novo!
Em primeiro lugar, vamos nos lembrar que os personagens são a grande roda dentada que faz uma narrativa acontecer.
Em primeiro lugar, vamos pegar como exemplo o Dungeons & Dragons: Um grupo de aventureiros realiza aventuras onde no processo, na maioria das vezes, acaba salvando inocentes de perigos diversos. É CLICHÊ! Não importa quais os motivos que estão guiando os personagens e vilões, quais os métodos para os personagens conseguirem vencer os adversários e conseguir seu objetivo, a idéia em si é clichê, porque a maioria esmagadora dos conceitos de enredo é clichê!
E isso leva à dica nº 1 de como criar um personagem interessante:
1. Clichê é legal!As pessoas sofreram influência da internet e meios de comunicação, sendo levadas a achar que clichê é ruim, é falta de originalidade. Mas diga-me, o que é realmente original em nosso dia-a-dia? Tem certeza de que o que você pensou é original? Ou seria um aprimoramento de diversas coisas criadas no passado?
Ao criar um personagem Elfo Arqueiro, ou um Anão Guerreiro beberrão e resmungão, uma Humana Maga sensível e que é faminta por conhecimento, um vilão com um fumanchu preto, roupas vermelhas e risada maléfica e etc, você não está sendo um copião sem criatividade. Está trazendo as idéias que você tem de o que é legal ou não para seu enredo. E acredite: muitas pessoas podem concordar com você e achar seu personagem clichêzado muito legal! Só nunca se esqueça de que se inspirar é diferente de copiar! Os personagens do Gears of War são inspirados em Space Marines, mas são ambos bem diferentes.
2. Um bom enredo é aquele que possui personagens interpretativos e dedicados, e situações criativas.Como escritor, seu papel... sua OBRIGAÇÃO é interpretar decentemente. Não há problemas um personagem possuir sua personalidade, mas deve se manter em mente que personalidade difere grandemente de visão do mundo. Ou seja, ele pode ser carinhoso e bondoso como você, mas isso não quer dizer que só porque você acharia um kobold assustador, seu personagem que vive num mundo repleto desses bichos iria correr dele. Se o fizesse, seria meio difícil encaixar seu personagem na categoria “herói”.
Para encerrar a questão interpretação, eis a dica: tente não fazer TODOS os seus personagens serem iguais. Mude sempre, tente coisas novas. Interprete o sexo oposto, crie um bravo guerreiro, ou um ladino hipócrita, ou um vampiro sociopata, ou um detetive viciado em drogas. Acima de tudo isso, FAÇA-OS CONVINCENTES! Como o seu sociopata se sente em relação às pessoas? O que ele pensaria em determinada situação? Isso condiz às necessidades químicas/psicológicas/corporais/emocionais dele? Você é o único responsável por tal pensamento, sendo seu personagem um clichê ou não. E acredite, esse é o grande diferencial: o que vai acontecer com ele?
Se seu viciado em drogas ter suas drogas durante o enredo inteiro, tudo bem. Vai ser um traço a seu respeito. Mas e quando a falta dessas drogas acontecer, isso virará uma pedra em seu sapato? Pense bem: as histórias podem ficar mais difíceis de serem escritas com esses contratempos alheios ao enredo principal, mas isso é o que gera credibilidade à mesma. Acredite!
Então pense de vez em quando em traços que podem gerar contratempos inesperados. Você verá seu leitor com um sorriso de surpresa no rosto enquanto seu protagonista sofre e chora.
3. A psicologia do personagemAo se escrever um livro, criar um game, ou lidar com qualquer criação de uma pessoa fictícia, ela deixa de ser tão fictícia assim. A psicologia (e recentemente o roteiro cinematográfico) crê que para cada indivíduo, na verdade existem três. Se pergunte agora:
- Quem eu sou?
- Quem eu penso que sou?
- Quem eu quero ser?
Sua primeira reposta foi errada. Não importa o quanto tentemos, o quão sincero formos, o quanto nos martirizarmos, essa resposta só está correta quando dita por alguém de FORA de seu corpo (portanto, segunda personalidade e espíritos encarnados não contam). Logo, seu personagem também sempre estará um pouco equivocado em relação à suas capacidades, moral e etc.
Mantendo em mente que seu personagem realmente existe (e existe mesmo), levamos ao ponto dois: como os seres inteligentes (e de uma cultura não-alienígena) o vê? Isso é muito importante para o mestre poder criar um universo realista em volta de seu personagem. Não espere que ele vai aceitar o “todas as garotas ficam aos meus pés e os caras não se importam”. Isso não costuma funcionar.
A pergunta final nos leva ao próximo ponto:
4. A motivação do personagemAqui, toda resposta é válida. Ele pode “gostar de aventuras”, isso é uma resposta perfeitamente aceitável. Uma dica que eu gosto muito de dar é criar um panorama geral do que o personagem fez de interessante durante sua vida. Isso ajuda o mestre a criar npcs que têm alguma ligação passada com o personagem, criando uma estória mais crível e imprevisível!
Ele tem algum trauma? Algum preconceito? Essas coisas o influenciam como em relação ao que deseja? Ele busca felicidade através do que?
Toda personagem, assim como toda pessoa, tem cada uma de suas ações justificada pela busca pelo prazer. Tudo, por mais sádico e maléfico que seja, que um personagem fizer será para buscar algum tipo de prazer, então pense. Afinal, como esse objetivo trará algum prazer para a vida de meu personagem? Essa resposta geralmente é a mais óbvia possível, pois geralmente tem como resposta a satisfação de um sentimento ou necessidade.
Como ele age em situações decisivas? Isso somado às suas motivações cria o verdadeiro “eu” dele. O que ele realmente é, por mais diferente que seja do que acredita ser. Personagens com uma variação entre esses dois costumam ser extremamente divertidos!
- Citação :
Esse texto foi originalmente escrito por mim para o Blog do Mestre Walla e adaptado para o mundo literário. Se gostam de rpg, ele ficará feliz com seus acessos <3