Capitulo 1 - Sinais de início. Parte I
Calor.
Muito calor.
Eu soube de imediato que era o sol. Foi um instante enquanto eu abria os meus olhos e me sentava completamente direito na cama.
Era a altura.
Não tinha conseguido adormecer antes das três da manha, mas isso nao me impediu de acordar por volta das...
Olhei para o meu relógio com um Pidgeotto que eu tinha desde os meus cinco anos. Eram seis da manha.
A minha marcação no laboratório do Prof. Oak seria em três horas.Saí da cama entre tropeções e palavras menos educadas. Eu nao estava cançado, e de qualquer modo não queria arriscar atrasar-me de forma alguma. Afinal de contas, hoje seria um dia especial, um dia que muitas crianças anseiam ao fazerem 10 anos.
Chegara finalmente a altura de eu receber a minha licença para me tornar um treinador pokémon.
De entre todos os meus amigos, eu era aquele que sabia mais acerca de pokémons. Eu comecei a estudar quando tinha três anos, lendo todos os livros conhecidos, assistindo a todas as novas descobertas e vendo todos os documentários televisivos onde apareciam renomados professores. Os meus preferidos eram os programas televisivos onde aparecia o Professor Oak. O "Pokemon Live Caster" era um deles. Descobri tantas coisas novas através desse seriado... E, como é óbvio, não perdia nenhuma entrevista da DJ Mary ao professor.
Fiquei perdido nos meus pensamentos enquanto tomava banho, sequei o meu cabelo, escovei os dentes. E, quando estava devidamente vestido, desci para a cozinha.
Estava tudo tão calmo.
A minha mãe ainda não se tinha levantado.
A minha mãe...
Eu preocupo-me tanto com ela que fiquei verdadeiramente surpreendido quando ela me permitiu ir numa jornada.
Maggie, a minha irmã, havia partido na sua própria jornada para ser uma treinadora pokémon. Ela saiu de casa há um ano atrás e não foi particularmente fácil. A última coisa que ouvi acerca dela, há um mês atrás, era que ela tinha apenas três insígnias, o que é pouco, levando em conta o tempo que ela esteve fora. Maggie teve que perder a liga pokémon deste ano. Treinadores têm que derrotar oito dos poderosos treinadores conhecidos como líderes de ginásios em ordem para ganhar oito insígnias, que lhes permitem a entrada na liga pokémon. Maggie quis desistir várias vezes da sua jornada. e muitas delas ligava para casa a chorar.
A minha mãe teve que a acalmar e encorajar a seguir em frente. "Não podes voltar para casa até te tornares uma Mestre pokémon e teres capturado todos os mil pokémons existentes." disse ela. É claro que ela estava apenas a brincar quando dizia que Maggie nao podia voltar para casa.
Quando ela me deu permissão para seguir na minha própria jornada, foi uma enorme surpresa. Visto que andava constantemente preocupada com a minha irmã e tendo em conta o facto do meu pai ter morrido na sua própria aventura.
Ele foi numa jornada, tentando ser o melhor de todos e ter uma melhor relação com os seus pokémons. O seu plano era criar um nome e assim ganhar notoridade como líder de ginásio ou, quem sabe, membro da elite dos 4.
Eu não tenho a certeza de como ele morreu. A minha mãe não fala muito sobre isso. A única coisa que sei, é que ela tem muitas saudades dele.
O que mais me irrita, é não entender porque é que o meu pai saiu de casa para começar. Nós vivíamos numa bela casa, na vila de Pallet, na mesma rua que o renomado Professor Samuel Oak. E, apesar de não sermos ricos, atrevo me a dizer que tínhamos uma vida bastante confortável. O que é que ele podia querer mais? Ás vezes penso que ele era simplesmente egoísta e ganancioso, querendo muito mais que o necessário. Outras vezes, penso que foi a minha mãe que teve culpa da sua partida.
Ela pode ser bastante irritante ás vezes. Ele podia ter saído para encontrar paz. Eu sei que se não estivesse para me tornar um treinador, talvez eu próprio tivesse que fugir de casa.
- Porque estás acordado tão cedo?
Virei-me e dei de caras com a minha mãe postada no alto das escada. "Mãe"!
Os seus olhos estavam carregados de lágrimas.
Fui até ela. "Estás Bem?"
A pergunta foi desnecessária. É claro que ela não está bem. Abracei-a com força. Ela fungou e esfregou os olhos duas ou três vezes.
- Estou bem, querido. Obrigada.
Voltei a abraçá-la, dizendo algo como: "Amo-te mãe."
- E eu a ti, Garret. - disse ela abraçando-me novamente com força - Mas porque é que estás acordado tão cedo? São sete da manhã. Podias ter dormido até ás oito. Estevas sem sono?
Sorri-lhe.
- Como é que eu podia dormir? - perguntei - Hoje é o dia em que me torno um mestre pokémon. O dia em que começo a capturar todos os pokémons que existem.
A minha mãe gargalhou.
- Meu deus... - exclamou ela pensativa - Mil pokémon parecem ser bastantes...
Eu pensei em contar-lhe que não existem mesmo mil tipos de pokémons. Mas para quê? Não era importante.
- Bom.. - continuou - Vou fazer-te um excelente café-da-manhã hoje. Era suposto ser uma surpresa.
Mesmo olhando para o seu sorriso, eu conseguia ver a dor escondida nos seus olhos. Será que ela fez a mesma coisa para a minha irmã? E para o meu pai?.. Forcei um sorriso.
Ela foi até ao frigorífico e tirou ovos, leite, manteiga, entre outras coisas, enquanto eu me sentava á mesa ansioso.
A minha mãe virou-se para mim, e com um olhar apreensivo perguntou:
- Lavas-te os dentes?
- Foi a primeira coisa que fiz. - respondi-lhe.
Enquanto esperava pela comida, comecei a pensar nos meus amigos, e depois em pokémons.
Alice.
Ricky.
Katherine.
Os meus melhores amigos.
Nós os quatro tínhamos uma hora marcada no laboratório do Professor Oak para receber um de três pokémons. Não faço a mínima ideia de como isso irá funcionar. Esses três pokémons eram os iniciais de Kanto.
Bulbasaur, o pokémon do tipo grama de veneno.
O tipo de fogo, Charmander.
E o pokémon de água, Squirtle.
Mas como seriam três pokémons divididos por quatro treinadores?
Enquanto eu estava novamente perdido nos meus pensamentos, a minha mãe posou um prato com panquecas, ovos, salsichas e bacon, todos mergulhados num delicioso molho, em frente a mim, fazendo algum barulho. "Está aqui!" - Disse ela de uma forma um tanto rude, e saiu da cozinha.
Olhei para ela pelo canto do olho. Eu não percebo a minha mãe. Ainda bem que este era o meu último dia aqui. Comi rapidamente. Estava delicioso, mas não consegui aproveitar, pois as estranhas mudanças de humor da minha mãe começavam a estragar o que devia ser um dos dias mais felizes da minha vida. Que bela maneira de tratar um filho no último dia que ele passa em casa.... "Talvez ela esteja só assustada." Pensei. Depois de lavar o meu prato, sentei-me novamente sozinho na cozinha. A pensar. Nervoso. Excitado.
Respirei fundo e subi para o meu quarto. Olhei-me ao espelho. Jeans pretos e um T-shirt branca. Trazia também vestida a minha jaqueta preferida, com o pokemon mais forte de todo o mundo desenhado no lado direito, Mewtwo.
Como eu sonhei com o dia em que iria encontrar aquele pokémon e, talvez quem sabe, capturá-lo.
Peguei no meu boné preto com uma pokébola vermelha desenhada e coloquei-o na cabeça. Olhei em redor á procura da minha mochila. Estranho, não parecia estar em lugar nenhum.
- Á procura disto?
Olhei para a porta do quarto e lá estava a minha mãe, segurando a minha velha e preta mochila. "Sim. Onde a encontras-te?"
- Eu é que a tinha. - respondeu-me ela - Enchi-a ontem com roupas lavadas, comida, sabão e algumas poções e antídotos que a garota da pokémart na cidade de Viridian me disse que eram importantes para um treinador iniciante.
Eu sorri e aceitei a mochila, mas a minha mãe já não sorria.
- Bom... Acho que me vou embora. - falei.
- Porquê? - ela olhou para o relógio de Pidgeotto - Ainda são oito horas. Ainda tens bastante tempo. O professor Oak não vive longe de nós.
- Eu sei, mas eu só quero apanhar um pouco de ar. Estou nervoso. Acho que andar um pouco me vai fazer bem. Talvez até fale com o professor antes dos outros lá chegarem.
Ela olhou para mim em choque: "Isso não faz sentido nenhum. É uma estupidez ires tão cedo."
- Estou ansioso para começar a minha viagem, será que nao percebes? Estou excitado!! - Sorri para reforçar a ideia. Isto só fez a minha mãe franzir mais as rugas da testa.
- Está bem! Faz o que quiseres! - Ela saiu do quarto de rompante.
- PORQUE É QUE TU ÉS SEMPRE ASSIM?? - Eu desci pelas escadas enquanto ela batia com a porta do seu quarto. Não levou muito tempo até ser eu quem batia agora uma porta. A de saída. E tomava o meu caminho sem nenhum rumo em particular. Eu só queria sair daquela casa. Fui-me acalmando enquanto passava em frente a algumas casas, incluindo a casa da Katherine, da Alice, e por último a casa de Ricky.
Não demorou muito até eu chegar á estrada que levava á mansão do Professor Oak. "Que Bela vida." Pensei. Será que era esta a vida que o meu pai estava a tentar conseguir para nós? Olhei mais á frente da mansão e deparei-me com a rota 1. Era aí que as crianças de Pallet iniciavam a sua viagem. Pensei o que estaria á minha espera...
Um pequeno movimento do meu lado direito chamou-me a atenção. Olhei e deparei-me com um pequeno Rattata. Olhei novamente para a mansão e, quando voltei a dar a minha atenção ao pequeno ratinho, este tinha desaparecido. Mais á frente vi algo. Uma cauda? Seria Rattata?
Não. Aquela não era a habitual cauda roxa do Rattata. Pensei. Esta era branca, ou rosa. E.. estava no ar..? Seria um pokémon voador? Enfim... Pena que não tenha conseguido ver nada para além da sua cauda.. Uma cauda que nem a do Rattata, embora fosse de outra cor. Mas algo não parecia certo. Aquela cauda parecia tão familiar.
Algo dentro de mim me dizia para o seguir.
Havia algo acerca daquela cauda que me intrigava... Algo mais importante que um simples Rattata.
Saí da frente da mansão do professor e segui em direcção aos arbustos.
Em busca do desconhecido...