Pokémon Royal, The Destiny!

Em um enorme navio, enquanto milhares conversavam, se divertiam e gargalhavam, ao canto do deck superior, longe de todos, uma garota encarava seu diário. Sua letra era fina e trabalhada. A tinta rosa que estava no diário era fresca, ela tinha acabado de escrever no momento. Ao fim, ela escreveu "Audrey Houstten." Esse era o nome dela. Sua aparência era ótima. Tinha quase um metro e setenta e cinco, seu cabelo era castanho escuro.
Uma pequena ursa estava ao lado dela.
― Teddy, estamos quase chegando. ― Disse a jovem. A ursinha sorriu, emitiu um som com a sua boca, e então encostou-se na garota. Elas adormeceram juntas, esperando o navio chegar.
Uma explosão as interrompeu.
― Teddy, o que é isso? E-eu não estou vendo nada. ― Gritava a garota. A teddiursa gritava seu nome, enquanto choramingava. Uma cortina de fumaça impedia todos de enxergar. Audrey teve uma idéia. Retornou a ursinha para a bola.
― Wargle, vá! ― Disse alguém aleatório. Uma enorme ave apareceu ao céu, e então, com o seu bater de asas, fez a fumaça desaparecer. Todos estavam tossindo.
― Q-quem é você? ― Perguntou Audrey. Ela tentou controlar a tosse. Ela encarava o jovem, como se ele fosse conhecido. Sua sobrancelha se arqueou, e então, as palavras foram expelidas pelo homem.
― Sou Pierre Despereaux, o último mestre Pokemon de Unova. E você, quem é? ― Seu olhar era de desdém. Ele era muito convencido. Enquanto arrumava seu cabelo com a mão, recolhia Wargle para a pokeball com a outra mão.
Audrey tinha vontade de não responder. Ela odiava gente convencida, mas seus pais haviam lhe ensinado a ser educada, e então, após alguns segundos, ela respondeu.
― Sou Audrey Houstten. ― Em seus pensamentos, uma série de palavras eram para sair juntamente com seu nome, mas em algum momento, ela se perdeu nos olhos de Pierre. Ele era lindo na visão dela. Tinha cabelo loiro, covinhas, sorriso bem branco e olhar de vencedor. Tudo o que o irmão de Audrey tinha, antes de morrer.
A viagem continuou, e Pierre acabou revelando ser alguém bem interessante. Na verdade o sonho dele era ser Criador Pokémon, e agora que havia realizado o sonho de seu falecido avô, estaria pronto para realizar o dele. Audrey ficou com vergonha de falar o que queria, mas Pierre a pressionou. Então ela começou a contar.
― Bom, a três anos atrás... ― Começou. Seus olhos já estavam marejados, e então Pierre a abraçou. ― Meu irmão, Thomas, faleceu. Ele estava em uma jornada, queria ser um Arqueólogo/Pesquisador Pokémon. ― Disse. Pierre parecia muito interessado. ― Ele nos enviava cartas, relatórios e notícias, e acabou me contando que existia um jeito de fazer os mortos reviverem. Era necessário recolher as dez relíquias do poder, e então, seria concedido um desejo qualquer, um desejo sem restrições para a pessoa que a juntasse e fizesse o tributo da Realeza. ― Ela soluçou. Algumas lágrimas brotavam de seus olhos, e então passavam a rolar por seu rosto. ― Ele estava tão perto. ― Soluçou. ― Já tinha sete relíquias, e então, ao tentar pegar a oitava, perto da Victory Road, um pedregulho enorme caiu em cima dele. Ele passou três meses em coma, com expectativas de vida, mas então, não conseguiram salvar ele. As relíquias já não estavam mais em seu poder. Apenas um mapa estava com ele, e eu peguei. ― As lágrimas já estavam encharcando a roupa de Audrey. Ela teve que parar por um momento. ― Agora eu estou aqui, e tenho uma missão. Trazer meu irmão a vida.
Os olhos da garota tinham um brilho de fúria, um brilho de garra. Pierre sorriu, e então abraçou a garota. Ela sorriu enquanto abraçava-o. A garota fitava o novo amigo com desejo. Ele correspondia, e então, em um simples beijo, eles sentiram que ficariam unidos.

O navio havia atracado em Castelia City. A cidade grande da região de Unova, repleta de arranha-céus, pessoas barulhentas e gente ocupada. Apesar de todas as características de cidade grande, Castelia era extremamente colorida e alto-astral. Muitos pokémons andavam pela rua, e a maioria era domesticado. A cidade tinha um enorme foco em fazer as propagandas pokémons que apareciam na TV.
Secretamente, Audrey sempre quis ter uma vida cheia de glamour, mas em função da morte do seu irmão, desistiu do sonho.

― Pierre, você vai ficar aqui? Depois o navio vai passar por Kanoko Town, é onde eu começarei minha Jornada. Combinei de encontrar a professora Juniper lá. Ela vai me dar muitas instruções, e me prometeu um pokémon de Unova, para que não fiquem me perguntando como eu possuo uma Teddiursa. ― Dizia pausadamente. Sua boca estava coberta por uma fina camada de batom rosa-claro, e enquanto dizia, suas mãos articulavam-se, e seu cabelo balançava.

Pierre estava de malas prontas. Ele ficaria em Castelia. Seu cabelo preto estava desarrumado e molhado. Ele usava uma calça jeans preta, e uma camiseta branca básica. Ele tinha um número considerável de músculos. Seu sorriso torto encantava Audrey. Seus olhos verdes encaravam a nova amiga, e então, compulsivamente, ele a abraçou.

― Audrey. Eu fico por aqui. Mesmo tendo sido por pouco tempo, eu gostei de te conhecer. Em breve nos veremos. Eu estarei em Sanyou em poucos dias. Tenho um assunto a resolver aqui. ― Ele começou a se atrapalhar nas palavras nesse momento. Sua respiração era acelerada, ele estava ansioso. ― Por favor, aceite esse ovo. Eu encontrei-o a poucos meses atrás, e até agora ele não apresentou desenvolvimento algum. ― Continuou. Nesse momento, parou de abraçar Audrey e retirou da sua mochila um pequeno ovo. Ele tinha amarela, e listras rosadas percorriam toda a sua extensão. ― Bom, agora eu vou lá. Até breve. ― Ele findou. Seus passos eram rápidos, e o vento batia contra seu rosto, levando seu cabelo para trás.

Audrey estava sozinha naquele navio. Não conhecia ninguém. Somente Teddy estava com ela, mas com a proximidade de Kanoko Town, a melhor escolha fora deixar a ursinha dentro da pokébola.
Meia hora. Esse era o tempo que o barco ainda estava parado. Audrey já não suportava mais a espera. Seus olhos amendoados observavam cada passageiro que caminhava pelo deck do navio. Todos tinham cara de ocupados, grandes executivos. Apesar de ter nascido em uma família boa, com renda alta, Audrey não usava as melhores roupas do navio. Seu short jeans estava um pouco rasgado, e tinha tiras brancas nele. Usava uma blusa sem mangas branca, e por cima estava com um colete preto. Tinha uma bolsa laranja atravessada no corpo, e nos seus pés estavam seus queridos Running Shoes. Seu cabelo estava solto, com uma franja no rosto, que era presa por uma headband azul naive trançada.

― Que pokémon será que é esse? ― Indagava-se. Alguns dos passageiros a encaravam, como se ela fosse louca. Ela ficava encarando o ovo, como se isso fosse fazer ele chocar mais rápido. Ela estava tão obcecada que nem havia percebido que o navio estava em movimento. Uma virada brusca empurrou Audrey, quase deixando o ovo cair. Ela esfregava seu braço com a mão esquerda, e fazia cara feia para todos os lados. Ela ainda tentava identificar de onde havia vindo o ataque, quando finalmente identificou.

Um Oshawott sem concha estava encarando-a. Seus olhos transbordavam de tantas lágrimas, e ele mantinha uma cara zangada. Sua cabeça se movia para todos os lados, como se ele tivesse perdido algo. Audrey ficou pensando por alguns minutos, tentando identificar a causa da fúria e preocupação do pokémon. Era tão simples: Ele havia perdido a concha.

― Ei amiguinho, você perdeu sua concha? É isso? ― Perguntou ela, aproximando-se lentamente do pokémon. A resposta era praticamente óbvia. A cabeça branca do pokémon aquático balançou de cima para baixo, identificando que esse era o problema.

― Osha, Osha Osha! ― Ele gritou. Seu grunhido era fofo. Tinha um som aveludado, parecia voz de criança. Provavelmente era um Oshawott recém nascido. Audrey colocou a lontra no colo, e então, junto com ela, passou a procurar a concha perdida.

― Você tem por acaso alguma idéia de onde a deixou? ― Perguntou Audrey. O Oshawott saiu de seu colo, e disparou em direção ao corredor das cabines. Ficou em frente a uma suíte de luxo, deixando Audrey abismada. Ou o pokémon tinha dono, ou sabia arrombar cabines.

As mãos delicadas de Audrey bateram na porta da cabine. Ela ouviu uma série de xingamentos do outro lado da porta. A superfície metálica de cor laranja fora aberta, revelando um enorme homem. Tinha cabelos grisalhos, olhos castanhos e usava um terno preto. Tinha uma expressão facial fria, que amedrontou a lontra.

― Olá, desculpa o incômodo, mas esse Oshawott perdeu a concha. Ele veio disparando para cá quando perguntei se ele tinha idéia de onde estava. Por acaso ele é seu? ― Perguntou Audrey, revelando um tímido sorriso branco. O senhor encarou a jovem de cima a baixo, e então deixou um pigarro de desprezo escapar.

― Sim, a concha desse Oshawott está aqui. Ele não é meu pokémon. Bom, não mais. Essa coisa fraca nunca vai ser forte. Eu tenho desprezo de tê-lo. Nunca queria ter capturado ele. ― As palavras abalaram Audrey. Seu sorriso se transformou rapidamente em uma cara feia. O Oshawott chorava feito um bebê ao lado da amiga. Uma série de palavrões se formaram na cabeça de Audrey, mas com toda a classe que possuía, respondeu:

― Bom, o Oshawott está procurando pela concha. Se puder entregar eu agradeceria. ― O homem atirou a concha na cabeça do pequeno pokémon aquático, e bateu a porta. Um enorme estrondo formou-se, ecoando por toda a extensão do corredor. O Oshawott segurou sua concha, e partiu cabisbaixo pelo navio.

― Ei, Oshawott! Espere. ― Gritou Audrey. A lontra marinha girou seu corpo, e passou a encarar a jovem. ― Eu quero você. Agora. ― Gargalhou. O Oshawott fez cara de satisfeito, e então foi correndo até Audrey. A garota retirou rapidamente uma esfera vermelha e branca da mochila, e então, quando o Oshawott pulou, ela atirou a bola e disse:

― Oshawott, você é meu! ― E então o pokémon fui sugado pela pokébola. A esfera caiu ao chão e ficou balançando de um lado para o outro. A tensão de Audrey era grande. Seus olhos estavam comprimidos, e ela ficava murmurando palavras como "funciona, funciona". Um bip firmou a captura. A garota olhou para a pokébola, sorriu e então tirou-a do chão. Ao erguer ela no ar com sua mão direita, ela disse:

― Eu peguei um Oshawott! ― E então seguiu seu caminho, em direção ao deck.

Eram dez da noite, e algumas luzes eram observadas a partir do deck. Era Kanoko Town, que estava cada vez mais próxima. Audrey suspirava. Ela estava quase começando sua jornada, com Teddy, um ovo misterioso e seu recém adquirido Oshawott, que fora nomeado por ela de Kingsley. As aventuras de Audrey estavam começando antes da hora.

O barco ainda estava em movimento. A luz da lua era refletida na água limpa. A coloração era quase transparente, e o brilho da lua deixaria pokémons com a técnica Moonlight praticamente invencíveis. Era noite de lua cheia. Ela parecia tão próxima que até algumas crateras conseguiam ser observadas. Em uma das cabines, uma jovem garota chorava. Seu corpo estava coberto de lama, e seu vestido anil estava todo rasgado. Chicotes verdes envolviam seu corpo, e pareciam apertar cada vez mais. O cabelo castanho dela estava misturado com terra, e alguns restos de folhas. Provavelmente o resultado de uma combinação de Sand Attack com Razor Leaf. Gotas de sangue corriam pelo seu corpo, e enormes cortes recém-cicatrizados pareciam ter sido profundos. Suas lágrimas de coloração transparente eram sinceras, e sua boca cortada conseguia expelir poucas palavras com muita dificuldade.

― Me soltem, por favor. ― Era difícil para ela falar, mas ela era forte. ― Eu... eu já disse. Não sou essa tal Audrey. Meu nome é Jullie Thomas, tenho apenas treze anos. ― Cada vez mais as lágrimas caíam, mas ela insistia em continuar. ― Me libertem, eu suplico. ― Se alguém além dos vilões estivesse ali, com certeza não deixaria aquilo continuar. Os carcereiros não se importavam com ela. Apenas gargalhavam ao ver a desgraça da garota. Aquele que parecia ser o líder dos capangas tomou frente. Seu cabelo era azulado, e uma enorme cicatriz cobria parte do seu rosto. Todos usavam roupas iguais. Eram ternos risca de giz, sapatos pretos e curiosas bolsas escuras atravessadas contra o corpo. Os lábios do líder eram muito vermelhos, mas pouco carnudos. Seus olhos azulados davam contraste a sua pele albina. Dava para notar que seu corpo era atrofiado, ele não possuía muitos músculos. Seu sorriso era tão malicioso que faria um estuprador sentir-se inferior. Então, encarou a moça, cuspiu em seu corpo, e disse:

― Audrey, Audrey. Você não tem jeito. Desista de procurar as Relíquias. Elas já são nossas. E para provar que não estamos brincando, vou lhe dar outra punição. Punish, aperte mais esse chicote. ― Seu sorriso aumentou ao ouvir a súplica da garota feita em gemidos de dor. O “Punish” tinha coloração esverdeada, e um enorme sorriso macabro no rosto. Manchas verde-escuro completavam sua face. Ao invés de mãos ele possuía duas enormes folhas verdes cortadas nas pontas, assumindo uma forma assimilar a dedos. Seu tórax era amarelado, assim como uma folha de outono. Aquele Pokémon não tinha pés. Um tipo de raiz dava sustentação bípede a ele. Suas raízes eram verdes, e algumas vermelhas se destacavam no meio. Os dentes no Pokémon, ou seja lá o que eram aquelas coisas, pareciam cada vez maiores. A risada do Pokémon era sádica. Todos ali gostavam de ver a dor de Jullie. O Carnivine continuava a apertar o corpo da garota com seu Vine Whip, sem dó, ou piedade. Para impedir Jullie de gritar, um dos capangas, que tinha uma enorme estatura, amordaçou-a. Este capanga alto tinha cabelo ruivo, muitas sardas e espinhas cheias de pus no rosto, uma penugem rala, que provavelmente era pra ser uma barba, e usava um aparelho dental. Seus dentes eram horríveis. Seu nariz era praticamente um ser separado, de tão escroto. Tinha um tipo de bolota no meio, e a extremidade era um tanto caída. Ele com certeza era o mais feio dos capangas. O outro que estava na sala era um pouco mais baixo, com cerca de um metro e setenta e dois, cabelo loiro e olhos muito escuros. Seu rosto era liso, e sua pele era bronzeada. Aquele parecia ser o mais bonzinho dos três. Seu sorriso branco parecia demonstrar felicidade em ver a garota sofrendo, mas interiormente ele estava se reprimindo. Seu corpo era bem definido, ele era musculoso. Usava óculos, e usava um alargador pequeno na orelha esquerda.
A luz amarelada, que estava acesa até o momento, apagou-se, e então, a respiração ofegante de Jullie aumentou. Seus gemidos de dor eram mais freqüentes. Todos os barulhos cessaram.

Audrey estava sentada na cama, suando. Seu cabelo castanho estava desgrenhado, e lágrimas rolavam pelo seu rosto branco. Seus olhos estavam vermelhos e inchados, e seu rosto muito vermelho. Seus gemidos, provocados devido as lágrimas, eram altos. Não tinham poder suficiente para acordar outros passageiros, mas mesmo assim ela tentava se controlar. O interruptor ao lado da cama foi tocado por seus dedos delicados. Sua suíte era um tanto simples, considerando sua renda familiar. Tinha uma cama de casal enorme, um pequeno refrigerador, ou seja, um frigobar de cor branca, uma enorme TV de tela plana preta, um aparelho de DVD com diversos filmes e um banheiro. As paredes eram brancas, e a roupa de cama era toda rosa. Não existia muita decoração no local. Apenas um quadro com um mapa da região de Unova, um criado mudo com um vaso de Orquídeas e uma escrivaninha de madeira clara. As roupas de Audrey estavam guardadas em sua mala. Ela tinha coloração grafite, e uma tag com o nome de Audrey estava presa nela. Em cima da escrivaninha estava o ovo, protegido em uma incubadora. Audrey notara um tipo de desenvolvimento nele. Mesmo sem fazer nada, ele parecia feliz. Audrey desistiu de dormir novamente. As imagens da garota sendo torturada pelos homens, e tudo o que eles disseram apavoraram Audrey. Ela trajava uma camisola de seda azul, que ia até um dedo acima dos joelhos. Ela colocou os pés no chão gelado, mas nem se preocupou. Deu passos de zumbi até o banheiro, e parou em frente ao espelho. Sua cara estava amassada. Enormes olheiras estavam se formando em seu rosto, e ela não ficava contente com aquilo. As “bolsas” que se formavam embaixo de seus olhos assumiam um caráter arroxeado, mas devido ao horário, ela nem deu tanta importância. O relógio marcava quatro horas da manhã. Audrey deu mais alguns passou, repousando na frente da banheira. Girou tudo que era necessário, e água começou a escorrer pela torneira. Não demorou muito para que ela ficasse cheia. Audrey retirou sua camisola rapidamente, e ela caiu ao chão. O pé esquerdo de Audrey mergulhou na água. A temperatura estava agradável. O seu recém adquirido Oshawott, que até então estava dormindo em uma caminha de Pokémon, acordou-se. Ele correu até o banheiro, e então entrou a água junto com a treinadora. A coloração branca e azul do Pokémon lontra marinha deixavam Audrey calma. A treinadora e o Pokémon relaxavam, quando Audrey resolveu falar.

― Sabe Kingsley, eu estou feliz de te ter na equipe. Você é super alto astral. ― Ela sorria. O Pokémon mantinha um enorme sorriso no rosto. Ele tinha carinha de bobo, mas na verdade era muito esperto. ― Kingsley, você que sempre viveu em Unova, por acaso sabe que Pokémon está dentro do ovo? ― Perguntou Audrey. O Oshawott deu de ombros, e continuou a relaxar.

Audrey mergulhou seus cabelos na água, e então colocou um líquido branco nele. Era shampoo. Ela massageava a cabeleira castanha, até que o líquido formou uma quantidade enorme de espuma. Ela mergulhou novamente, e começou a fazer movimentos frenéticos para retirar toda a substância do cabelo. O Oshawott, obviamente assustado, saiu da água, e começou a choramingar. Ele queria brincar, e agora a água estava contaminada com aquela espuma. Audrey gargalhou.

― Calminha Kingsley, é só espuma. Mas se quiser sair, ok. Não vou obrigar meu bebezinho aquático a ficar aqui. ― Ela deu uma risadinha fofa. O Oshawott mandou um beijo de longe para a treinadora, mas voltou para sua cama. O banho da jovem durou mais alguns minutos, enquanto ela tentava relaxar. Sua mente estava ainda estava cheia do sonho. Ela decidiu não dormir mais, seria horrível para ela. Ao sair do banho, secou-se com a toalha branca do navio, e recolocou sua camisola. Foi sonolenta para a cama, mas ao invés de dormir, ficou acordada observando o teto da cabine, enquanto pensava na vida. Seus olhos não apresentavam nada, estavam vazios.

Finalmente o dia havia chegado. O navio estava a poucas milhas náuticas de Kanoko Town. Os primeiros rastros da pequena cidade já eram identificados. Tinha um ótimo porto, e provavelmente a melhor pista aera da região. A cidade estava em fase de desenvolvimento, e apresentava grandes mudanças de poucos anos atrás. O bonito da cidade, era que apesar do desenvolvimento, o verde se mantinha vivo. Muitos pokémons selvagens como Yoterii’s, Minezumis e Minccinos corriam de um lado para o outro. O porto era todo cinza, e pavimentado. Vários carros circulavam de um lado para o outro, a fim de buscar passageiros. Audrey correu para fora do navio. Seus olhos ágeis procuravam a famosa professora Juniper, que não estava em nenhum lugar. Sem paciência, como era habitualmente, Audrey pegou suas malas, e foi em direção ao laboratório. Somente ao chegar no final da estação portuária, notou um bilhete com seu nome. O que será que era aquilo?

Audrey nem havia pensado que poderia ser um papel de Juniper, esperando-a. A garota continuou a caminhar. Seus pokémons estavam guardados na sua bolsa, e seu ovo estava sendo segurado por ela. Os passos largos de Audrey não faziam barulho algum. Ela movia-se rapidamente entre as pessoas, os prédios e afins. Seguiu seu caminho, levando cerca de uma hora para chegar até o laboratório. Uma placa dizendo “ Fui na Estação Portuária, volto em breve. “ deixou Audrey assustada. A professora realmente havia ido buscar Audrey, e isso só possuía uma explicação possível: Juniper foi sequestrada! Seu olhar demonstrava enorme desespero. Ela saíra correndo pela cidade, em busca daquela que a ajudaria a encontrar seu irmão, seu ídolo.

A estação portuária estava vazia. Não tinha nada no chão, ou pessoas passando por ali. O enorme relógio metálico que ficava no centro da estação indicava que o próximo só chegaria amanhã pela manhã. Enquanto andava pela cidade, obviamente procurando a professora, parou para observar a cidade. Todas as casas eram parecidas, com telhados de mesma cor, e habitantes parecidos. Um pequeno shopping havia se instalado na cidade. Muitos garotos e garotas jovens que moravam na parte nobre da cidade ficavam tomando Milk Shakes nas lanchonetes, exibindo seus pokémons com pedigree. A medida que os passos de Audrey aumentavam, ela percebeu que desde que começara a caminhada o mesmo homem estava atrás dela. Ele era familiar. Tinha a pele bronzeada, sorriso branco e olhos pretos. Enquanto ela tentava lembrar de onde ele era, seus devaneios aumentavam. Ela estava pensando que uma organização secreta havia raptado a Professora Juniper para que ela entregasse todos os pokémons de treinadores, para que assim a organização tivesse todos os pokémons de Unova.

Audrey percebeu os Pidoves sobrevoando a cidade, e teve vontade de ir até a parte mais isolada para capturar um. Seu cérebro negou a idéia. Seu sonho era ter um Washibon, para poder fazer ele virar um Wargle. Um tão bem cuidado quanto o de Pierre. Os olhos de Audrey se moviam em uma velocidade enorme, e as vezes parecia que ela não possuía íris, de tão rápido que eles estavam se movimentando. Sua respiração era ofegante. Olhando de relance, pode observar uma mulher encostada em uma arvore. Seus braços estavam presos a ela. Seu cabelo era castanho, e ela usava jaleco. Como ninguém havia visto aquilo? Era Juniper.

― Teddy, Kingsley, vamos lá! Preciso que vocês batalhem comigo! ― Audrey fez uma asneira. Automaticamente uma garotinha, com cerca de nove anos a parou.

― Ei, isso é uma Teddiursa?! Que fofa! ― A menina tentava apertar as bochechas da ursa. Teddy encarou-a com o Scary Face, e a menininha foi embora chorosa. Audrey gargalhou. A ursa, a lontra o ovo e a garota partiram em direção a enorme árvore isolada do resto da cidade.

― Ei, soltem a Professora Juniper! ― Disse Audrey. Sua voz doce estava com conotação furiosa. Um dos capangas que prendia Juniper adiantou-se, e ficou na frente de Audrey. Ele tinha cabelo azul, cheio de entradas. Seu rosto era fino. Ele não tinha muitos pêlos, e sua pele era tão clara quanto a de um urso polar. Ele trajava as mesmas roupas que a garota havia visto em seu pesadelo. O capanga retirou uma esfera de seu cinto, e então revelou uma Steelix. A coisa ficaria difícil.

― Ok, vamos lá! Kingsley, use o Hydro Pump! ― Disse Audrey. A lontra marinha sorriu de canto, e então nada fez. Ele não sabia usar o tal golpe. ― Droga. ― Continuou Audrey. O capanga riu, e então, antes que ela pudesse dar outro comando, o homem disse:

― Steelix, use o Thunder Fang! ― A voz do homem era grossa. O Pokémon metálico soltou um rugido, e então mordeu Kingsley. A lontra não tinha chance. Ela tentava resistir, mas Steelix só aumentava a intensidade do poder.

― D-droga. Vamos Kingsley, use o Water Gun! ― Esse ataque o Oshawott conhecia. Uma enorme pressão pareceu tomar conta de sua boca, e então uma enorme quantidade de água saiu de sua boca. Infelizmente não conseguiu causar grande dano na cobra metálica. Audrey começou a se desesperar.

― Vamos Steelix, use o Thunder Fang novamente! ― Oshawott ficou fora de combate. Os dentes no Steelix brilharam em cor amarela, e uma descarga elétrica tomou conta de Kingsley.

Um jato de luz vermelho inundou o Oshawott. Era Audrey recolhendo-o para a pokébola.

― Teddy, não posso mandar você. Seus golpes não fariam cócegas nele. ― Teddiursa não deu ouvidos. Ele foi correndo em direção ao Steelix, e atingiu-o em cheio com um Focus Punch. O Pokémon sofreu grande dano, mas continuava em pé. Audrey estava impressionada com a força do Pokémon.

― Steelix, não vamos perder pra essa coisinha. Utilize o Iron Tail! ― Gritou o homem irritado. A cauda da cobra adquiriu uma coloração metálica, mais do que era normalmente, e então o golpe acertou a ursinha em cheio. Uma enorme quantidade de areia se acumulou com fumaça, e fez a visão da batalha ser perdida. O ar fez com que a fumaça sumisse, revelando algo que Audrey não queria ver.

Sua pequena Teddi estava caída, bem machucada. Os outros capangas gargalhavam intensamente, e Juniper quase chorava. Os olhos de Audrey brilharam com raiva, e então ela encarou a Teddiursa e gritou:

― Teddy, você é a mais forte do mundo! Levante-se! Por favor. ― Suplicou após as palavras de incentivo. A Teddiursa se levantou com dificuldade, e isso impressionou os vilões. Ela adquiriu um brilho amarelado, que envolveu a completamente. Uma série de pequenas pedras começaram a flutuar em volta de Teddiursa. Com um grunhido final, uma enorme quantidade de energia avermelhada espalhou-se, atingindo Steelix em cheio. Ele não resistira ao golpe.

― M-mas como? Teddy, desde quando você usa o Superpower?! ― Audrey estava extasiada. Sua mente flutuava entre a Teddiursa e o salvamento da professora. Os capangas, impressionados, saíram correndo em suas motos pretas. Audrey foi até a professora, e então começou a desamarrá-la. A aventura seria perigosa.