ego23

-Você disse... Boneca?
Os olhos de Rondeau acendem um pouco, ele então se dirige a tal menina da estação.
-Olá, você é uma boneca?

Vostok para de falar, sinalizando que seria mais educado deixar outras perguntas sobre o assunto para depois, muito bem obrigado. 

Vocês continuam caminhando pelos trilhos, a passagem em volta mudando devagar. As arvores são substituídas por gramados bem cuidados, o que era estranho, de certa forma. Pequenas flores decoram a extensão do gramado como bijuterias, bonitas e sem valor. Olhando de perto, vocês podem ver que essa combinação vai andar mais longe: Tanto a grama quanto as flores eram feitas de plástico. 

Antes que a caminhada se torne longa demais (friamente calculado pelo algo que fez o projeto), vocês dão de cara com uma grande placa, presa ao chão por dois grandes mastros decorados com reviravoltas.

Vostok aponta para a placa. - Eles ainda não decidiram do que a cidade deveriam ser capital, mas quiseram colocar uma placa mesmo assim. - Ele ri um pouco e adentra a cidade.

A primeira vista parece uma cidade grande, mas não há muito além do que se pode enxergar no perímetro dela. 

Barcos flutuam a deriva pelo lago que ocupava o centro do lugar, a grande maioria sem ninguém. A água estava um pouco turva, dando a impressão de que seja lá quem havia sido encarregado de limpa-la não estava fazendo um bom trabalho.

Os prédios que contornavam o restante da cidade se assemelhavam a recortes de papel branco (mas um papel que tivera todas suas palavras apagadas e agora estava manchado), o que combinava com o céu acinzentado e sem nuvens. 

Diferente do que a maioria de vocês espera, não haviam muitas pessoas na região ou barulho ou lixo. Haviam saído de féria?

A exceção era um grupo de vultos ao longe, que trabalhavam num prédio, fazendo barulho e jogando pedaços de um material desconhecido para o lado.

- Preciso encontrar Aphelion. - Vostok pensa alto, enquanto olha preocupado para os lados. 

Parece que emperrou. 

-Ah... Pobrezinho... Modelos antigos tem tantos problemas.
Rondeau suspira e segura a cabeça da boneca em suas mãos, Rondeau dá vira a cabeça da boneca da esquerda a direita e depois pressiona sua cabeça para baixo.


-Esses travamentos devem melhorar agora... Me diga algo sobre a cidade:
Quem é o líder de vocês?

A presença de alguém incomoda levemente vocês, de uma forma que a voz que soava lhes assustava. Era de um jovem rapaz que parecia ter um rosto muito familiar. Ele os tratava com uma enorme intimidade como se também conhecesse vocês.

— Isto é uma pergunta interessante. Quem é o nosso líder? Nós mesmos, ou algum ser exterior que nunca irá compartilhar de nossos desejos e sentimentos?

O jovem apertou o nó de sua grava, dando uma saudosa reverência aos viajantes. 

— É um prazer conhecê-los. Estou aqui para tentar responder qualquer pergunta que vocês possuem entalada em suas gargantas. 

Antes que qualquer uma pudesse ser feita, ele inalava profundamente o ar pelas narinas, enchendo os pulmões e soltando pela boca com um sorriso. 

— Levinskovsky é uma belíssima cidade, não acham?

— Pois bem, foi uma pergunta retórica. Podem saciar a sua curiosidade comigo. Estarei aqui para atendê-los.

zoom.

roda. roda. roda.

senta em flor.

- polietileno.

— Eu nunca andei de barco por aí, dependendo do tamanho ele tende a ser bem pesado. 

— Mas seria bem bacana, não? Qual o tamanho do barco que você tem em mente?

— Entendo. Mas se você quer velejar como um capitão, o que está fazendo aqui? Não deveria estar no mar com uma tripulação? Ou construindo o seu próprio barco?

— Se você precisa de outros lhe dizendo o que fazer para que você conduza a sua vida, como você conseguirá se tornar um bom capitão velejando em um oceano infinito de possibilidades?

— Caso queira, posso lhe mostrar onde conseguir madeira e ajudá-lo a construir um barco. A única condição seria poder velejar nele também.

A atendente faz alguns barulhos estranhos e fala algumas silabas desconexas, mas parece estar bem, o que seja o "estar bem" para ela. Poeira mancha as suas mãos. Há um casulo aberto de inseto preso nas costas da atendente 

- Temos o prazer de informar que algo como um líder foi encontrado, o mais próximo do termo desejado. Seu nome é - Uma série de barulhos estranhos são feitos pela atendente. - e ele vive na cúpula em frente ao lago.

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Vostok decide que seria uma boa ideia deixar vocês sozinhos, se já estão discutindo sobre construção de barcos, mesmo que haja barcos disponíveis a vista de vocês.  O maquinista anda pela cidade, se sentido descomfortavél. Claro, se sentir assim era uma novidade para ele, do mesmo jeito que ver uma cor nova era. Ele atribuia esses sentimentos ao fato de estar sozinho. E ao o que ele procurava, mas que não sabia onde estava e nem se estava ali, mas andava mesmo assim.

Aphelion, o irmão que Zenith lhe lembrou que existia. Ele continua a passos rápidos, e por descuido acaba esbarrando em um de vocês, especificamente, 9.

Antes de ir embora, Vostok tem uma ideia, na verdade, mais um impulso sem explicação.

flutua, roça rosto de metal, vostok.

- sim.

pzz.