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 O Aventureiro

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roberto145
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MensagemAssunto: Re: O Aventureiro   O Aventureiro - Página 3 Icon_minitimeSeg 22 Jun 2020 - 1:03

Boa noite. Inicialmente, desculpem o leve atraso novamente hahah. Tive um pequeno problema de saúde esses dias e tbm tive algumas dúvidas de como continuar a história. Uma opção era continuar o fluxo em que estava e outra era dar uma leve quebrada nele (com um capítulo que inclusive era extra no original, mas deixei como parte do enredo principal pela sua importância). Acabei arriscando a segunda opção. Espero que gostem. Boa leitura!
Comentários:




                                        VII. Andvarinaut


      Após algumas pedaladas, deixava sua bicicleta em frente da entrada do Centro Pokémon. Adentrava essa estrutura com um sorriso e passos de uma paz de espírito indescritível. Para ela, era reconfortante o reencontro entre dono e criatura depois que esta ficava tanto tempo em recuperação. Além disso, comentar as reuniões para a enfermeira responsável pela admissão e autorização de saída eram os momentos mais gratificantes desde de quando retornara a Dendemille há um mês.

      — Cerise, já está tarde. Pode ir para casa agora? — dizia a jovem enfermeira redirecionando seu belo olhar castanho para a janela. — Vá antes de anoitecer.

      O céu já misturava uma linda mistura de um tom avermelhado pincelado com algumas nuvens de cor azul escuro. O Sol já sumia no horizonte, indo em direção ao outro lado do mundo. A garota, então, concordava, despedindo-se e retornando à sua bicicleta.

      Dendemille era uma típica cidade do interior com seu trânsito calmo. Ainda naquela hora que precedia o retorno das pessoas de atividades laborativas para suas residências havia pouco movimento nas ruas estreitas. A maior intensidade ficava nas janelas com senhoras de mais idade a analisar profundamente as experiências alheias acompanhadas de suas empregadas ou de alguma parente mais jovem. Essa atividade, contudo, era mais restrito a longa subida do morro localizado mais ao norte, onde a maioria das casas se dispunham em uma espiral. As moradias mais altas apresentavam maior valor imobiliário do que as que se encontravam em planos mais baixos. Já os poucos domicílios que estavam fora dessa hierarquia, longe do outeiro, possuíam cotação monetária irrisória. Geralmente, eram de pessoas recém chegadas à cidade de menor poder aquisitivo ou então de famílias de pescadores na vertente do rio Rhein a leste. O restante do espaço era tomado por alguns conglomerados de lojas e serviços, ainda de pouca diversidade, e, em sua maioria, galpões e locais de processamento de cereais produzidos ao redor do município. O grande moinho situado no plano mais alto do monte ainda resistia ao avanço dessas novas estruturas, girando pacientemente suas hélices.

      A garota contornava muito dessas estruturas entrando apenas no âmago de uma zona mais afastada no sudeste da cidade. Havia algumas poucas casas afastadas e todas possuíam algum tipo de plantação, a maioria de hortaliças e algumas frutas. Cerise era cumprimentada por um conhecido ou outro, pessoas que não tinha tanta intimidade pelo pouco tempo na cidade. Mesmo que tivesse nascido em Dendemille, sua família mudou ainda nos seus primeiros anos de vida seguindo de cidade para cidade de Kalos. Se perguntassem a ela qual destino gostara mais, não sabia responder. Em seus dezesseis anos, não conseguia passar mais de dois anos no mesmo endereço. O motivo de tanta mudanças ela sabia bem, mas não queria falar a respeito. Sentia que a partir de então conseguiria se estabelecer onde estava, mesmo que existissem as limitações econômicas ao seu redor. Freava subitamente.

      — Lucien! 

      Em um pequeno campo de ervas entre uma plantação e outra, um jovem rapaz mimetizava uma batalha. Na posição de um árbitro, anunciava as duas pequenas criaturas o que cada um deveria fazer. De um lado, um pequeno ser de formato arredondado e corpo completamente coberto por pelo branco, incluindo duas protuberâncias que pareciam orelhas. Em meio a tanta pelugem, dois olhos se destacavam. Possuíam coloração rosácea com pupilas brancas. Do outro lado, um outro Pokémon não tão exótico quanto ao seu oponente, mas também curioso. Mantinha-se bípede observando a bola de pelos, com suas patas dianteiras cruzadas como se um humano esperasse impacientemente algo. Seus olhos vermelhos eram intensos e pareciam se prolongar com a colocação da pelagem acima, formando um setor circular com uma faixa preta, seguida de uma vermelha como seus olhos e terminando com uma estreita amarela. O restante de seu corpo era amarronzado, porém existiam faixas amarelas que pareciam formar um colete como um operador de construção. Essas faixas também eram presentes em sua cauda, que terminavam fiapos brancos do mesmo tom de suas patas. Parte de seu peito era acinzentado assim como seu fucinho e bochechas gordas. Possuía algumas ataduras em seu tronco e pata direita.

      — Lucien! A enfermeira não disse que o Watchog deveria ficar em repouso por uma semana? — depois de largar a bicicleta no chão, corria até o rapaz. Estava irritada.

      — Você sabe… Uma semana demora passar e meus rivais não irão me esperar! — ainda tentava argumentar. Ainda jovem, Lucien não sabia que perderia sempre as discussões com ela. — No mais, nem é tão sério assim. Os machucados piores já foram curados, não é Wat? — o Pokémon respondia brevemente, tentando suportar um pouco de dor.

      — Percebo que passaram sim… — revirando os olhos, Cerise ainda tentava persuadir os três tolos. — Os ferimentos que aquele Mightyena fez foram graves segundo o que me disseram. Se o Watchog fizer muito esforço seus pontos abrirão.

      — Relaxa que isso não ocorrerá! — o garoto respondia com um piscar de olhos.

      Respirando fundo, a jovem anunciava o fim daquele treino de modo autoritário. Protestando, Lucien tentava articular algum argumento, mas falhava. Por fim, prometia a ela que pararia naquele dia os exercícios com seus Pokémon, porém precisava ficar para arrumar algumas bagunças que tinha feito no local. Um pouco ingenuamente Cerise acreditava em seu amigo e que ele não voltaria a fazer o que foi proibido. Despedia, então, seguindo para sua casa. 

      Pedalando, passava por mais alguns vizinhos. O som do rio a longe se tornava mais intenso, com suas vibrantes correntezas mais vigorosas do que o normal. Para um ser calmo, naquele dia estava bem aflito. Finalmente, enxergava sua casa após o trajeto, porém logo freava. Havia dois carros pretos na frente da humilde cerca do terreno. Suspeitos, a jovem descia de sua bicicleta, fazendo o restante do caminho a pé. Quando passava pelos automóveis, tentava observar quem estava lá dentro, mas a película negra não permitia. Voltava, então, o olhar para sua residência, parando por alguns minutos. Após esse breve intervalo de tempo, resolvia entrar.

      — Mãe? — dizia após abrir e fechar a porta rapidamente.

      Do pequeno corredor, a sua voz não ecoava por muito tempo dentro da sala que conectava praticamente toda a casa. Ela era pobremente adornada com alguns enfeites mais humildes, porém ricamente por plantas e flores muito bem cuidadas. Havia poucos eletrodomésticos, todos aparelhos já velhos e ultrapassados pelo veloz desenvolvimento da tecnologia. Exemplo de um deles, a velha televisão de tubo que entretera a família por uma década acomodada em um longo sofá já surrado, mas com suas feridas costuradas ou escondidas por um par de mantos verde-oliva. Cerise passava por esse cômodo em direção à cozinha. À medida que se aproximava, as vozes ficavam mais altas e claras. Elas eram completamente desconhecidas por ela. 

      — Cê num era a marmita daquele bosta? Vai pagá o que ele robou de nois, cê entendeu? — dizia uma voz masculina bem exaltada.

      — Para de falar um pouco, Christian — outro homem, mais equilibrado, calava o parceiro. Havia um breve momento de silêncio. — A questão é a seguinte, dona Hursch. Algo foi roubado de nos, algo extremamente importante e caro. O infeliz do seu marido, que jaz no colo do capeta, foi o imbecil que nos causou esse problema. O que leva a senhora. Nada queremos com você. Por mim, sua existência seria insignificante. Porém, como já dito, o merda do seu marido nos fez chegar até você. Se a senhora não nos entregar o que foi perdido, as coisas ficarão mais feias…

      — Mas eu não sei de nada! — uma voz enfraquecida tentava gritar.

      Um estrondo repentino ecoava por toda a casa. Cerise, que até então escutava tudo escondida, avançava pela porta aberta, adentrando naquela cozinha. Ficava inerte ao ver o que acontecia. A cadeira jogada no chão com sua mãe amarrada a ela era a fonte de todo aquele sangue sujando o piso branco. Atrás, como se fossem seguranças, quatro homens de porte físico imponente apenas olhavam para a garota em silêncio. Os dois que haviam dialogado de modo mais contundente mudavam seu olhar da mulher caída para a garota. Já esperavam por ela desde quando investigaram a vida daquela família.

      — Mãe! — horrorizada, corria até ela. 

      A mulher, ao perceber sua filha se aproximando, remexia daquela cadeira a fim de se libertar. Não conseguia, não tinha forças para isso. Apenas podia gritar para que a garota saísse de lá. Cerise ignorava esses berros, avançando para a sua mãe. Queria libertar ela daquele sofrimento. Por isso, não percebia o sinal do homem mais calmo para um dos capangas. 

      — Me solta!

      Cerise era segurada de modo abrupto enquanto se ajoelhava no chão. Era facilmente levantada por aquela montanha de músculos. A resistência da garota nada era capaz de vencer aquela força. 

      — Mas olha só que belezinha temos aqui! Veja só Adrian, que belezinha! Até que aquele corno fez algo bom na sua vida.

      — Cale a boca, por favor, Christian.

      O homem que parecia mais calmo e que dera a ordem para segurá-la aproximava da jovem. Levava consigo duas cadeiras  que se arrastavam formando um fino caminho no meio de tanto sangue. Jogava uma delas em direção a Cerise e sentava na outra. Fazia sinal para que o capanga a colocasse sentada também. 

      — Vejamos… Cerise, é Cerise seu nome, né? — dava um sorriso de canto da boca. — Sim, eu sei quem você é. O que você faz ou fez. Assim como sei tudo de sua querida mãe ai — balançava a cabeça  positivamente. — Sabe, pode parecer que estou me vangloriando, mas quer saber? Para mim foi um saco vir nesse fim de mundo atrás de vocês. Para vocês também é uma merda essa visita surpresa. Mas fazer o quê? — elevava as duas mãos. — O culpado de tudo foi o imbecil do seu pai! Pois é, aquele merda que deixou vocês bem na bosta. Eu sei que você já escutou algumas coisas escondida. Ouvimos quando você chegou — apontava para a porta. — Então irei direto ao ponto. Só queremos o que nos foi tirado. O que seu pai roubou é extremamente valioso. Não é algo que podemos deixar para lá — contraía os lábios enquanto levantava a cabeça. — Então, não seja estúpida como o imbecil do Hafner e nos ajude a te deixar em paz. Onde está o anel?

      — Eu não sei o… 

      Cerise não conseguia terminar sua frase, pois um tapa logo a interrompia. Sentia o lado afetado de seu rosto esquentar subitamente e um vazio insuportável surgir dentro de si. Sem conseguir reagir, apenas observava aquele vácuo devorar todas suas virtudes e ímpetos. Naquele momento, percebia sua imagem como um nada, inerte por sua incapacidade. 

      — Vamos lá de novo. Quero saber onde o merda do seu pai escondeu o anel que roubamos em Lumiose. 

      — Deixa… — a mãe da garota tentava falar mesmo que o sangue já a fizesse engasgar. Ainda estava no chão imobilizada por um dos outros capangas. — Deixa minha… Filha em paz, seus cretinos.

      — Ora, vou ensinar a essa… — Christian era novamente interrompido por Adrian. Este fazia um sinal para que a levantasse.

      — Hafner não ficou com esse inferno de anel. Ele me disse que assim que colocou as mãos nessa merda o repassou para um tal de Heim. É um cara importante das gangues de Lumiose…

      — Eu sei quem é — alterado, Adrian se levantava da cadeira. Passava a mão por seus cabelos pretos lisos. — E agora? E o dinheiro? — progressivamente a ira lhe consumia. — Quem vai nos pagar o acordado, sua vaca? — chutava a cadeira em que a mulher estava amarrada. — Você vai nos pagar? — agachava. — Mal tem para se manter — segurava os fios castanhos dela, puxando-os. Christian pedia calma ao comparsa irado antes que afundasse o crânio dela no chão.

      — Podemos usar essa garota ai. Ela deve valer um bom dinheiro para algum tarado ou sei lá. 

      A sugestão do homem fazia o coração tanto de mãe quanto de filha dispararem. Incrédulas, elas já começavam a se agitar, implorando para que a vil ideia não se concretizasse. As suas forças já estavam no limite, mas a imperdoável situação as obrigavam a superarem o medo e a impotência.

      — E agora sou traficante de gente, porra? Você tem merda na sua cabeça? — Adrian novamente passava a mão pelos fios da cabeça. — Eu perdi, mas vocês duas também — tirava uma arma da cintura. — Quando virem o bosta do Hafner, agradeçam por mim.

      — Espera! Espera! — ainda em desespero com a ideia levantada anteriormente, Cerise tentava evitar que o gatilho da arma apontada a sua mãe fosse disparado. — Eu posso arranjar o dinheiro! Não machuquem minha mãe, por favor! 

      — Vai arranjar como? Com a sua bun… — Christian era interrompido.

      — Só me deem tempo. Eu arranjarei o dinheiro.

      — Olha garota… — Adrian coçava a testa. — A sua sorte é que prefiro negócios a sangue. Farei um acordo com você, mas, se no fim do prazo você tentar dar uma de malandra como seu pai, as coisas ficarão feias para você. Entrou em pânico com a ideia idiota do meu parceiro? Eu pensarei em coisa pior e, acredite, eu consigo.

      — Eu vou conseguir te pagar! Eu juro! 

      — Tu nem tem lugar decente para morar. Olha essa porra de casa! — Christian estava irritado por terem lhe interrompido. Adrian olhava para a garota esperando uma resposta.

      — Eu… Eu consigo alguns Pokémon por aí e posso participar de algumas batalhas. O dinheiro que eu ganhar pagarei vocês. Só me deem tempo. 

      Christian gargalhava com a resposta da jovem. Não acreditava que seu parceiro de crime iria aceitar a pífia forma de obter dinheiro da ingênua garota. Já se preparava mentalmente para a violência que viria a seguir de quando Adrian explodiria em raiva. Talvez até lhe desse algum agrado daquele rosto que lhe atraiu desde o começo. Sua vil mente já fantasiava.

      — Você tem um ano para me pagar mais da metade do prejuízo que seu pai nos deu — a resposta de Adrian desconcertava a postura de seu comparsa. — Se não conseguir, as coisas ficarão feias, muito feias — olhava de modo ameaçador para Cerise. — E não adianta se esconder. Nós estaremos sempre atrás de cada passo que você der e não ouse duvidar da nossa capacidade de te monitorar. Se fomos capazes de te achar nesse fim de mundo, somos capazes de muito mais. Agora iremos, mas voltaremos para terminar nosso acordo. Se recomponham, pois me dá nojo olhar para essas caras desesperadas — voltava-se para os homens na casa. — Vamos — Christian protestava das decisões, mas logo calava a boca com um olhar de Adrian. — Vamos. 

      Aquelas visitas indesejáveis saíam da residência. Apenas quando ouviam a porta se fechar, mãe e filha corriam uma em direção a outra, abraçando-se em meio a lágrimas. Ficavam assim por longos minutos, cada uma lamentando a situação em que foram postas e os sofrimentos que ainda lhe ardiam a carne e o espírito. Xingavam também o responsável por levar aquele mau agouro a suas vidas. A razão para tantas mudanças de residências se dava a clandestinidade daquele que deveria zelar por elas. Após essas breves formas de expurgar o medo e a raiva, ambas limpavam agora o exterior. Era necessário arrumar toda aquela bagunça no cômodo e faziam isso em um silêncio significativo. A seguir, a necessidade de purificar seus corpos das marcas desse nefasto encontro era realizada com longo banho.

      Ao término de se banhar, Cerise, ainda secando os molhados fios de cabelo, adentrava em seu quarto. Cansada, olhava com desânimo ao redor, sem acreditar ainda no que ocorreu a poucas horas atrás. Seus olhos marejados viajavam de suas velhas pelúcias aos livros que sua mãe leu em sua infância. Jogava-se, então, na cama. O rosto se afundava no colchão enquanto suas curtas mechas castanhas espalhavam ao redor de sua cabeça. Os braços e as pernas esticadas começavam a espernear à medida que lágrimas brotavam e xingamentos surgiam.
      
      Continuava a extrapolar a sua raiva e só parava quando se cansava mais do que estava. Levantava mais uma vez e seus olhos miravam para um livro que ela esquecera a tempos. Colocava-se de joelhos sobre a cama e alçava sua mão em direção a ele. Sua capa estava um pouco empoeirada, mas, com um breve sopro, a garota retirava uma boa camada de poeira. Olhava para a capa e se lembrava do porquê de gostar tanto daquele livro quando criança ao ganhá-lo de sua avó. A ilustração demonstrava uma jovem mulher de longos cabelos negros adormecida a frente de uma enorme árvore enquanto a sua frente um guerreiro ajoelhado chorava. Para muitos poderia ser uma cena triste e melancólica, mas para a ingenuidade havia ainda a esperança do despertar e um final feliz.

      Cerise, então, abria o livro. Não lembrava muito bem da história, mas ao ler o título "O Anel dos Filhos de Nifheim e a Queda dos Deuses" aos poucos os detalhes surgiam em sua mente. Muito antes de Kalos existir assim como as demais regiões e antes mesmo que Arceus fosse criado, o universo era preenchido por uma massa caótica formada por dezoito cabeças que se digladiavam entre si. Benevolência e bestialidade foram as duas primeiras a serem decapitadas e formarem dois mundos intangíveis, as moradas dos espíritos. Uma era quente e claro, agradável para o que surgiria. A outra, Nifheim, uma profunda névoa sombria e fria, hostil a qualquer ser. Esses planos eram ligados ao terreno por duas pequenas placas assim como os elementos fundamentais da criação de Arceus. Essa ligação foi apenas descoberta quando os homens já haviam surgido, trazendo consigo guerras e tristeza. Foram estas duas que motivaram o antigo sábio Andvari, desiludido e revoltado com as tragédias de seu tempo, a criar um anel com uma das placas. 
Infundindo seu espírito atormentado ao anel, o portal para o último dos mundos era aberto. Os filhos de Nifheim impregnavam o adorno com névoas gélidas. Uma dessas crias, porém, era forte o suficiente para superar a atração que o anel produzia. Este viria a ser chamado de Yveltal. Nascido a partir da necessidade de destruir e corromper, era elemento fundamental no ciclo de extinção e criação. Livre para circular pelo mundo dos homens e dos Pokémon, suas insaciáveis asas devoravam cada alma, trazendo luto e devastação. 

      — Ah! Agora me lembrei desse livro. Acho que nunca cheguei a lê-lo por completo — Cerise refletia após ler as primeiras páginas. Pulava alguns capítulos que se recordara.

      Eram tempos difíceis. O vilarejo de Fractalia enfrentava a pior de suas pragas. As criações que alimentavam a pequena população reduziam de mês em mês, com suas carcaças cada vez mais próximas das montanhas ao oeste. Aqueles mais valentes que arriscavam seguir a trilha permaneciam com paradeiro desconhecido. Apenas um jovem pescador, perdido na densa floresta que separava o povoado da formação geológica, foi capaz de retornar. Incrédulo, o relato envolvia um enorme dragão dourado saindo de uma das grutas daquela cadeia montanhosa. Próximo da entrada do ninho da criatura, o cheiro de decomposição contrastava com a atração que uma luz também dourada emanava da toca. Se não fosse o susto que sofrera de um rugido da fera, permaneceria lá admirando aquele tom áureo. 

      A partir dessa história, a ambição tomara conta tanto dos habitantes do vilarejo quanto dos visitantes desafortunados que passavam por lá. Nenhum deles retornaram vivos para confirmar o relato. O medo que se transformou em ganância agora assumia a face da desolação. O povoado, além de sua comida, perdia também seus moradores, restando apenas aguardar o seu fim.

      No entanto, foi em um longo e rigoroso inverno que um jovem aventureiro alcançava aquele distante vilarejo. Seu nome era Sierdrig. Já sabendo da existência do dragão, o herói ia de encontro ao temor dos homens.

      — Sim, me lembro disso. Engraçado que depois transformaram o dragão em um Druddigon, mas erraram na descrição nos livros mais novos — ria consigo mesma sobre aquela lenda tão comum de Kalos. Toda a tristeza e a raiva que sentia ficava suspensa por algum tempo. Novamente avançava mais alguns capítulos. 

      Com o anel em seu dedo, Sierdrig se tornara ainda mais destemido do que já era. Sentia mais forte do que nunca e certamente acabaria com a praga que fora libertada em Kalos. Contudo, o que nosso herói não sabia é que a fonte de seu poder também era a sua ruína. O adorno que lhe dera tanto vigor também orquestrava o voo daquelas asas de esquecimento. Tolo por força, esta o consumia lentamente enquanto fortalecia o seu inimigo. Nem mesmo os lamentos de Brunhild foram capazes de acordar o jovem guerreiro de sua decadência.

      — Acho melhor ir ver Lucien logo, antes que fique muito tarde — fechava subitamente o livro enquanto se lembrava em pensamentos de seu plano.

      Cerise, ainda com os cabelos molhados, levantava-se da cama e trocava de roupa com qualquer peça que visse primeiro. Sem avisar sua mãe, andava furtivamente dentro de casa, saindo sem fazer barulho algum. Já fora, percebia como a Lua já estava em posição alta. Era uma minguante belíssima, estando em um céu límpido. Pegava sua bicicleta e pedalava o máximo que podia. Não gostaria de demorar tanto, já que não queria que sua ausência fosse notada.

      Passava pelos mesmos terrenos e casas, agora com suas luzes ligadas possivelmente com as famílias jantando ou assistindo televisão.  Adoraria que todas essas suposições também servissem para ela, mas a realidade não operava a partir do seu querer. Depois de alguns bons minutos, finalmente alcançava a casa de Lucien. Não precisaria arranjar um jeito de chamá-lo, pois o garoto com seu fiel Watchog retornavam para o mesmo local onde Cerise estava, em sentido oposto. 

      — Ué, Cerise? — o menino coçava a cabeça. — Bom, não sei se é sorte ou não, mas que bom você veio. Alguns pontos de Watchog abriram — ainda com a mão sobre os cabelos, sorria com malandragem.

      — Eu não avisei! — irritada, a garota pulava da bicicleta. — Deixe me ver. 

      À medida que cuidava do ferimento do Pokémon, Cerise contava o porquê de estar lá. Resolvia narrar toda a história, afinal Lucien era um dos poucos amigos que tinha naquela cidade e sentia que podia confiar nele. Também era necessária sua ajuda, porque jamais pensara em virar uma treinadora, já o garoto sim. Ele sabia mais desse novo mundo e poderia aprender algumas coisas com ele. Surpreso com tudo que ouvia e com os olhos arregalados ao saber o que acontecera há algumas horas, o menino permanecia em silêncio.

      — Pronto. Isso deve ajudar um pouco. Não é o ideal no entanto. Por isso, amanhã mesmo vá ao Centro para as enfermeiras verem isso melhor — Cerise terminava de pôr uma faixa no ferimento. 

      A garota, que até então não olhava para o amigo enquanto contava a sua história, levantava o olhar para ele. Mentiria se dissesse que não possuía receios de ele simplesmente expulsá-la e não querer vê-la nunca mais. A forma paralisante dele inclusive ajudava a intensificar esse temor. 

      — E então, vai falar nada? — Cerise tentava instigá-lo, sorrindo um pouco melancolicamente.

      — É… Ah… — o garoto não conseguia articular muito bem seus pensamentos.

      — Está tudo bem. Você não deve se preocupar com isso. Obrigada por ter me escutado. Já irei, porque está tarde. 

      — E… — Lucien ainda travava nas palavras. Respirava fundo, tentando buscar alguma coragem para que não pudesse se arrepender depois. — Eu… Eu irei com você!

      — Não! Isso não o envolve! É perigoso demais.

      — Eu quero ir. É meu sonho sair dessa cidade. Ter meu nome gritado por um estádio completo! — tentava segurar o tom de voz para que seus pais não ouvissem. — Você sabe que é. Porém, nunca tive coragem. O mundo me afugentou. Ele afugenta quem não pode pagar para fazer esses treinamentos de rico tampouco comprar uma licença para uma Pokédex. Eu sou um covarde. Mas não posso mais ser sabendo que a única saída para você é enfrentar esse mundo que eu tenho medo. Irei sim com você, independente do que você falar. 

      — Mas…

      — Sem mas ou outra qualquer coisa! Você precisa aprender coisas e não há tempo para ficar aqui esperando. 

      — Obrigada — com os olhos marejados, a garota abraçava o subitamente. 

      — É… É… — sem jeito e com sangue o subindo por sua cabeça, Lucien levantava suas mãos até as costas dela, retribuindo o abraço. — Não precisa me agradecer. Também usarei isso como pontapé para iniciar a minha jornada e virar o futuro melhor treinador de Kalos!

      Cerise o soltava e ria inocentemente dessa auto proclamação. Dizia a ele que seria uma longa jornada, mas confiava em seu potencial para isso. A conversa não se alongava mais devido ao horário e o temor da garota de sua mãe perceber sua ausência. Alguns pequenos detalhes eram combinados pelos dois para os dias que seguiam. 

      — Aqui, tome — Lucien jogava uma pokébal para Cerise. — Foi esse o motivo de Watchog ter aberto seus pontos. Vi esse Helioptile por perto e acabei capturando. Como você vai precisar de um Pokémon e cuidou do Watchog, quero que fique para você.

      — Novamente, obrigada. Nunca esquecerei o que está fazendo por mim.

      Lucien novamente se ruborizava, sorrindo como um tonto e coçando os cabelos crespos negros. Cerise se despedia, ainda pensando no último conselho do amigo. Passava todo o trajeto da casa dele até a sua com essa questão em mente. Era algo que lhe consumia tanto que nem percebia que seu plano de não ser notada por sua mãe era um sucesso. Logo subia as escadas com a questão ainda dando piruetas em sua cabeça. Quando adentrava em seu quarto, ainda não possuía resposta até olhar aquele livro velho em cima de sua cama. Abria em qualquer página.

      O último recurso para o mísero vilarejo de Fractalia era recorrer a ela. Sim, por mais que fosse desumano, ainda assim algumas vidas a mais seriam salvas com seu sacrifício. A jovem de cabelos longos e negros foi abençoada pelo destino para que a destruição finalmente tivesse seu fim. Traída por seus familiares e amor, de nada adiantava a ela recusar. Seria colocada de modo obrigatório e ele, consumido em si, não voltaria para ajudá-la. Restava apenas a ela aceitar e condenar toda aquela gente, toda a humanidade, a mais sincera e raivosa maldição. Desse modo, fora conduzida a floresta ao sul de Fractalia pelos anciãos do vilarejo até uma clareira dentro da vegetação. Passava por uma grande esfera negra sem vida apoiada sobre os galhos de uma árvore prateada, também sem vida. A jovem a olhava com rancor e tristeza dos traídos. Finalmente, chegava ao seu fado. Um monumento formado por duas grandes pedras. Havia suportes para a subida de uma pessoa e quatro correntes de ferro para impedir a fuga. Os anciãos mostravam o caminho para ela, mas a jovem ignorava a sugestão e altivamente seguia para a sua prisão.

      Passavam dois dias. A jovem de cabelos longos e negros ainda permanecia em seu tormento. De seus olhos, escapavam a sua vida por lágrimas. Seu coração batia já tão fracamente que parecia desistir de viver. Implorava para que chegasse logo o maldito que era o motivo de ela estar ali. E foi apenas um pensamento para que se concretizasse seu desejo. Um canto do inverno ecoava por toda a floresta. Paralisada, ela olhava para o horizonte esperando o seu fado finalmente se realizar. As longas asas negras do esquecimento batiam violentamente, destruindo a floresta abaixo de si. O corvo da destruição observava seu alvo com seus olhos frios do Nifheim. A jovem, em último ato de sobrevivência se rebatia com as correntes, mas nada podia fazer. Levantava, então, seus olhos azuis vivos para Yveltal. Em último clamor, chamava por Sierdrig. Salve-me. A ave, com seu tom avermelhado cada vez mais intenso, puxava daquela jovem sua alma. Cada pedaço de seu espírito era um deleite para o Pokémon. Porém, era demais. A mulher, em seu cruel destino, fora muito mais que o necessário para contentar o lendário, que novamente descansara em seu casulo e seu reino gélido. Parte do espírito da jovem, corrompido, espalhou-se pela floresta. Desafortunada Brunhild.

      — É isso!

      Cerise finalmente chegara a resposta daquilo que Lucien lhe falara. O seu pseudônimo seria Brunhild Dietrich.
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Frase pessoal : The winter has come


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MensagemAssunto: Re: O Aventureiro   O Aventureiro - Página 3 Icon_minitimeQui 25 Jun 2020 - 15:36

Fala, Roberto, tudo bom?

Bem, eu devo dizer que esse capítulo foi bem escrito como sempre e gostei bastante dele, mas apesar do tamanho acho que não tenho muito para falar.

Bem, a primeira coisa que eu tenho que dizer é que o capítulo inteiro eu pensei que se tratava de outra personagem e fiquei tentando entender qual o sentido desse capítulo. Eu até estava gostando, mas pelo que tava escrito, apesar de não entender bem o que se tratava. Todavia, quando foi se aproximando do final eu já fui percebendo de quem poderia se tratar e o final matou a pau. Realmente achei bem interessante a ideia que você usou e também acho que isso é facilmente relacionado com o poema naquele episódio que você fez sobre a poesia.

Sabendo tudo isso, pude imaginar o capítulo com outra ótica e gostei do que vi. Eu achei muito interessante a ideia de que o pai da menina é um bandido e com isso, toda a família corria risco e portanto morava em várias cidades, nunca se fixando em nenhuma. Achei isso bem diferente do convencional e curti.

Conforme dito anteriormente, esse capítulo pôde dar uma explicação maior da origem de Brunhild e os motivos que levaram-na a começar uma jornada. Num capítulo anterior eu tinha entendido que os motivos eram em relação àquele Espurr, mas pelo visto, tinha entendido errado. Curti bastante essa ideia de que ela começa uma jornada para poder pagar as dívidas de seu pai bandido. Uma história bem diferente, pra dizer o mínimo kkkk.

Eu só fiquei curioso quanto a esse amigo dela, visto que ele aparentemente não estava com ela naquela cena lá do começo da fanfic, onde ela encontra Johann. Talvez fosse apenas uma coincidência do momento, mas talvez tenha acontecido algo realmente com ele, então acredito que terão mais explicações sobre isso no decorrer da história. Além disso, também imagino que terão mais explicações sobre o Espurr anteriormente citado. De toda forma, deu pra ver que essa garota tem bastante relação com "veterinária", ou nesse caso, medicina pokémon.

Eu só vou citar uma coisa que vi que me incomodou um pouco. Na verdade, assim, não foi uma incomodação né, é apenas uma sugestão, nos momentos em que você transcrevia os trechos do livro eu imagino que poderia ter uma distinção melhor, um itálico, aspas, ou algo do tipo, para evitar constratar com o tempo da história em si.
Citação :
livro que ela esquecera a tempos.
O correto seria "há". Acredito ter visto um erro semelhante, mas talvez foi golpe de vista mesmo kkkk, mas acho que só esse erro eu vi mesmo.

Bem, então é só e boa sorte com a fic.

________________
The Adventures of a Gym Leader - Capítulo 48
Dreams come true

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MensagemAssunto: Re: O Aventureiro   O Aventureiro - Página 3 Icon_minitimeSex 26 Jun 2020 - 15:19

oieeeeeeeee Roberto

Cara fico feliz que você tenha deixado esse capítulo "extra" se tornar um capítulo completo, porque ele ficou fenomenal! Já vou começar com os elogios para escrita que permaneceu impecável, e deram aquele toque de realidade alarmante, principalmente nas cenas com os bandidos. Foi bem doloroso acompanhar o sofrimento da Cerise e de sua mãe.

Sobre o plot twist, bem, I DID NOT SEE THAT COMING. A revelação de que a Cerise na verdade é a Bru deu todo um contexto maior pra esse capítulo e ainda uma vontade de reler ele inteiro, já sabendo de quem a personagem realmente é. Devo dizer que eu tava viajando nas teorias, de que na verdade a Cerise estava num futuro e que no livro que ela tava lendo o Siegrid era na verdade o Johann, já que, afinal, estamos acompanhando o início das aventuras do garoto que vai se tornar uma lenda. Talvez eu só esteja ansioso demais pro retorno de Dark amanhã hehe

Anyway, eu gostei muito muito muuuito de verdade da parte em ela divaga sobre o livro e você nos revela mais sobre a mitologia da fic e em como você imagina o início da fic. Eu mesmo gosto muito de imaginar isso, e tenho planos de trabalhar com isso na minha fic, então foi um deleite ver você expondo suas ideias. Não manjo quase nada de mitologia nórdica, mas minha experiência jogando God of War 2018 e lendo os livros da série Magnus Chase me permitiram reconhecer alguns termos como Nilfheim e me lembro bem de leve de um personagem chamado Andvari, logo, achei interessante e criativo você trazer esses elementos e trabalhá-los de forma tão "coerente" (se lá não achei expressão melhor) com o mundo pokemon. No fim acabei pesquisando um cadinho e vi que esses nomes diferentes vêm todos da mitologia nórdica e percebi que essa é de fato a sua inspiração maior na história.

Agora que tivemos algumas respostas, estou bem ansioso pro desenrolar dos próximos capítulos. Até a próxima o/
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roberto145
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MensagemAssunto: Re: O Aventureiro   O Aventureiro - Página 3 Icon_minitimeDom 28 Jun 2020 - 19:14

Boa noite. Hoje haverá, além do capítulo normal, não apenas um, mas dois capítulos extras! Mas não se preocupem, eles não são muito longos hahahah. O primeiro deles completamente diretamente o capítulo de hoje. No outro, se tem uma visão de um personagem não muito bem visto kkkkk. Boa leitura!

Comentários:


                                        VIII. A Roda da Fortuna


      Os eventos do último mês ainda ressoavam intensamente na vida do jovem Johann. Desde que voltara do resgate de Noivern, o aspirante a treinador tivera que escutar um sonoro e ríspido ataque de fúria do até então tutor. Este, com as veias quase saltando da testa, flertava com um iminente mal-estar e a morte que já lhe acariciava os ralos cabelos brancos enquanto gritava uma torrente de palavras. Suado, mesmo com a temperatura quase congelante, e cuspindo um litro a cada palavra gritada, o senhor só era acalmado com a intervenção de outros professores. Após um breve momento de literalmente esfriar a cabeça, já sem nenhum vaso saliente na pele fina, ele, com um olhar áspero, mas com certo ar triunfal, deliciava-se com a expulsão do garoto. Fora esse o momento em que seu orgulho vingara a vaidade ferida.

      Desse modo, Johann retornava para casa, enfrentando outra tormenta de palavras, agora de seu pai. Ao fim, o garoto era banido da vida de treinador e de se aproximar de qualquer Pokémon que fosse. Obviamente, a segunda parte do castigo o menino conseguia esquivar, assistindo a seus queridos amigos escondido. Já quanto a primeira, era preso na mansão da rota 17.

      Estava preso novamente a monotonia de cristais e solo branco. Mal chegava à metade da semana e ela já estava pesada, um grilhão que o garoto carregava para lá e para cá. O tédio já o comprimia com tamanha pressão que o agitava com passos sem direção naquela mansão encarceradora. Nada podia fazer até esperar alguns dias quando sua vida fosse definida pelos anseios e pelas necessidades da família, como havia dito seu pai.

      A respiração tornava-se mais angustiante a cada passo desgovernado, a cada vento frio que lhe agitava os cabelos quando olhava o nada pela janela. Cansava-se. Inconformado, e com grande ansiedade, dava direção ao seu andar, passando por um pequeno quarto no andar inferior para pegar um casaco. Em seguida, voltava-se para a área onde os empregados mais se encontravam. Todos olhavam para o pequeno, e alguns olhares de reprovação eram gerados. Outros acompanhavam com sorrisos. Johann finalmente chegava no cômodo em que queria. A única pessoa que se encontrava lá recusava a responder seu olhar.

      — Gerdra, por favor... – o garoto suplicava.

      — Não, Johann... – ela falava secamente, mas com pesar.

      — Por favor... – continuava. – Você já fez isso antes...

      — São ordens do seu pai. Se deixei uma vez ou outra, já foi muito. Não quero problemas para mim e sugiro você também não buscar problemas para você.

      — Mas Gerdra, você sabe que não é justo! Eu não aguento mais! Eu prometo que será rápido.

      A empregada, já com muitas linhas de idade pelo rosto, parava de costurar. Deixava a linha no casaco que cozia e, então, voltava o olhar já cansado para o garoto. A seriedade era quebrada por uma profunda respiração e um sorriso. A senhora ajeitava alguns fios loiros que lhe caíam na fronte, colocando-os atrás da orelha. Levantava e pegava um bolo de chaves. Johann animava-se, seguindo-a. Após passar por algumas portas trancadas e um pequeno pátio, os dois finalmente chegavam a uma espécie de estábulo. Deixando Gerdra para trás, o treinador corria até seus Pokémon, que se encontravam fora de suas pokéball. Era recebido também por eles com mesmo entusiasmo e alegria. Alimentava Rhydon e Mamoswine. Polia as garras de Drapion e trocava os curativos de Noivern. Por fim, acariciava a cabeça de Eevee, que ainda se encontrava mais retraído devido ao pouco tempo de sua captura.

      — Por que também não solta aquele? — Gerdra olhava para o garoto e seus amigos, mas logo lembrava da pokéball acima de uma prateleira.

      Sem olhar para onde a senhora apontava, o menino continuava a acariciar a pequena cabeça de Eevee. Respondia imediatamente com silêncio, mas logo falava que não era preciso. Gostava de um lugar mais sossegado para descansar. Entretanto, a verdade é que, embora Froslass preferia mais a calma de seu claustro, Johann sentia certo medo a cada vez que a olhava, seguido de um desconforto, uma agitação gélida que surgia dentro de si. A cena fantasmagórica de um mês atrás ainda o fazia arrepiar a espinha, ainda mais quando remontava a cena próximo ao casulo naquele ambiente devastado em seus sonhos. Além disso, não queria encarar o ser que incorporou o Snorunt morto, pois sabia que a estagnação de sua vida naquele momento não iria agradar em nada.

      — Bom, já que é assim... — a empregada dava de ombros. Porém, ao voltar o olhar para a entrada do estábulo, arregalava os olhos. — Senhor Alberich! — colocava-se em posição de subordinação, abaixando levemente a cabeça.

      Um homem um tanto baixinho, característica não muito compartilhada entre os Walstunn, caminhava até os dois com um sorriso um tanto quanto jocoso. Possuía cabelos castanhos já ralos no topo da cabeça, mas lisos e jogados para trás na região temporal, e um olhar azul com bastante malícia. Um longo bigode bem penteado avançava para as laterais.

      — Ora Johann... Sabia que estaria aqui. — Tio Alberich... — o menino ficava mais pálido do que já estava ao ser pego infringindo o seu castigo. Rapidamente olhava para Gerdra, voltando a seguir o olhar para o parente, fixando nele o seu medo.

      — Venha! Não ganharei um abraço? — caminhava até o garoto com os braços bem abertos. Johann levantava e era praticamente capturado. — Não fique tenso... Sei das injustiças que meu irmão vem cometendo — soltava-o e colocava as gordas e pesadas mãos em seu ombro. — Pois bem, assim que soube como foi engaiolado aqui nessa mansão eu disse: não posso permitir isso! Claro que corri para cá o mais rápido possível para ajudá-lo, meu querido sobrinho. Juntos vamos convencer seu pai.

      Com tal discurso, o senhor de mais de sessenta anos conseguia acalmar o menino e, mais, a lhe persuadir. Assim, restava apenas a Johann esperar pela volta de seu pai de uma viagem de negócios. No máximo, em alguns dias tudo seria resolvido. Bastasse aguardar e desenvolver os melhores argumentos para vencer a batalha que envolvia o destino do garoto. A estratégia para Alberich já estava mais do que clara.

      Após a espera de duas noites, o dia em que tudo seria delimitado chegava. Acompanhado por outros parentes, o líder escolhido pelos Walstunn para dirigir importantes aspectos econômicos da família mantinha uma expressão fechada e séria ao observar Johann ao lado de seu irmão durante a recepção. Se já estava alinhado a continuar firme na resolução da vida do filho, aquela cena apenas reforçava a decisão. Não deixaria que tudo o que conquistara com muito esforço acabasse nas mãos do irmão derrotado e de seus descendentes. Jamais abriria a mão, mesmo que custasse a liberdade de escolha de suas crias.

      — Ora, meu adorado irmão, venha me dar um abraço — com o tom jocoso, Alberich retirava a mão sobre o ombro de Johann e andava até o outro homem. — Meu querido Thyr! — abraçava-o, beijando-o no rosto. Mantinha uma expressão sorridente com leves traços de sua malícia. 

      — É com grande fortuna que lhe vejo, mas a que lhe traz aqui, meu irmão? — apesar de já ter certeza da resposta, Thyr deveria escutar da própria boca de seu parente.

      — Gostaria de auxíliá-lo nesse terrível dilema em que se encontra você e meu adorado sobrinho. Acredito que poderemos chegar em um acordo que beneficie a todos… — a última palavra era dita quase em delírio, com o som se prolongando como uma serpente.

      — Não será necessário — uma terceira voz, muito firme, ecoava pela sala e surpreendia a todos, exceto Thyr. Este limitava-se a olhar pelo canto dos olhos. — Meu querido tio, não tardará para que tudo se resolva. Hoje mesmo tudo será acordado.

      A fonte da decisiva, porém bela voz, encontrava-se na entrada principal da primeira sala da mansão, reservada para convidados. Antes mesmo de perceber que chamava a atenção, batia uma bota castanha na outra para retirar o último resquício de neve. Em seguida, redirecionava os olhos, de uma tonalidade verde bem clara, quase pálida.

      — Hrist? — Johann se surpreendia com a irmã que não via há um ano.

      — Olá Han Han — carinhosamente acenava para o irmão, enquanto os demais atônitos observavam-na caminhar pelo cômodo com magistralidade.

      A jovem, uma mulher com ainda seus 26 anos, mantinha-se ereta, com o olhar resoluto, andando até Alberich sem pressa nem demora, em um equilíbrio impressionante. Seu longo cabelo negro agitava-se levemente, acompanhando a dança de seus passos. As mechas que faziam uma franja no lado esquerdo de seu rosto também bailavam com o ritmo. Parava à frente do homem baixo e a diferença de altura dos dois era evidente, sendo ela alguns bons centímetros mais alta.

      — Como está o senhor? — abraçava-o, porém logo desviava com tamanha desenvoltura de seus engabelamentos antes mesmo que as palavras fossem ditas. Ia de encontro, então, a Johann.

      — Ah meu querido! — o abraço era tão forte que o garoto sentia uma leve falta de ar. — Sei de tudo o que está acontecendo. Iremos resolver isso juntos logo...

      — Hrist! —Thyr se irritava com a filha, chamando-lhe a atenção.

      — Sim, o que foi papai? — todos se surpreendia com a coragem. — Resolveremos isso logo, afinal não interessa a ninguém prorrogar essa situação. Felizmente, a decisão resta somente a Johann e a mim. Mais ninguém — sorria graciosamente, deixando ainda mais atônitos todos no local, até mesmo os membros mais velhos e o chefe dos Walstunn.

      — O que você quer dizer com isso? — ameaçado, Alberich não conseguia esconder a preocupação. A sensação de que fora passado para trás se intensificava a cada olhar insolente da sobrinha.

      — Logo vocês saberão, mas agora compete só entre nós dois discutirmos sobre — acariciava delicadamente a cabeça de Johann.

      — Hrist, pare já com isso! — Thyr finalmente se irritava. — Não se esqueça que posso ainda voltar atrás do nosso acordo!

      — Desculpe papai... — parecia que a jovem de fato se arrependia. Parecia apenas. — Contudo, voltar atrás de tudo irá prejudicar mais a você e a nossa família do que a mim. Desculpe, — sorria momentaneamente com a vitória parcial — quem me ensinou a ser uma loba nos negócios foi você. Venha Johann, agora somos nós dois quem discutirá sobre seu futuro! — segurava sua mão e puxava-o em direção aos quartos.

      Assim que ambos os irmãos saíam da sala, um pequeno aglomerado se formava ao redor de Thyr. Ele ainda não se recuperava do choque que sua filha lhe causava devido ao confronto, mas aos poucos uma pequena sensação de orgulho surgia junto com a leveza de que algo lhe era retirado das costas.

      Após subir duas escadas de madeira e caminhar por um silencioso corredor iluminado por muitos abajures, os dois chegavam a uma porta trancada. A frente dela, havia uma pasta executiva negra posta por algum empregado. Johann, que acompanhava a irmã e observava a sua expressão sorridente, sabia muito bem qual cômodo era aquele. Hrist pegava uma chave em seu bolso, entregue por Gerdra alguns minutos atrás, e adentrava no quarto, convidando o irmão também a entrar. O aroma era refrescante lá dentro, demonstrando que havia sido limpo para a chegada da jovem. Esta ainda abria as cortinas vermelhas, fazendo alguma iluminação entrar no quarto. Jogava-se então na cama, despreguiçando-se. Logo levantava resoluta.

      — Bom... — levava a mão ao sedoso cabelo negro, sem saber como iniciar a conversa. — Gostaria de escutar como esteve durante esse ano afastado assim como também queria dizer o que fiz. Mas agora não é hora de colocar o papo em dia. Já discuti com o papai e só vim para cá por sua culpa, Johann.

      — Me desculpe... — o garoto abaixava a cabeça.

      — Ora, por que se desculpa? — ria. — Eu tenho apenas a agradecer a esta situação. Meu querido Johann, talvez seja cedo para você, mas hoje aprenderá que o mundo não gira só ao seu redor e que muitos do seu lado tem seus próprios interesses. Bom, talvez eu tenha parecido um pouco uma vilã agora, mas o que eu quero dizer é que, nesse momento, mais do que irmãos somos negociantes. Se eu não tivesse essa oportunidade de apresentar a minha proposta, não estaria aqui apesar de me importar contigo.

      — O que te interessa? — surpreso e até mesmo assustado com a súbita mudança de Hrist, Johann não retirava os olhos arregalados da expressão séria dela.

      — Vamos negociar então. Por tudo que já escutei, sua escolha final é de seguir como um treinador e viajar por ai, certo? A vida que nosso pai lhe oferece de tocar parte dos negócios lhe parece uma vida monótona. Estou correta?

      — Sim... — mudava aos poucos a expressão para também demonstrar seriedade. Johann respondia imediatamente. — É isso o que penso!

      — Ótimo — Hrist sorria e andava até uma mesa onde haviam várias recordações para ela. Abria então a pasta negra e retirava algumas poucas folhas. — Bem, Johann, diferente do papai, posso lhe oferecer a liberdade. Diferente do tio Alberich e outros abutres da nossa família posso tirá-lo da situação de marionete. Explicarei o que essa folhas são, pois escute bem, é o seu futuro em jogo. Aqui está um contrato em que você me venderá todo o seu direito de herdar as empresas e bens de maior valor como esse castelo — ao escutar parte da proposta, o menino novamente arregalava os olhos. — Em síntese, o que me interessa é que abra mão de sua herança. Por outro lado, pagarei por tudo isso com uma renda vitalícia e todos os custos que vier a ter em sua jornada. Além disso, terá o direito a um imóvel, não tão luxuoso quanto aqui, mas que lhe agrade, aonde quiser morar. As cartas estão na mesa meu irmão, o que decidirá por você?

      — Eu... eu...

      O garoto não sabia o que responder. Nunca lhe passou pensar em uma decisão como a apresentada. Jamais também se vira como alguém recebendo a missão de levar toda a família adiante. Tal futuro sempre achou entediante. Porém, perder tudo aquilo. Tudo para viver um sonho que se materializou há alguns anos, mas que não lhe dava certeza alguma. Não conseguia se decidir. A liberdade era cara demais.

      O silêncio se instaurava entre os dois. Johann olhava para a irmã, que lhe sorria com presas brancas. Em seguida, voltava o olhar para os papéis. O aperto no coração era forte demais para o garoto. Engolia seco enquanto se imaginava no futuro. Dez anos. Quinze anos. Trinta anos. Nunca fizera isso, nem sabia como fazer. Poderia errar por muito, ter suas expectativas completamente desiludidas. Era impressionante como algo tão importante, mas tão negligenciado, esbofeteava em sua cara. Dinheiro, treinador, pai, vida, irmã, futuro. Tudo passava como uma torrente de pensamento na cabeça de Johann. Respirava fundo. E então surgia a resposta. Mesmo com as incertezas, uma coragem lhe infundia no peito.

      — Aceito. Tenho que assinar em quê? — Hrist sorria felizmente com a resposta séria.

      — Aqui, aqui, aqui e aqui — a cada folha que passava, marcava um x onde o garoto devia assinar. Em seguida, dava-lhe a caneta. Ao esperar todas as assinaturas, recolhia e juntava as folhas. — Sabe Johann, tenho certeza de que foi difícil essa situação para você. Acredite, já tive essa mesma conversa com Drei — surpreendia o menino ao mencionar o irmão mais velho. — Ele também não queria entrar nessa vida de negócios. Tudo o que você assinou, ele também fez o mesmo. No caso, o sonho dele era mostrar verdade ao mundo e foi para Johto buscar seu objetivo. O meu é outro, de devorar o mundo.

      — Sabe... Em um dos livros que mais li em minha infância, há uma história em que criaturas colossais são capazes de devorar o Sol, a Lua, o mundo. Não achei que iria encontra uma delas — Johann comentava e Hrist ria em reação.

      — E como termina a história?

      — Com o fim do mundo.

      — Será que isso repetirá? — perguntava com certo tom jocoso. — Mas além disso, eu te amo e sempre amarei meu irmãozinho, independentemente de nossos negócios — abraçava o subitamente.



                                        A Torre


      Thyr caminhava até o avião particular que o esperava após uma longa reunião em Arethê, a grande capital da região vizinha de Kalos. Deixando para trás muitos parentes que apenas lhe dava dor de cabeça, o executivo subia as escadas já com uma sensação de paz. Adentrava no transporte depois de breves cumprimentos à equipe de voo. Não deixava que nenhum deles interrompessem a sua ida até a confortável poltrona reservada a ele. Os empregados, então, olhavam entre si, cada um transmitindo a mesma preocupação.

      — Olá... — justamente no local reservado ao representante maior dos Walstunn já se encontrava alguém. Thyr, progressivamente, sentia um calor subir por seu corpo. Antes de explodir, colocava a mão sobre os olhos. — ... papai.

      — O que faz aqui? — ainda com a mão tapando boa parte do rosto, falava como se rasgasse as palavras de tanta raiva.

      — Ora... Negócios — Hrist sorria.

      A jovem mantinha-se sentada na poltrona, com os antebraços descansando sobre os apoios e as pernas cruzadas. Vestia calça e terno negros, enquanto a sua blusa era branca. O cabelo negro era preso em um longo rabo de cavalo, com sua típica franja no lado direito. Por fim, ainda permanecia com a expressão sorridente. Levantava-se apenas quando seu pai a olhava com maior firmeza e seu drink pedido a pouco tempo atrás chegava.

      — O que você quer, Hrist?

      — Você tem um problema e eu, uma solução — começava a falar e o avião finalmente partia. — O que está achando uma fraqueza, eu, por outro lado, acho uma oportunidade de fortalecimento...

      — Não tente me ludibriar desse modo — Thyr, conhecendo a filha, interrompia, pedindo para ir logo ao que queria.

      — Ora, meu pai, quem me fez assim eloquente foi você — ria levemente. Então, olhava com mais arrogância. O homem se surpreendia com a súbita mudança. — Pois bem, já que é assim... Eu quero a herança de Johann — dizia calmamente enquanto o homem arregalava os olhos. — Para isso, preciso de uma assinatura sua.

      — Nem pensar! — Thyr já se exaltava, assustando parte da equipe de voo.

      — Acalme-se, assim poderá passar mal — sorria. — Brincadeirinha! Sei que você tem uma saúde de ferro. Não deve ter escrito uma testamento ainda — a ironia de Hrist irritava o pai. — Mas sabe o que é ainda mais resistente? A minha ganância. Por isso, assine...

      — Não! Não vou assinar nada — o homem já se encontrava vermelho.

      — Mas, meu pai, será melhor para todos. Pense bem. Johann não nasceu para esse meio e jamais se adaptará a ele. Você sabe bem disso. Você acha que fazendo algum número no conselho te dará algum benefício, mas está errado. Os abutres da nossa família certamente usarão ele para te enfraquecer. Além de dar o que Johann sempre quis, também estou te livrando de lidar com essa corja. Por fim, não é melhor ter uma aliada forte como eu? Basta me deixar ficar mais próxima do que sempre sonhei...

      — Que é o meu lugar — Thyr a interrompia e Hrist sorria como uma criança fazendo arte. — Não sente nenhum mal falando assim? Privando seu irmão de algo tão relevante para sua vontade?

      — Ora papai, mas não é isso o que está fazendo? Quem o priva é o senhor. Eu ofereço apenas a liberdade — irritava-o. — Além do mais, tudo será decidido por Johann... Ele já está grandinho ao ponto de decidir o futuro. Não é que eu vá deixá-lo às migalhas também.

      — Não assinarei nada. Não temos mais nada a discutir. Você não irá me tirar do meu lugar!

      — Ah papai... — pedia outro drink. Esperava o empregado sair para voltar a falar. — Na verdade, eu posso tomá-lo quando quiser, como eu quiser — Thyr arregalava novamente os olhos devido à insolência. Hrist agora estava mais séria. — O que acha que fiquei fazendo por um ano? Viajei pelas mais diversas regiões e expandi minha própria fortuna sem precisar da nossa família. Tenho sócios prontos a investir nas ações de nossas empresas, basta um telefone. Obviamente, é questão de tempo o poder cair nas minhas mãos. O que lhe resta, papai, é apenas decidir se tal processo será traumático ou não.

      — Você não está falando sério!

      — Podemos ver isso em um telefonema — sorria enquanto retirava um smartphone. — Eu não arriscaria.

      Thyr, então, pressionava os dentes com tanta força que as veias saltavam em sua região temporal. Tentava pensar em uma resposta, mas nada. A petulância de sua filha o deixava irado. Respirava fundo. Desde que seu filho menor inventava a bobagem de ser um treinador, a sua vida se tornava mais estressante. Muitas situações controladas fugiam de seu poder e pareciam tirar sarro de sua cara. Era assim que seu ego, construído a cada poder ganho entre os Walstunn, dava-lhe tanto desgosto. De suas reflexões, parecia reinar a de cansaço. Queria pôr um ponto final, sendo o mais seguro a médio prazo aceitar as condições postas a ele naquele instante.

      — E então, meu pai?

      — Assinarei esse maldito papel...

      — Ora! — surpresa, Hrist achava que o homem fosse resistir mais. Logo olhava para a sua nada agradável cara. — Não fique assim, papai! Afinal, isto aprendi do senhor. Avalie as condições favoráveis e assimile-as; use-as para se impor como fator extrínseco de intimidação.

      — Pois bem, devo lhe dar os parabéns? Mas algo me intriga, quais sócios você se refere? — Thyr sorria sarcasticamente, aceitando a derrota.

      — Não sei se deveria dizer, mas como é meu pai e meu tutor para a vida... O maior deles é o Instituto Ouroboros — a expressão irônica de Thyr logo se transformava em tensão.

      — Você sabe com quem está se metendo? — o homem preocupado a advertia. Hrist mantinha-se tranquila. — Cuidado... Está se alinhando com gente mais esperta que imagina.

      — Basta eu ser mais. Toda guerra é baseada na dissimulação — sorria.



                                                     Ecos


      A sua angústia era enorme. Já fazia alguns minutos em que a enfermeira adentrou nas entranhas do Centro Pokémon e por lá ficou. Suas mãos suavam, muito por ficarem inquietas. A cada segundo as esfregavam, não por sentir frio, mas sim por não aguentar mais a adrenalina intensificar seus batimentos cardíacos. Seu rosto redondo estava levemente avermelhado devido ao intenso fluxo de sangue por suas artérias assim como o ar passava tão velozmente por suas vias aéreas, deixando-as secas. 

      — Vamos, vamos — seus pensamentos turbilhavam apenas nessas palavras, enquanto o ritmo era dado pelas pernas inquietas. 

      Quase dando um pequeno pulo, era surpreendido pela jovem que trazia a esfera, metade colorida por tinta vermelha. O semblante da enfermeira era um tanto pesado, talvez por alguma dúvida que lhe consumia. Seu olhar, ríspido, voltava para o computador assim que voltava para atrás do balcão. Digitava algumas palavras e logo levantava a cabeça para o garoto a sua frente. Estava séria.

      — É para entregar ao dono, está bem? Não vá fazer nenhuma besteira.

      — Claro que não vou! Até parece, né, Audrey. Não confia no seu cunhado? — sorria.

      A mulher respirava fundo sem responder. Entregava a pokéball com uma sensação de arrependimento já lhe batendo na porta. Enquanto isso, o garoto com as mãos quase tremendo de excitação recebia aquilo que tanto desejava. Após uma breve despedida, realizada apenas por uma palavra, colocava-se para fora com a esfera ainda em sua mão. 

      — Agora aquele otário terá o que merece — Phil falava bem baixinho, sorrindo a seguir. 

      Seguia para o sul de Snowbelle. Nascido na cidade, sabia muito bem os perigos que lá continha desde quando era apenas uma criança. Até quando seu irmão, um proeminente treinador de sua geração, aventurava-se por lá, jamais tivera a permissão para adentrar na floresta. Toda essa restrição lhe produziu um fundamentado, porém desconhecido, medo do que aquelas árvores continham tanto que, agora, no presente, parava a frente da entrada. A escuridão por entre os troncos ainda lhe assustava, ao ponto de Phil ainda sentir um tremor subindo de sua lombar em direção à cabeça. Jogava a pokéball.

      — Vai para lá coisa imbecil.

      Assim que a figura do pequeno morcego se materializar a sua frente, logo uma onda de raiva lhe consumia. Não aguentava observar aquela figura ridícula cheia de bandagens. Se o plano original da carta não deu certo, pelo menos aquilo era uma recompensa por seu trabalho. De certo modo, essa reflexão lhe contentava um pouco, mas logo se irava novamente ao lembrar do treinador de Noibat. Com a recusa deste de ir para dentro da escuridão a ira se intensificava ainda mais. Então, no ápice de sua falta de paciência, dava um pontapé na criatura, arrancando dela um grito de dor. Impulsionado contra a sua vontade para o interior da floresta, o morcego tentava bater, em vão, suas asas, tentando fugir de Phil. Encoberto pela densa neblina, não encontrava mais o caminho em que foi violentamente posto a fazer. 

      Durante o retorno para a civilização, o garoto observava longe o grande ginásio de Snowbelle, incrustado na montanha ao norte, ainda lhe causava os mesmos arrepios de admiração. Criado lá dentro mesmo, observou seu pai e, em seguida, seu irmão aceitarem desafios. Desse modo, apenas poderia desejar do que aquela herança muito mais pela afeição do que os demais benefícios agradáveis daquela vida. Estava em seu sangue em ser o sucessor de um dos cargos mais adorados da cidade. 

      Os sonhos de infância só poderiam ser realizados com treino e força, assim pensava. Portanto, acabava nas mãos do tutor, uma genuína figura solene da cidade criada a partir de suas peripécias em Kalos. Desde o primeiro dia em que foi posto aos ensinamentos, Phil sentia sua capacidade, aos poucos, serem solidificadas. Isso lhe agradava de tão modo que o futuro imaginado, a cada dia, ficava mais próximo. Quando outros alunos mais velhos saíam em suas jornadas, o garoto progressivamente subia na pirâmide formada pelo talento daqueles jovens. Viu surgir ao seu lado alguns amigos e até rivais, como uma bela garota loira um pouco mais velha, mas dotada de grande capacidade. Apesar de se sentir ameaçado e, até mesmo, sentir-se desconfortável com alguns poucos acima na pirâmide estudantil, ainda assim via em si a resposta para superá-lo. Seguindo os conselhos de seu irmão, deveria esforçar em seu potencial para que florescesse como um treinador. Assim, mesmo que tivesse defrontar outros tão talentosos quanto ele, ainda se sentia confiante.

      A confiança, entretanto, é volátil e foi em um dia ensolarado na fria cidade que descobrira como uma tempestade pode simplesmente levar os alicerces de uma casa abaixo. Com apenas um olhar dele já fazia Phil sentir-se incomodado, como se violasse o íntimo de sua alma. Uma estranha perturbação de seu ânimo causada apenas por olhá-lo. O novo garoto que chegava para ser aluno do tutor era mais inconveniente do que qualquer outro aluno que rivalizasse com sua capacidade ou desagradável que qualquer outro estrangeiro. Apenas bastava ele existir, que Phil sentia aquela existência pressionar a sua. Assim, frente à desconhecida razão de ser, uma reação surgia de modo tão natural quanto aquela pressão. Uma força violenta que resistia a ventania como uma pedra pontiaguda inábil de discernir qualquer senso de justiça. Era tão sólida e persistente que, alheia a sua origem, apenas se impregnava na existência de Phil e este a adotava, esquecendo até mesmo de quem queria ser.

      O mesmo ímpeto que ressoava em Phil também vibrava a existência daqueles ao seu redor. Não demoraria para que a aprendesse a vileza de reverberar todas essas ondas. Um eco ansioso por dor.
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MensagemAssunto: Re: O Aventureiro   O Aventureiro - Página 3 Icon_minitimeQui 2 Jul 2020 - 14:37

Fala meu queridão.

Esse capítulo foi interessante, apesar de não ter grandes acontecimentos como os últimos, deu pra dar uma situada em como será a vida de Johann daqui em diante. Eu curti o jeito da Hrist, sendo uma personagem extremamente ambiciosa e capaz de passar por cima até dos próprios irmãos pra conseguir o que quer. 

Claro que curtir não quer dizer simpatizar com as ideias, pois ela herdou exatamente os piores traços da família kkk Mesmo ela oferecendo basicamente tudo que o Johann sempre sonhou, no fundo fiquei gritando "não aceita cara, ela vai te foder". O capítulo extra dela foi muito bom pra conhecer mais sobre a personagem e ver o cretino do pai do Johann passar mais raiva rs

Agora o capítulo do Phil só me fez foi sentir RAIVA. Psicopata desgraçado. Dê uma alegria pra mim roberto e mate esse cara de uma forma bem dolorida vai

até a próxima amigo o/
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MensagemAssunto: Re: O Aventureiro   O Aventureiro - Página 3 Icon_minitimeQui 2 Jul 2020 - 20:57

Bem, vamos lá.

Apesar do tamanho do capítulo (ou de serem três), não há muito o que comentar, visto que foi mais "lento" do que o usual que estava sendo os últimos, não que tenha sido ruim, pelo contrário. De toda forma, também foi bom para apresentar-nos uma nova personagem e também para dar um pano de fundo sobre outro. No geral foi mais isso mesmo.

Bem, de fato era de se esperar que o Johann sofreria consequências e voltaria à sua residência, a qual ele não é dos maiores fãs. E, estando ele nesse local, você trouxe de volta a história da empresa e da herança, mas acrescentou mais um personagem a esse trelele empresarial: a Hrist. Eu achei ela uma personagem extremamente desgraçada kkkk, mas gostei dela, justamente por isso kkkkk, essa família só tem urubu, é um pior que outro kkkkk, mas achei legal a personagem e apesar de ser tão cachorra com o Johann ainda assim achei que era o melhor que o garoto tinha a realizar nas suas condições atuais. De toda forma, gostei que, apesar de a Hrist em tese ser um personagem clichê, que é o filho do milionário que é um gênio nos negócios e etc, foi bem interessante você ter posto que o homem teve dois filhos e uma filha, e justamente só a filha se interessou pelos negócios, não que seja uma coisa extraordinária, mas é bem usual em ver, não só em fanfics, mas num contexto geral, mas enfim. Ademais, curioso com essa organização a qual ela se alinhou, pois pelo que o pai falou, são bem perigosos, então a ver como será desenvolvido isso.

Esse capítulo do Phil só serviu pra aumentar ainda mais o ódio com ele kkkk, que moleque sequelado do caramba kkkk, mas de toda forma, ainda mostrou um pouquinho mais dele, revelando que ele é o filho do líder (o líder ainda é o Wulfuric?), então creio que você irá explorá-lo mais também.

Realmente a questão da Froslass era realmente um pouco do que eu havia dito, conforme você mesmo havia confirmado; achei interessante essa solução que você deu.
E será que finalmente o Johann vai enfim conseguir sair em jornada? Após tantas idas e vindas e tantos percalços, o horizonte finalmente parece ter se aberto ao jovem, apesar das condições pouco animosas que sua irmã ofereceu. Mas entre o dinheiro e a liberdade, o rapaz escolheu o segundo. Aliás, falando em liberdade, fiquei curioso com o irmão dele que aparentemente está em Johto, também anseio por vê-lo mais kkk.

Bem, no geral é isso. Então, é só e boa sorte com a fic.

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MensagemAssunto: Re: O Aventureiro   O Aventureiro - Página 3 Icon_minitimeDom 5 Jul 2020 - 20:32

Boa noite. Hoje o capítulo será um pouco mais curto do que aqueles postados recentemente. Ele também é mais lento, em parte porque serve preparação para o que vem no futuro. Boa leitura!

Comentários:



                                      IX. Ilusões da Cidade


      A suave voz de um mulher desconhecida ressoava por todo o vagão. Finalmente o anúncio de que a viagem terminava ao chegar a estação desejada lhe animava ainda mais que a ansiedade ao adentrar naquele trem. A sua fiel acompanhante, a paisagem além da janela de acrílico, que alternava de longos campos verdejantes e pastos intermináveis para sinais de fumaça das cidades, tornava enfim sua breve residência. Levantava para seguir seu rumo.

      A multidão saía com rapidez do confortável veículo. A pressa fazia com que as pessoas logo desembarcassem do trem de alta velocidade para concluírem as tarefas que motivavam tal deslocamento pendular. Johann, sem aquela pressa toda, caminhava mais calmamente embora ainda lhe restasse aquele esqueleto ansioso e animado com a nova vida que o esperava. Muito desse contraste se explicava pela diferença de cotidiano entre os transeuntes. Por isso, era quase levado ao chão pelas malas que pareciam manadas de Tauros enfurecidos, batendo suas cabeças uns nos outros. Ao perceber o quão fora estava daquele ritmo elétrico, decidia, então, sair da magnífica estação, que se assemelhava a um shopping pelo tanto de lojas que possuía em seu interior. Os produtos variavam de celulares a perfumes e roupas. O garoto já era acostumado com todo aquele luxo, mas ainda assim se surpreendia com o que uma metrópole podia oferecer.

      Saindo da estação, espantava-se ainda mais. Era a primeira vez que via toda aquela agitação de uma capital, com todo o movimento de carros e pessoas formando um único ser. A iluminação, muito mais forte que as emitidas pelas peças de ouro e cristal no castelo de sua família, ofuscavam lhe os olhos, como se estivesse saindo de uma caverna escura para olhar o Sol. Porém, como se algo divino lhe chamava a atenção, olhava para cima, para a Prism Tower. Que monumento! Era quase uma escada para os céus, tocando-os gentilmente com a estrela iluminante que era a sua ponta. Ela surgia acima de todas as construções da cidade, guiando a todos como o edifício mãe.

      Passado esses minutos de espanto e admiração, que certamente duraram bastante, Johann finalmente se tocava de que devia se retirar para o hotel em que ficava a sua reserva. Porém, o mapa que possuía não era nem um tanto claro como a cidade. A sua leitura era bem difícil e associando uma vida distante de todo aquele movimento intenso que apenas as grandes cidades podem ofertar, o garoto acabava se perdendo na gigante metrópole. Entrava em ruas que não devia entrar, ignorava outras que não deveria ignorar, e assim, acabava em uma área um tanto afastada e perigosa. Tratava-se de um bairro em que muitos artistas, treinadores boêmios, dentre outras personalidades a fim de gozar a vida, juntavam-se com a população que fora afastada para a periferia. Ao seu redor, quase compartilhando o espaço com suas presas, estavam alguns marginais a espera de dar o bote a qualquer desavisado que passasse pelas ruas mais escuras da periferia. 
      
      Estranhando todo aquele ar boêmio, do cheiro alcoólico e festeiro que impregnava qualquer passo que desse, o menino adentrava em uma rua, que o levaria de volta ao centro da cidade segundo seu julgamento. Estava errado. Apenas o colocava ainda mais dentro de onde jamais queria estar. Cada vez mais nas entranhas, mais se surpreendia com a pobreza, que também aumentava. Os bares que antes possuíam algum conforto agora se tornavam bem pé rapados. Os bêbados alegres cantavam rua afora com seus amigos mendigos ou mau encarados, que assistiam os passos rápidos e amedrontados do garoto. O odor de bebida se misturava com o desagradável cheiro de esgoto e urina.

      — Garotinho... — a voz, surgindo do nada, fazia Johann quase saltar. Seu coração disparava e ele não olhava para trás. — O que um garotinho faz aqui com tanta mala? Por que não vem comigo? Vou te levar um lugar em que pode se hospedar.

      De um beco lateral daquela rua imunda, surgia um homem bem carrancudo, porém com um certo ar de ironia e maldade na voz e no sorriso. Essas características, entretanto, não eram notadas pelo treinador, nem os maltrapilhos que vestia, pois permanecia com o olhar para frente, paralisado pelo susto. À pergunta, respondia negativamente com a cabeça, o que desagrava o malandro. Este, então, com passos descompromissados, como ele também era, andava até o menino. Colocava-se à frente dele, mostrando a sua face ameaçadora. Possuía cabelos negros curtos, mas bem sebosos, indicando a falta de banho por alguns dias. Percebia, em seguida, as pokéball que a sua presa portava. Alargava ainda mais o sorriso, demonstrando a falta do incisivo lateral direito no arco superior. A sua face se tornava ainda mais enrugada, arrepiando o bigode desgrenhado.

      — Vamos, me dá essas pokéball ai… — seu hálito tinha o amargo odor etílico.

      Colocava o seu braço fedorento sobre o ombro de Johann. Seu tom mudava, tornando ainda mais hostil. O garoto resistia, movendo novamente a cabeça negativamente. Então, um soco bem no estômago o fazia cair no chão sem ar algum. Algumas lágrimas projetavam de seus olhos caindo na calçada imunda, que também chorava suas águas sujas em seu rosto. Porém, a recusa em entregar seus Pokémon fazia com que recebesse um chute nas costelas. Por sua sorte, não fora dos mais fortes nem dos mais certeiros, evitando uma contusão mais grave. O seguinte, no entanto, iria cumprir com as ameaças que o bandido fazia.

      — Afaste dele! — com os sentidos embargados pela dor e pelo medo, o garoto escutava uma voz. — Se acha que é certo fazer isso com um garoto, então você merece isso! Goodra, saía!

      Sem poder assistir a cena, Johann apenas escutava perifericamente alguns comandos. O que se passara era uma batalha. Goodra contra um Raticate mau nutrido. A vitória, obviamente, era do dragão, que lançava ainda um Dragon Pulse bem fraco contra o bandido que se colocava a fugir. Em seguida, a pessoa que havia afugentado o mau caráter se dirigia até o menino. Ainda embargado pela confusão de seus sentidos, aos poucos sua visão dava nitidez àquela imagem embaçada. Novamente estava lá o seu anjo! Talvez tão bela quanto a primeira vez que a vira. Acabava ainda mais grogue do que já estava pela dor, mas agora por um turbilhonamento em sua mente. Com uma estranha sensação de que sua cabeça fosse explodir por uma pressão intensa, também dava espaço a um vazio preenchido por apenas uma pequena ideia, mas extremamente valiosa para ele. Assim ficava por alguns segundos. Brunhild, obviamente, preocupava-se com aquele estado de confusão, achando que fosse algo grave. Porém, logo se tranquilizava ao vê-lo levantando.

      — Johann? Você está bem? Quantos dedos tem aqui?
Com o espaço criado a partir da pressão, a ideia aos poucos era acompanhada com os sentidos ainda ébrios, cada um mais confuso que o outro, como uma roda de bêbados girando, cantando e farreando. A organização de pensamento ainda era deficiente, mas conseguia se comportar frente àquela que bagunçou sua mente. A imagem da musa do garoto, alguns anos mais velha, ainda era tão impactante como no primeiro encontro e talvez sempre seria assim. Contudo, a realidade era diferente. Os anos sim mudaram a jovem. Os cabelos curtos se alongavam, enquanto a franja se intensificava na fronte branca. A maturidade do tempo mudava um pouco sua expressão. Até mesmo o brilho de seus olhos azuis, que sempre encantaram, mudou.

      — Sim, estou melhor — Johann respondia apesar da dor de cabeça que sentia. — Brunhild! — a emoção finalmente vencia a timidez do garoto, que se jogava em um abraço. A jovem, surpresa, recebia o carinho, sorrindo em seguida.

      A conversa que se seguia era simples. Brunhild estava de passagem àquela cidade e decidia ir comemorar com alguns amigos no bairro que Johann passou rapidamente. Entretanto, ao avistar o menino entrando em duas ruas antes, decidiu segui-lo com o pressentimento de que ocorreria algo ruim sem, contudo, conseguir alcançá-lo antes que acontecesse o mau agouro. Não sabia que ia encontrar o amigo depois de tanto tempo em um lugar como aquele no entanto. A paisagem e o odor, por mais que fossem irritantes, só se tornava desconfortáveis após alguns minutos de reencontro. Decidiam, então, sair daquela zona, guiados pela jovem que parecia conhecer consideravelmente a cidade. Ambos chegavam ao Hotel Richissime, em um endereço muito, mas muito distante de onde estavam. Fosse pela localização, fosse pelo luxo. Para Brunhild, que nunca desfrutou de algo assim na vida, parecia ter alguma fraqueza frente àquela riqueza.

      Após de deixar suas coisas no quarto e ter se limpado da sujeira mundana, o menino convidava a amiga a comer no famoso restaurante do hotel. Mesmo que fosse extremamente tentador, ela recusava alegando o tão caro era aquele estabelecimento. Contudo, ele insistia até conseguir a sua aprovação. Aproveitando mais a conversa que os dois não tiveram a oportunidade de ter, ficava claro a origem da família de Johann para Brunhild e que aqueles prazeres para ele não custava muita coisa. O salão onde estavam era fabuloso, com uma iluminação clara, porém levemente amarelada, assemelhando-se a cor de creme. Tocava-se alguma sinfonia de um respeitável compositor antigo. Enquanto isso, a treinadora se segurava para não pedir mais de um prato.
      
      — Nunca imaginaria que havia achado um herdeiro de um império em uma caverna — brincava enquanto cortava um pedaço de carne de ave. — Que sorte a minha! — sorria, subvertendo os contos de fadas.

      — E eu nunca imaginaria que a princesa que encontrei fosse ainda mais bonita do que imaginei! — não ficando para trás, o garoto também comentava de forma a ficar vermelho e com uma enorme vontade de se afundar na confortável cadeira até desaparecer.

      — Ora! Mas que bonitinho! — ela adorava o elogio, abrindo um sorriso. — Acho que foi o meu novo corte de cabelo! Mas você está mais bonito assim, depois de crescer! — desconcertava ainda mais o garoto.
      
      De fato, havia crescido um pouco mais, estando alguns centímetros mais alto. Seus cabelos castanhos, antes um tanto quanto lisos e arrumados, ondulavam um pouco mais de modo a quebrar a sua seriedade anterior. Ainda assim, o penteado se mantinha com uma divisa na lateral direita enquanto os fios eram jogados para a direita. O olhar esverdeado ainda possuía intensidade de alguns anos atrás, mas agora estava amadurecendo, em uma transição do que foi com o que será. Do mesmo modo, alguns traços mais  infantis, como o fino queixo, já demontravam avanços de desenvolvimento. Até a sua postura estava mais madura.

      — Aposto que tem muitas meninas querendo ser sua namoradinha!

      Novamente, Johann se ruborizava e negava veemente as namoradinhas. A jovem sorria encantadoramente a todas essas reações dele, não sabendo, contudo, de como os sentimentos do garoto trovejavam e assopravam como uma ventania em uma tempestade violenta. Também era de desconhecimento de Brunhild tudo aquilo que o menino fora alvo e do que abriu mão para estar ali, sentado à sua frente. Johann não revelava tal passado. Para ele, era mais importante, ou melhor, mais acalentador saber que o futuro de incertezas lhe dera um momento deste. Alcançar a certeza de que fizera o correto era mais fácil naquele instante. À sua musa, revelava apenas que a estadia em Lumiose era para pegar o trem até Coumarine, de onde começaria a sua aventura até outro continente.

      Assim que ambos terminavam de comer, os sinos da Catedral de Saint Pierre anunciavam as horas. Já era onze da noite, e Brunhild havia esquecido completamente de seu encontro. Contra vontade de Johann, ela acabava indo, argumentando de que teria de pelo menos dar as caras à festa de seus amigos. Além disso, também dizia, como uma irmã mais velha, que o garoto deveria ir descansar, pois sua viagem seria longa no dia seguinte. Dessa forma, a treinadora se despedia, talvez da última vez, do treinador, enquanto este subia os andares com a cara fechada e uma estranha sensação que os mais experientes poderiam chamar de ciúmes. A cada degrau que avançava sentia a gravidade mais intensa e levantar o pé era mais difícil. Sentia suas forças se esvaírem a cada segundo após a despedida. Logo, a frente da porta de seu quarto, estava enfraquecido ao ponto de abrí-la se tornava uma façanha homérica. A fraqueza não era causada por algum distúrbio na transmissão de sinais do cérebro por nervos até músculos, mas sim por uma prostração súbita de,  inconscientemente, temer que aquela poderia ser a última vez que a veria.
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MensagemAssunto: Re: O Aventureiro   O Aventureiro - Página 3 Icon_minitimeTer 7 Jul 2020 - 20:26

Hey, Roberto, tudo bem??

Nossa, voltei pro fórum há pouquíssimo tempo, então tá difícil de acompanhar tudo ainda kkk. Sua fic já tá bem adiantada, então vou comentar a história mais por alto mesmo.

Inicialmente quero dizer que amei o seu estilo de escrita, bem descritivo, mas sem exageros desnecessários. A forma como você escreve é muito gostosa de ler. Também gostei do ar de mistério dos capítulos iniciais, apesar do tamanho reduzido, mas isso do tamanho você foi ajustando ao longos dos capítulos e acho que agora já estão num tamanho bom.

Sobre a história em si, gostei da ideia de trazer um protagonista inspirado pelos livros, acho que é uma motivação interessante. Também gostei da introdução da Bru (não lembro o nome todo agora kk), foi uma cena de batalha curta, mas muito bem escrita e que utilizou de forma criativa os movimentos para servirem como luz na caverna, etc.

Também gostei da forma como você adaptou o mundo Pokémon, com algumas incursões mais realistas, como essa questão da nobreza, da cirurgia do Espurr, etc. Achei o nome de alguns personagens bem difíceis de lembrar, mas compreendo que foi uma escolha estilística e que combina com o pano de fundo da fic.

Sobre os capítulos extras, queria destacar A Canção do Bardo, porque eu simplesmente AMEI a sua criatividade em compor uma canção, achei uma ideia bem original e que foge completamente de tudo que a gente ta acostumado a ver em fics sobre Pokémon.

Sobre o último capítulo, novamente elogio a forma como você escreve, é uma leitura muito fluida e bacana. Achei interessante o mendigo tentar assaltar o Johann, traz um aspecto pouco explorado na franquia. Achei um pouco conveniente a Bru estar alí justamente no mesmo momento que o Johann, mas confesso que fiquei feliz pelo reencontro dos dois. Adorei a conversa deles durante o jantar e posso dizer que shippo #Bruhann com TODAS as forças hahahaha. No mais, o final deixou um ar de mistério mais uma vez. Ansiosa pra saber o porquê dele imaginar que seria a última vez que a veria.

É isso, boa sorte com a fic. Estou aguardando ansiosamente o desenrolar dessa história.
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MensagemAssunto: Re: O Aventureiro   O Aventureiro - Página 3 Icon_minitimeQua 8 Jul 2020 - 0:10

Bom, vamos lá.

Conforme você mesmo havia dito, esse capítulo foi menor que os demais, e não teve muitas coisas, então pretendo fazer um comentário bem breve mesmo.

Primeiramente, só pra falar que gostei muito da impressão que você passou de Lumiose, que confesso, foi a mesma que tive da primeira vez que vi no jogo kkk. De toda forma, apesar do Johann ser extremamente rico ele morava numa cidade pequena, o que de fato é curioso, mas foi bem legal essa ideia mostrada, como se fosse o caipira na cidade grande kkkk

No mais, achei muito interessante o encontro dele com a Brunhild após todos esses anos. E pela segunda vez ela apareceu para o salvar kkkk, apesar de parecer bem simples, eu gostei dessa subversão de a mocinha salvar o herói, ao invés do clássico vice-versa kkk. De toda forma, não lembro exatamente a idade da Brunhild, mas acho que ela era uns sete anos mais velha que ele né? Vejo que apesar da descrição, esse caso é mais um amor platônico do menino por ela, visto que ela é bem mais velha e é mais aquela coisa de adolescente dele. Mas no geral, achei interessante os dois terem posto o papo em dia, como diz o ditado kkkk.

O que me deixou bem curioso foi o fato final, do garoto provavelmente indo a Coumarine para pegar um navio para outra região. Não imaginava que ele teria uma tal jornada em outra região, e, visto a reluta inicial da família dele, fico pensando o que o fez convencer o pai de, além de permiti-lo sair em jornada, ir para outro continente. Provavelmente tem dedo da Hrist aí kkk.

Enfim, como eu disse, acabei não conseguindo falar muito.

Então, é só e boa sorte com a fic. No aguardo do próximo!

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MensagemAssunto: Re: O Aventureiro   O Aventureiro - Página 3 Icon_minitimeQua 8 Jul 2020 - 17:21

Oi robertoo, vamos lá.

Achei legalo capítulo situando a nova realidade do Johann, mesmo ele tendo sido mais curto que os demais. Sua descrição de Lumiose ficou impecável, até me atrevi a buscar a trilha da cidade pra ficar ouvindo enquanto lia o capítulo haha. Realmente curioso ver um garoto do campo, mesmo que podre de rico, totalmente perdido numa metrópole hehe

Afinal o acordo com a Hrist não parece ter se saído mal até o momento né? Já que apesar de tudo, ele ainda tem dinheiro rpa se hospedar em um hotel top e comer num restaurante maneiro. Só falta ao nosso jovem herói um pouco mais de malícia, antes que ele se envolva em outra confusão e não tenha mais alguém para salvá-lo.

Falando na salvadora, que reencontro fofo com a Bru. Mesmo com tantos anos, o coitado ainda é perdidamente apaixonado por ela, achei até audacioso da parte dele mandar uma cantada elogiando a beleza da garota. Infelizmente pra ele, os anos não parecem ter despertado outros interesses na Bru, que ainda o vê apenas como um irmão.

O final do capítulo foi bem tenso. Essa sensação bizarra que o Johann teve não deve ser algo normal né? Algo me diz que a jornada dele deve dar uma atrasada.... #PrayForBru
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MensagemAssunto: Re: O Aventureiro   O Aventureiro - Página 3 Icon_minitimeDom 12 Jul 2020 - 5:09

Oi, Roberto! Quanto tempo! kkkkkk Demorei, mas voltei. rsrs


Vamos à fic. Consegui ler todos os capítulos que estava atrasada e primeiramente vou elogiar sua escrita, que continua impecável, sempre bem detalhada.


É estranho dizer isso, mas fico feliz que ele tenha sido expulso da escola, pois os capítulos lá já estavam ficando muito repetitivos, não aguentava mais aquele bullying todo. kkkkkkkkkk
Acho que acho que você pesou a mão nesse assunto, pois fazer todos da escola o odiarem, inclusive os professores, sem ele ter feito nada de ruim e ainda sendo um aluno que sempre prestava atenção, me parece muito algo que só acontece em filmes, por isso não curti muito o capítulo V, e estou feliz que ele tenha saído desse lugar. Mas diferente dos outros, curti o seu estilo de narrar batalhas, sem dividir por turnos, pois deixou a batalha mais dinâmica, dando mais espaço para os pokémons agirem.



Já no capítulo VI foi quando a coisa começou a ficar boa. Toda aquela cena do Noibat sozinho evoluindo antes do reencontro foi muito bem feita, assim como a cena seguinte, do encontro com o espírito e com a Froslass. Pelo que foi mostrado, fico imaginando se não se trata do espírito da Brunhild das histórias, ou um pedaço da alma dela. Alguma ligação imagino que tenha.


E lá vem o capítulo VII. Inicialmente, achei que se tratava de uma personagem nova, me surpreendendo com a revelação de que a Cerise é na verdade a Brunhild que apareceu capítulos atrás. O que só tornou o capítulo ainda mais interessante, pois gostei muito de descobrir mais sobre o passado dela e o que a motivou a seguir jornada, sendo, infelizmente, para pagar a dívida de seu pai, o que foi algo triste, mas inovador. Só me fez gostar ainda mais da personagem e torcer mais por ela, que para mim é quem deveria ser a protagonista da fanfic, pois a acho muito mais interessante do que o Johan. kkkkkkk


No capítulo VIII conhecemos um pouco mais da família do Johan, que como o Black disse, só tem urubu. kkkkkkkk
Achei a Hrist uma personagem forte e interessante, apesar de moralmente questionável. Gostaria de ver mais sobre ela. Achei bem arriscado esse acordo que ela propôs ao Johan, não sei se é muito confiável, pois está na cara que ela quer é ficar com toda a herança. Além de que, ele nem leu o contrato, quem sabe o que está de fato escrito e quem garante que ela vai cumprir o acordo? Mas imaginei que a vontade de seguir o sonho pesaria mais. Mas se fosse eu, não sei se teria coragem de abrir mão do dinheiro. kkkkkkk Quanto ao Phill, para mim a única salvação é a morte, só digo.


Finalmente o último capítulo, com o tão esperado encontro entre os dois, com o Johan sendo salvo outra vez. E novamente, ele parece muito apaixonado, mas ela parece não corresponder. Não sei se vejo muito futuro para eles como um casal, ainda mais com aquela frase final, com o Johan sentindo que nunca mais vai vê-la. Você que não ouse matar a Brunhild, hein! kkkkkk



Bom, é isso, agora sim, aguardo o próximo capítulo estando em dia! Um abraço e até mais!

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