Pokémon - Bellum Regalis

Temporada 1

Nascem os Agri Bellators!

• 000 - Prólogo
• 001 - Aquele que sonha
• 002 - A Dama de Ferro
• 003 - Encontros e desencontros

A narração poderia começar dizendo que  o céu era azul, ou talvez mencionando o horário. Poderia ser dito sobre a cidade em que se passa, e talvez até a região… Mas isso seria previsível demais.

O anúncio que veio pegou todos desprevenidos. O cancelamento da Liga Pokémon na região de Bellum era no mínimo uma surpresa inesperada, com perdão para a redundância.

— Rumores tem sido feitos nos últimos dias sobre o cancelamento da Liga. E eu apenas posso dizer que… É uma verdade. - Diz um velho homem que estava sendo entrevistado.

Sua expressão facial demonstrava tristeza em dar a notícia. Na verdade, sua feição parecia  de arrependimento. Seu rosto era  delineado por rugas, que escâncaravam sua idade avançada. Seu bigode era grisalho, e por baixo de seu chapéu era possível ver que o homem não tinha cabelo. Trajava um simples terno marrom num tom café com leite, que combinava com sua clichê aparencia de multibilionário velho. Tinha uma bengala com uma Pokebola no topo, e em sua volta um ar imponente, mesmo que meio desgastado. Aquele era Dives, o dono da Liga Pokémon de Bellum.

— Pois bem, isso não importa agora. Eu vim aqui para revelar meus planos para a Liga, e não para reclamar sobre os problemas da região, por mais que estejam interligados... Espero que gostem.

• Rush - Ele me deu vários sprites que eu pretendo usar, e além disso me inspirou bastante com suas fanfics.
• -Ice - Além de também me ajudar na inspiração com a fanfic, ele me ajudou com o mapa da região.
• Slow - Acredite ou não, eu só fiz a fanfic porque o Slow disse que eu deveria fazer kkkkkkkk. Agradeço a ele, foi bem divertido bolar e criar coisas de Pokémon novamente.
• Elazul - Criador dos escudos dos Forum, que mandou bem pra caramba editando eles, sem pedir nada em troca e com muita atenciosidade.

• Forum - As guildas, times, crews, grupos, etc.
• Forum-Basis - Os novos ginásios. São as guildas que conseguiram pontos de influência o suficiente para ter uma base em alguma cidade. Funcionam como os novos ginásios
• Electi - A nova Elite dos Quatro. É o Forum com mais pontos de influência. Para se eleger como a nova Electi, deve derrotar a antiga. Seu território é obrigatoriamente numa ilha isolada do resto da região de Bellum.
• Projeto Acies/ Acies - O projeto que busca renovar a forma como funciona a liga Pokémon em Bellum.

• Conyjams

O céu estava pintado de um azul celestial perfeito, e eram pouco mais de dez e meia da manhã. Em Agri, a pequena e pacata cidade das montanhas de Bellum, tudo acontecia de forma absolutamente tediosa e normal...

Naturalmente, é claro; uma cidade rural nas montanhas, lotada de campos e mais campos de plantio. Os moradores eram em sua esmagadora maioria pessoas que ganhavam a vida com cultivo de Apricorns ou de Berries, e o resto, ínfima minoria, eram bem afortunados o suficiente para comprar uma mansão na pequena cidade e passar o resto de sua vida tendo problemas com Pokémon insetos que invadiam as plantações vizinhas, causando um alvoroço sempre que alguma fruta era roubada.

Fora disso, a cidade tinha um total de zero tipos de coisas para se fazer. Por exemplo, o Centro Pokémon de Agri era o mais novo da região de Bellum. Foi o último implantado, por pressão dos treinadores que passavam por lá, e graças ao incessante avanço da Equipe Dominus pela região, alguns anos atrás…

Bem, chega de falar da cidade. Devemos focar agora nos moradores dela.

Dando um pequeno destaque para um trecho pequeno de Agri, uma granja, para ser mais exato, podemos ver um menino que trabalhava em um terreno. Ele parecia estar mexendo no solo, preparando-o para o plantio… Ou coisa do gênero, eu não entendo muito de agricultura.

Tá bom, tá bom, vou me esforçar um pouco mais.

Com seus braços não tão musculosos, mas definidos graças ao trabalho braçal, usava sua enxada para fazer buracos no chão para futuramente plantar algumas sementes de Berries. Enquanto preparava a terra, alguns Pokémon pássaros passavam por cima dele, voando e cantando, criando o ritmo de seu corpo sem que nem ele mesmo percebesse.

Um pio, um buraco. Outro pio, um passo para trás. Mais um pio, outro buraco…

Criava todos em linhas, que eram dispostas uma do lado da outra. Dez buracos por linha, com um espaçamento entre elas que seria o suficiente apenas para andar pela horta. Era um trabalho cansativo, mas não demonstrava desânimo.  Tinha em sua cabeça um chapéu de palha, provavelmente para se proteger do Sol forte da manhã. Após mais alguns golpes na terra, o jovem para e suspira. Tira seu chapéu da cabeça e olha para o alto.

— Phew… — Ele enxuga sua testa. — Hoje o Sol tá pra mata pidgey frito! — Exclama, rindo


Seu nome é Giomorjeno.

Er… Por favor, chamemos ele de Gio, pode ser?

Gio é apenas um simples caipira de uma cidade do interior nas montanhas, que vive plantando e colhendo para seus pais, com a ajuda de outros Pokémon. Usando uma camisa de regata branca, shorts pretos e chinelos,  a única coisa que chamava atenção em seu visual era seu chapéu de palha, e até este era bem comum. Seus cabelos eram escuros, assim como seus olhos. O garoto coloca sua enxada apoiada no ombro e começa a andar rumo… Algum lugar.

Cruzando por vários campos de Berries, provavelmente plantados anteriormente por ele mesmo, anda mais um pouco até finalmente encontrar uma pequena e humilde casa, e em sua volta uma enorme quantidade de plantações e mais plantações de Berries, todas seguindo o mesmo padrão de linhas e espaçamento para caminhar entre elas.

Gio entra na casa, que era ainda mais simples por dentro. Passando pela porta, chega em uma pequena cozinha que tinha uma geladeira e um fogão velhos, e uma comum pia de mármore.  Além disso, alguns ármarios embutidos aqui e ali que eram feitos de madeira, provavelmente um trabalho manual. O ambiente como um todo tinha um ar bem rural e humilde, algo que combinava perfeitamente com o jovem Gio. E com a mulher que lavava a louça e estava na cozinha, também.

— Vortei. — Diz o garoto. — Já fiz us buraco que cê me pediu… Posso dá um tempinho agora?

— O SEU DISGRAÇA, TÁ FAZENO O QUÊ AQUI DENTRO? NUM LHE MANDEI FAZE UM MIÃO DE BURACO?!

— Você nem sabe contar até um milhão,  mãe... Relaxa um pouquinho. — Diz o garoto, aparentemente acostumado com explosões de emoção de sua figura materna. Ele apoia sua enxada numa parede da cozinha. — Além do mais, o Sol tá forte demais hoje… Não posso da um tempinho não?

— Pôde, num pode não. Mas bem, teu pai tava querendo bem fala com ocê. Vá ver ele no quarto, vá.

— Obrigado. — Diz ele, adentrando mais fundo na casa.

Não existiam muitos cômodos nela. No primeiro andar, apenas a pequena cozinha, além de um corredor, um banheiro e a sala de estar, que tinha apenas um móvel com uma televisão velha de tamanho mediano, além de uma estante e dois sofás. Porém, existia uma escada para um segundo andar. O menino se põe a subir elas e em poucos segundos chega. Existiam um corredor e três quartos nesta segunda parte da casa.  Ele já começa gritando, anunciando sua chegada.

— Paiii!  Tô  aqui, do que o senhor precisa?

— Gio, venha cá, meu filho! — Diz uma voz masculina, de algum lugar. — Estou aqui no teu quarto.

O garoto se direciona para seu quarto sem pressa, com passos lentos e sem ritmo.  Assim que chega na porta, vê seu pai sentado em sua cama.

O quarto do menino era bem simples, também. Paredes brancas, com um armário para guardar roupas. Uma cama com um edredom xadrez, e uma pequena televisão. O que chamava atenção eram os vários escudos de Forums espalhados pelo quarto. Pôsteres, desenhos…

— Venha cá, meu filho.

Ele tinha vestes simples (essa parece a palavra chave), como todo o resto da casa. Usava uma blusa xadrez vermelha, e calças jeans azul. Tinha uma barba mal feita em seu rosto e seus cabelos era escuros. Estava com uma mão atrás das costas, e a outra sobre sua coxa. Não olhava na direção de Gio, muito menos observava o quarto ou coisa do gênero.  Apenas fitava o chão incessantemente, enquanto falava.  O garoto se aproxima e pega uma das mãos do pai, colocando-a em sua cabeça.

— Precisa do que, pai?

— Hoje você completou quinze, não foi? — Pergunta o pai do garoto com um tom de voz doce enquanto sorria, mexendo nos cabelos do menino com sua mão.

— Completei nada pai, falta uma semana, HAHAH. — Diz Gio, dando uma risada meio… Alta demais pra uma coisa  tão boba. — E o senhor, como tá?

— Não, não, não vamos falar sobre minha pessoa hoje!  Hoje é seu dia, mesmo que não seja seu aniversário… Veja o que eu encontrei no meu quarto.

Após falar isso, o pai tira sua mão de trás do corpo e mostrando algo para o garoto. Era uma esfera bicolor que certamente era bem comum em Bellum. Entretanto, sua maior diferença era que suas cores não eram o vermelho e o branco, mas sim o preto, o amarelo.


— Uma Ultraball? Oxe! Coisa velha… — Diz o garoto, pegando o artefato.

— No meu tempo de treinador, eu não tinha muito dinheiro para ficar comprando Pokeballs, pagando o Centro Pokémon e ainda por cima Potions… Um dia, um senhor me presenteou com essa Ultraball, minha única, inclusive. — O pai sorria enquanto contava aquela história. Mesmo que fosse algo meio “triste”, ele tinha memórias felizes.  — Tem um Pokémon aí dentro. Eu nunca utilizei ele, pois… Bem, você sabe.  

O jovem ouvia atentamente ao que seu pai dizia,  enquanto começava a futucar a Ultraball. Virava ela em várias direções e mexia de um lado ao outro para ver se ouvia algo dentro do objeto.

— Isso aqui é velho demais! O Dominus já num lanço umas mil versão mais nova disso não?

O homem ri novamente.

— Sim, é verdade, esse modelo é bem velho. Hoje em dia você consegue até mesmo ver seu Pokémon dentro da cápsula. Mas, na minha época, não era bem assim… Enfim, eu queria que você ficasse com ela.

— Eu? Oxe, pra quê?

Não é que ele não soubesse o que uma Ultraball faz ou para que serve. Estamos em um mundo em que todos sabem a utilidade ou o motivo para usar uma dessas. A questão aqui é outra; para que o garoto iria querer ter um Pokémon?

— Estou te sugerindo que comece uma…

— Que isso! Num fale nisso pai! — Antes mesmo que o pai terminasse sua fala, o menino interrompe. — Sou o único que planta nesa casa, desde que o senhor perdeu a visão. Mãe não tem força pra isso, nem os irmãozinho!

— Os Pokémon ainda podem fazer a maior parte do serviço, Gio. Além disso, seus irmãos já estão pegando idade pra começar… Jyamureki vai fazer treze esse ano. É mais velho do que você quando começou.

— Caraca! Mas já? — Meio surpreso, o garoto franze suas sobrancelhas. —  O moleque num tem nem pêlo na xurréia ainda! Mesmo assim, num dá pra larga ocês aqui…

— Mas é seu sonho, não é?  Desde pequeno você é ficcionado nas batalhas Pokémon. E desde que esse Projeto Acies começou… Você ficou ainda mais vidrado! Compramos a sua tevêzinha para que pudesse assistir os duelos oficiais, e você desenhou um monte de cartazes, que sua mãe falou que você prende na parede! Ela disse que você ainda sabe de cór todos os integrantes de todos os Forums…

— E sei mesmo! Pode pergunta! — Dizia o garoto, estufando o peito e assentindo com a cabeça em sinal de orgulho.

De fato, era algo que orgulhava Gio profundamente. Seus irmãos e vizinhos não faziam ideia do que era um Forum, muito menos do que se trata uma batalha Pokémon. Para eles, Pokémon são ferramentas para cultivo de solo e para o plantio, apenas. A cidade de Agri nem mesmo tinha um Forum-Basis nela! Não é uma cidade de treinadores, apesar de alguns visitarem às vezes, é muito mais como um passeio turístico do que qualquer outra coisa.

— Hahaha… - O pai se divertia bastante com seu filho, mas sabia era seu sonho partir. — Gio, você deve iniciar sua jornada. Conversei com sua mãe ontem, e ela me permitiu te dizer isso, desde que prometesse que não iria se machucar.

A frase de seu pai tinha um duplo sentido obscuro; um que Gio não entenderia, a princípio.

— M-amãe deixou?

— Ela disse que é seu sonho! E devemos seguir nossos sonhos, não é?! Assim como eu segui o meu, você deve seguir o seu!

O pai sorria enquanto dava a notícia, pois estava feliz por seu filho. Mesmo que não fosse mais ver ele por algum tempo, talvez muito tempo, ele sabia da importância de uma jornada na vida do garoto. Por vários motivos.

— Mas pai…

Gio por sua vez não sabia muito o que dizer; seu pai era um homem na meia idade que tinha sido um ótimo treinador, na época em que a Liga Pokémon ainda não tinha sido comprada por Dominus. Em um acidente, ficou cego e encerrou sua carreira para cuidar da família. Giomorjeno foi seu primeiro filho, de seis.

De fato, era seu sonho. Mas o menino era humilde. Ele não pensava em torná-lo realidade; pensou que apenas namorar aquela ideia para sempre seria suficiente. Montava cadernos, desenhava gráficos, fazia todo tipo de exercício mental pensando nos Forums, mas nunca imaginou que passaria disso.

— Se-será que eu posso mesmo? — Os olhos do garoto começavam a arder e lacrimejar um pouco. Por sorte, seu pai não poderia ver isso.

— Mas é claro, amigão! Vamos fazer um acordo; se eu precisar de ajuda, te telefono na hora. Aí você volta correndo e me socorre, que tal? — Disse o pai, estendendo seu braço para apertar a mão do menino, enquanto sorria.

— O-obrigado! — Exclama Gio, enxugando suas lágrimas o mais rápido que podia e segurando a mão de seu pai. — Eu num tenho como ti agradece, pai…

— Apenas viva seu sonho, filho. Eu e mamãe vamos estar aqui torcendo por você. Monte seu Forum e nos orgulhe!

— Mas, pai, falando nisso… Num conheço ninguém que queira participar! Num sei se vô conseguir um time… Nem uma dupla! — Diz Gio. — Será que vou ter que enfrenta tudo sozinho…? — Pensando em tantas hipóteses que seriam possivelmente desastrosas, o menino encolhe seu corpo um pouco, naturalmente, em sinal de insegurança.

— Hahaha. —O pai ri novamente. — Gio, você é a pessoa mais humilde e bondosa que existe nessa região, eu te garanto. — Ele começa à mexer a mão que segurava a de Gio, subindo ela para cima e para baixo, como se estivessem fechando um acordo. — Não falo isso por ser meu filho. Tenho certeza de que você vai conseguir aliados importantes, que vão moldar sua aventura.

— Se o senhor diz, vou acreditar! — Deixando suas inseguranças de lado, o menino também começa a mexer sua mão junto de seu pai, oficializando o acordo. — Mas num sou tudo isso não, tô mais pra um meio termo de burro com sonhador. Ou é tudo a mesma coisa?

— Hahaha! Nada disso! Enfim, sem mais enrolação! - Ele se levanta e coloca as mãos nos ombros de seu filho. Os dois tinham alturas semelhantes. — Quero que comece hoje! Aproveite, pois estamos no início do ano. Com este Pokémon que estou te dando, procure fortalecer seu time e criar laços com amigos… Monte um Forum e comece a participar do Acie!

— Não se preocupe, eu sei como é que se faz! — Gio sorri novamente, como se já tivesse esquecido de  suas inseguranças e apenas estivesse vendo o lado bom das coisas; algo típico do garoto. — Brigado, pai. Prometo que vou conseguir derrotar a Electi. Vô te mostra o sangue que corre na nossa família.

— Esse é o espírito, Gio! Agora vamos até lá embaixo, dar adeus para sua mãe, antes que seus irmãozinhos voltem. Eles foram brincar no parquinho há pouco... Vai ser difícil ir embora com eles chorando.

Gio assente novamente e ambos descem até o andar inferior da casa. Seu pai já sabia se guiar perfeitamente, então o menino foi na frente para falar com sua mãe.

— Mãe! Vô começa uma jornada! — Diz o menino, que chegava correndo na cozinha em que sua mãe estava.

— ÔH MULEQUE, TU NUM CORRE NA COZINHA QUE EU TE VIRO DO AVESSO! — Grita a mãe, que já tinha parado de lavar a louça e agora estava sentada em uma cadeira da cozinha.

— Ops, perdão. — O menino se recompõe e sorri, sem jeito.

Ele se aproxima um pouco  da mãe, mas não se senta em uma cadeira. Olha para a mesa e percebe que existia uma pequena mochila infantil em cima. Em seguida, encara o rosto de sua mãe e  percebe que ela tinha uma feição meio abatida e preocupada no rosto. Antes que pudesse falar qualquer coisa, a mulher começa a conversa.

— Aí, aí… O que será de ocê nessa regiãozona?! — Diz a mãe, apreensiva. — Arrumei uma mochila procê. - Ela fala, apontando com a cabeça para a mesa. Após isso, se levanta da cadeira. — Num tem muito, ma é um começo.

Sem anunciar nada, a mãe abraça seu filho. No começo, Gio não retribui o abraço, pois estava surpreso com a ação. Não que sua mãe não fosse carinhosa, mas ela tinha uma forma diferente de demonstrar afeto. Era a primeira vez que ele recebia um abraço dela.

 — Venha ver a mainha ar vezes, ok?

—  E seus irmãozinhos também! — Fala o pai, que chega na cozinha após algum tempo.  — Eles vão adorar saber que o irmão mais velho se tornou um treinador.

— Vocês não se preocupe com isso! — Exclama Gio, saindo de seu breve transe e sorrindo novamente. — Eu vô volta rapidinho, cês vão vê, hehe.

— Espero que não como um fracassado! Ocê mostre praqueles tal Foro sei lá das quanta a raça da nossa famía viu?

— Oxeeee…  —  O menino faz uma careta, como se tivesse sido levemente ofendido.  —  Claro que eu vou!

A mãe encara seu filho por mais algum tempo, e algumas lágrimas escorrem de seus olhos.

— Fío… Tu tome cuidado, que esse mundo num tá preparado pra ocê. Agri é diferente por dimais do resto de Bellum. Aqui as pessoa dá oi, conversa, entrosa… Má lá fora, é tudo diferente. — Advertiu a mãe.

Esse tanto, nem Gio nem sua mãe saberiam afirmar com certeza; nenhum dos dois nunca saiu da cidade. Apenas seu pai poderia advogar à favor “do resto da região”, mas não o fez. Ao invés disso, apenas se aproximou de seu filho e estendeu a Ultraball para ele.

— Eu espero que você goste dele, Gio. É um bom Pokémon. Vai cuidar de você, e você deve cuidar dele. - Diz o homem, com uma feição mais séria do que até então. — Pessoas maldosas existem em qualquer lugar, até mesmo aqui. Alguns vão tentar se aproximar de você por vários motivos, inclusive por causa deste pequeno, mas não se preocupe com isso; mostre pra eles como você é bom. — Seu tom de voz também era mais sério, o que causou um pequeno estranhamento em Gio, que ouvindo aquilo, apenas sorriu.

— Pai… Podexá! — Ele assentia enquanto sorria. Gio pega a mochila que estava em cima da mesa e coloca nas costas. — Ocê tem razão, melhor eu ir antes que os irmãozinho voltem. Diga que eu gosto por demais deles, viu?!

— Ah, filho. — O pai se aproxima mais um pouco e abraça Gio. — Nos avise quando participar de alguma batalha oficial contra os Forum-basis. Vou ligar a televisão para torcer por você.

— Não se preocupe com isso, pai… — O garoto retribuiu o abraço.

Os dois ficam assim por algum tempo. Era tudo tão repentino… De repente seu sonho de ter uma jornada se tornaria realidade. Ele não conseguia acreditar completamente ainda.

O abraço acaba e os dois se distanciam um pouco.

— Bem… Eu vou… Eu vou indo. — Diz o garoto, não num sinal de relutância, mas sim de preocupação. Não consigo mesmo, mas sim com sua família.

Como irmão mais velho, Gio sempre cuidou de seus irmãos. Seu pai não podia mais plantar, já que tinha perdido a visão, mas tinha uma outra tarefa importante. Como dono da maioria dos Pokémon daquela granja, e conhecedor de todo o processo, ensinou seus Pokémon e até Gio como mexer no terreno. Ele também cuidava da parte financeira e burocrática das coisas, então era uma peça fundamental, apesar de sua deficiência.

— Até logo, Gio! — O pai não demonstra, mas se sente um pouco triste. Sim, ele tinha dado a ideia, é verdade; mas sentiria falta daquela personalidade revigorante na casa.

— Vai logo moleque, antes que eu mi arrependa disso… Já to começando a ficar arrependida… — Diz a mãe, segurando o choro enquanto observa seu filho pronto para sair de casa.

Era uma família simples de plantadores de Berries. Mas Gio tinha um sonho maior. Um sonho que ultrapassava aquele mundinho que ele fazia parte no momento.

Enquanto acenavam, Gio foi embora. A cada minuto, sua silhueta sumia mais diante do horizonte. Em pouco tempo, não seria mais possível vê-lo. Ele agora tinha oficialmente começado sua jornada.