Na manhã seguinte ao assassinato de Jorge o detetive se encontrava no hospital fazendo uma de suas mais controversas investigações. Jorge já era investigado por apologia à pedofilia e estava prestes a deflagrar sua prisão e de outros participantes do grupo. O seu então investigado surge morto. Como toda investigação, o detetive Jotaro precisava entender qual a motivação desse crime horrendo. Jorge havia sido apunhalado na garganta com um único golpe que lhe danificou toda a sua estrutura de respiração o matando sufocado. Ele ainda broncoaspirou o sangue devido à lesão causada, ainda não era certa qual seria a arma do crime, mas acreditava-se ser um objeto cortante, uma faca, Jotaro acreditava, pois o corte não atravessou o pescoço e lesionou aparentemente as vias respiratórias e o esôfago. Deveria-se buscar gravações de câmeras entre outras evidências para que montassem a então evidência final e pudessem apontar o culpado.
Na sala de câmeras, ele percebeu uma movimentação incomum no hospital e no corredor da enfermaria de Jorge. Mas realmente, antes da morte de Jorge algo chamou a atenção de Jotaro. Em uma gravação era possível ver um menino andando pelo corredor com uma capa de chuva. Não era possível ver seu rosto, mas com certeza não era uma atitude inteligente de um assassino deixar escrito em sua capa "Black~". E mais ainda, este mesmo menino já esteve internado um tempo atrás no hospital por conta de um acidente que sofreu no rio.
— Preciso do telefone e endereço do Black~ — Jotaro era um homem de poucas palavras, falou de forma objetiva e ríspida com a enfermeira chefe que cuida do registro de pacientes
— Certo, aqui consta todas as informações necessárias.
— Muito obrigado, ainda hoje resolvo esse crime. — o detetive se mantém empenhado em limpar a comunidade local de criminosos, ainda mais asssassinos.
Ele queria muito prender esse assassino, mas algo ainda o perturbava. Qual foi a motivação. A única coisa que o leva a crer é alguma relação de Black~ com alguma vítima de Jorge. Talvez ele fosse enteado ou filho de Jorge, ou ainda namorado de uma adolescente que Jorge tivesse relação. Jotaro pesquisou nas redes sociais e encontrou uma publicação de algumas semanas atrás onde Black~ dizia que queria que os pedófilos fossem punidos de forma devida pela nojeira que fazem. Talvez ele seja um justiceiro?
Chegando na casa de Black~, Jotaro é atendido por um senhor já na casa dos 50
— Boa tarde, tenho uma intimação em nome do Black~. Como é seu nome? Preciso que você o chame.
— Você é detetive? Meu nome é Raimundo, sou avô do rapaz. Ele estava no seu aguardo. — o avô gritou por Black e o mesmo descia as escadas no encontro do detetive.
— Jotaro... Primeiramente quero que saiba que não tenho absolutamente nenhum envolvimento com a morte desse... — Black parecia estar confuso e defensivo — Porco!
— Bom, isso já não é mais comigo é somente com você. Me acompanhe para a delegacia.
Encontrando com o delegado, o detetive Jotaro comentou suas primeiras impressões sobre o jovem e ele acreditava que não tinha sido o Black, mas muitas provas realmente apontavam para o que ele acreditava ser o suspeito número 1 e talvez o mais provável. Mas era um caso que assustava a população da cidade pequena, então o delegado realmente queria um culpado para que todos se tranquilizassem e assim o assassino não estivesse mais por perto.
— Eu realmente estive no hospital naquele dia, uma das enfermeiras que cuidou de mim enquanto estive internado por conta do acidente no rio, criou um laço forte comigo, não quero dizer que nos tornamos namorados, mas estamos bem próximos então ontem como estava chovendo pensei em lhe fazer um agrado. Levei um capuccino e pão-de-queijo que preparei para ela.
— Honestamente, Black~... Você quer mesmo que eu, macaco velho, acredite numa mentirinha dessa? — o delegado era um homem forte, mas ao mesmo tempo dócil, só que ele não tinha muitas palavras e quase sempre se achava na razão
— O senhor pode acreditar no que quiser, mas saiba que estará mandando um inocente para a cadeia e o verdadeiro assassino está aí a solta. Sei que o detetive deve ter enchido sua cabeça, contou-lhe tantas histórias e evidências que ele acreditou ter relações comigo, mas pensa bem, investigue melhor. Eu até queria matá-lo, o tempo que fiquei internado, convivendo com aquele homem, me deu nojo desse ser humano. Mas a justiça é dos homens, mas o direito da vida não. Não tenho esse direito.
— Compre outro com esse seu discurso. Não quero dor de cabeça, Jotaro já investigou o que era preciso. Me acompanhe para ir à sua cela. Ficará preso essa noite aqui, o quanto for preciso, mas em breve estará na penitenciária.
00 - JORGE MORTO
01 - Black~ ACUSADO
02 - Um é pouco, dois é menos ainda
Quantos serão preciso morrer para que a verdade seja revelada.
— Um menino tão bonito, realmente cara esconde coração. — disse Marta ao ver no noticiário sobre o julgamento e morte do Jorge. — Ele era um homem nojento, merecia morrer e um chuchuzinho desses podia ser meu sugar baby. — disse ela gargalhando.
O julgamento de Black já havia acontecido e a comunidade de Cedro estava mais calma e tranquila. Ainda haviam muitos que não acreditavam ser verdade aquilo, Black~ um menino amado por muitos ter matado um homem a sangue frio. Ainda não haviam esclarecido a motivação, mas ainda assim ele estava preso. Ice, era um editor de jornal e estava escrevendo uma matéria para o seu boletim anônimo sobre como essa investigação estava estranha. Ele não podia acreditar que um caso desses fora resolvido tão rápido e também com um suspeito sem direito de defesa ou sequer uma motivação apontada. Black muito provavelmente não era o assassino, era o que Ice pensava.
— Como podem prendê-lo assim? Eu trabalho com jornalismo investigativo e nunca vi um caso ser resolvido tão rápido. Esse delegado me soa estranho, esse homem tem pressa nas coisas, talvez tem algum envolvimento... Se era uma rede de pedófilos talvez o delegado tinha alguma ligação. — Ice escrevia tudo o que pensava e postava de forma anônima no seu blog — o advogado do Black pode ter sido comprado também. O delegado tem algum envolvimento. Ou talvez alguma vítima.
Ele tinha o hábito de pensar alto, falava sozinho. Sua publicação mais recente era sobre o caso, mas ele fez uma investigação própria e pensava em contar para o detetive Jotaro. Mas tinha medo de ser perseguido pelo assassino, caso ele estivesse envolvido com a investigação do crime. Em sua postagem Ice dizia entre outras coisas o seguinte:
"[...] Apesar de eu ter primeiramente pensado que o Black era o suspeito do crime, algumas coisas me levam a pensar que não. Era estranho o fato de Jorge ser envolvido com pedofilia e alguém matá-lo por simples motivo de justiça. Não existe um justiceiro nos dias de hoje, não a esse nível. Nossa sociedade, ferrenha e cruel, não nos dá muitas possibilidades de motivação a não ser as seguintes: paixão, vingança ou por conveniência. Deve haver algum motivo por trás que seja motivado por algum desses. Ou o Jorge traiu alguém que o amava, ou ele fez muito mal a alguém, ou ele atrapalhava os planos de alguém.[...]"
Ice estava morrendo de fome, seus óculos já deixavam seus olhos fundos, mas com fome ficava pior ainda e nem mesmo conseguia se concentrar para escrever algo. Ia pedir sua comida favorita, japonesa. Pediu um combo que não lhe custara muito, 30 reais era o suficiente e de repente algo pro entregador. A campainha toca.
— Já vai!!! — ele grita de seu computador, estava tocando Let it Be. Quando chega na porta e a abre sem espiar no olho mágico — Você é do restaurante? — disse ele surpreso e impressionado — Já faz tempo que não mandam uma... — ele é interrompido com um golpe rápido no pescoço, sendo perfurado.
— Sou do paraíso. Para onde você vai agora, afinal, mortos não falam e nem postam besteira na internet. — disse com uma voz pausada e suave enquanto dilacerava seu pescoço em um ataque rápido. — Preciso ter agilidade e eliminar qualquer prova ou conspiração que esse maldito ainda tenha sobre mim.
00 - JORGE MORTO
01 - Black~ ACUSADO
02 - Ice MORTO
Alerta
Assunto: Re: Jogo do Detetive - O Assassino do Hospital 
Ter 9 Jun 2020 - 23:58
