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Bee's Journal - Dia 1

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Mensagem por Bee.Smt Seg 5 Set 2011 - 10:56

Dia 1 - Laboratório do Professor Birch (Littleroot Town)

14:30 - Depois do almoço

Devido ao (desagradável) incidente com os Venomoths durante a noite, acordei tardiamente e perdi o horário de seleção para Pokémon no laboratório. O Profº Birch, gentil como ele só, disse-me que teria algo, mas sem certeza de que eu aceitaria. Eu duvidava imensamente que fosse recusar qualquer Pokémon que ele me oferecesse (exceto, talvez, se fosse um Venomoth), e fiquei muito feliz por não ter perdido a chance (novamente - explico mais tarde) de conseguir meu primeiro parceiro.

Os assistentes do Profº ficaram alarmados quando ele abriu um compartimento no fundo do laboratório, e olharam-no como se duvidassem que ele realmente fosse pegar o que havia ali. Minha curiosidade aumentou, e parecia que o próprio professor Birch fazia suspense.

"Mas professor... esse não é aquele...", um dos assistentes perguntou, com uma expressão de cautela no rosto moreno. A outra assistente de cabelos curtos e castanhos aproximou-se, espiando por sobre o ombro do colega. O Profº ergueu a mão, silenciando-o. Então, trouxe para mim uma pokébola, aparentemente comum, e antes de entregar, disse:

"O Profº Oak, de Kanto, contou-me uma história fascinante no último Congresso de Especialistas Pokémon. Era sobre um treinador da cidade dele, Pallet, que também se atrasou no dia da seleção e recebeu um Pokémon que nenhum outro treinador aceitou. Achei a coincidência de hoje fascinante, e resolvi entregar-lhe este camarada - ele pôs a pokébola em minha mão - O garoto foi bastante bem-sucedido, tornou-se campeão em diversos torneios, viajou por muitas regiões e viveu tantas aventuras, sempre com aquele Pokémon rejeitado ao lado. Espero que o mesmo aconteça com você.", ele sorriu.

Olhei a bola vermelha e branca com admiração, refletindo sobre a história do tal treinador. Respirei fundo, e pressionei o centro, pronta para conhecer meu novo parceiro e amigo:

Um Torchic.

"Mas um Torchic peculiar.", disse o Profº, observando o pequeno passarinho alaranjado que dormia profundamente. "Vê a penugem em sua cabeça?", ele perguntou, e olhei para o topo amarelado e denso, mais que o habitual na espécie. "Esse é um Torchic-alfa. E deveria ter sido o líder de sua ninhada.", ele explicou, e continuei sem compreender o problema. Com um suspiro, o professor completou: "Mas ele nasceu de chocadeira."

Meus olhos arregalaram-se ligeiramente, e olhei o pequeno passarinho, consternada. "Foi uma surpresa geral quando o ovo chocou. Normalmente, não nascem machos-alfa de chocadeira, acreditamos que os hormônios e o cheiro da fêmea que choca o ovo é que cria e determina isso. Portanto, é um triste ocaso, pois por instinto, ele sempre sentirá falta de seu grupo, e já demonstra sinais de frustração por não ter outros Torchics para cuidar e liderar. Raramente machos-alfa, de qualquer espécie, aceitam ser treinados e conviver com humanos e outros Pokémon, porque vai contra a natureza deles.", ele disse.

"Será muito, muito difícil e desafiador treinar esse rapaz.", era o que ele queria me dizer. Senti o olhar de todos em mim, esperando o momento em que eu também rejeitaria aquele Pokémon, e assim ele voltaria à pokébola e ficaria no compartimento escondido, sabe-se-lá até quando.

Mas senti simpatia por ele, e não só isso, como empatia também. Eu entendia ele. Passei muitos anos frustrada, forçando-me a negar aquilo para o qual sentia que nasci, pois tinha deveres e responsabilidades que não podia esquecer. (Agora vem a explicação:)

Meus pais morreram quando eu era pequena, e fui morar com minha avó materna. Ela era carinhosa, gentil e sábia, como todas as avós devem ser. Éramos só nós duas, num pequeno, porém bastante produtivo sítio, nos arredores de Littleroot. Quando completei 10 anos, como de praxe para todas as crianças, quis meu primeiro Pokémon, mas não podia deixar vovó sozinha. Não queria deixá-la. Quando vovô morreu, ela sofreu muito e chorava por ele quando achava que eu não estava vendo. Por isso, não consegui abandoná-la.

Os anos foram se passando, e eu aprendi a desligar aquele desejo em minha cabeça. Sempre que chegava a época da seleção no laboratório, eu e vovó viajávamos para Petalburg ou outro lugar, porque ela também sabia do meu sonho, e se compadecia. Nunca mencionamos nada uma à outra em relação a isso.

Há um ano, ela adoeceu. Começou como uma gripe, depois evoluiu para uma infecção pulmonar, e por fim.... ela faleceu.

De repente, vi que estava sozinha no mundo. Já tinha dezessete anos, um sítio em meu nome e um sonho quase esquecido. Quando me lembrei dele, tive receio... de ser velha demais pra começar, pois competiria com crianças de dez anos, parecia ridículo. Então, recebi uma ligação inesperada: "É a neta da senhora S.?", uma voz desconhecida perguntou. "Aqui quem fala é o professor Birch. Sabe quem sou?", quase caí da cadeira. É claro que sabia quem ele era. A autoridade em Pokémon de Hoenn, o mundialmente conhecido e renomado Professor Birch!

"Ah, bem, sabe... sua avó mandou-me uma carta, chegou hoje. Na verdade, ela mandou há algumas semanas, mas sabe que os Pelliper-carteiros estavam migrando, a confusão de sempre, os Swellow substitutos nem sempre mantém o foco, quando veêm Wurmples na floresta, desviam para caçá-los e as vezes eles atrasam as entregas.... ah, bem, enfim, recebi a carta! Gostaria de avisá-la que o dia da seleção é daqui uma semana exatamente. Sua avó mencionou que não farão qualquer viagem esse ano e você estará disponível para pegar seu primeiro Pokémon."

Antes que eu pudesse pensar, meus olhos se encheram de lágrimas automaticamente. Minha avó... havia mandado uma carta ao professor, pedindo a ele que me desse um Pokémon..?! "Não viajaríamos esse ano...". Há algumas semanas, vovó ainda estava viva, no hospital, dizendo-me que tudo ficaria bem... mas ela... ela sabia que morreria? Será que sabia, e por isso escreveu a carta, para me ajudar a continuar a viver, para me dar um rumo?

Para me ajudar a realizar meu sonho?

Tentando conter o choro, respondi com a voz ligeiramente embargada que iria vê-lo na semana seguinte, sem falta. O professor disse que estaria aguardando e percebi que ele deveria estar sorrindo. Exatamente o quê minha avó escreveu naquela carta, eu não sabia... mas, pelo visto, o professor sabia mais sobre minha situação do que deixava transparecer.

Naquele instante, acariciei a cabeça amarelada do meu parceiro e decidi que realizaria o sonho dele também. Daria a ele uma família, daria a ele um grupo para defender, liderar e compartilhar a vida. Eu e ele viveríamos juntos daqui pra frente, um lutando pelo sonho do outro. Era nisso que eu acreditava.

"Vou chamá-lo de ChipChip.", eu disse, pegando-o no colo. "Acha que é um bom nome?", perguntei ao professor. Seu rosto redondo e barbudo sorria amplamente, satisfeito: "Bem, acho ótimo. Mas deveria perguntar a ele."

Nesse momento, o Torchic abriu os olhos, e eram negros, da cor do carvão. Fiquei um pouco apreensiva, com medo de ser rejeitada por ele. E se ele não quisesse vir comigo? E se não me aceitasse como treinadora?

"Torchic, essa é Bee. Ela quer levá-lo numa jornada Pokémon.", o professor disse. O pequeno olhou para mim, estudando meu rosto atentamente. Tinha uma expressão inteligente, e eu podia ver que estava analisando a situação, me analisando. O professor me encorajou a dizer algo, e sorri, ansiosa:

"Err.. olá.", minha voz saiu mais fraca do que eu pretendia. "Estive procurando um Pokémon para viajar comigo.. mas preciso de um que seja forte, determinado e queira me ajudar a liderar, pois sou péssima líder...", eu disse, e era verdade. Nem quando Pidgeys comiam o milho de nossa pequena plantação, eu era capaz de enfrentá-los. Torchic olhou para mim, e parecia concordar que eu parecia pouco apta a liderar qualquer Pokémon que fosse.

Então, para surpresa e alívio de todos, ele suspirou e balançou a cabeça. Parece que o desafio de ajudar alguém inexperiente e frágil como eu era o suficiente para ele. "Ah, que bom! Obrigada por aceitar!", eu disse, sorrindo. "Vou chamá-lo de ChipChip, que acha?!", ao mencionar o apelido, o bico de Torchic abriu-se e ele bicou o dorso de minha mão dolorosamente.

Com um grito assustado, soltei-o, e ele saltou para o chão. Começou então a piar furiosamente, tentando bicar meus sapatos. "Acho que ele não gostou do nome!", o professor e seus assistentes riram. Ah, claro! Um macho-alfa jamais aceitaria um nome tão... err, fofinho, como aquele! Onde eu estava com a cabeça?

"Ah, certo, certo! Então... errr.... que tal... ahn...", enquanto desviava das bicadas, olhei ao redor, procurando algo que me desse uma idéia melhor. Meus olhos bateram no compartimento onde guardavam a pokébola dele, e sobre a cúpula de vidro havia um símbolo, e lembrei dos filmes na televisão. "Que tal... Sniper?", eu perguntei. O último filme que vi com minha avó era sobre atiradores de um grupo de elite, e os que tinham a melhor mira, eram chamados de sniper. E como a ponta de meu tênis estava cheia de buracos, aquele Torchic parecia ter uma mira excelente também.

De repente, ele parou de me atacar. Parou e meneou a cabeça para os lados, como se ponderasse a respeito. Então, piou satisfeito e, aliviada, percebi que ele havia aceitado o nome. "Ok, então vou chamá-lo de Sniper. Muito mais apropriado, hein!", e sorri.

"Bem, então está acertado!", o professor disse, e entregou-me cinco pokébolas, junto com meu Trainer Card. "Boa sorte, Bee.", ele me deu um tapinha nas costas. Os assistentes me deram vários conselhos muito úteis, e assim, quando saí do laboratório, com Sniper caminhando ao meu lado, percebi que não estava mais completamente sozinha.

"Obrigada por estar comigo..", eu murmurei, e Sniper olhou para mim rapidamente. Quis acreditar que seu silêncio significava que ele pensava o mesmo a meu respeito. Agora, ambos não estávamos mais sozinhos.

Tínhamos um ao outro.


~Continua...

Edit by Arcanine-arcanon: Os tópicos foram fundidos, o que causaria um Double-post por parte da autora. Então, estou adicionando o conteúdo do segundo Post nesse.



Dia 2 - Rota 101

08:45 - Manhã

Ser forte. Como aço, como diamante, inquebrável e imutável.
Era como eu sempre quis ser. Íntegra, confiável, resistente. Poder me manter sozinha, aguentar palavras e golpes duros, sem nunca titubear, jamais cair. Proteger aqueles que eu amava, mantê-los seguros ao meu redor, garantir proteção e não perder isso. Ser um muro.

Crianças são cruéis. Apontam seus defeitos, zombam deles, humilham e magoam sem motivo, sem pensar, sem arrependimento. Aqueles que são fracos, sucumbem ao medo, tornam-se alvo e passam anos vivendo na escuridão. Os fortes repudiam, rejeitam, torturam e dormem a noite como se nada houvesse acontecido.

Imagine uma órfã, vivendo num sítio, pequena e franzina, assustada, solitária e tímida. A vítima perfeita. O melhor alvo possível.

Passei tantos anos escondida, fugindo dos maus-tratos alheios, que não sei me comunicar com pessoas sem ser sufocada pelo meu instinto de fuga, de sobrevivência. Por isso, estou enfiada no meio de centenas de árvores, a quilômetros de casa, sem um trilha à vista.

Quando ouvi o som de vozes vindo pela estrada, corri para o meio dos arbustos, escondendo-me tão rápido quanto um Rattata num buraco de árvore. Espiando por entre as folhas, vi um grupo de crianças caminhando alegremente, todas tão confiantes em seus dez anos como eu jamais fui.

"Minha mãe disse que Oldale fica há uns três dias de caminhada. Pena que ainda não tenho um Swellow bem grandão pra ir voando!", um menino de cabelos negros disse, olhando o caminho a frente.

"Há! Antes disso, precisa da insígnia de Fortree e vai ter que caminhar muuuuito até chegar lá!", uma menina de lindos cabelos cacheados disse. "Até lá, tem outros líderes de ginásio e muitos pokémon pra capturar!", ela completou, jogando os cabelos para trás.

"Mas dá pra começar agora!", um menino mais alto que os dois disse, de cabelos claros. "Por aqui tem pokémon que podemos capturar. Ali, naquelas árvores, que acham?", ele disse, apontando em minha direção.

Senti um pânico tão grande ao pensar que poderiam me ver e fazer perguntas, que arrastei-me o mais rápido que pude para dentro da floresta, tentando sumir. Eu tinha um pavor tão grande e abominável de crianças, que qualquer raciocínio lógico me fugia e eu só pensava em escapar, ficar invisível.

E assim, me perdi. Eram tantas árvores, todas tão parecidas, que não sabia mais onde ficava a trilha, para qual direção deveria ir ou voltar. Sniper, meu companheiro Torchic, caminhava ao meu lado, parecendo ligeiramente aborrecido pelo desvio que tomei, sem consultá-lo e sem saber retornar ou prosseguir. A caminhada tranquila até Oldale através da rota 101 tinha se transformado em um desastre em menos de uma hora após termos saído de casa.

O fato de ser conhecida na região como "A-órfã-que-nunca-saiu-numa-jornada-pokémon" era algo que me devorava por dentro. Cedo ou tarde, eu encontraria pessoas que me conheciam através de minha avó, que era uma fazendeira e agricultora famosa, até mesmo na distante Mauville. As frutas que produzíamos em nosso sítio eram de uma qualidade rara, e os doces em conserva que vendíamos sazonalmente também tinham tornado o nome de minha avó famoso.

E, como eu sempre a acompanhava nas feiras, todos me conheciam, mesmo que não soubessem meu nome. O fato é que poucas pessoas sabiam da morte de minha avó, era algo recente, veiculado apenas nos obituários de Littleroot, a meu pedido. Eu preferia que a notícia se espalhasse lentamente, de boca em boca, para evitar muitos visitantes condoídos de uma só vez. Eu definitivamente não havia herdado o lado social de minha avó, que era uma anfitriã generosa e sempre calorosa, pronta para receber qualquer convidado.

Eu tinha horror de ver pessoas. Tinha horror que ela me vissem também. Ser órfã era muito pior nessas horas, pois todos aqueles olhares de pena me queimavam como um lança-chamas. Era realmente ruim ter de sorrir polidamente, quando queria saber cavar como um Sandshrew e sumir da vista de todos.

Na verdade, pensando em minha jornada, comecei a sentir um pavor descontrolável arrastando-se lentamente em minhas entranhas. Ir a Petalburg, Mauville, Verdantuff, Slateport..... todos os lugares que visitei com minha avó. As lembranças seriam dolorosas. Será que eu aguentaria?

Se eu pudesse voar, iria para bem, bem longe de Hoenn. Talvez para Sinnoh. Sempre me interessei em conhecer outras regiões, outros pokémon, outros ginásios. Seria o paraíso voar para um continente distante, onde ninguém saberia quem sou, de onde vim e qual era minha história de vida. Poderia esquecer, fingir ser alguém diferente, mais confiante.

Mais forte. Como aço. Como diamante.

Mas naquele momento, eu era apenas uma perdida, estendendo meu saco-de-dormir debaixo de uma árvore e me preparando para dormir. Eu e Sniper passamos quatro dias apenas caminhando, parando apenas para comer e descansar. No quinto dia, eu já estava começando a me desesperar, pois as provisões que tinha não durariam muito mais.

De repente, o cheiro de maresia surpreendeu-me. Ainda haviam árvores por todos os lados, mas acima de minha cabeça pude perceber pequenas formas planando pelo céu azul. Naquela época do ano, era mais comum ver os Taillows no chão da floresta, à procura de frutas caídas e Wurmples, que saíam do oco das árvores para devorar as folhas que caíam.

Portanto, aqueles deveriam ser Wingulls. E Wingulls só eram encontrados próximos à grandes rios e ao mar. Apertei o passo, ansiosa por ver se minhas suspeitas eram verdadeiras. Eu sempre gostei muito do mar, apesar de ter um pouco de medo de ondas grandes e do repuxo. E sempre sonhei em viajar num navio, ver os pokémon marinhos que eu só havia visto nos livros da escola.

Quando as árvores enfim começaram a rarear ao meu redor, vi que o terreno começava a descer ligeiramente, e a grama era cada vez mais curta. Logo, grandes moitas de folhagem comprida começaram a aparecer, aqui e acolá, e então, vi que elas passavam a tomar todo o cenário à frente e as árvores sumiam, ficando esquecidas atrás de mim.

Ao sair da floresta, um céu azul e vasto era refletido na superfície azul e vasta do mar, o Sol brilhava intensamente e o grito dos Wingulls e Pellipers me dava as boas-vindas. Sem saber, meu caminho através da floresta serviu de atalho, e passei por Oldale sem perceber ou vê-la. A pequena cidade ficou para trás, e eu estava agora ao lado de Petalburg, mais precisamente em sua praia, na rota 104.

Lá morava o senhor Briney, ex-capitão de grandiosos Navios e antigo amigo de minha avó. Ele morava sozinho, pois nunca se casou. Sua vida no mar o privou de construir uma família, mas creio que ele nunca arrependeu-se de sua decisão. Vivia dias tranquilos com seus pokémon, em especial Peeko, uma inteligente e amorosa Wingull.

Eu decidi ver o velho marinheiro, pois ele sempre tratou-me como uma criança normal, e eu gostava de ouvir suas histórias sobre o mar quando era pequena, quando ele costumava vir nos visitar na primavera e apreciar as tortas de minha avó.

"Vamos visitar um velho amigo meu?", perguntei a Sniper. Ele esteve bastante calado durante nossa caminhada, e presumi que ainda estivesse aborrecido comigo. Talvez Peeko conseguisse animá-lo um pouco, ou pelo menos eu esperava que conseguisse. Sniper ainda era um tanto arredio comigo, e isso me deixava nervosa. Eu queria agradá-lo, queria que gostasse de mim, mas não sabia o que fazer.

"Ele tem muitos pokémon fortes, podemos ver se ele topa uma batalha..", eu disse, espiando a reação de Sniper com o canto dos olhos. Sua expressão não mudou, mas ele passou a caminhar mais depressa. Talvez estivesse entediado por passar dias caminhando, sem aventuras. Sinceramente, eu também estava.

A casa do senhor Briney surgiu diante de nós, e ficava bem próxima ao mar, numa espécie de cais. Era uma construção simples, pintada com tons pastéis e muito bem conservada. A frente possuía uma pequena varanda, e havia uma larga cadeira de madeira que ocupava quase todo o espaço. Bati palmas três vezes, e ouvi passos aproximarem-se da porta. Eu sorri, antecipando o rosto redondo e barbudo do senhor Briney, com Peeko empoleirada em seu ombro.

Fazia mais de dois anos que eu não o via, pois o senhor Briney havia sofrido um pequeno acidente correndo atrás de Peeko na praia e agora caminhava com uma bengala. Portanto, suas viagens tornaram-se menos frequentes, e logo após, minha avó ficou doente. Fiquei um pouco receosa dele não lembrar-se de mim, ou achar rude que eu aparecesse de repente, depois de dois anos de raras ligações e nenhuma visita.

Mas para minha decepção e surpresa, um rapaz apareceu na porta, e não o senhor Briney. Ele acenou para mim, e convidou-me a entrar. Eu o segui para dentro da casa, imaginando que talvez o dono da casa estivesse descansando em seu quarto, ou apenas vendo televisão na sala. No entanto, quando perguntei onde ele estava, o rapaz sentou-se no sofá e olhou-me de modo curioso.

"O Comandante Briney viajou.", ele disse. Minha expressão de decepção deve ter sido bastante evidente, pois a expressão do rapaz suavizou-se, e ele tocou em meu braço. "Você veio visitá-lo? Infelizmente, ele partiu há dois dias para Vermillion. Foi convidado a pilotar o S. S. Anne II.", ele explicou. Sentei-me ao lado dele e Sniper saltou entre nós dois, ligeiramente mais perto de mim.

"Meu pai e o Comandante Briney são grandes amigos. Na verdade, o Comandante foi quem ensinou meu pai a velejar, e graças a indicação dele é que meu pai tornou-se capitão da esquadra em nossa cidade.", ele disse. "Ah, que falta de educação a minha: meu nome é Eldritch. Muito prazer, senhorita...?", sorri nervosamente. "Me chamo Beatrice. Mas pode chamar de Bee."

"Você veio de onde?", ele perguntou.

"De Littleroot. O senhor Briney era amigo de minha avó.. e creio que meu também.", eu murmurei. "Queria apenas visitá-lo.", e o rapaz sorriu para mim. "Na verdade, eu pensei em pedir um favor à ele também..", eu disse, sem pensar. Desde o momento em que lembrei-me do senhor Briney, lembrei também de Peeko e do barco que ele possuía. Quis pedir ao velho marinheiro para me levar para outro continente, mas eu sabia que era bobagem, um pedido inútil, pois o senhor Briney não navegava para longe nos dias de hoje.

Bom, pelo menos eu acreditava nisso, até descobrir que o senhor Briney estava pilotando um navio dez vezes maior que seu barco, e no distante continente de Kanto.

"Eu queria ir para outro continente.... se soubesse da viagem do senhor Briney, teria vindo mais rápido e poderia ir com ele..", eu disse, suspirando. Eldritch coçou o queixo, e tornou a sorrir para mim.

"Sabe, na verdade, estou aqui esperando uma encomenda.", ele disse. "O Comandante Briney recebeu a ligação de um amigo, e esse amigo pediu a ele que entregasse alguma pokébolas customizadas na cidade vizinha a minha. Daí o Comandante falou com meu pai, que mandou que eu buscasse a encomenda, já que o Comandante tinha essa viagem agendada e não poderia fazer a entrega ele mesmo. E era uma entrega vinda de Littleroot.", ele olhou para mim com curiosidade evidente.

"Não tenho nenhum pacote comigo.. sinto muito.", eu respondi. Eldritch balançou a cabeça.

"Acontece que o pacote estava no Centro Pokémon de Oldale, e o entregador receberia o pacote lá. O Comandante me garantiu que o entregador seria uma treinadora de Littleroot.", ele disse, e lembrei das crianças que vi em meu primeiro dia. Havia uma menina, e muito provavelmente, ela era a entregadora. Mas Eldritch riu. "Eu tenho certeza que não é essa menina... o Comandante disse que não seria uma criança, e sim, uma mocinha tímida e quieta, com um Torchic bastante peculiar.", e olhou para Sniper, que cochilava tranquilamente no sofá, a cabeça encostada em meu cotovelo.

"Eu passei direto por Oldale.", eu falei depois de uma pausa. Eu poderia imaginar que o tal amigo do senhor Briney era o Professor Birch, pois somente ele sabia da minha viagem, e de meu Torchic peculiar. E o Professor deveria imaginar que eu chegaria a Oldale e visitaria o Centro Pokémon, onde receberia o pacote e as instruções. Morrendo de vergonha, expliquei a Eldritch o que houve, e como cheguei ali pelo desastroso atalho.

O jovem marinheiro soltou uma sonora gargalhada, e me espantei com seu bom humor. Achei que ele poderia ficar aborrecido com minha falta de coragem ou meu senso de direção, mas parece que nada abalava o humor dele. "Bem, sendo assim, terei que esperar mais um pouco.", ele disse. "Ainda está cedo, e daqui até Oldale são uns cinco dias de caminhada, mas acho que em Petalburg podemos pegar uma carona.", Eldritch levantou-se e pegou uma mochila grande que estava atrás do sofá. Começou então a fazer cálculos de quanta comida e água levar, e saiu correndo porta afora, dizendo que ia buscar seu saco-de-dormir.

Enquanto isso, eu estava petrificada no sofá, e minha mente girava tentando seguir os movimentos e entender as palavras dele. Até Sniper despertou, e espiou com apenas um olho a movimentação. Quando Eldritch entrou, eu levantei, ainda confusa.

"Desculpe, mas não entendi direito...", eu disse, minha voz fraca. Eldritch parou de enfiar comida na mochila e olhou para mim, os olhos castanhos mirando meu rosto. "Ora, vou com você até Oldale, buscar o pacote.", ele explicou com simplicidade. Tive o impulso de sentar novamente, mas apenas pisquei os olhos, absorvendo a informação.

Antes que eu pudesse protestar, alegando que ele não deveria fazer algo que era meu dever, ele apenas levantou uma das mãos, sorrindo. "Eu não sou de ficar sentado por muito tempo, e faz três dias que estou aqui, sem fazer nada. Estou tão entendiado que seria capaz de nadar até Dewford, só pra ter algo com que me ocupar.", ele disse. "Por isso, não pense que estou te fazendo um favor. Seria mais o contrário, se me deixasse ir com você."

Agradeci diversas vezes, um pouco tonta ainda, mas bastante feliz. Normalmente, eu ficaria preocupada em ter uma companhia durante a viagem, mas Eldritch era tão bacana, confiante e bem-humorado, que era impossível não sentir simpatia por ele, e sentir felicidade em sua companhia.

"Depois disso, você poderia ir comigo até minha cidade, em meu barco.", ele disse, e quando estava prestes a protestar, ele emendou: "Aliás, eu falei que moro em Canalave?", e então fiquei parada por um instante. Canalave? Quer dizer... "Fica em Sinnoh. Você já foi para lá alguma vez?", ele perguntou. Balancei a cabeça devagar.

"Então você vai comigo! Não disse que queria conhecer outro continente?! Tenho certeza que você vai amar Sinnoh! É a região mais bonita que existe!!!", ele disse, sorrindo amplamente, e começou a descrever sua cidade. "Tem uma grande biblioteca, e muitos barcos incríveis, super velozes. De lá, temos viagens diárias até a Iron Island, uim lugar cheio de pokémon fortíssimos! E claro, nosso líder do ginásio é fantástico, mas você vai ter que treinar muito antes de desafiá-lo....", e eu apenas ouvia Eldritch contando sobre seu continente.

Minha má-sorte estava mudando. Em poucos dias eu estaria dentro de um barco, rumo ao continente de Sinnoh, um lugar totalmente desconhecido para mim. Enquanto ajudava Eldritch, eu pensava nas aventuras que teria, sem me preocupar com meu passado.

Sorri, esperançosa, e Sniper parecia tão empolgado quanto eu, ouvindo as histórias e descrições de Eldritch. De repente, Sniper olhou para mim, e trocamos um olhar cheio de significado. Ambos estávamos empolgados, coisa que não aconteceu desde que iniciamos nossa viagem.

Eu sorri para ele, contente. E Sniper sorriu para mim de volta.

~Continua...

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Bee's Journal - Dia 1 Empty Re: Bee's Journal - Dia 1

Mensagem por RafaFrndes Ter 6 Set 2011 - 17:25

Legal sua fic! Adorei, bastante legal!
Vi que sua ortografia é simples, mas se quiser, algumas vezes, consulte o dicionário; Quando tiver criatividade, faça um página de personagens e lista de episódios:
EX:
Spoiler:
Deixe seus episódios separados um dos outros, no seu primeiro post, você colocou dois episódios, tente colocar assim:
EX: Dia X - Episódio 2 (Espere alguns dias para os comentários surgirem) e Dia Z - Episódio 3
Capriche na sua fic, pois estou acompanhando! tchau
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