A páscoa chegara nos arredores de Castelia. A megalópole cinzenta ficava mais colorida, festões, ovinhos, serpentinas e outdoors cheios de cores vibrantes e ondulações agradáveis.
O único que não ligava para isso era Cubo. O garoto de 13 anos estava em meio a sua jornada Pokémon. Seu time era composto por um Dewott apelidado de Sphere, um Liepard chamado de Cone e um Tynamo com a alcunha Cylinder.
Logo enfrentariam o terceiro líder de ginásio, após passar o feriado monótono. Não que Cubo não gostasse da Páscoa e de feriados, mas nunca ganhara um ovo de chocolate em toda sua vida. A mãe trabalhava fora e o padrasto o ignorava. Não tinha irmãos e avós. A vizinha dele, Sophia, sempre tentava lhe ajudar nessas ocasiões, dando um pouco de doces para ele. O menino não recusava, porém, sentia um remorso em seu interior.
As lutas que vencera deram pouco dinheiro. Precisava comer algo naquele domingo de Páscoa. Foi então que resolveu comprar uma barra de chocolate Wonka. Ao abrir aquilo, um bilhete dourado apareceu escrito:
Venha para minha fábrica de chocolates nessa Páscoa. Espero você às 15:00 do domingo, dia 31.
Cubo pirou. Viu o relógio próximo da praça onde estava e percebeu tardiamente que eram 14h55min. Era tarde demais. Ele perguntou onde estaria a tal fábrica, quando apenas virou do outro lado da praça e viu a plaquinha da Wonka. Ele estava a dois minutos de distância.
Correu loucamente e notou que apenas quatro meninos estavam lá dentro. Uma menina tagarela e mimada, um gordo idiota, um menino inteligente jogando videogame portátil e uma excêntrica loirinha que mascava chicletes.
Ao redor, as pessoas da praça ignoravam tudo dentro daquele lugar. Parecia mágica.
Cubo adentrou ao recinto e os outros o notaram levemente. O gorducho, comendo um chocolate, acenou alegremente. A menina loira estourou uma bola de chiclete. A mimada notou um pedaço de fezes no solado do tênis de Cubo e exclamou um Argh! O viciado em eletrônica nem ligou para ele.
De dentro da fábrica, do nada, surgiu um Wigglytuff.
- Olá, bem-vindos a Fantástica Fábrica de Chocolates Pokémon. Sou o Wiggly Wonka, seu anfitrião e dono dessa budega diliça.
O gordinho bateu palmas e tentou morder o Pokémon algodão doce. Ele tomou uma bengalada na cabeça.
- Entrem e sirvam-se à vontade!
O quinteto se aproximou e notou que chovia caramelos com leite de Miltank, chocolate mágico da mamãe Swanna estavam lá, sorvete de Vanillite escoava das paredes e um Snorlax de plástico vomitava balas.
- Tudo aqui é comestível, menos a gente, podem se deliciar.
Os cinco comiam tudo que podiam. O gordo trouxa, porém, foi além, e mergulhou em um rio de chocolate.
- Ops, esqueci-me de falar, não pulem no rio, tem areia de Sandshrew e lama de Swampert misturadas para darem densidade no sabor. Não tem como fugir daí.
O obeso glutinou algo dentro do riacho de chocolates e nunca mais foi visto.
- E esse doce senhor Wiggly? – Indagou a loira grudenta.
- É um chiclete apenas para os fortes. É feito de pelo de Quilava com teia de Spinarak e Joltik.
A menina mascou a goma e em segundos, a boca dela se deformou, forçando-a a engolir o chiclete.
Uma explosão aconteceu e a menina sumira.
- Menos dois. – Constatou Wiggly.
- O balofo, o que aqueles bichos estão fazendo? – Perguntou a mimada apontando para uma pilha de esquilos.
- Ah, meus Pachirisus fabricam Ferrero Wonchet. Uma diliça. Só os ricões mais poderosos conseguem provar daquilo.
A tonta escalou a plataforma ondem os Pachirisus jogavam nozes e avelãs e tentou pegar um Ferrero Wonchet. Um dos roedores viu e soltou uma carga elétrica nela. Depois, todos repetiram e a menina caiu eletrocutada dentro do buraco de descascador de frutas secas.
- Essa foi a terceira. – Riu Wiggly.
- Aí senhor Wonka, tem tomada para meu carregador de videogame aqui? – Perguntou o viciado.
- Claro! Tente ali. – Disse ele apontando para uma tomada.
O moleque inseriu o cabo e o videogame explodiu.
- Acho que era outra voltagem. – Ironizou Wiggly.
O rapaz enlouqueceu e partiu para cima do Wigglytuff. Porém, o Pokémon colocou a bengala na frente para ele tropeçar e o menino caiu dentro do Snorlax de plástico que cuspia balas. Entalou lá, soterrado por guloseimas.
- Só restou você. Quer morrer também? – Indagou Wiggly.
- Eu só queria um ovo de Páscoa senhor. Para presentear uma amiga.
- Até que enfim alguém me deu respeito. É claro que irei te ajudar. Fique com a fábrica toda!
Cubo quase caiu duro, achando que tudo era um sonho.
------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
De noite, Sophia olhou uma estrela cadente de sua janela. Pensou se o pobrezinho do Cubo estava passando dificuldades em sua jornada. Rezou e uma lágrima escorreu quando fechou os olhos. Abriu com um baque surdo e violento. Não podia acreditar no que vira. Uma fábrica de doces em sua frente e no topo seu vizinho sorridente e seus três Pokémons, além de um Wigglytuff.
- Mas o que é isso Cubo?
- O meu jeito de agradecer Sophia.
E os dois comeram chocolates e viveram felizes e com dor de barriga. Ao menos, ficaram felizes.
Fim.