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Mensagem por Weird von Gentleman Sáb 22 Jun 2013 - 19:21

Nome, Fama e Vitória

Esta não é uma história qualquer.
Eu sei que toda a gente diz isso das suas histórias, mas eu sinto que tenho razões para o afirmar. Vocês irão descobri-las à medida que a narrativa for avançando. 
Deixem-me alertar-vos de que esta Fic tem uma dose moderada de violência e de outros cenários (psicológicos ou físicos) que podem perturbar mentes mais sucetíveis. Em termos gerais pode ser considerada como para maiores de 14, mas a verdade é que há passagens mais fortes que podem por essa classificação em causa, portanto leiam um excerto e fica ao vosso critério decidir se querem continuar ou não.

Por favor comentem, já que eu escrevi isto de mim para vocês e dessa maneira gostava muito de saber as opiniões que circulam por aí. Como o texto está escrito em português de Portugal, talvez possam deparar-se com algumas incosistências ou palavras menos adequadas (ou mesmo desconhecidas). Por favor, sintam-se à vontade de pedir explicações, pois terei todo o prazer em vos dar.
Sem mais demoras, aqui está a primeira parte do Prólogo (já que tive de o partir em dois, porque me entusiasmei a escrever =P):


Prólogo ao Nome (Parte I)

O comboio chegou à hora prevista, à estação de Ravenkrug. Bohumil estava sentado num banco de madeira, com as costas já dormentes, há cerca de dez minutos, esperando que os sinos da igreja dessem as cinco da tarde, quando foi surpreendido com o apito do maquinista, anunciando a passagem do comboio com destino a Bermenkloft. À medida que ia dando entrada na estação, a locomotiva soprava gases da sua cabeceira, estalando no carril, sempre que uma pedrinha ou outra qualquer impureza se atravessavam no seu caminho. Era uma imponente criatura, aquela que Bohumil contemplava com os seus olhinhos rasgados, com dez carruagens da cor do carvão, que se moviam numa fila ordenada e perfeita, encabeçadas por uma máquina, também ela de um preto baço e profundo, que desbravava o caminho com o seu focinho pontiagudo e metálico. De tempos a tempos, uma nuvem de fumo branco e espesso saía da chaminé da máquina, acompanhada por apitos agudos e estridentes, típicos dos comboios, enchendo a estação com uma neblina cerrada e sufocante, à medida que o comboio ia abrandando até parar. Bohumil levantou-se e, com uma certa dificuldade, inspirou fundo aquele ar carregado de vapor e gases, antes de se dirigir para a terceira carruagem, a contar da cauda da criatura, a fim de esperar os senhores Tariq e Rino, primos de Sua Senhoria. 

Quando a gigantesca lagarta preta finalmente parou, uma nova baforada de fumo impregnou o ar da estação, ao mesmo tempo que as portas se descomprimiram para deixar os seus passageiros sair. Amantes, familiares, amigos de longa data, todos perfeitos desconhecidos para o jovem negro, abraçavam-se e beijavam-se, ora na boca, ora nas faces, numa massa humana amorfa que se revolvia em si mesma, tropeçando aqui e ali, matando as saudades que já apertavam havia tanto tempo. Bohumil, que não era detentor de uma visão excecional, teve bastante dificuldade em distinguir as silhuetas dos dois primos do seu amo, esbarrando ora com um filho que contava aos pais como era a sua vida na capital, ora com uma mulher e o seu filho, derramando lágrimas de alegria aquando do reencontro com o marido. Contudo, assim que o comboio retomou a marcha, o nevoeiro começou a dissipar-se, arrastado pelas carruagens que agora, em fila indiana seguindo a locomotiva, rumavam a oeste. O sol penetrava agora na estação, lambendo os carris e soltando faúlhas de reflexos, enquanto a multidão saudosa começava a dissipar-se, rumo à cidade. O jovem serviçal, ainda um pouco encadeado com o regresso repentino da luminosidade, demorou alguns segundos a distinguir as duas figuras que se apresentavam à beira do cais. Eram definitivamente o senhor Toriq e o senhor Rino, ambos vestidos de fraque preto e munidos de uma bengala, como era próprio dos senhores da sua classe social. A avaliar pela descrição que o seu amo tinha feito, o senhor Toriq era o cavalheiro mais baixo, com o seu cabelo lustroso, da cor de uma avelã, e o nariz elegantemente recurvado para baixo, trazia, para além da bengala, uma mala de viagem cinzenta e elegante, que quase chegava ao chão. O senhor Rino, por sua vez, mais alto e elegante, com um nariz bojudo, tinha o cabelo da cor do mel e era alto como uma avestruz, com um pescoço desproporcional para o resto do corpo. Trazia também uma bengala e uma mala, que embora fosse mais pequena que a do outro homem, era igualmente elegante, sendo forrada a pele negra. Bohumil avançou para os dois cavalheiros, com a cabeça baixa, ciente de que as malas deviam pesar bastante e que seria ele a carrega-las até à carruagem e posteriormente da carruagem até aos seus respetivos quartos. Mas quando ia para deitar a mão a ambas as malas, o homem do pescoço de avestruz encolheu-se e protestou.
- Sai daqui, miserável! – Disse, enquanto enxotava Bohumil para longe de si. – Vai esticar essa mão nojenta de preto para outro lado. Aqui não há esmolas para escravos. 

O jovem escravo retraiu-se e olhou para os dois homens com os seus olhos rasgados, contendo as palavras na boca, já que não era permitido a um escravo negro dirigir a palavra a um homem branco sem que lhe fosse pedido ou concedido o direito de falar. Nos primeiros anos como escravo havia aprendido bastante bem qual era a punição para um escravo linguarudo e desrespeitoso, que não sabia qual era sua posição na sociedade, pelo que se esforçava ao máximo para agradar, baixando a cabeça e submetendo-se à vontade dos brancos, sempre que era repreendido. Mas no fundo, Bohumil sentia que, à medida que os anos passavam, uma força misteriosa começava a crescer dentro de si, fervilhando em pensamentos ultrajosos e incitando-o a criar os mais afrontosos cenários contra os seus senhores. Pensava em responder durante as reprimendas do seu mestre, em sair e entrar em casa sempre que lhe aprouvesse, sem ter que ser mandado, em desobedecer, em infringir as regras da sociedade – aquelas regras que ditavam que Deus havia criado os pretos, a partir do carvão e da pólvora, para serem utilizados pelo homem branco a seu bel-prazer. Bohumil sonhava com tudo isto e sabia perfeitamente qual era a palavra que os homens brancos tinham inventado para resumir tais sentimentos, contrários ao pensamento divino. Essa palavra era “revolta” e convertia Bohumil no pesadelo de qualquer senhor ou mestre de escravos; convertia-o num revolucionário, num preto liberal, numa afronta à criação, ao divino e ao mundo. O jovem escravo sabia qual era o preço a pagar pela revolta e liberalismo e só a vassalagem e a submissão o separavam de uma morte lenta na Roda dos Infiéis.
- Desculpe, Senhor, mas é que eu… - Disse Bohumil, cabisbaixo e altamente engasgado com os olhares repreendedores que pairavam sobre si. – Eu sou um serviçal de Sua Excelência, o Senhor Azo.
Os primos entreolharam-se, durante alguns momentos, espantados e confusos com a resposta do escravo. O homem atarracado, de cabelo cor de avelã, aproximou-se de Bohumil e perscrutou o seu rosto.
- O Azo mandou um preto para nos vir buscar as malas, Rino. – Constatou o Senhor Toriq. - Será que é demasiado importante, agora que tem um assento almofadado na corte, para levantar aquele traseiro gorduroso e vir-nos receber pessoalmente, após tantos anos de silêncio? – Indagou, enquanto gesticulava as mãos, de maneira floreada, imitando a posição de um senhor da alta nobreza. – Foi isso, preto? O teu amo tornou-se tão pedante que deixou de receber pessoalmente os elementos da sua própria família, sangue do seu sangue?
- Não sei, Senhor. - Respondeu Bohumil, permanecendo de olhar fixo no chão de gravilha. – Sua Excelência não revela motivos a escravos.
- Faz ele muito bem! – Exclamou o Senhor Rino, à medida que caminhava para junto da carruagem negra, do outro lado da rua. – E tu também farias bem em parar de conversar com este escravo, Toriq. Não tarda muito e estás a perguntar-lhe se tem irmãos. Quem sabe se não sejas um deles? Sempre te achei parecido com os pretos.
O Senhor Toriq resmungou qualquer coisa e apressando o ritmo das suas curtas e rechonchudas pernas, caminhou rapidamente atrás do Senhor Rino, para depois se embrenhar no negrume do interior da carruagem. Bohumil sorriu ao ver que ambos tinham deixado as bagagens para trás. Pegou nas duas pesadas malas de viagem e apressou-se a carrega-las até ao veículo, para depois subir para o lugar do condutor e instigar os cavalos a avançarem. Sua excelência, o Senhor Azo, já devia estar impaciente com a demora dos primos, pelo que forçou os dois puros-sangues cinzentos a avançarem o mais rapidamente possível, pelas ruas calcetadas da cidade.
Bohumil era, para além de muito obediente, um condutor exímio de carruagens. Sabia quando instigar e refrear os cavalos na altura certa, de maneira a conseguir uma viagem rápida e confortável para os passageiros. Nas ruas mais largas incitava um galope curto, enquanto nas ruelas e passagens mais estreitas optava por um passo ligeiro e encantador que, não fosse a presença de um escravo no lugar do condutor, derreteria até as mais robustas donzelas. Assim, não decorreu muito tempo até que o palacete surgisse diante as suas vistas, por entre a alameda de olmos, com as suas gárgulas e estatuetas vigiando a aproximação de estranhos. O jardim frontal estava já adornado com vivas cores das flores que, à medida que alguém passava, libertavam seus perfumes e cumprimentavam os visitantes com aromáticas boas vindas àquela casa. Ao centro, o lago ia transbordando de água, devido às últimas chuvadas de primavera que se tinham abatido sobre Ravenkrug, polindo a gravilha dos caminhos adjacentes e empapando as solas dos sapatos com lama e pedrinhas.
O jovem escravo estacionou a carruagem junto da escadaria principal. Os convidados, tinha-o instruído Sua Senhoria, deviam sempre utilizar o caminho mais curto e menos cansativo para aceder ao interior de casa, pelo que as escadas laterais, que ficavam por trás das colunas de mármore, deveriam ser apenas utilizadas pelos escravos e por senhores de baixo nascimento. Além disso, a subida através da escadaria principal proporcionava aos convidados uma agradável vista sobre todo o jardim frontal, dando provas do bom gosto de Sua Excelência. Mas isso Bohumil havia aprendido por si mesmo; Sua Senhoria não revelava tais motivos a escravos.
Os senhores Toriq e Rino subiam a escadaria e se detinham para admirar, ora as colunas que os flanqueavam, ora a imponente fachada do palacete, que de um azul ténue e comido pelo tempo, se imiscuía no céu nublando, parecendo pairar sobre as suas cabeças. Bohumil seguia atrás deles, pelas escadas laterais, detendo-se por breves momentos em cada um dos lanços para recuperar o fôlego.
- Toriq. Rino. – A voz inexpressiva de Sua Excelência ribombou no cimo da escadaria. Vestia as suas delicadas roupas de cerimónia, de um veludo esverdeado, que em conjunto com a sua tez morena e a barba por aparar, lhe davam a aparência de ser uma árvore decrépita e coberta por musgo. Os olhos acobreados e inexpressivos fitavam ambos os primos, avaliando cada um alternadamente. – Sejam bem-vindos ao meu humilde lar. – A boca retorceu-se ligeiramente para a direita, tentando esboçar um sorriso. – Espero que a viagem tenha sido agradável.
- Péssima! – Exclamou o Senhor Rino. – O comboio não podia ser mais desconfortável e o café era insípido e aguado. Ninguém pode viajar de uma forma agradável sem uns estofos almofadados e um café decente. Não concordas, Toriq? – O outro homem anuiu levemente, para não perder a postura hirta e senhorial que tinha adotado, desde que começou a subir a escadaria. – E esse preto que mandaste para nos receber.
O Senhor Toriq apontou com a bengala para o escravo, tal qual um soldado que se prepara para fuzilar um homem do inimigo. Os três homens depositaram o olhar em Bohumil que aguardava, com as bagagens dos primos de Sua Excelência ainda nas mãos, por novas ordens. O seu mestre retorceu novamente a boca e apertou os lábios.
- Comprei-o a um velho negociante que costuma passar por aqui de vez em quando, quando a lua muda de face. Custou-me cerca de catorze rubins e foi vendido como sendo o mais ágil dos escravos que ele trazia consigo. – Os lábios apertaram-se um contra o outro. – Afinal não passa de um desajeitado que não serve para mais nada a não ser tratar de bagagens e conduzir os cavalos. – Fixou os seus olhos nos de Bohumil, tentando perscrutar o interior da sua mente. O jovem escravo teve de controlar o pânico que aquele lhe imprimia, tanto mais porque tinha medo que Sua Senhoria descobrisse que era acometido de pensamentos libertinos frequentemente.
- Esses mercadores são tão bárbaros quanto os escravos que comercializam. – Insinuou o Senhor Rino, falando entre dentes. – Vivem tempo de mais em comunidade com os pretos e, sem darem conta, absorvem os seus comportamentos e atitudes. Em Burga, as pessoas clamam que os mercadores de escravos de rua deviam ser extintos, passando a existir um mercado central.
- Também clamam que a escravatura deve ser abolida, porque mesmo sendo pretos são tão Homens quanto nós. – A voz ríspida de Sua Excelência ribombou e a boca voltou ao seu estado inicial hirto e sólido. Não precisou sequer de esclarecer o seu ponto de vista, pois tinha ficado clara qual era a sua opinião em relação ao assunto. Aproximou-se lentamente dos primos e abrindo os braços, retorceu novamente os cantos da boca para sorrir. – Cavalheiros, compreendo que estejam deslumbrados com o ar puro que aqui se respira, fora da tensão envenenante da cidade, mas o que me dizem se fossemos para o meu escritório debater o assunto que aqui vos trouxe em primeiro lugar. – O Senhor Toriq abriu a boca para dizer algo, mas Sua Senhoria silenciou-o rapidamente. – Deixemos o convívio para depois, meu queridos primos. Assuntos mais importantes requerem a nossa atenção.
Os Senhores Toriq e Rino entraram lentamente dentro de casa, cedendo ao subtil e nobre gesto de Sua Senhoria que os convidava a entrar. Bohumil seguiu-os, mas assim que chegou à porta, Sua Excelência deteve-o com um puxão forte. O escravo, ao sentir a mão grande e fria do seu senhor apertando o seu braço, deixou cair as malas dos hóspedes. Um calafrio na espinha arremeteu sobre ele, provocando uma onda de arrepios que se propagou por todo o seu corpo. Sua Excelência tinha descoberto tudo acerca dos seus pensamentos libertinos, quando fixou os seus olhos nos dele. Como pudera ser tão burro? Devia ter dado a entender de alguma maneira que estava a trair o seu mestre e dono. Desta não se iria safar, pensou.
- Deixa as malas aqui. – Ordenou, apertando o braço de Bohumil. O escravo conseguia sentir ambas as pulsações. A sua pulsação aumentara de forma violenta, ameaçando rebentar as veias, enquanto que a do seu mestre permanecia calma e ritmada. – Agora desaparece. - Fixou novamente o olhar em Bohumil e, pela primeira vez, o escravo viu o seu mestre sorrir. Era um sorriso gélido e cru, que expunha os seus dentes tortos e amarelados, cheio de sarcasmo e crueldade. – Não ouviste o que eu te disse? Desaparece! Já!
E assim fez Bohumil, correndo para bem longe daquele sorriso gelado, daqueles olhos cruéis, daquelas mãos pesadas. Correu para lá dos jardins, para lá da caserna dos escravos, para lá da alameda de olmos e para lá de todo e qualquer poder que Sua Excelência pudesse exercer sobre ele. Correu durante o que lhe pareceram ser séculos, até chegar à beira da estrada onde outrora caminhara acorrentado a outros escravos, para ser vendido em Ravenkrug. Aí, estacou ao deparar-se com uma visão que gelou o que restava da fluidez do seu sangue: de um lado e de outro da estrada, inúmeros corpos de outros escravos jaziam no chão de terra batida, no que parecia ser um rasto de morte. O sangue começava a secar e o ar estava carregado com o odor a carne fresca e acabada de abater. Alguns animais, como ratazanas e raposas, trilhavam lentamente os seus caminhos até aos cadáveres para os cheirar e alimentar-se deles, arrancando um naco de carne aqui e acolá. Alguns dos rostos estavam já desfigurados, mas os poucos que restavam intactos elevaram o terror de Bohumil a um nível ainda maior: eram seus irmãos, escravos de Sua Excelência, o Senhor Azo. O pânico da descoberta fê-lo desequilibrar-se e cair.
Subitamente ouviu vozes. Tentou ficar à escuta, ignorando os assobios dos pássaros e o restolhar dos animais contra as ervas secas. Vinham do interior do matagal que ladeava a estrada. Aproximou-se de um arbusto e agachou-se um pouco para tentar ouvir a conversa. Eram dois soldados do rei, trajados com os seus mantos escarlates que ostentavam a Águia da Verdade ao centro.  
- Achas que Sua Majestade aprovará? – Perguntou um dos soldados, afagando a sua farta barba loura.
- O vermelho pode ser a sua cor, mas não creio que seja pela carnificina. – Respondeu o outro, enquanto removia os últimos restos de sangue do fio da espada. – Vamos. Por esta altura já os primos do Lorde Azo estão tão tingidos quanto estes escravos. - O soldado da barba loura estacou no mesmo sítio. – Então? Não vens? Temos de ser rápidos!
- Acho que ouvi qualquer coisa a mexer-se atrás daquele arbusto.
- Devem ter sido apenas os bichos. Das poucas utilidades que os escravos têm, uma é para alimentar a vida selvagem. – E emitiu uma gargalhada que afugentou alguns pássaros que pousavam ali perto.
Bohumil estava paralisado de pânico ao ouvir aquelas palavras. Não era capaz de fugir daquele sítio e começava a sufocar de quase não conseguir respirar. Sua Excelência havia mandado matar todos os seus escravos e aqueles homens deveriam ter sido os autores desse massacre, mas porquê? O que levara o seu mestre a optar por uma decisão dessas? Nesse preciso instante, a respiração de Bohumil quisera traí-lo e o jovem escravo arfou de tal maneira alto que os dois soldados se aperceberam imediatamente da sua presença.
- Tu aí! – Gritou um dos homens. – Onde é que pensas que vais?
Os soldados precipitaram-se para a figura de Bohumil que havia surgido de trás dos arbustos. Ainda tentou correr, mas estava demasiado aterrorizado e tremia demais para conseguir escapar. Não tardou muito até que um dos homens lhe deitasse a mão e o outro lhe disferisse um soco no estômago, atirando-o de boca para o chão. O escravo contorceu-se, agarrado à barriga, enquanto o soldado da barba loura o tentava erguer forçosamente.
- Tu deves ser o pretinho que foi buscar os primos do Lorde Azo. – O hálito fedia a álcool e Bohumil teve de controlar um vómito. – Ele gostava bastante de ti, sabias? Deixou-te para último lugar, para que pudesses ver onde vão parar os escravos que já não servem para nada. – Agarrou-o pelo pescoço e forçou-o a olhar para ambas as filas de cadáveres. – Estás a ver aquele espacinho ali? – Apontou com a ponta da espada para um espaço vazio, junto a um olmo, que permanecia intacto e sem sangue. – Reservámo-lo especialmente para ti.
E num instante, a lâmina deslizou e separou a cabeça de Bohumil do resto do seu delicado corpo. O soldado voltou a limpar a espada e ambos seguiram caminho até ao palacete do Lorde Azo. Finalmente tinham-no libertado.
Fim da Parte I



Nota: Ficou um pouco denso e uma ação muito lenta, mas sem palavras e sem descrições não vos poderia dar nunca a conhecer este mundo onde a ação se desenrola. Nos capítulos seguintes, já será mais fluído. Tenham paciência Razz
Senhores moderadores, a Fic está na secção certa, só que ainda não deu para entender. 


Última edição por Weird von Gentleman em Qui 27 Jun 2013 - 10:38, editado 2 vez(es)
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Mensagem por Pokaabu Dom 23 Jun 2013 - 9:14

Olá, Weird. Gostei bastante, muito mesmo. Há quanto tempo você escreve? Nossa, as ações, as descrições, os dialogos, ficou tudo muito bom, sério! Eu não sei em que lugar você vai encaixar os pokémons aí, mas você já provou que pode fazer isso muito bem, tenho certeza que nos surpreenderá. Meus comentários nunca são muito grandes, mas saiba que gostei bastante. Até a próxima.

 issoai

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Mensagem por Mag Seg 24 Jun 2013 - 0:16

Meu caro Weirdo, eu tenho que concordar com o que meu amigo Pok quando ele me disse no facebook "a fic do português é muito boa". haha

Se você estava preocupado com a falta de ação que pode espantar leitores menos pacientes, acho que pode se tranquilizar. Três parágrafos, para mim, foram suficientes para que eu me situasse um pouco no enredo e já ficasse interessado. Depois, quando vi que se tratava do ponto de vista de um negro escravo na época da escravatura, fiquei ainda mais atento. Amo esse assunto, cara, amo mesmo. Aliás, referente a isso, a sua fic remonta algum acontecimento histórico específico ou somente retrata, de forma geral, a época? No caso, como o Lorde falou que já rondavam rumores sobre a abolição, provavelmente é por meados do século XVIII, ou não? Responda só o que puder, se a própria fic for desvendar segredos de referencias e tudo o mais, não precisa me dizer Surprised.

O que mais dizer? Eu bem que poderia caçar o que criticar, mas não encontrei... Você conseguiu fazer o que eu já tentei mas que nunca realizei com eficácia de verdade, que é essa imersão intensa em personagens. Quão bom. Um prólogo, ou uma parte de um, foi suficiente para que eu me visse apegado ao personagem, conseguisse relacioná-lo com meu conhecimento sobre a época e as interações das classe sociais. Mas então você vem com este fim, bem digno de Martin eu diria. Jurava que o Buhumil, num momento ou outro, conseguiria despistar os dois guardas, ou então eles iriam embora antes de vê-lo. Mas não, ele arfa mais alto, tropeça ao tentar escapar e é morto simplesmente. 

Narrativa impecável, enredo intrigante - e tenho quase certeza que se intensificará no decorrer. E agora seremos todos humilhados no FOTM. hasuhash

Ah! Quase me esqueço. Eu só te sugiro uma coisa: deixe o texto preto, é bem mais agradável para ler. O título deixe na cor que quiser, pois não atrapalha em nada, mas o corpo, a narrativa em si, é mais confortável para ler quando está preta.

Enfim, Weirdo, estou bem feliz que tenha reaparecido no fórum (não suma repentinamente de novo, hein) e espero que continue firme com sua fic. Estou curioso.

Abração.

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Mensagem por Weird von Gentleman Qui 27 Jun 2013 - 10:58

Caros leitores, peço desculpa pelo atraso da publicação da 2ª parte do prólogo, mas surgiram uns imprevistos. De qualquer das maneira aqui estão a resposta aos comentários anteriores e a 2ª e última parte do prólogo.

Resposta aos comentários:
@Pokaabu: Muito obrigado pelo comentário e pela leitura! Fico feliz por saber que gostaste do tipo de escrita e dos personagens. Os Pokémon irão começar a aparecer lentamente, mas terão um papel fulcral nesta história.. 
Respondendo à tua pergunta: escrevo desde os meus 14, portanto já lá vão 8 anos (se a matemática não me falha). No entanto, fics de Pokémon só escrevo desde os 18, portanto só há 4 ou 5 anos é que comecei a escrever este tipo de histórias.
Fico à espera de um novo comentário teu!

@Mag: Caríssimo Mag, é um honra ter-te a ler e a comentar os meus textos, pois parece-me que és um dos "grandes" aqui dentro. No que toca á tua pergunta, a história é um misto de épocas, porque há de tudo um pouco: medieval, colonial e industrial. Gosto de misturar tempos diferentes, para poder usufruir de coisas diferentes e dar uma visão mais ampla de certos assuntos.
Peço desculpa pelo meu desaparecimento repentino, mas havia assuntos que precisavam mais de atenção minha. Mas agora que estou de férias posso dar asas aos meus projetos e não tenciono sumir tão depressa hahaha.
Obrigado pela leitura!

Prólogo ao Nome (Parte II)


O escritório estava mergulhado no mais profundo dos silêncios. Toriq e Rino, sentados em frente à maciça escrivaninha de ébano, admiravam a divisão emudecidos, enquanto o Lorde Azo se dirigia à mesinha de apoio, perto da porta, para se servir de algum melomel.

- Um dos produtos mais requintados desta região, caros primos. – Afirmou, enquanto vertia cuidadosamente o néctar alcoólico em cada um dos minúsculos copos de cristal. – Ravenkrug, além de capital régia, é também a mais produtiva das regiões deste país. Sem ela não teríamos a maior parte dos produtos mais exímios que estamos habituados a consumir. – Serviu um copinho cheio do rosado licor a cada um dos primos e seguidamente permaneceu em frente a eles, de copo na mão.

- Brindemos! – Exclamou Toriq, pulando da sua cadeira e derramando uma gota de melomel nas calças. Avançou o seu copo para o centro e esperou que os outros dois homens repetissem o gesto. – A Ravenkrug e a Burga!

- A Ravenkrug e a Burga! – Repetiu Rino, tocando ao de leve com o seu copo no de Toriq e fazendo-o tilintar.

O Lorde Azo inclinou ligeiramente o seu cálice e verteu o líquido para dentro da sua boca, ao mesmo tempo que os outros, saboreando todos os complexos aromas que lhe eram característicos. O melomel era o produto mais consumido naquela região, devido às raízes celtas que a ligavam aos seus antepassados, conhecidos por apreciarem bastante esta bebida. Existiam várias versões de melomel, cada uma típica da província em que era produzida, mas o Lorde Azo sempre preferira a doçura e a intensidade alcoólica do produzido na província montanhosa de Canstein, a mais de dois dias dali. Contudo, muito embora Canstein ficasse longe demais para alimentar o seu prazer por melomel, todas as semanas, vários navios de mercadorias atracavam no porto de Ravenkrug, para descarregar inúmeras barricas coloridas, contendo o delicioso líquido, o que proporcionava o momento ideal para reabastecer a sua reserva com três ou quatro barricas de grande volume.

Derramou o restante líquido para dentro da boca e sentou-se na cadeira por trás da escrivaninha, falando num tom baixo, que quase se podia confundir com um murmúrio.

- Como está o meu querido tio? – Perguntou, afastando o cálice para o lado.

- Moribundo, como sempre. – Respondeu Rino, prontamente. Sorveu o resto das gotas que se encontravam no fundo do copinho e afastou-o ligeiramente para o lado, para depois se recostar na cadeira. – Não há grande coisa a fazer, tendo em conta o seu estado de saúde crónico. O Dr. Rickshaw já lhe deu todo o tipo de papas e xaropes que é possível a um médico dar, mas a situação não melhora. Creio que dentro de um mês ou dois, eu e o Toriq seremos oficialmente órfãos de pai e mãe.

O Lorde Azo nunca conseguira conhecer a posição vertical de Sir Allon Winscombe, irmão mais velho do seu pai, uma vez que desde sempre se habituara a vê-lo deitado numa cama, a comer das mais variadas papas curativas e a tomar os mais diversos medicamentos para combater aquela que era considera a doença mais letal dos últimos tempos: a febre negra. O seu tio havia contraído a enfermidade após a morte do seu pai, permanecendo assintomático durante alguns anos, até o parasita começar a destruir os órgãos subvitais do seu corpo, deixando-os liquefeitos para se poder alimentar dos fluídos humanos. A doença primeiramente atacava os membros inferiores, deixando-os inchados e doridos, há semelhança da gota, mas com uma coloração negra, devido ao rebentamento dos capilares. Uma vez que os primeiros sintomas aparecessem, ficava traçado que a vítima iria ficar de cama durante o tempo que o parasita levasse a liquefazer o seu interior. A partir daí era uma questão de meses até o médico vir a casa, acompanhado de um soldado régio, para formular o obituarium.

- Trágico. – Sentenciou o Lorde Azo, sem qualquer expressividade na voz. – Suponho que já tenham chegado a um consenso sobre quem irá ficar á frente das terras de Burga que o senhor meu tio controla. – Nenhum dos dois precisou de responder. A expressão impaciente de Toriq deixava transparecer que era a Rino que pertenciam as terras para lá do Rio Zair.

- O senhor nosso pai deseja que seja o seu filho mais novo, ou seja eu, a herdar as terras de Burga. - A resposta de Rino deixou clara a suposição. – Aparentemente não é ideal que o meu irmão, por não estar prometido, fique com o legado dos nossos antepassados. – E não era. O facto de Toriq não estar prometido a uma viscondessa do sul e já ter cinquenta invernos contados, sem filhos varões, era motivo suficiente para o velho Winscombe o deserdar gradualmente.

- Avenças de família, caro primo. – As palavras do Lorde Azo saíram secas.

- Com certeza. – Anuiu Toriq, afagando a sua barriga mole, vazia de títulos e de legado. Pousou os cotovelos em cima da mesa e, esfregando as mãos uma na outra, debruçou-se um pouco no sentido do primo. – Esta conversa de títulos e honrarias não nos leva a lado nenhum, Azo. – Reforçou o nome do primo, com o sotaque nortenho, aniquilando o título que recentemente obtivera por prestar valente e leal serviço a Sua Majestade, o Rei Joan. – Nós não viemos aqui para discutir estes assuntos.

- Não estamos a discutir assunto nenhum, caro Toriq. – Lembrou o Lorde Azo, levantando-se lentamente e arrastando o manto verde até à outra ponta da sala, para reabastecer o seu cálice de mais melomel. A sua voz transparecia agora uma impaciência subtil, embora o tom continuasse a ir além do de um murmúrio. - Na verdade, fico muito incomodado que tenhais vindo aqui somente para discutir assuntos importantes. – Uma tentativa de suspiro saiu-lhe dos pulmões, enquanto vertia o rosado licor para o cálice, fazendo-o estremecer e perder uma gota para a bandeja dourada.

Toriq resmungou qualquer coisa, mas o Lorde Azo depressa lhe cortou a rabugice.

- Mas sim, vejo que ambos estão com pressa para conhecer as maravilhas que Ravenkrug tem para oferecer. Mais logo há uma execução na Roda dos Infiéis, que sei que não vão querer perder, portanto peço-vos desculpa por ter achado que apenas vieram aqui para receber aquilo que vos prometi pagar. Estão apenas apressados para ir passear e desfrutar deste ar maravilhoso. Mais tarde far-me-ão companhia, estou certo que sim.

O Lorde Azo era um homem só. O pai havia-o prometido à Duquesa de Ravenrug, quando ele ainda tinha dezasseis anos, ao passo que ela, com os seus trintas, já contava com dois filhos, na altura. Dessa maneira e chegado à meia-idade, enviuvou e herdou os títulos da mulher, pois os filhos haviam morrido na batalha de Barthole, sob liderança do Lorde Barthole, empalados numa armadilha clássica de trincheira com canas afiadas. O Lorde Pardoh – ou Lorde Parvo, como agora era conhecido - era um carniceiro por excelência que, devido às suas elevadas incompetências de guerra, havia encaminhado todos os seus homens, nessa mesma batalha, para a clássica armadilha, onde os filhos da Duquesa haviam sido empalados, em conjunto com mais duas centenas de outros. Não tardou a que Sua Majestade lhe retirasse todos os poderios e o mandasse de volta para a Ilha Fardoh, sua terra natal, na companhia de dois falconeiros, para aprender as artes de guerra da maneira mais prática que lhe fosse possível: através de intensas chicotadas, na praça pública, e do arriar do seu estandarte, em favor da sua cabeça careca e esbranquiçada, típica dos nativos daquela ilha.

Assim vivia o Lorde Azo: sem esposa, sem filhos e com um vazio título que lhe assegurava a dominância de Ravenkrug, até dar uma passada em falso e ver a sua cabeça hasteada, no cimo do seu palacete. Tinha de arranjar forma de dar a volta a isso, para assegurar que chegava vivo e inteiro á idade em que pereceria, por força do destino, de - esperava ele - causas naturais. Fora por isso que pedira aos primos para o visitarem, assim que soube da descoberta que haviam feito nos territórios de Burga.

Sentou-se novamente na cadeira, vertendo o licor para dentro da sua inexpressiva boca e esperou pelo despertar da impaciência de Toriq.

- Vinte mil rubins e uma barrica deste licor delicioso. – Não tardou Toriq a dizer. – Tendo em conta o teu poderio, é um preço bastante em conta.

O Lorde Azo afagou a barba e recostou-se, olhando para o teto e admirando os frescos que simulavam um céu parcialmente nublado. Após breves momentos em silêncio, a sua voz murmurante surgiu calma e leve.

- Falas demais em dinheiro, caro primo. – Asseverou. – Compreendo que para um homem de Burga, o dinheiro represente muito. Mas aqui em Ravenkrug, o dinheiro é só uma forma diferente de colecionismo. Tenho-o em grande quantidade, mas não preciso dele para nada. Não me permite comprar o ar que respiro, não me permite comprar os meus batimentos cardíacos, não me serve para nada. Não é por ter mais dinheiro que o destino me dará mais anos de vida. – Debruçou-se um pouco sobre a mesa, na direção de Rino. – Mas isso que vocês dizem possuir… Isso sim, fará com que eu tenha mais ar para respirar, mais batimentos no meu coração e mais… - O sorriso cruel e frio nasceu nos seus lábios. – Mais vida.

Nesse preciso instante, duas forte batidas na porta ressoaram pelo escritório, eriçando os pelos da nuca de Rino e fazendo Toriq se levantar de rajada, com o susto. O Lorde Azo levantou-se da cadeira e alisou as calças, ao mesmo tempo que seis soldados, finamente armados com espadas longas e afiadas, pertencentes à guarda real, entraram marchando. Toriq e Rino rodaram sobre si mesmo, espantados de ver tantos homens armados e sem perceber a que se devia a interrupção.

- Mas o que vem a ser isto?! – Perguntou Rino, transtornado com a interrupção.

O Lorde Azo não respondeu. Ao invés disso, caminhou lentamente, arrastando os pés pelo chão de madeira, de encontro ao soldado que liderava o pelotão.

- Isto – Disse, abrindo os braços e apontando para os soldados. – É o comité de boas vindas que só chegou agora para vos receber. Estes senhores tiveram uns contratempos, mas chegaram na altura exata.

- Ainda não acabámos de discutir acerca do nosso assunto. – Resmungou Toriq, já a suar das têmporas e com a cara brilhante do suor. 

O Lorde Azo sorriu novamente e dirigiu-se para o primo.

- Antes pelo contrário, caro primo. – Respondeu o Lorde Azo, apoiando um mão no ombro de Toriq. – O nosso assunto está mais que discutido. – Subitamente, o gume de uma faca apareceu junto da garganta do gordo, fria como o sorriso de Lorde Azo. – Pensas demais no dinheiro e de menos na tua vida. Vinte mil rubins e uma barrica de melomel? – Uma gargalhada seca e inexpressiva ressoou pelo escritório. – Onde é que está aquilo que me prometeram? – O frio da faca gelou o sangue de Toriq, que depressa ficou branco de pavor.

- Aqui, Azo. – Disse Rino, ao mesmo tempo que segurava um frasquinho na mão e levantava a outra em sinal de rendição. – Tenho aqui aquilo que nos pediste. Por favor, não há necessidade disto.

O Lorde Azo relaxou o braço e afastou a lâmina da faca, da garganta do primo. Depois, avançou para Rino e, sem qualquer expressão no rosto, contemplou a pequena e delicada criatura que jazia dentro do frasquinho de vidro que Rino segurava. Era branca e tinha o que aparentavam ser umas orelhas desproporcionais para o seu tamanho, bem como uma espécie de coroa amarela que lhe adornava a pequena cabeça.

Pegou no frasco que continha a estranha criatura e ficou Rino, da mesma maneira que fixara Bohumil uns momentos atrás.

- Ninguém pode ter conhecimento disto. – Afirmou.

- A nossa boca é um túmulo, Azo. – Respondeu Rino, com a voz a tremer e cheia de pânico. – Podes confiar em nós.

- Não tenho dúvidas do vosso sigilo.

E afastando-se dos primos, fez sinal aos guardas para que se ocupassem deles. Seguiu até ao salão de entrada, fechando a porta do escritório atrás de si, onde gritos e sangue se misturavam na atmosfera de morte que se lançara sobre Toriq e Rino. Olhou novamente para o interior do frasco, onde a criatura, agora desperta, tentava fugir da sua prisão, e tamborilou com os seus magros dedos no vidro. Os olhos do pequeno ser firmaram-se nos dele e. por um breve momento, o Lorde Azo sentiu um arrepio percorrer o seu corpo. Numa etiqueta colocada na tampa, escrito a letra suave e floreada, o nome da criatura podia ser lido.

- Flabébé. – Leu.

A criatura estremeceu e o Lorde Azo sorriu novamente. E desta vez os lábios continham toda a expressividade.

Fim do Prólogo
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Mensagem por Pokaabu Sex 28 Jun 2013 - 22:47

Nossa, são em momentos como esse, em que eu fico preso em uma fan fic assim como fico num livro, que eu vejo o quanto ainda tenho que melhorar. Maravilhoso Prólogo, uma ótima introdução ao que está por vir. Quando você começou a descrever o pokémon eu imaginei o Mew, mas como feto. Nunca imaginaria que sera Flabébé, o qual eu nem sabia que existia, é da nova geração, tive que pesquisar no google. Outra coisa, a frieza do Azo ficou perfeita, chegando até a causar uma certa repugnância, do mesmo jeito que matou o escravo, matou os primos. Bom Weird, tenha certesa que ganhou um leitor. 

Até a próxima.

tchau


Última edição por Pokaabu em Sáb 29 Jun 2013 - 13:42, editado 1 vez(es)

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Mensagem por Mag Sáb 29 Jun 2013 - 2:24

Ei, Weirdo. Que bom que não demorou. Eu odeio ser precipitado, mas eu não acho que seria insensato dizer que já estou completamente preso a trama da tua fic, ao suspense que deixou, aos personagens que criou. E veja só, é apenas o prólogo. É bem raro encontrar uma fic que se possa ler como um livro (as fics geralmente não possuem a mesma consistência), mas o Pok parece estar certo ao dizer isso.

Sabe o que é mais intrigante, mais monstruoso? Que no início deste capítulo até pelas voltas da metade dele, eu estava começando a me sentir afeiçoado ao Azo. Oh, céus, como? Eu tentaria explicar, mas só me vem uma coisa a mente. Ela é a dissimulação. O Lorde Azo é extremamente dissimulado, e eu não receio em afirmar que é dos bons mesmo. Embora se trate de um enredo e de um personagem bem diferente, eu me lembrei vagamente da sensação que tive ao ler Lolita e ser confrontado pela dissimulação do Humbert Humbert. Se conhece a obra, saberá que não tem relação nenhuma; essa reminiscencia é puramente porque a sensação que senti lendo a segunda parte do prólogo me lembrou ele. Só. Mas ela é excelente, intrigante, acho importante destacar. haha

Assim como no capítulo anterior, a narrativa está impecável. Fiquei feliz por você explicar, por exemplo, o que é e como funciona a febre negra e essa bebida aí, a melomel. Eu estava prestes a utilizar o google quando vi que era desnecessário. Apenas o pokémon eu tive que pesquisar, estou meio desatualizado com as novidades da sexta geração... E você usou latim! hehe Eu estou estudando latim na faculdade nesse semestre; ah que linguazinha complicada, mas é legal. Aliás, você tem conhecimento sobre a língua ou foram as leituras avulsas mesmo que te capacitaram a usar determinados termos?

Weirdo, estou super ansioso pra ler o próximo capítulo. Espero que o pessoal do fórum se atente para a sua fic, pessoalmente já acho que ela tem/terá muito valor que não deve ser ignorado.

Abração, até o próximo capítulo.


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