[GP] DANGANRONPA - Parte 2

- Ora, Hanz!

Hanz abriu os olhos e estava num espaço tolamente preto, na verdade, totalmente, e ele estava tipo assim, suspenso no vazio e se apoiando em nada. Esfregou os olhos e os piscou várias vezes, mas nada na paisagem mudou. Ele se sentia vazio, muito vazio.

- Eu sei sobre tudo que você sempre sonhou.

O rapaz tentou responder a voz que vinha de lugar nenhum e de todos os lugares, mas de sua boca saíram apenas bolhas que se dissolveram no breu. Ele tentou socar o ar na sua frente e sua mão apenas atravessou o preto e nada mudou. Mas um barulho surgiu e tomou conta dos poucos canais que compunham aquela realidade. Era uma marcha, um trote que aumentava e diminuía a cada segundo.

- Acho que temos companhia.

E então, do nada e tudo apareceram duas filas de cartas de baralho que marchavam em linha reta, com Hanz no meio. Eram cartas do tamanho de um adulto normal e andavam meio curvadas, com um par de pernas que saíam da parte de baixo e dois braços que brotavam dos lados da carta. Cada uma representava um naipe e um número, sendo cinquenta e duas no total, mas cinquenta e dois naquele mundo era o mesmo número que um infinito, então o fluxo nunca acabava e sempre começava. Todas carregavam tacos de beisebol e tinham um rosto de caveira.

Assustado o garoto se levantou rapidamente e tentou fugir daqueles seres, tropeçando e escorregando várias vezes. Seu esforço não fora o bastante, pois ele logo era capturado pelas cartas e levava algumas bordoadas de seus tacos. Doía.

- Você não quer enfrentar seu passado, não é? Não minta para nós. Hanz.

E novamente ele tentou falar, agora sendo segurado pelas cartas, e muitas bolhas escaparam de sua boca enquanto lágrimas escapavam de seus olhos. E nisso várias palavras começaram a cortar o breu do resto do mundo.

Mentiroso!


Enganador! Apostador!


morto.


Vivo! Mentiroso! Manipulador!

- Ora, ora, ora! Mas chega disso... Tem outra pessoa que quer falar com você.

As cartas e as palavras se desmancharam em poeira, deixando um Hanz muito assustado e caído na imensidão orbitando em volta dos restos dos seus medos. Ele fechou os olhos e tentava falar palavras que não saíam, talvez não devessem sair. Quando os abriu, ele viu que a poeira se juntava e construía uma pessoa. Uma pessoa que sorria e usava suspensórios.