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Mensagem por DarkZoroark Ter 19 Mar 2013 - 3:57

Mud o/
Achei o capítulo fantástico. A Nova York do futuro pareceu-me bem macabra, principalmente a fortaleza do Kraft. Meio que me lembrou algo como a Torre Stark ou o Edifício Baxter das HQs da Marvel.
Estou percebendo já há algum tempo que tens algum prazer em impossibilitar o Zarcag de ajudar, não é mesmo? Sacanagem... Ele não ficou nem três páginas no futuro e já foi mandado de volta. Pelo menos deu para ver que, apesar de serem como cão e gato, o Spike considera ele um amigo. Espero pelo menos que haja algum capítulo ou citação ao que ele está fazendo no passado. lol Neeway do futuro é bem mais ameaçador do que no presente...
Gostei da base dos RP, bem maior do que eu havia imaginado antes. O pessoal do futuro também parece estar bem diferente - menos o Ohlie, esse aí não tem jeito... O Izzy parece ser bem interessante, mas, como o Mack disse, puxou demais a própria mãe. O cara vai acabar com a emoção de se assistir animes contando tanto spoiler. Se bem que é capaz de Naruto ainda estar sendo lançado em 2028 do jeito que demora para fazer algo de relevante no mangá...
Maluco, Heshy e a Merixa, huh? Acho que ninguém teria imaginado isso. É aí que o ditado vem à tona: "Os opostos se atraem". Vai ser interessante ver como essa relação vai começar e desenrolar - certo de que vai ter alguma coisa haver com essa viagem ao futuro. Outra coisa que estou percebendo é uma crescente angústia por parte do Mack e a raiva com que ele vê a Mixa, o Neeway e a Alice. Aquele pensamento dele de que se o Neeway morresse foi bem macabro.
Zarcag cada vez mais Dark no futuro. O cara agora sabe como usar Veneno também? Por falar nisso, os três novos elementos foram bem legais e meio que "completaram" o principal elemento de cada um dos Generais do Kraft.
Os Generais pareceram-me bem "normais", menos a irmã do Thor - também, né? Com aquele cabelo de arara é meio difícil dela passar desapercebida. Pergunta rápida: As batalhas serão feitas ao redor do mundo ou ocorrerão em New York mesmo? Tipo, as forças principais do contingente do Diamond estariam situados na cidade, então não sei sobre os líderes. Acho que ao redor do mundo daria um enfoque mais interessante, explicando como cada região foi afetada.
Louco para saber quais são os planos do Spike do futuro - estou com a sensação de que ele está criando um outro grupo rebelde, mas nunca se sabe. Quero ver também o encontro entre os Fighters do passado e os do futuro - já tenho até uma teoria do que lhes fez abandonar os amigos, mas quero guardar a mesma até ter certeza se é verdade ou não.
Erros eu não achei nenhum, mas tenho uma observação:

Porém, acho que o Spike do passado gostaria de ir até Kiev. Foi lá que tivemos o último registro do Spike do futuro.
Acho que esse fragmento poderia ter sido mais condizente se houvesse sido "do presente", "atual" ou até "nosso". Mas ficou bom de qualquer jeito.
De resto continuo com a mesma opinião dos incontáveis comentários que deixei anteriormente. Sua escrita é bem cativante e com certeza uma das melhores do fórum. Fico aguardando pelo seu próximo capítulo. ninja

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Mensagem por Hyurem Qua 20 Mar 2013 - 17:52

OH MY GOD! Por favor, não faça o Heat aprontar nada com o Neeway! Se bem que isso é bem provável...

Gostei bastante dos novos elementos que você adicionou. Veneno, terra e gelo... Parece que já vi esses e os antigos em outro anime... Wink
O Zarcag vai ficar só no presente agora ou vai voltar para o futuro alguma hora? Eis a pergunta que não quer calar... O Spike banca o chato com ele mas o considera muito, dá pra perceber.
Diga-me se entendi direito: os Numbers de 2013 vão ter outros elementos? Porque, se sim, mal posso esperar para saber quais serão!

Bem, é isso! Continue com sua ótima história, narração, descrição etc.
Até mais! tchau

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Mensagem por Micro Dom 24 Mar 2013 - 15:05

ohgawd elementos duplos
e so many personagens novos

Mud, vou acabar confundindo quem é quem nessa budega. Mas lerei :3
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Mensagem por Kurosaki Mud Sáb 6 Abr 2013 - 19:15

Agradeço aos comentários, mas dessa vez não pude trazer capítulo novo. Ao invés disso, trouxe o resumão da primeira temporada. E legal para que eu atraia novos leitores interessados ou para quem quiser recordar da primeira temporada. Não tem todos os detalhes, pulei muita coisa aliás, como o atropelamento do amigo do Mack, detalhes casuais, a história de criação dos Numbs, lutas detalhadas, etc... Mas explica a maioria das coisas.

Ele está no Main Post, no finalzinho, em spoiler, como RESUMÃO. Espero que gostem. E na próxima trarei o capítulo novo : D

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Mensagem por Kurosaki Mud Qua 17 Abr 2013 - 12:50

Olá loiros, morenos, carecas e cabeludos de plantão o/
Agora não é mais resumo, e sim novo capítulo. Eu ia colocar mais coisa no final dele, mas achei que ia ficar muito cansativo e deixei para o próximo, mesmo que esse tenha ficado menorzinho. Este retrata o período entre os principais confrontos e a chegada deles ao futuro. É um capítulo leve, de indecisões e segredos a solta, hue-q. Bolão dos segredos nos comentários, o do Neeway e o do Zarcag principalmente. Entenderão após lerem o capítulo -q
Fãs de Zarcag, não se preocupem, eu adoro fazê-lo sofrer e se tornar inútil por que sei que vocês o amam :3
Mas, fiquem tranquilos, ele será protagonista próprio em cada capítulo, por que apenas ele estará no passado dos Numbers, então, levem isso em consideração.
Quanto as lutas que o DZ perguntou, serão feitas ao redor do mundo, posso te adiantar isso. E nessa temporada, as emoções ganham enfoque. -q
Quanto a pergunta do Hyurem sobre os Numbers da primeira geração, os de 2013, terem outro elemento, eu prefiro não colocar ainda. A exceção é o Mack com o poder de luz no Numb VIII, mas eles ainda são fracos se comparados a realidade de 2028. E Micro, fica sussa que você acostuma : D
Obrigado pelos coments mais uma vez fiéis leitores e também quero agradecer pelo tri-outras-fic-do-mês, é tri porrs :s

Fiquem com o capítulo da Adele -q 21.
Lembrando de novo o seguinte: O foco deste são os mistérios soltos no ar, o desenvolvimento dos ataques deles, e as emoções que cada um está sentindo isolado em um mundo ditador.
Boa leitura e comentem : D




XXI

O tempo passava muito rápido para um grupo de rebelados. A convivência ficara mais fácil e normal dentro da base RP. Os elementares do passado se acostumaram rapidamente com os do futuro.

O treinamento era diário e constante. A todo momento, novos golpes eram lecionados, explosões pequenas aconteciam, barulhos ensurdecedores assustavam a parte técnica.

Spike treinava com Mack. Os dois aprenderam golpes diferentes e combinados, incluindo um que eles consideraram forte o suficiente para acabar com Thor Vanille. Eles nomearam o ataque de Storm Blast.

- Se algum dia estivermos em perigo, com certeza isso dará conta do recado. Depende do nosso poder e da capacidade que o Numb pode nos oferecer. – Explicou o Amphere tomando um isotônico de tangerina.

Mack limpava a testa com uma toalha felpuda.

- Sim. Temos uma pausa de uma hora até o almoço. O que acha de observarmos os outros treinos?

O loiro concordou enquanto bebericava as gotas alaranjadas. A sala em que eles estavam era pequena se comparada às gigantescas bases de treinamento militar, na qual passavam em seguida. Geralmente, os soldados que não detinham poderes elementais, ou que tinham pouca quantidade do mesmo, faziam parte dos exercícios, liderados por Marcus Ohlie e Kalel Moonblank. Por diversas vezes, os que mais reclamavam recebiam um soco eletrizante de Ohlie. Já Kalel dificultava uma pista de obstáculos, prendendo raízes com campo psíquico nos pés de alguns militares.

- O treinamento deles é bem pesado. – Comentou Spike.

Mack assentiu preocupado e eles continuaram o passeio.

Em uma sala equivalente a qual eles treinavam, Mixa e Alice praticavam seus poderes de água e gelo respectivamente. Alice era novata nos golpes, pois aprendera o elemento há menos de três meses. Porém, o progresso era notório. Conseguira congelar diversos cubos de água que Mixa fazia, e a menina de cabelo azul, por sua vez, revertia a baixa temperatura dissolvendo a água novamente.

- Está indo bem filha. – Comentou ela arfando.

- Você também mamãe. – Respondeu Lice graciosamente.

Mack corou um pouco envergonhado com a aproximação das duas. Mesmo depois de uma semana e dois dias no futuro, ele notara que sua namorada se afastara mais dele e dera atenção extra à filha. Sem contar o entrosamento de Neeway na história. No sábado anterior, ele viu a garotinha e o guardião do trovão tomando chocolate quente e rindo sem parar na cantina. Aquilo talvez estivesse lhe invejando demais, a ponto de não focar o quanto deveria nos treinos.

- Oi rapazes! – Exclamou Mixa de dentro da sala.

Spike acenou e Mack apenas levantou a mão direita. A menina estranhou o gesto do namorado, mas decidiu ignorar. Podia ser um hematoma no antebraço ou o cansaço.

Os dois caminharam até a próxima sala e viram Neeway do futuro lutando contra o comandante Nigel.

A luta estava muito acima dos padrões normais para os elementares de 2013. Era uma sincronia de relâmpagos e ventos que zanzavam de ambas as partes. Mesmo com o poderio bielementar, Neeway parecia em desvantagem contra o capitão.

As centelhas e baforadas proporcionavam um espetáculo digno de fogos de artifício em quatro de julho.

- Que incrível.

Spike observava maravilhado os golpes elétricos de Neeway, imaginando um dia estar no mesmo patamar, ou ainda ser superior.

Já Mack, pensava em outra coisa. Mesmo incomodado com o “pai da filha de Mixa”, ele se perguntava: “por que ele ficara caolho?”. A cicatriz que transpassava seu olho de vidro era profunda e parecia a garra de um animal. O cabelo dele, supôs o ruivo, tinha perdido o brilho por conta da velhice, mas e se tivesse a ver com o adversário que atacara o olho de Neeway também? Eram dúvidas que ele descobriria sozinho.

Após cinco minutos de pancadaria e ataques vorazes, a dupla decidiu continuar a xeretar o restante dos aliados treinando.

Na sala seguinte, ambas as Kiwas meditavam em um silêncio profundo. Mesmo com uma única divisória separando a luta colossal de um momento zen, o barulho não propagava, mostrando como a tecnologia de isolamento sonoro era eficaz.

Adiante, Zarcag do futuro levitava uma pilha de listas telefônicas e enciclopédias com apenas o mindinho do pé esquerdo. Nigel do passado e Heshy criavam combinações de ar e água fortíssimas. As duas Merixas e Izzy praticavam no mesmo cômodo uma escalada com armadilhas. Heshy do futuro e Cris lutavam na piscina com seus poderes aquáticos.

- Acho que já vimos todos, vamos voltar ao refeitório e pegar a melhor mesa! – Sugeriu Spike apalpando o estômago vazio.

- Não, ainda falta um elementar. – Notou Mack intrigado. Na última salinha, no canto mais remoto, ele viu um pequeno estrondo abalar o teto e o piso daquela parte da base.

O Amphere seguiu o amigo e os dois assistiram curiosos pelo treinamento de Leo.

O garoto continuava com seu jeito rebelde no meio de um campo de terra batida. Quatro estacas apontavam para seu corpo como uma rosa dos ventos em direção ao centro. Cada uma devia ter um metro de altura e ser feita de pedra com a ponta de metal.

Leo estava de olhos cerrados e confiante. Ele apenas bateu o pé e as quatro agulhas percorreram toda a sala. Elas se sincronizavam e rebatiam, formando cada vez mais estacas, como mísseis desordenados no meio de uma caverna que se multiplicavam como amebas.

Leo apenas dançava e se esquivava de todas sem nem sequer encostar-se a qualquer uma. Por fim, o rapaz falou levemente:

- Ground Needle.

E todas as agulhas estouraram e viraram mais terra e pedregulhos.

- Incrível! – Exclamou Spike animado.

Finalmente Leo abriu os olhos e se assustou com a presença dos dois.

- Você é espetacular. Como conseguiu desviar de todas as estacas? E como elas se multiplicaram? Foi fenomenal!

- Eu apenas usei o magnetismo da terra para me auxiliar. Treino esse golpe todos os dias e já está ficando batido para meu patamar. – Respondeu ele indiferente.

- Um dia eu gostaria de treinar com você. Seria o máximo! – Falou Spike.

Após uma pequena pausa, Leo disse:

- Obrigado pelo convite, mas tenho uma proposta melhor. Gostaria de lutar com ambos. Foram vocês que detiveram Thor Vanille e salvaram Alice, não é? Quem sabe não troquemos táticas de luta e estratégia enquanto nos exercitamos?

Spike concordou de imediato. Mack ficou receoso, porém, aceitou a proposta. Ele com certeza tinha entendido por que Alice gostava tanto dele. E se ela amava Leo, tornar-se amigo dele poderia ser um chamariz para a menininha. No fundo, Mack tinha uma chama de esperança, que Mixa não lhe traíra e que Alice era sua filha.

O trio marcara na tarde de uma quinta-feira distante o treinamento triplo.

O sinal do meio-dia tocou e eles se dirigiram ao refeitório. Ainda tinham a tarde inteira para exercícios. Era uma rotina pesada, mas era a única salvação deles.

~//~

Com o passar dos dias, Mack notara mais do que desenvolvimento elementar. Percebera maior afetividade entre os membros do futuro e do passado. Merixa se entendera muito bem com o filho. Os dois jogavam videogames de noite e ouviam rock pesado tanto do passado quanto do futuro.

Spike parecia preocupado com sua versão futurista e logo começou a se encontrar com Zarcag frequentemente. Mack entendia o porquê do temor do Amphere. Não era apenas por conta do mistério, e sim devido à necessidade. A única maneira que eles conheciam de voltar ao presente era o toque humano com sua versão do futuro.

Por isso os treinamentos entre variantes de tempos diferentes aconteciam com luvas, blusas compridas e até mesmo visores se preciso.

E Spike precisaria dele mesmo em 2028 para tocar em sua mão e retornar a 2013.

Zarcag do futuro era mesmo mais receptivo e alegre que o do presente. Instruía a todos, forçava algumas piadas e até mesmo apostava corridas com Izzy para ver quem montava uma bazuca de neve em menos tempo.

Em compensação, Mack achava que o problema do isolamento, transferira para outro detentor de poderes psíquicos. Kalel sempre comia sozinho seu prato de mingau ou acordava sem cumprimentá-los com um bom dia.

Talvez o fato de um dos irmãos ser um general fosse um peso na consciência dele. Quem sabe ele tivesse esperança de que os dois voltariam a se encontrar e ficariam de bem com abraços e lágrimas de perdão. Ou apenas queria matá-lo por uma atitude idiota de se juntar a pessoas malucas como Polius.

A única que tentou se aproximar de Kalel foi Kiwa. Ela pegou um guardanapo para ele durante um jantar e disse boa noite a ele todas as madrugadas quando iam dormir.

O jeito dócil da Number V não era novidade, entretanto a persistência sim.

Já Heshy, continuava tentando ignorar Izzy e Merixa. Ele e Mack pareciam ter a mesma situação: filhos com pessoas inusitadas causando problemas. No caso do guardião de água, sobretudo, o herdeiro era de fato dele, enquanto o ruivo permanecia no dilema da traição amorosa e da inveja.

E na medida em que Mack só conversava com quem já conhecia (além de Leo), Heshy se aproximara bastante de Cris. A comandante estrategista tinha personalidade de independência, mas se dava bem tanto com o Heshy do passado quanto do futuro.

E outro detalhe que instigava Mack era como Steve e Counie se saíam em Dallas. Não tinha notícias do irmão há semanas, a trajetória tinha de ser discreta para que não lhe percebessem no caminho. O grupo contabilizava nove pessoas, sendo um médico, um cozinheiro, cinco soldados de alto escalão para missões perigosas e a dupla.

Mas se um dos generais descobrisse suas presenças, não haveria grupo que sobrevivesse com facilidade.

Os problemas só cresciam e Mack queria que tudo começasse logo, as lutas, as estratégias, os ataques. Ao mesmo tempo, era hora de terminar logo.


~//~

Três semanas atrás, Zarcag tinha acordado no lixão do Brooklyn. Retirara os dejetos do corpo, uma baratinha que caminhava em seu umbigo e caminhou até uma parte mais agitada do bairro.

Olhou rapidamente a uma televisão da vitrine. O âncora do jornal anunciava:

Hoje é dia 26 de dezembro de 2013 e está no ar o ABC News.

Ele ficou confuso e ao mesmo tempo suas ideias clarearam. O último instante que se lembrava, era de tocar em algum conhecido. Onde estava mesmo? Ele forçou a mente e lembrou. No futuro, ano de 2028, ditadura Poliana.

Agora voltara a 2013. Ao seu redor, um homem dava comida aos pombos, um grupo de jovens bebia e fumava em frente a um bar e uma mãe arrastava uma criança birrenta.

- Isso não tem mesmo cara de ditadura.

Zarcag avançou até uma banca de jornal e pediu um mapa do bairro. Ele estava na Avenida Liberdade, próximo do Queens. A Frozen Pig e seu flat ficavam em Sheespead Bay, próximos a Avenida Y.

Apalpou os bolsos. Cinco dólares. Teria de funcionar. Achou o ônibus que queria e o pegou.

O caminho era longo e o veículo estava vazio. A trilha sonora de fundo era Adele. O sono foi chegando até que ele não estava mais em 2013.

Visões fragmentadas.

A primeira era de Spike. Ele segurava uma pilha de livros grossos e conversava com Zarcag do futuro.

- Você acha que eu posso estar mesmo na Ucrânia? Quero dizer...

- Sim, você do futuro. Tenho absoluta certeza. Precisamos apenas de um plano para resgatá-lo. Vai dar tudo certo.

Algo na cena lhe chamava a atenção. Eles estavam no quarto do Zarcag do futuro. E no canto, uma urna trancada com ideogramas japoneses. Ele sentia uma energia poderosa vinda de lá. Poderia ser um último golpe que o Number III do futuro guardava para si? Ele tentou se aproximar como um fantasma para o caixote...

...mas a visão mudou.

Estava no palácio de Polius. O ditador bebericava seu vinho e Thor Vanille o observava com um sorrisinho na cara.

- Então, a pirralha trouxe reforços. Interessante. – Respondeu uma voz áspera.

- Senhor, tenho apenas uma pergunta. Você tem certeza de que esse plano dará certo? – Respondeu o general de topázio um pouco assustado.

Após beber o último restinho da bebida, Polius respondeu:

- Confie em mim. Eu tenho um espião dentro da base deles. Enquanto forem meros piões, morrerão rapidamente.

Um espião? Um traidor? Aquilo preocupava Zarcag. Os seus amigos corriam perigo.

- Sabemos onde está a base deles! Podemos atacar a qualquer hora! Antes mesmo desses seres do passado virem. Por que não prosseguimos e matamos todos?!

Kraft jogou a taça com seu poder de telecinese na cabeça de Thor.

- Seu idiota. Você ainda não compreendeu? Eu quero a força mais devastadora do universo perante a mim! E o único jeito de tê-la foi trazendo os pirralhos do passado! Tenho certeza que alguns deles poderão retornar quando bem entenderem com seus Numbs, mas nunca vencerão os meus generais. É só meus servos matarem as versões do futuro deles e trazerem as únicas duas peças que me interessam no passado.

- E quem seriam?

- Mack Branford e Mixa Pineclear! Eu preciso dos sete Numbs! É só fazer as contas. Tenho três Numbers na base. É só acabar com eles. Um deles está em Kiev. O outro em Dallas. Tenho agentes nesses dois casos. Os únicos que não encontrei foram os Numbs IV e VII. A menina de água morreu alguns anos atrás e o Numb dela evaporou, sumiu dessa era. E o garoto está no nosso calabouço, porém, o Numb dele não está presente. Aposto que está escondido na base daqueles ratos. Será bem mais fácil arrancar as versões dos Numbs do passado do que do futuro.

- Entendi. – Balbuciou Thor massageando o corte na têmpora dos estilhaços da taça. – Mas por que não atacamos agora e matamos as crianças? E o que você fará com os sete Numbs?

Após uma pausa, ele riu e respondeu:

- Se atacarmos agora, sei que nosso poderio é grande, mas eles estão juntos demais. Podemos ter problemas se aquele um monte de Numbers nos atacarem com contragolpes. – Ele pausou exaustivo e prosseguiu - Quanto o que quero fazer com os sete projéteis. Meu pai foi derrotado na década passada por esses sete idiotas. Foi a união dos Numbs que criou o poderosíssimo VIII. É a força suprema que me falta para dominar o mundo com o maior poder possível.

E Zarcag acordou com a cobradora cutucando seu ombro.

- Estamos no último ponto. Você precisa descer.

Assustado, ele seguiu o que ela falou e andou alguns metros. A FP ainda estava lotada de jornalistas, então, teve de usar o N-Weapon para criar uma ilusão enquanto entrava na sorveteria.

Dirigiu-se até o porão, onde Velho Joe lia um livro.

- Zarcag! – Assustou-se o idoso. – Você não foi ao futuro?

O menino explicou tudo, a situação do futuro, o jeito como ele voltou ao tocar na pessoa conhecida, o despertar no lixão, as visões no ônibus e a chegada até a Frozen Pig.

- Minha nossa! Isso é pior do que eu imaginava. Precisamos bolar um jeito de contatar o pessoal do futuro.

- Eu sei. E sei também por onde começar. – Falou Zarcag, dando meia-volta para sair do porão. Estava na hora de pedir o único reforço possível daquela era.

~//~

A viagem para o interior dos Estados Unidos fora muito exaustiva. Steve sentou-se na colina desértica onde a ditadura poliana não se preocupava em investigar. Pegou o pacote de batatas onduladas na mochila e começou a comer, observando um camaleão usando a língua para comer uma mosca varejeira.

Counie se aproximou lentamente dele, apalpou seu ombro e disse:

- Estamos quase lá. Conheço meus instintos. Não iria querer morar longe da minha antiga fazenda se eu estivesse de volta ao Texas.

No fundo, os dois únicos sobreviventes da expedição além deles, o médico e um soldado chamado Eriol, ajeitavam a barraca de acampamento.

Eles tinham sobrevivido a dois ataques. O primeiro em Lexington em Kentucky, quando um soldado poliano com poderes elementais psíquicos pressentiu a presença deles.

Counie conseguiu interceptar boa parte dos polianos com golpes de raízes subterrâneas. Steve também socou a retaguarda completa. Porém, um deles tinha um poder fraco de fogo, contudo, devastador a ponto de criar uma granada. A bomba explodiu e matou três soldados.

O segundo golpe fora em Magnolia, cidade do Arkansas. Enquanto eles roubavam um mercado em busca de suprimentos, o alarme tocou e soldados começaram a persegui-los. O cozinheiro recebeu um tiro nas costas e ficou para trás. O outro soldado conseguira matar uma dúzia, mas fora atingido na costela por um pé-de-cabra de um militante. Steve e Eriol tentaram salvá-lo enquanto Counie e o médico seguravam as pontas, entretanto, ele perdera sangue demais em pouco tempo e não resistira.

Eles estavam próximos a Greenville, já no estado do Texas. Mais dois ou três dias e chegariam na casa de suas versões futuristas.

Nas pausas entre o almoço e a caminhada sorrateira até Dallas, a dupla treinava seus Numbs com recomendações dos soldados, ou melhor, do que restara do grupo.

De fato eles ficavam mais fortes, entretanto, precisavam de reforços. E a noite caía, o camaleão ia embora e as estrelas os olhavam como pequenos feixes de esperança em terras remotas.

Steve apenas pensava: “Fique bem maninho.” antes de se deitar e dormir no chão arenoso.

Continua...


Última edição por Mud_rill em Qua 17 Abr 2013 - 17:39, editado 1 vez(es)

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Mensagem por Hyurem Qua 17 Abr 2013 - 15:09

Mud!
Bom capítulo. É incrível como você consegue criar tanto suspense e tensão com sua história.
Quem será o dito traidor? Eu tenho três suspeitas, mas melhor aguardar um pouco.

Pegou o pacote de batas onduladas na mochila e começou a comer, observando um camaleão usando a língua para comer uma mosca varejeira.
O que raios são batas?

Continue assim pois eu aguardo o próximo capítulo!

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Mensagem por DarkZoroark Dom 21 Abr 2013 - 8:15

Mud o/
Ótimo capítulo. Mistério correndo solto, pelo jeito. Não estou muito convicto de que o movimento criado pelo Spike e pelo Mack irá derrubar o Thor. Na teoria até pode ser que sim, mas é preciso ver na prática.
Os treinamentos parecem estar indo bem. Seria interessante que os Numbers do passado aprendessem seu segundo elemento enquanto estão no futuro. Sei lá, mas acho que seria uma consequência interessante de acontecer por causa da viagem temporal - levando em consideração que sempre há, ao menos, uma ou outra alteração no fluxo temporal, como o fato do poder deles ter sido descoberto mais cedo do que deveria.
Cada vez mais uma aura negativa parece rodear o Mack. Já estou temendo o que possa acontecer ao Neeway - apesar de não ser lá grande fã dele - e com a Alice se isto continuar a se expandir. Falando já dela, parece-me que tem certa habilidade de aprendizado. Quero dizer, o Spike, o Mack e a Mixa tiveram de fazer noites e mais noites de incontáveis treinos e ela, no curto intervalo de três meses, já consegue usar um dos novos elementos com maestria.
Não sei não, mas acho que o Leo deva ser capaz de se igualar ao pessoal do passado e até superá-los, considerando quem são seus pais... Só penso que monstro ele não vai ser quando despertar um segundo elemento Dragon Force. Por favor, posta um capítulo para mostrar esse treinamento triplo. Mesmo que seja curto, vai/pode ser muito legal de se ler. Pode ser até pequeno que eu não me importo muito.
Agora que falasse da única maneira de voltar ao passado, pensei em algo: Como que a Mixa irá voltar, se a versão dela do futuro está morta. Ou será que... Hum, vou guardar essa dedução para mim mesmo. Quanto ao Zarcag, gostei que tenhas dado a ele um posto de "protagonista" do passado. Essas visões dele, especialmente sobre a urna, foram bem interessantes. Creio que a mesma esteja a guardar os Numbs IV e VII, ou pelo menos só IV. Penso isso por causa que o Kraft disse que o Heat do futuro não mais o possui. Quanto ao espião, acho que pode ser qualquer um menos o Zarcag do futuro. Sim, sou desconfiado a beça. Só acho que não é ele pois o mesmo é o general da RP e isso seria estranho. O do passado acho que irá atrás do Marcus - idiotice na minha opinião ir falar com um retardado, mas que seja.
Steve e Counie estão se dando mal, pelo visto. Essa viagem está acabando com a equipe deles. O lado bom é que finalmente estão chegando ao seu destino e irão, por fim, encontrar suas versões adultas. Eu tenho a teoria de que eles fugiram por que a Counie do futuro estaria grávida, mas não sei.
Erros eu não encontrei nenhum e, só pra variar, sua escrita está indo maravilhosamente bem. Fico no aguardo do próximo capítulo para ver como será o encontro entre eles. ninja

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Mensagem por Kurosaki Mud Qua 22 maio 2013 - 19:04

Olá pessoinhas, tudo de boas?
O meu trabalho é um tédio depois das duas da tarde, então asso o tempo escrevendo a fic, por isso elas está maior que o habitual kk.
Quero agradecer aos comentários anteriores e aos batas/batatas, erro feio, o Steve não é traça para comer roupas, kkk.
Espero que gostem, pode parecer meio confuso, mas é essa a intenção, os enigmas e a luta são destaque. Capítulo que vem começa a ter bastante confronto, hehe.
E Dz, comentarei sua fic assim que puder, preciso ler a sua e a do pikato, mas o trabalho tá me comendo vivo DDD:


XXII

A última quinta-feira na base da RP antes do ataque a Polius começou agitada. Mack arrumava um agasalho protetor para treinar junto de Leo e Spike.

Cotoveleiras, joelheiras, ombreiras e caneleiras. Luvas e um spray anti-chamas no cabelo, que ficou escondido por um capacete. Duas camadas de agasalho e de jeans, um tênis resistente e uma última arfada. Fora apenas isso que ele conseguira pensar.

Adentrou na arena de treinamento que estava reservada. Nada mais era que uma espécie de estádio esportivo de hóquei, com chão arenoso, perfeito para elementares de terra. Desta vez, grande parte dos frequentadores da Rebel Pig estava nas arquibancadas. Mack notou que seus conhecidos permaneciam no centro-direito. A ordem era Cris, os dois Heshys, as duas Merixas, Izzy, Kalel, ambas as Kiwas e os Nigels, Zarcag do Futuro, Mixa, Alice e a dupla de Neeways.

No centro do campo de luta, seu parceiro e seu adversário já lhe aguardavam. Além deles, Ohlie explicava algumas regras do que viria a ser uma “semi-luta” de treinamento entre eles, para medir o quanto evoluíram em três meses.

Após Marcus se afastar, um sinal sonoro cintilou. E a partida se iniciou vorazmente.

- Magnet Kite!

Leo, que trajava acessórios castanhos como seus olhos, impulsionou o campo maleável de rochedos para iniciar o primeiro golpe. Rapidamente, ele começou a flutuar e preparar um soco de terra em direção aos companheiros.

Mack desviou de súbito, entretanto, como o golpe de agulhas magnéticas que ele já havia presenciado, o garoto ricocheteou de volta ao alvo e acertou as costelas de Mack.

Toda vez que recebiam um golpe letal, o casaco dele trocava de branco puro para amarelo marca-texto na parte atingida. Caso ficasse vermelho, que era um terceiro estágio de pigmentação, a partida terminaria e o golpe seria letal.

Spike percebeu que a jogada de Leo era utilizar o artifício de magnetismo, e não a terra como principal. Já que um derivava do outro, era simples converter a polaridade de rochas e metais submersos e flutuar como se fosse um OVNI ou uma andorinha rasante.

Leo não tinha os poderes do pai, apenas o sub-elemento da mãe, Kiwa. Contudo, Nigel do futuro provavelmente treinara com o garoto movimentos que simulassem o ar, como uma pipa que voava por conta de ímãs invisíveis, que eram os próprios membros dele.

- Acho que posso acabar com esse joguinho de bate e rebate flutuante. Electro Wave!

Ondas de choque saíam do corpo de Spike como estática de atrito. Não era um golpe novo, porém, fora eficaz, desequilibrando o campo polar do rival.

- Minha vez! – Exclamou Mack. – Fire Succession!

Bolotas de fogo semelhantes a freesbies de magma emergiram das mãos do ruivo. Como uma bazuca em alta velocidade, projéteis de lava atingiam o corpo de Leo, que tombou no chão arenoso. A lateral direita do agasalho dele estava amarelada, e parte do ombro em laranja, a cor do golpe médio.

- Beleza, boa sacada Heat! – Exclamou o loiro. Sobretudo, a reação do inimigo fora instantânea. A terra onde Spike pairava amoleceu como movediça e uma chuva de pedregulhos o atingiu como um soterramento de avalanche.

- Skyfall Trap! – Concluiu o moreno.

O Amphere usou novamente as ondas elétricas que expeliram as pedras lentamente. A omoplata esquerda estava em vermelho, a parte de cima toda em laranja e o resto em branco, já que o golpe não atingira o restante. A cabeça de todos continha um capacete leve que não tinha alteração de cor, servia apenas como proteção necessária.

- Droga, detesto surpresas. – Comentou ele limpando o ombro mais atingido para retirar areia.

- Deveria gostar. – Ironizou o filho de Nigel com seu sorriso dúbio de confiança e desdém.

E uma enorme bola de fogo passou por centímetros do corpo de Leo que arregalou os olhos.

- Tenho a mesma opinião sua meu amigo, surpresas são legais. – Comentou Mack, que lamentou a mira errada. Tudo porque fitara uma cena que lhe desconsertara por completo.

Mixa do passado e Neeway dividiam um pacote de pipocas e estavam de mãos dadas. Alice, próxima aos dois e ao seu pai na versão futura, ria alegremente.

- Eles não podem estar namorando. Mixa me ama... – Falou ele baixinho para si mesmo.

Mack cessou o pensamento quando Spike caiu em cima dele, como um Fusca jogado pelo Hulk. Leo tinha controlado a polaridade do chão para fazer os dois trombarem. Os agasalhos alternavam entre laranja e amarelo, com exceção do osso da saboneteira do Number I, que já se tingira de escarlate.

- Vão parar de brincar ou terei que acabar logo com o treino? – Caçoou Leo.

Spike e Mack se entreolharam. Só tinham uma opção viável. O golpe mais poderoso em dupla. Apenas trabalho em equipe detonaria o oponente.

- Storm Blast! – Exclamaram.

A iluminação da arena tremeluziu e centelhas de eletricidade sobressaíram de diversos locais. Izzy, que carregava um tablet, viu o equipamento pifar, para o seu desespero. Merixa do passado xingou-os quando seu MP3 repetia o mesmo trecho de uma música do Slipknot. Ao mesmo tempo, um pequeno Sol, que nada mais era do que fogo e calor humano produzido por Mack, centrava-se no campo, absorvendo a energia deles.

- Isso vai ser interessante. – Comentou Leo, preparando seu arredor com um campo de poeira rasa.

A bola voou como um cometa para cima de Leo, como se uma tempestade sugasse todo o calor da base e criasse uma explosão estelar, uma Supernova.

- Shield Gradient!

Leo invocou uma espécie de muralha defensiva com inclinação de uma pista de skate. Com toda sua força, o rapaz conseguiu rebater o golpe como uma bola quicando na parede e reverteu para a dupla, que não conseguiu escapar a tempo.

A explosão infestou a arena com a areia espalhada do chão. Mixa dava gritos de preocupação, soltando a mão de Neeway.

- Mack!

A poeira abaixou e Spike e Mack estavam apenas caídos e ofegantes, sem hematomas. Os capacetes tinham explodido e os agasalhos, deteriorados e rubros como sangue.

- Perdemos feito não foi? – Zoou Spike se levantando.

Mixa suspirou aliviada e Mack olhou para ela indeciso. O golpe tinha dado certo, mas não achou que seria tão fraco a ponto de ser interceptado por uma mureta de barro.

- Não entendo...

- É simples carinha. – Disse Leo se aproximando com a mão estendida ao amigo, ajudando-o a se reerguer. – Os elementos de vocês são contra-efetivos ao meu. Terra é imune a trovão, mesmo que o magnetismo se desestabilize. E fogo é apagado pela terra.

Mack acenou positivamente para ele.

- Quer dizer que o golpe não é fraco, só precisa de ajustes?

- Exato. Se algo que vencesse terra fosse acrescido a esse quasar em miniatura, tenho certeza de que teria minha roupa manchada de ketchup agora.

O trio riu e caminhou até a saída da arena. Faltava menos de uma semana para a invasão mundial.

~//~


Após três dias de treinamento e repouso, faltavam 24 horas para que o ataque planejado contra a ditadura Poliana começasse.

O grupo principal, constituído apenas de Numbers, Guardiões e comandantes, além de Leo, Alice e Izzy, fora convocado na sala de reunião por Nigel do futuro.

“Precisamos mostrar a vocês os equipamentos de auxílio e o procedimento de autorização. Encontrem-me daqui a meia hora na sala principal.”

Mack estava sozinho enquanto caminhava do pátio central para o local da reunião;

Enquanto andava, pensava nos acertos que fizera com Leo e Spike no golpe da tempestade de trovão e fogo.

Mas não conseguira tirar as imagens de Mixa e Neeway juntos da cabeça. Ele sentia algo mais do que ciúmes, talvez inveja obsessiva.

Quando ele virou para um dos últimos corredores, alguém lhe pegou pelo capuz da jaqueta e o jogou numa sala em que nunca entrara antes, numa divisória minúscula. Caiu de lado com um estrondo desajeitado ecoando. O crânio chocou com o piso frio e ele gemeu.

Um vulto fechou a porta do cômodo e o garoto massageou a cabeça que batera com o impacto. Os olhos tremeluzidos notaram a figura de cabelos espetados variados entre o ocre e o grisalho, a pele bronzeada e o único olho real lhe fitando profundamente.

- Neeway...

O guardião de trovão futurista mantinha uma expressão carrancuda e superior. Em sua mão, um anel de serpente com olhos de topázio reluzia.

- Eu te coloquei aqui por que precisamos conversar Branford.

Mack se ajoelhou e respondeu:

- Sobre o quê?

O silêncio permaneceu por alguns instantes, apenas o andar do adulto era repercutido.

- Notei como você está olhando minha versão do passado e Mixa com amargura, talvez uma inveja possessiva. Antes que fique irritado feito uma mariquinha, ouça o que tenho para lhe dizer.

O ruivo permaneceu quieto no canto da sala escura. As únicas fontes de luz eram do freixo abaixo da porta e de uma claraboia longíqua, o que de fato era estranho para uma base subterrânea.

- Mixa te abandonou alguns dias antes de anunciar que estava grávida. O que sua versão do futuro desconhecia, é que éramos amantes. Ela sempre ficara com você por disfarce e consideração, mas gostava realmente era do meu charme e pegada.

Aquilo dera ânsia em Mack.

- Após ela parir, Mixa morreu rapidamente durante o confronto e não revelara a verdade para mim, sobre quem era o pai. Porém, fiz um exame de sangue e confirmei. Alice é minha filha! Você foi um mero corno na versão futurista e um terceiro ser inútil numa união amorosa. Eu quero que entenda de uma vez que não há chances de Mixa ter te amado novamente e nem que Alice seja sua filha. Portanto, deixe-as em paz. Caso contrário, eu mesmo irei te arrebentar, como já fiz uma vez.

E assim, ele deixou Mack sozinho na sala, fechando a porta com um estrondo surdo e uma pausa silenciosa.

O menino sentira medo e ao mesmo tempo raiva de Neeway do futuro. Não iria se afastar de Alice e muito menos de sua namorada, se era o que ele pensava. Precisaria conversar com a versão mais jovem do guardião para ver se a opinião era a mesma.

Mack não queria sentir inveja, mas era inevitável, algo que parecia não vir dele. E outro fato que instigara o rapaz fora a menção de uma briga em que fora derrotado.

Neeway já chegara a perder para Nigel na batalha da Torre do Arco-íris. Depois, empatara com ele no treinamento, mesmo depois de adquirir um segundo elemento. Mack, que vencera ninguém menos que Polius Kraft, não perderia tão fácil para alguém mais fraco. Ele precisaria descobrir o motivo e a veracidade do combate.

A primeira pessoa em que pensara para discutir o assunto era Zarcag. Porém, reavaliou a ideia e decidiu optar por Kiwa do futuro. Ela provavelmente presenciara a luta e era mais boa ouvinte e sincera.

Por sorte, encontrara a moça alguns corredores ao lado, conversando com Cris.

- Com licença, Kiwa. Poderíamos conversar a sós, sem querer interrompê-las. - Pediu com um olhar verissímil para a comandante loira.

As duas se despediram e a Number V permaneceu no local em que estava.

- Sobre o que gostaria de falar?

Ele explicou toda a história que estava sentindo em relação aos seus conflitos amorosos. Enfatizou a parte em que errara o golpe em Leo devido à cena de amor que notara na arquibancada e contou todos os detalhes do que ocorrera com Neeway do futuro em poucos minutos..

- Olha Mack, sei que não sou a pessoa em que mais confia, mas entendo sobre seguir o coração. Você deveria falar com Neeway do passado e Mixa para ver o que eles acham. Quanto a essa briga, infelizmente não posso discordar que ele venceu sua versão futurista. Foi uma briga de honra para saber quem era o pai de Alice e ele levou a melhor. Os exames de fato comprovaram, sinto muito.

Cabisbaixo, ele agradeceu a atenção da Number e os dois caminharam até o local onde ocorreria a reunião.

Spike o cumprimentou alegre e jovial. Ele respondeu de forma rápida, já se sentando na cadeira com rodinhas para participar da reunião.

Izzy foi o último a chegar, trazendo dois equipamentos eletrônicos em mãos.

- Boa tarde pessoal. Hoje, faltando menos de 20 horas para a execução Anti-Poliana, tenho o prazer de anunciar os detalhes da missão e os equipamentos que desenvolvemos em pouco tempo.

Ele apertou uma tela flutuante e o telão modificou-se com caretinhas de Generais, Guardiões, Numbers e elementares.

- As divisões ficaram assim. Na Amazônia, onde está a General de Esmeralda, a maior fraqueza é o fogo. O time que irá para o Brasil amanhã será Mack e as duas Merixas.

O Number fitou as companheiras roqueiras. Ambas sorriram em resposta. Lúcia, a detentora de esmeralda, piscava na tela com uma foto colorida em cima da América do Sul.

- Para a Ucrânia, onde está o general de Topázio, selecionei Spike e Zarcag.

Todos ficaram confusos quanto a esta parte.

- Em Kiev? Mas Thor Vanille não está sem o pingente? - Indagou Nigel do passado.

- Exatamente por isso. Se ele estiver na Europa, será pego de surpresa e não interromperá os planos de outros países. Não queremos inconvenientes e surpresas nas sedes. Além disso, ainda temos um Number elétrico desta era desaparecido naquela região. Não acham melhor investigar?

- Até concordo, mas Trovão contra Trovão não seria redundante? - Perguntou Leo.

- Acho que a combinação entre Zarg e Spike seria interessante, o entrosamento entre ambos é muito melhor do que um simples empate entre elementos.

Ninguém mais se manifestou e Izzy prosseguiu:

- Para Johannesburgo, enfrentando Hector, general de Lápis Lazuli, os dois Heshys e Alice.

A menina ficou um pouco abismada com a decisão. Eles ficariam juntos por conta da água e do gelo que poderiam ser utilizados em conjunto, mas obviamente ela tinha outras predileções, como Mixa, um dos Neeways, Leo, Zarcag ou até mesmo Mack. Ela sentia um apego especial por este último, desde o momento do salvamento em Nova York na véspera de Natal, porém, sempre se demonstrava distante, com inveja talvez. Aquela seria uma boa chance de se reaproximarem, contudo, todos eles ficariam separados, colocando os planos dela por água abaixo.

- O quarto general que separamos foi Kihar. Kalel, você não irá nesta missão, temos receio de que seu irmão possa te enganar e acabar lhe matando.

- Eu não me iludiria tão facilmente garoto. - Respondeu o comandante com sua voz grossa. - Meu ex-irmão morreu há muito tempo. De qualquer forma, não devo reclamar as posições impostas pelo capitão, portanto, respeito a decisão.

Izzy deu um pigarro e prosseguiu.

- Certo. Para derrotar o general de Obsidiana no Outback, optamos por Mixa e Cris. A água poderá ser bastante eficaz neste confronto.

As duas trocaram olhares e sorriram.

- O quinto general, Bobby de Safira, localizado no Alasca, ficará a cargo de ser combatido pelos dois Neeways. Trovão pode funcionar em gelo e ar, os elementos daquele balofo.

Mack espionou o olho de vidro da versão futura do guardião de trovão. Parecia que por onde quer que olhasse, aquela bola de gude com íris o fitava. Calafrios percorreram a nuca do ruivo.

- O sexto general, Theodore de ônix em Nova Délhi será o alvo das duas Kiwas e Leo. Novamente, acho que o poder de plantas, somada a habilidade de terra com magnetismo de Leo, podem interceptar os truques do general.

“Família unida, permanece unida”, pensou Mack. Viu que três pessoas que gostava estavam no mesmo grupo de luta, o entrosamento seria eficaz.

- Contra Michelle, a general de ametista, a luta será dos dois Nigels e Kalel. O destino é Dublin. O motivo desta luta é o poderio da segunda comandante mais poderosa, perdendo apenas para o próprio Polius.

Aquela mulher deveria ser extremamente perigosa, de acordo com os pensamentos do Number IV. Seriam necessários o capitão nas duas versões paradoxais e o capitão de armamento bélico para detê-la, isso se conseguissem.

- A oitava general será adversária de Steve, Counie e suas versões do futuro, caso consigam voltar. Avisarei para eles no instante em que retomarmos contato. Será Raysa, irmã de Thor, detentora do Rubi, residente em Java.

- Mas não temos novidades há algum tempo, como certificaremos a presença deles? - Questionou Cris.

- Dei instruções claras ao grupo. Eles deverão estar aqui até amanhã de manhã. Caso contrário, fracassaram na missão. - Explicou o Capitão N.

Mack ficou pensativo. Não via o irmão há quase um mês. Nem sequer receberam notícias dele e de seu grupo de expedição. Talvez eles tivessem fracassado, o que o ruivo gostaria de evitar pensar. E pensar que o pequeno Steve alguns semestres atrás nada mais era do que um ilusório jogador de videogames.

- O nono general fica a mercê dos nossos combatentes sobreviventes. Esperamos vencer todas as lutas. É claro que não serão fáceis, mas no caso do general de Água Marinha, nos resta esperar, não temos muita informação para que possamos mandar um grupo seguro ao Havaí. Eu irei comandar a operação daqui e Ohlie será responsável pelas tropas pormenores, especialmente a de Nova York.

Todos concordaram com as citações de Izzy.

- Mas espere um pouco. O ataque é amanhã e ainda estamos aqui ao invés de pegar um avião. - Lembrou Kiwa do passado.

- Na verdade, se nos locomovêssemos pelo ar desta maneira, os generais de Polius que conseguem detectar o elemento ar poderão interceptar-nos. - Explicou Cris, clicando nas telas móveis de holograma da mesa. - Iremos por teleporte.

As versões de 2013, que já estariam em 2014 no tempo atual, se espantaram.

- Teleporte? Como é possível? - Indagou Spike.

- A mistura de poderes psíquicos com ar e tecnologia. - Explicou Zarcag. - Disponibilizamos poderio para que vocês possam ir e voltar para os lugares destinados do mundo. A programação está ajustada apenas para uma localidade, então, é melhor não pestanejar.

Izzy entregou um dos objetos em suas mãos para Zarg. Era uma espécie de pote metálico. De dentro, retirou um monte de relógios pretos e roxos.

- Esse é o comunicador integrado, por aqui vocês poderão se comunicar comigo ou quem estiver na base. - Explicou o Numb III. O pote passou de mão em mão até que todos apanhassem um relógio de pulso.

O outro objeto era uma pilha de fibras óticas com pequenas inscrições e uma ponta brilhante. Parecia uma anêmona-do-mar nas mãos de Izzy.

- São as fibras transportadoras, estão interligadas por satélite clandestino com o computador central da nossa base. Entretanto, como dissemos, são apenas de ida e volta exclusivas para o lugar já predestinado. Claro que reservei os cabos de teleporte para Java, especialmente para Steve, Counie, e quem sabe, suas versões futuristas, mas...

Izzy não conseguiu terminar de falar. As luzes de neon vermelhas desceram na sala com uma sirene estonteante. Fumaça e poeira vinham do lado exterior do cômodo. Tremores contínuos estalavam na superfície.

- Fomos descobertos. - Resmungou Ohlie irritado. Ele correu já apanhando a sua marreta em mãos e troteou até a entrada secreta, esperando inimigos para serem estraçalhados.

- Izzy, o que está acontecendo? - Indagou Nigel do futuro.

- É uma tropa poliana, pelo que indicam os PCs. - Respondeu o molequinho de cabelo moicano azul-chiclete. Ele digitava como um maluco pelas teclas holográficas - Descobriram nossa base. E não só essa, estou recebendo mensagens de todo o mundo das forças rebeldes, da Colômbia, do Afeganistão, do Nepal, da Malásia...

Um estrondo mais potente ecoou e parte do escudo defensor projetado para a base cedeu no pátio principal. Mesmo distante Mack percebeu que ao menos meia dúzia de soldados foram atingidos pela queda e provavelmente morreram.

- Não temos tempo. Vocês partirão neste exato momento! - Exclamou Izzy.

- Agorinha mesmo? - Perguntou Mixa incrédula.

- Sim!- Outra explosão com terremoto surgiu. - Peguem os fios de teleporte e vão! Eu irei fugir pelo modo de cápsula propulsora submersa para dar suporte a vocês. Mesmo com isso, não devo ter mais de um dia escondido. Vençam o quanto antes a disputa. Os que voltarem em até 24 horas deverão enfrentar o nono e Polius, talvez até Raysa caso Steve não retorne. Não se esqueçam de apanhar os pingentes respectivos e de encontrar o paradeiro de Spike.

A terra do cômodo começou a ceder. Izzy apertou um botão vermelho da sala e ela começou a se deslocar ainda mais para o subterrâneo, espremendo-se como aquelas armadilhas do Indiana Jones, onde a sala de quatro paredes começa a se fechar. Quem fosse claustrofóbico, teria congelado naquele exato momento.

- Agora!

Os fios passaram de mão em mão, cada um apanhando o que tinha a descrição de seu destino. Mack foi o último a receber o fio. Nele estava gravada a palavra Amazônia. Ao mesmo tempo, Alice, Heshy, Neeway do futuro e Cris sumiam como fantasmas. Izzy se comprimia na sala como uma cápsula que se fechava. Na medida em que os humanos desapareciam, o cômodo ficava mais apertado.

Neeway, Heshy do futuro, as duas Merixas e Kalel evaporaram. Mack deu uma última olhada em Mixa. Talvez nunca mais se encontrassem.

Leo, Spike, Zarcag e Kiwa do futuro foram os próximos. A terra cedeu em metade da sala contorcida. Nigel e Kiwa selaram um último beijo e sumiram. Mixa piscou para ele, falando apenas com leitura labial “Eu te amo” e sumiu. O capitão N disse algo que não pode ser ouvido a tempo, com uma cara irritadiça. Ele tentou largar a fibra, contudo, sumiu antes de prosseguir. Mack não viu mais Izzy e nem a sala. Então, apenas pensou no Brasil e foi-se.

~//~
Mack não tinha visões há tempos. A maioria delas era provocada por Tuani ou Zarcag na época em que ele ainda era um espírito aprisionado em seu próprio corpo, que antes era dominado por Ignoto Kraft.

Desta vez era diferente. Nas visões anteriores, ele presenciara visões de momentos simultâneos sobre as respostas que precisava ou conversava com Tuani nas nuvens. Naquela, antes do teto de terra desabar e a cápsula-sala submergir, estava numa sala amadeirada que ele reconheceu de imediato. Era o escritório da Frozen Pig sem os móveis, só que naquela época ele deveria ter virado ruínas na parte de cima do mundo criado por Polius.

- Eu... estou sonhando?

- Em parte. As visões só funcionam enquanto você dorme. Mas o conselho é real garoto.

Aquela voz provocou calafrios no rapaz. Era o Velho Joe em uma forma astral.

- Velhote! - Exclamou ele animado. - O que você faz aqui?

- Estou tentando contatar alguém do futuro com a gente. A máquina dá interferências a todo o momento, eu e Zarcag estamos experimentando processos de comunicação astral, só que exerce muito poder.

- Certo. Sabe, estive pensando, se não pegássemos Polius no passado, talvez pudéssemos.

Velho Joe interrompeu o rapaz.

- Mack, já discutimos as possibilidades. Todos os futuros levam a Polius Kraft. Mesmo que detenhamo-lo nesta era, o futuro irá virar o caos em que estão, ou ainda pior. Kraft provavelmente tem poder o suficiente para manipulação de espaço e tempo, pois consegue alterar parâmetros dimensionais em diferentes épocas. A torre do arco-íris é um exemplo, atualmente é como se ela nunca tivesse existido. O mesmo Polius pode realizar caso consiga os Numbs restantes desta época. A minha hipótese, é que se ele conseguir juntar os sete projéteis e formar o oitavo, todas as realidades ficarão sobre o seu controle.

- Mas eu formei o Numb VIII uma vez para derrotar o papai daquele demente. - Lembrou o ruivo. - E não senti todo esse poder, apenas o espírito de Tuani, com força da luz.

- Só que Polius é traiçoeiro. Ele desenvolveu a fórmula que temia que Ignoto realizasse. Transformar a luz em trevas. Um Numb negro. Ao invés de trazer coisas boas, apenas maldades serão realizadas. Só que se entendo bem, ele necessita de um sacrifício e dos sete Numbs. Provavelmente, ele não tem algumas peças deste quebra-cabeça em poderio. Mas se você não o detiver a tempo, o mundo que todos conhecemos, em qualquer época, será exterminado e controlado pelo mal.

Um calafrio percorreu os cabelos vermelho-acastanhados de Mack. Não haveria salvação, a não ser acabar com PK naquela época.

- Enfim Mack, a capacidade de enviar mensagens está acabando e provavelmente só irá se decompor em alguns dias. - Naquele instante, a imagem astral de Joe e o escritório tremeluziam como um holograma quebrando. - Zarcag tentará retornar a 2029. E apenas algo que quero acrescentar. Ele teve algumas visões. Polius já conhece a base, de fato está atrás dos Numbs e disse que o seu e o de Mixa são as peças chaves.

A imagem falhou cada vez mais.

- Além disso, há um traidor. Tomem cuidado.

- Espera, como assim um traidor?

O escritório e o fantasma sumiram e Mack voltou a adormecer.

Não sabia como, entretanto, seu corpo estava numa floresta úmida e abafada em questão de segundos após acordar.

Pássaros cantarolavam, um miquinho chiava e o vento quente batia em sua cara. Olhou a fibra e o relógio que pegara.

Tentou contato com Izzy, sem sucesso. Ele deveria estar com os próprios problemas.

- E agora?

Chapinhou na umidade e prosseguiu como um zumbi sem rumo. Onde estariam as Merixas? E a base de Lúcia?

Fitou repentinamente um belíssimo animal. Era uma arara colorida e vibrante ela piou como uma gralha e exibiu sua beleza.

Mack apenas seguiu o olhar e notou duas figuras lado a lado olhando para a floresta.

A primeira era de fato Merixa do futuro. Mas a segunda não era a do passado, e sim uma garota de cabelos cor-de-rosa e olhar angelical. Justamente Alice.

O que teria acontecido com as fibras de teleporte?

~//~
Mixa caiu no chão fofo e gelado. A aurora boreal anunciava que o Alasca tinha uma exuberância magnífica. Olhou em volta e notou a presença de Neeway do futuro e do passado.

- O que você está fazendo aqui? - Indagou o mais novo intrigado. - Não era para você estar na...

- Austrália, eu sei. - Ela respondeu antes dele completar a frase e se ajeitou de uma maneira mais correta, retirando neve dos ombros. - A minha fibra tinha o nome Outback, só que vim parar aqui, não sei como. Pode ter sido um erro de teleporte.

O guardião do futuro apenas a fitava de braços cruzados enquanto o do passado ajudava a amiga a se erguer na neve.

- Vamos procurar pela base do balofo de safira.

Eles não responderam, apenas prosseguiram pela neve do Alasca, naquele clima frio e inóspito.

~//~
Izzy, encolhido na cápsula, acompanhou a tela com os rastreadores dos relógios. Não tinha sinal, mas tinha o portátil com rastreamento.

Na América do Sul, Merixa do futuro, Mack e Alice. No Alasca, Mixa e os Neeways. Na Austrália, Kalel e Cris. Em Kiev, Zarcag e Spike, o que era previsto. Em Johannesburgo, Nigel e Kiwa do futuro. Na Irlanda, Merixa do passado e os dois Heshys. Na Índia ficaram Leo e Kiwa. Por fim, sozinho, em Java, Nigel do Futuro.

- Que confusão foi essa? Eu não posso acreditar! Apenas um dos oito locais está com os integrantes corretos! E não era para ninguém aterrissar na Indonésia, as fibras estão aqui!

O garoto apanhou a parte segura dos cabos para conferir o sistema. Notou então, com um mínimo detalhe, que as fibras tinham seus nomes trocados.

- Alguém alterou algumas fibras. Não é a toa que tudo está uma bagunça. Quem será que fez isso?

No mesmo instante, Ohlie conseguiu enviar uma vídeo-chamada do centro de NY para Izzy. Ele assistiu boquiaberto:

- Temos problemas, pequenino. Um dos generais está aqui. As nossas tropas estão perdendo força, preciso de ajuda.

Ao fundo, uma risada seguida de explosão ecoou.

- Radical!

E o filho de Merixa entendeu que Spike e Zarcag não enfrentariam um general em Kiev, pois Thor Vanille estava a alguns palmos acima dele, na cidade de Nova York.

~//~
No passado, Zarcag retornava pela oitava vez na casa de Marcus Ohlie. O garoto atendeu indiferente.

- Você de novo?

O ex-emo foi direto ao ponto, não aguentava mais explicar a mesma história e ladainha deque voltara ao passado e era o único salvador da pátria disponível.

- Por favor, Ohlie! Já te expliquei tantas vezes que preciso de ajuda, qual é o problema? Eu tive visões futuristas, sempre coisas semelhantes e bizarras, e só você pode me ajudar! Somos os dois últimos elementares desta época, não entendo o motivo pelo qual insiste em ser teimoso. - Comentou Zarcag franzindo.

Ohlie relinchou como um jegue e indagou:

- Que visões teve nesses últimos dias?

O rapaz de cabelos lilás explicou as visões de novo. Thor Vanille conspirando ataques na base de Nova York. Ele e Polius conheciam a localização, mas apenas esperavam o momento certo, a véspera da invasão, um momento inoportuno para todos eles, com certeza. Outras visões relatavam um traidor. Ele entregara a base e as técnicas dos companheiros para as forças polianas, sem ninguém descobrir a identidade, nem mesmo o próprio Zarcag. Além disso, teve uma visão recente sobre como os amigos seriam teleportados para lugares distintos dos optados, o que ele queria evitar. Fez as contas. Estava no mesmo dia que eles, porém, os amigos em 2029 e ele em 2014. O frio de fevereiro era substituído por flores da primavera que se iniciaria no mês seguinte, e apenas Zarcag e Velho Joe procuravam um jeito de levar o Number III de volta ao futuro. Naquele exato momento, o dono da Frozen Pig tentava se comunicar com os amigos por meio de projeção astral, algo quase impossível. Contudo, estavam a poucos passos de retornarem ao futuro e ajudarem os amigos. Se Ohlie também retornasse, seria uma grande ajuda, tendo o time completo novamente.

Joe era inventor, afinal, criara os Numbs. Zarcag arrumava as peças para a construção da máquina do tempo durante aquele mês de janeiro. Driblava jornalistas chatos na frente da Frozen Pig todo santo dia inclusive a mãe de Mack, que ia contra a vontade em busca de informações sobre o filho sumido há um mês.

O caso dos Numbers que desapareceram de casa e seus poderes intrigava o mundo inteiro. Por isso, Zarcag criava ilusões para não ser conhecido. Alterava o interior do porão para causar ilusões nos curiosos que driblavam a barreira. Ninguém mais suspeitava que o subsolo fosse usado para abrigo, debaixo do nariz dele. Outro ponto de sorte era que os guardiões não tiveram sua identidade revelada, pois eram órfãos, com exceção de Ohlie, cujos pais eram diretores da escola.

O medo de desaparecer para o futuro e de nunca mais retornar preocupava Marcus. Era o maior bebê chorão e bunda mole que Zarcag já conhecera.

A máquina do tempo já estava quase pronta, ao menos era o que Joe imaginava. Ele fora bem claro: “demorarei um mês, mas valerá a pena. Irei testar a comunicação hoje e posso levar até duas pessoas só de ida amanhã. É o máximo que os recursos necessários nos proporcionaram. Seu trabalho, além de assistente, é convencer Ohlie. E não posso garantir que ela funcione.”

Em um dia partiria e precisava convencer o senhor “mamãe passou açúcar em mim”.

Depois de resumir toda a história que Ohlie já conhecia, ele já começava a balançar a cabeça.

- E eu descobri mais duas coisas...

A primeira era uma visão que tivera de Neeway do futuro ameaçando Mack naquela manhã. Estava meio turva, mas ele desconfiou do rapaz do olho de vidro partindo pra cima do amigo ruivo.

- Eu não me preocuparia com isso. - Respondeu Ohlie indiferente.

- E outra coisa...

Zarcag descobrira o ideograma em kanji da arca que estava no quarto de sua versão futurista. Kaze. Era vento.

- Vento? E o que você sugere?

- Algo a ver com Nigel, creio. Ele pode ter me confidenciado algum segredo no futuro. De qualquer forma, precisaria de sua ajuda. Por favor Ohlie, o futuro depende de você.

O rapaz de cabelo ralo olhou de lado pensativo.

- Posso te dar a resposta amanhã?

Ele hesitara, mas concordou:

- Sim, espero que pense bem.

E assim Zarcag se despediu do amigo. Voltaria com parafusos para a máquina de Velho Joe no porão da sorveteria fechada e retornaria a sua rotina mensal: reconstruir a máquina que poderia ser a esperança de seus amigos. Mal sabia ele que Joe conversava com Mack naquele exato momento e que àqueles resultados poderiam ser a chave do retorno a 2029.

Continua...

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Mensagem por Micro Qua 22 maio 2013 - 20:24

Logo quando eu estava começando a decorar os grupos, você pega as etiquetas, coloca num juicer e faz uma muvuca do kapiroto com elas. Obg mud.

Agora que eu estive pensando, como a Mixa e o Marcus vão voltar do futuro? E eu acho que o Neeway do futuro adulterou o teste de DNA...

O espião, não faço a menor ideia de quem seja. Eu chutaria o F-Zarcag, mas né, nesse samba do criolo doido, nem sei mais quem é quem.
Brinks

É isso! Não desisti da sua fic, só tá ficando dificil de ler no cel
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Mensagem por DarkZoroark Qua 22 maio 2013 - 21:24

Mud o/
Ótimo capítulo cara. Os trajes que o Mack e os outros usaram no treinamento lembrou-me muito das que os soldados de Terra Venture usavam em Power Rangers Lost Galaxy - baixei toda a temporada e estou revendo ela XD. O combate também foi ótimo. Obrigado por tê-lo mostrado - lembro de ter pedido no último comentário.
Eu nem tinha pensado nisso, visto que até agora os Numbers sempre estavam, em sua maioria, juntos, mas isso de desvantagem elementar tem lá o seu sentido. Mas claro, isso iria acabar com a graça das batalhas contra os Generais não fosse a "surpresinha" que usaste mais tarde no capítulo.
Neeway do futuro é mais FDP do que eu pensava... Sério, mesmo que ele seja o pai - o que eu ainda duvido - não tem porque tratar o Mack daquela maneira. Não tinha pensado muito nisso, mas creio que ou ele e o Zarcag estejam escondendo a verdade de todos sobre a Alice, ou ele é o espião. Mas acho que nesse caso ele teria posto a si mesmo junto com o Mack para matá-lo e... Ah, não sei de mais nada.
Acho que as batalhas contra os generais serão, em sua maior parte, bem equilibradas agora que houve tal sabotagem com os equipamentos. Isto só me faz pensar cada vez mais que foi algum usuário de vento. Sacanagem jogar o Nigel do futuro sozinho em Java enquanto Zarcag e o Spike são mandados para a Ucrânia para não fazerem quase nada. Porra, já não bastava impedir o do passado de colaborar, tem que retirar o do futuro do jogo também?
Quero ver logo como que serão as batalhas e como que a Alice cooperará com o Mack. Pelo que eu percebi, a Amazônia ao menos não mudou tanto em relação aos dias atuais, mas nunca se sabe né. Estou ansioso para ver como ficaram as outras regiões do globo.
Quanto a dupla Zarcag & Joe, devo dizer que estão mandando ver. No período de um mês conseguiram acessar uma tecnologia que no futuro só começava a ser utilizada. Quero ver agora se farão com que o bebê chorão do Ohlie colaborar e ir para o futuro. Acho que só esperando para descobrir...
Erros eu não encontrei nenhum e, como sempre, sua escrita está ótima. Dá para se ter uma ideia perfeita do que se passa na fanfic, quase como se estivesse sendo visto em um anime. Vou deixar o comentário por aqui. Fico no aguardo do próximo capítulo. ninja

P.S: Não precisa ter pressa para comentar na fic. Faça-o quando tiver tempo.

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Mensagem por Hyurem Sex 24 maio 2013 - 21:11

Hello Mud!
Belo capítulo, cara, belo cap´tulo pra me deixar mais confuso ainda! Muito obrigado! Mad
'Tá muito complicado de descobrir quem é o maldito traidor. Parece ser o Zarcag ou o Neeway, mas... Seria muito óbvio. Talvez seja alguém que ninguém espera! como a Kiwa Ou não!

Percebi alguns erros, a maioria por causa da vírgula, mas...
- Perdemos feito não foi? – Zoou Spike se levantando.
Cumassim perderam feito?!

Legal o fato da desvantagem elementar. Você tinha mostrado algo sobre isso quando mencionou que os elementares lutadores/de luta não podiam causar danos em elementais aquáticos, mas acho que ninguém prestou muita atenção Razz

Bem, é isso! Tenho a impressão que tem algo mais do que um agente duplo, mas vou ter que esperar pra ver nos próximos caps!
'Té mais!

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Mensagem por Kurosaki Mud Sáb 22 Jun 2013 - 21:35

Olá pessoal! Obrigado primeiramente aos três camaradas que comentaram. Ainda preciso comentar na fic do DZ e do Dusk, não esqueci .__. Mas o tempo atrapalha. Aliás, tempo. Quase não tive tempo para postar aqui ou criar esse cap. Mas adorei perder a noite de sábado para me empolgar e criar essa maravilha. O cap ficou muito bom. 16 folhas de bastante coisa bacana. -qq Espero que gostem, e se possível, comentem : ) Só que ressaltar que logo teremos mais um cap e a segunda entrevista especial, com a Kiwa dessa vez xD. E mais, nova aprceria feita na fic, a Pikachuzinha e a Sorriso Resplandecente (só eu lembro de DBGT quando leio o título da fic? xD) são nossos parceiros agora : D.

O cap a seguir contém cenas um pouquinho mais pesadas que o habitual, especialmente no final da primeira parte. Afinal, estava inspirado. E o tempo, pode ser um problema, como o foco da fic, sendo a solução, kk. Vamos ver no que dá:

XXIII

“Como eu sou teimoso”. Esse fora o pensamento de Steve no esconderijo texano depois de tentar pela enésima convencer a si mesmo de ir para uma guerra. Relembrara o mês de janeiro que se passara e o começo de fevereiro. Um tempinho bem complicado perdido por besteira.

Encontraram o local depois de outra perseguição no meio da jornada. Os perseguidores eram polianos. Caçadores de trovão, água e grama. Era uma quinzena de homens. Tinha sido um desastre. O médico que os acompanhava morrera por conta de um corte feito por sementes afiadas lançadas por um elemental de planta. Eriol, o soldado final da tropa original da RP, dera a vida como escudo no casal durante a luta.

Steve salvara Counie ao acertar com seu Ruby Knuckles as costas de um elementar elétrico. Restavam mais uns cinco, quando a esperança chegara. Um soco enorme e estrondoso atingira dois deles, ao mesmo tempo em que uma raiz gigante aprisionava o trio restante.

- O que foi isso? – Indagou o Number II nervoso.

- O que vocês querem? – Perguntou uma voz grave.

Numa colina arenosa próxima, um homem musculoso com roupas rotas e rasgadas nas mangas arfava. As mãos dele pulsavam uma aura rubra e ele parecia sujo de graxa. Ao lado, uma mulher de cabelos trançados encardidos e longos, com um rosto sofrido, carregava uma mochila com um bebê distraído. Por fim, um menino de talvez três anos se escondia atrás da saia da moça.

- Saiam daqui ou morrerão como os soldados.- Bravejou Steve do futuro, a real identidade da figura de voz grossa. Ao lado, os dois jovens perceberam que eram a família do futuro que teriam planejado, entretanto, no modo “refúgio de guerra”.

- Espere, somos suas versões do passado e...

- Eu sei exatamente quem vocês são! – Exclamou ele. Dando meia-volta tentou desaparecer pela colina arenosa daquele declive perto de Phoenix.

- Por favor, precisamos de ajuda! – Dessa vez, Counie falara. – Não temos mais comida, nem suprimentos médicos. Nossos últimos companheiros morreram agora na nossa frente. Precisamos de pelo menos um dia de descanso em algum lugar seguro antes de partir, eu suplico.

Steve do futuro sequer respondeu. Pegou um palito de dente e colocou entre os dentes. Já a mulher, Counie do futuro, olhou com compaixão sua versão do passado.

- Está bem. Um dia é o máximo que podemos fazer por vocês. Sabemos que vieram atrás da gente. Não voltaremos para Nova Iorque e nem ajudaremos a Rebel. Nossos filhos precisam de nós, lá não é seguro.

- E muito menos aqui. Não é a toa que encontramos vocês... – Steve arriscou dizer, mas sua versão do futuro projetou um punho holográfico vermelho ampliado dez vezes, como a mão de um gigante. Agarrou o garoto como o King Kong pegava uma pessoa.

- Escuta aqui moleque, quem não entende os motivos não tem o porquê ficar se metendo em nossas vidas. Vocês vieram de uma época em que éramos felizes. Aproveitem e voltem, assim ficarão vivos! Aqui pode ser inseguro sim, mas é melhor do que conviver com aquele tipinho de gente.

- Estou ficando...sem ar...

O Steve do futuro largou o do passado. O menor arfava enquanto Counie o ajudava a se erguer. O bebê da mochila começara a chorar e a guardiã futurista acalentava seus cabelos ralos.

- Perdoe-nos. Agradecemos a hospedagem e respeitamos sua opinião. – Respondeu a guardiã de grama de 2014.

A família andou na direção contrária ao casal de adolescentes.

- Ao menos confirmei que um toque de aura elementar não me leva de volta ao passado. Vou ficar bombadão hein! – Respondeu Steve sorrindo enquanto retirava poeira das vestes.

Ela apenas socou o ombro dele, fazendo-o rir.

- Não tem graça. – Respondeu Counie irritada. - Nossa missão é convencer os dois a voltarem para a base da RP. Estamos sem comunicadores, sem comida e sem medicamentos. Minha panturrilha e suas costas estão feridas. Além disso, não viemos aqui à toa, Eriol, Jert, Alexan, e todos os outros, morreram no caminho para que tenham um futuro diferente em outra era. Você sabe que não podemos voltar ao passado, pois todos os futuros retomam a Polius como ditador ou com um mundo acabado. A única salvação é acabar com ele nesta era.

- Sim, o Velho Joe explicou essas coisas de paradoxo temporal que me dão dor de cabeça. Só que se eu soubesse que me tornaria um arrogante com mania de mordiscar palitos de dente...

- Sossega um pouco gamer. – Pediu ela girando os olhos impaciente. – Vamos segui-los, tudo bem?

A dupla atravessou a colina arenosa e apenas viu uma paisagem desértica e inabitada. Apenas alguns rochedos apareciam no lugar.

- O esconderijo tem de estar aqui perto. Não daria para passar despercebido. – Comentou o garoto.

- Estão há dezenove palmos abaixo de nós, a duzentos e cinquenta metros a noroeste. – Respondeu Counie.

- Uou, virou GPS agora? – Indagou ele irônico.

- Não. As raízes que minha versão futurista utilizou são idênticas as minhas, e posso pressentir a presença delas nessa exata direção. Elas se misturam como pequenas conexões na minha cabeça. É uma vantagem de ter poderio natural.

- Ok, não entendi muito bem o que você disse, mas está na hora da britadeira!

Com as soqueiras de seu N-Weapon ajustadas, ele começou a socar brutalmente a terra, como se estivesse escavando como uma máquina.

- Er, Steve...

O rapaz prosseguiu com a batedeira até que pela segunda vez no mesmo dia, a mão vermelha holográfica gigante o apanhou.

Steve do futuro apareceu de uma pedra próxima com cara de poucos amigos.

- Você está maluco? Irá chamar atenção dos polianos e revelará nossa localização.

- Não é só isso, minha pá seria bem mais eficaz do que essa sua britadeira idiota. – Constou Counie.

Resmungando, o menino cessou e seguiu a si mesmo e a sua namorada para a pequena entrada atrás do pedregulho.

A toca tinha o espaço de um pequeno apartamento, com velas iluminando o vão, duas camas em um cômodo único, sendo uma de solteiro e outra de casal, roupas e tecidos, algumas bacias e um fogão à lenha com a chaminé inclinada a uma certa distância. Uma pequena cortina devia separar o sanitário do local e dois armários deviam guardar utensílios básicos restantes. A criança mais velha brincava com um baralho velho e o bebê mamava no peito da mãe.

- Bem-vindos ao meu lar. Não se sintam em casa. –Completou o patriarca.

Os dois se sentaram próximos ao fogão, onde um coelho era assado com ervas.

- Não tem sido fácil viver aqui. Steve caça os animais e eu uso meu poder para encontrar ervas, vegetais e legumes. O fogão exala a fumaça a dois quilômetros daqui, numa antiga casa, assim não tem perigo de sermos pegos. Quanto aos soldados que enfrentamos aqui perto, enviei algumas plantas carnívoras para digerirem pedaços deles e excluírem provas.

Ela afastou o bebê do mamilo e o chacoalhou levemente, até arrotar.

- Obrigada mais uma vez pela estadia, prometemos ser breves.

Um mês se passara e eles ainda estavam na toca. O que acontecera fora bem simples. O número de soldados aumentara no Texas como formigas ao redor de um bolo de morango. Uma horda chegara tão perto que Steve do futuro tivera de matar os polianos e colocá-los numa distância absurda do local para não gerar desconfiança.

Eles não conseguiriam partir, e mesmo assim, as versões do futuro e do passado das meninas tinham pegado afinidade.

Counie do futuro explicara o porquê de terem se mudado. Da formação original dos Numbers, pouco se restara de amizade. Mixa morrera. Mack fora sequestrado. Spike começara a agir sorrateiramente. Zarcag parecia suspeito cada vez mais. Nigel só se preocupava como comandante. A única mais sensata era Kiwa. De qualquer forma, investirem na guerra contra Polius era terrível para os filhos que tanto protegiam. Decidiram se mudar para um local um pouco afastado das tropas de PK. Dava certo até o presente momento, entretanto, cada vez mais soldados iam para o Texas, farejando-os.

- Nosso pensamento é que um traidor pertence à RP.

- Um traidor? – Indagou Counie surpresa.

- Sim. A opção mais viável é Neeway. Ainda mais que ele brigara com Mack por conta da guarda de Alice e tenha saído de madrugada para resolver algum assunto. Foi numa dessas que ele retornou caolho. Além disso, sem meu cunhado e com a morte de minha concunhada, decidimos que quanto mais longe ficássemos dos outros, melhor seria. É claro que sinto saudade dos outros guardiões, Kiwa, Izzy, Cris. Mas optamos pela autodefesa em primeiro lugar. – Relatara Counie do futuro numa tarde de janeiro.

E quase um mês após conviverem juntos, Steve do futuro ainda era fechado ao grupo, inclusive da própria mulher.

Outro fator que lhes preocupava era a data. Tinham agendado o dia certo para a invasão mundial anti-poliana e agora estavam a mercê da decisão de fugirem para outro lugar mais seguro ou se unirem ao exército da RP. Counie do futuro, mesmo querendo proteger os filhos, parecia disposta a enfrentar os malvados e voltar aos rebeldes. Lá na base, pelo menos teriam zelo e segurança. Já Steve, parecia irredutível a largar o jeito bonachão e cuidar da família com as próprias mãos. Literalmente.

Chegara então o dia 14. Já deviam estar na rota de volta, a poucos metros da base. Porém, eles continuavam na toca subterrânea do Texas. Steve tentara convencer o seu eu futurista e recebera uma ignorada de praxe.

- Estou pensando em desistir Counie. Vamos voltar e ajudar nossos amigos. Precisamos nos arriscar. –Disse ele.

- Você tem razão. Só irei me despedir de mim, Peter e Carl.

Naquele instante, uma explosão e um grito agudo ecoaram acima deles.

- Essa voz! – Gritou Steve assustado.

- É a minha! Quer dizer, é da F-Counie. – Falou a guardiã de planta. – Ela foi colher algumas sementes para a janta, deve ter sido pega de surpresa.

Outro estouro bradou.

Steve do futuro correu pela saída com as mãos pulsando de aura vermelha.

Os dois seguiram. Counie apanhou Carl no colo e Peter seguiu logo atrás. 

Na parte de cima, Counie estava caída enquanto uma dúzia de soldados polianos riam com ironia. Um deles eletrocutava-a.

- Filhos da [palavra censurada]! – Berrou F-Steve, lançando duas mãos holográficas nos inimigos. Um deles caiu, o outro esquivou e contra-atacou com um raio de gelo, que acertou a orelha do Number II.

- Papi! – Gemeu Peter manhoso.

Mais sete soldados surgiram. Um deles, controlador de terra, distorceu o chão arenoso e fez a toca submersa se esfarelar atrás deles. Não poderiam voltar.

Counie do passado prendeu dois detentores de água com raízes e meteu uma pazada na cabeça do cara que torturava a sua versão futurista.

Steve de 2014 socou mais dois que se aproximavam com seu N-Weapon. Depois, esticou o pé e chutou com força um elementar de veneno que tentava acertar as crianças.

A confusão estava formada. Um dos soldados, de poderio psíquico tentou prever os movimentos do Number adulto e escapou dos golpes vorazes de luta.

Restavam mais dez. Dois deles, com elemento gelo, congelavam os pés de Counie, que tentava se proteger com sua pá. Carl em seu colo só atrapalhava. Um de terra conseguiu se aproximar de Peter e o agarrou.

- Larga! – Berrou Steve, porém, fora interceptado por um trio de conjuradores de ar. Uma congelada, outro lutando com o psíquico e ele contra os aéreos. O garotinho ia morrer.

Porém, Counie do futuro acordara do choque. Com um último esforço, ela colocou as mãos no chão arenoso infértil e brilhou num tom verde fortíssimo. O corpo dela parecia uma árvore enrugada, veias grossas e raízes com folhas cobriam-na. Parecia um maracujá verde e marrom. Do chão, uma selva começou a emergir. Dois elementares de ar receberam folhas cortantes nas jugulares. O terceiro se defendeu com uma onda de ar, mas não evitou o golpe de Steve com a soqueira, caindo de cara no chão e sendo sugado pela floresta. Outro trio, com elementares de água e fogo, receberam plantas carnívoras gigantes que devoraram eles vivos.

A dupla congelante que prendia a guardiã de planta recebeu troncadas bruscas. O solo quebrou o gelo dos pés da garota.  O psíquico desviou, a fim de evitar um ataque da selva. Porém, recebeu um golpe potente de Steve do futuro, que o nocauteou.

Por fim, o soldado de terra que segurava Peter recebeu o pior golpe, uma chuva de galhos e folhas potentes, que perfuraram o corpo dele como um boneco de vodu.

A mata evaporou em alguns instantes. Carl chorava. Counie abraçava Steve do passado, enquanto o futurista corria até o filho primogênito.

Ele tentou fazer o garoto respirar. O pescoço estava quebrado e o nariz cheio de terra. O maldito tinha atacado o menino. Sangue jorrou levemente da boca de Peter. Steve socou o solo fofo e criou um tumba. Pousou o filho no local, chorando levemente.

- Desgraçados. Eles conseguiram.

O único vestígio de onde Counie do futuro estivera eram pétalas de rosas. Dera um último golpe para salvar os filhos, mas não conseguira com sucesso total.

Lágrimas e socos no ar, gritos de Steve ecoando. Era tudo que restara.

- Vocês conseguiram. Terão a mim de seu lado. Vou acabar com cada ser vivo que apoiar Polius. Tudo por Carl, para que possa viver num mundo melhor. Minha mulher gostaria disso.

Counie se aproximou do adulto e disse:

- Não se preocupe. Se vencermos Polius, este futuro não existirá. Criaremos uma vida melhor. Peter voltará. Eu estarei lá.

Ela deu um sorriso e estendeu a mão. Pela primeira vez, Steve do futuro retribuiu e entregou a palma esquerda.

E naquele instante, Counie do passado evaporou.

- O que foi isso? – Indagou Steve do passado chocado.

- Eu...não sei. – Afirmou o do futuro pasmo.

Carl continuava a chorar e os dois Numbers se entreolhavam confusos. O fato era simples, perderam seus amores em menos de dez minutos. Uma sobrepusera sua energia vital e a outra simplesmente desaparecera.

~//~

Mack falou enquanto piscava pasmo:

- A-Alice! O que você está fazendo aqui?

- Eu não sei. Minha fibra ótica deve ter sido trocada com a de Merixa. Era para ela estar aqui.

Alguns pássaros piaram em volta da clareira em que estavam.

- Não sei se notaram, mas esta floresta é artificial. – Respondeu Merixa do futuro.

Aquilo parecia novidade até mesmo para quem habitava aquela era. Após um pouco de cuidado, Mack enfim notara que o local se tratava de um cativeiro, coberto por uma estufa quase invisível.

Enquanto apreciavam a vegetação, ela começara a abaixar, como se virassem pequenos brócolis até evaporarem.

Árvores e arbustos viravam brotos. E deles, pétalas brancas e salmon de diferentes flores surgiam. Logo, a paisagem virara um tapete de rosas e copos-de-leite alvos e claros. Como neve.

- Ora, vejam só. Como conseguiram entrar aqui?

A voz vinha de uma menina bonita, de cabelos cor-de-mel trançados e olhos expressivos. Usava um chapéu semelhante a de um cardeal e parecia meditar por cima do campo florido.

- Lúcia Linlity, eu presumo. – Constatou Merixa ajeitando os óculos escuros.

A menininha soltou um suspiro e abaixou a cabeça levemente.

- Merixa Turnwhade, elementos de fogo e veneno. Alice Pineclear, elemental de gelo. Mack Branford, versão adolescente, poderes de fogo. Vocês estão na lista, é verdade.

- Lista? Como assim? – Indagou a roqueira preocupada.

Lúcia começou a perambular pelo campo, saltitando como uma bailarina despreocupada.

- É o meu chá de inverno queridinha. Se bem que aqui no Brasil, é verão. Mas não importa. Time for tea!

Então, mesas colossais surgiram do meio das flores. Tocos de troncos viraram bancos em pouco tempo. Vinhas cobriam tudo com uma combinação belíssima de natureza e sutileza. Em cima de tudo, taças de vinho com hibiscos pendurados, cestas com rosquinhas doces, bagels, muffins e cookies de baunilha apareciam delicadamente. Uvas, maçãs, pêssegos e carambolas completavam o arredor de cestas de vime detalhadas. Uma enorme chaleira pousava no centro da mesona, um conteúdo fumegante, aparentemente chá de erva-cidreira e camomila, esvoaçava pelo bico. Xícaras, pires e porcelanas de um conjunto antiquado estagnavam em frente a cada lugar. Mack contara no mínimo meia dúzia de banquetas.

- Sentem-se. Eu suplico. – Disse Lúcia com um olhar doce.

Nenhum dos três se mexeu. A general de esmeralda pairou no toco da ponta direita e piscou os olhos apreensiva.

- Eu pedi para sentarem! – Bravejou ela com ênfase na última palavra.

Trepadeiras apanharam os membros de Alice e Merixa. Mack escapou por pouco ao notar um tremor da terra. As duas foram empurradas até dois tocos em forma de banco.

Logo depois, mais cipós surgiam e tentavam pegar o garoto.

- Sai fora. – Falou ele já se impulsionando com o fogo.

Merixa também não esperou para assistir, colocou o corpo em chamas e derreteu as vinhas. Alice congelou as pontas e as quebrou facilmente.

- Minhas bebês! Vocês vão pagar por isso! Daisy Snowstorm!

Cinco margaridas do tamanho de placas de trânsito brotaram ao redor da mesa e começaram a disparar neve de seus miolos.

Em questão de segundos, a estufa artificial ficara coberta por uma tempestade de granizo. Não dava para enxergar nem um metro a frente.

- Fire Signal!

Mack tentou cobrir o corpo com chamas brilhantes para as meninas o localizarem. Logo viu a burrada que fizera, estava entregando a localização à inimiga.

- Frost Leafs!

Pelo leste, o rapaz notou a presença da menina maquiavélica e conseguiu evitar um corte no abdômen a tempo. Ela trazia duas folhas gigantes como tonfas nos braços. Ambas estavam congeladas e afiadas.

Como uma dança feita por um inseto, Lúcia começou a tontear com piruetas o inimigo. Bailava como uma bailarina de flamenco. Seguia a neve e o vento no meio da paisagem branca e monótona.

Mesmo sem encostar-se a sua pele, Mack notou que a compostura formada pela dança alcançava pequenos cortes que iam crescendo pela sua pele. Parecia que o ar lhe cortava, só pelo fato daquela apresentação incrível de balé maléfico acontecer.

- Como ela consegue me cortar? – Indagou enquanto tentava resistir aos cortes. Contra-atacou com um pequeno truque. – Ember Tornado!

Pequenas brasas amontoadas começaram a rodopiar como um escudo em Mack. Logo, um tornado de carvão flamejante defendia-o do ar cortante provocado pelas folhas de geada.

- Creeper Suction! E acho que irei aumentar a neve, para ter um efeito melhor.

Raízes respiratórias e pequenas trepadeiras surgiram por baixo do tornado de brasas. Algumas queimavam e viravam cinzas. Já outras, batiam contra o tufão e o apagava lentamente. A neve vinda de fora ficava mais forte e derretia-se ao confrontar o ataque de chamas. Logo, a água resultante amenizava o calor, deixando as raízes ultrapassarem a proteção.

Uma deles apanhou o antebraço esquerdo do garoto como um conector com ventosa. Em seguida, ele sentiu uma dor latejante e insuportável. Mais três plantas grudaram em seu corpo e retiravam seu sangue, como mangueiras.

- He-mo-fi-lia! Com chá de ca-mo-mi-la! Será ótimo!

Mack teve de parar o golpe do tornado e caiu no chão. Tentou conter com um soco flamejante a raíz mais próxima, porém, sem sucesso.

- Warm Sparrow!

Um ataque de fogo vindo mais atrás da nevasca cortou os tubos sanguessugas de sua pele, aliviando-o. Deveria ter perdido uns dois litros de sangue naquela brincadeirinha. Algumas flores ao seu redor tornaram-se rubras com o corte feito nas trepadeiras.

Merixa surgiu junto de seus pardais de fogo. Ela tocava uma flauta de seu Equip X. Parecia uma flautista de Hamelin em chamas.

- Você está bem?

O rapaz acenou positivamente. Mais animais ao redor, semelhantes a guaxinins de fogo, formavam um círculo protetor, evitando as flores do tapete de neve.

- Descobri a técnica dela, é bem complexa. Fui pega por uma enroscada de pinheiros, demorei, mas consegui escapar. Desde o momento que ela surgiu o golpe começou. As árvores que vimos na entrada, que depois viraram brotos, ela consegue controlar o tempo da vegetação. Por isso consegue apanhar e brotar o que quiser nessa estufa. Desde musgo até uma sequoia. Em alguma era cronológica essas árvores já estiveram na região, ou ela plantou sementes diferentes no solo. Além do poder do controle natural, Lúcia consegue escolher as sementes que quer usar e como elas podem atacar.

- Que macabro... –Comentou Mack se levantando. A general tinha sumido, por hora.

- E não é só isso. Fora da estufa, só há cinzas feitas pela ditadura poliana. Aposto que a embaixada da RP na Amazônia está lutando neste exato momento com soldados lá fora. – Explicou a roqueira. - Estas sementes precisariam estar em algum lugar de fácil acesso para que aquela maluca controlasse-as com a própria vontade. Não podemos esquecer que ela não comanda o elemento terra. Tenho duas hipóteses. A primeira é de que um exército de membros polianos esteja escondido em algum lugar fora da estufa e capacitam a terra artificial para que Lúcia utilize os grãos.

- Não sei. Acho que teríamos visto alguém ou sentido a terra ser possuída em um golpe. Mesmo aquela ataque das trepadeiras no começo, elas não pareceram vir do subterrâneo, mas sim de uma parte superficial.

- E aí é que entra a minha segunda teoria. O tapete de copos-de-leite e rosas em que estamos pisando. Com essa nevasca, ele se camuflou. Mas aposto que dentro de cada flor, há uma semente de uma árvore diferente do mundo, talvez as últimas de várias espécies. – Concluiu Merixa.

- Faz sentido. Vou testar.

Mack queimou o copo-de-leite mais próximo e uma pequena sementinha chamuscada caiu.

- Bingo!

Porém, ele e Merixa pararam de comemorar quando ouviram a voz de Alice gritando por perto.

Os dois correram lado-a-lado na nevasca.

- Mack!

Ela gritava abafadamente.

- Venha...Mack!

Eles estavam bem próximos quando enfim ouviram.

- Não venha Mack!

Era tarde demais. Quando avistaram a menina, viram que tinham caído numa cilada. Alice permanecia presa numa jaula de urtiga e espinhos, com algumas cobras de gelo em volta. Lúcia se localizava no epicentro de um lago congelado, lotado de vitórias-régias. Dentro as plantas aquáticas, um monte de florzinhas carregadas de sementes biodiversificadas se estagnava.

- Cessar nevasca na parte sul!

Ela estalou os dedos e duas das margaridas, que eram apenas vultos outrora, pararam de lançar a neve. As três restantes prosseguiam atrás deles.

- Vocês dois terão que entrar no meu joguinho meus caros. Pulem em uma vitória-régia cada um e esperem eu explicar.

Sem opções, e com as serpentes de gelo se aproximando da gaiola de urtiga, os dois obedeceram.

- Certo. Vocês brincarão comigo de batalha naval. Dentro de cada vitória-régia, há cerca de vinte rosas ou copo-de-leites. E neles, sementes de uma espécie de árvore do mundo todo. Ao todo, temos umas quarenta espécies neste lago. Vocês dois terão de enfrentar um ao outro. O vencedor terá de matar o companheiro. Caso contrário, eu cuidarei de ambos e matarei Alice primeiro com minhas Freeze Snakes. Elas possuem gene de grama, portanto, sua amiga não pode controla-las. Uma picada resulta em uma morte dolorosa e terrível. Portanto, quero ver um duelo de pegar fogo aqui. Literalmente. Podem utilizar as flores que estão em volta Se tentarem alguma gracinha e se unirem para me matar, sua companheira enjaulada falecerá. E não se esqueçam que tenho vantagem, posso fazer as vitórias-régias desaparecerem e os dois cairão no lago, que pode mudar de gelo para água, apagando o foguinho que há em vocês.

- E quem garante que você não matará Alice após o duelo? – Indagou Mack apreensivo.

- Eu garanto que minha palavra não se quebra como um xícara que cai no chão. E vocês a tem.

Os dois se entreolharam. De que adiantaria trocar a vida de um pela de outro? Mack, é claro, gostava de Merixa, só que sentia Alice como sua filha e uma segunda Mixa. Não relutaria em escolher qual das duas teria de morrer. Só que a roqueira não deixaria o caminho tão fácil assim.

- Mack, podemos achar outra solução, não precisamos lutar.

Uma das serpentes rastejou ainda mais próximo a jaula e o garoto teve que tomar aquela atitude.

- Perdoe-me Merixa, eu não tenho outra escolha. Flame Wave!

Uma onda de fogo acertou a vitória-régia mais próxima e queimou a horda de copos-de-leite.

Merixa esquivou, só que, mal sabia ela, a fumaça vinda da queima daquela planta, havia sido inalada, mesmo que um pouco.

Ela começou a tossir fortemente.

- Sementes de oleandro. Tóxicas até mesmo na queima delas. Boa escolha Mack. – Sorriu Lúcia, que se servia de chá, sentada numa poltrona de tulipas e cipós.

- Mack, pare!- Gritou Alice, enquanto duas serpentes rastejaram próximas.

- Você é mesmo um imbecil Branford, cof. – Praguejou Merixa. – Se você não respeita nem os companheiros, não tenho escolha. Formato nº 125, Pandeiro. Toxic Tambourine!

Um pandeiro foi o que virou o Equip X da guardiã. Ondas de veneno quentes se espalharam como um ultrassom da morte.

- Isso, me mate. – Pediu Mack.

Ele não relutou ao ataque e deixou ser atingido. As flores ao redor, bromélias, não auxiliaram em nada o andamento do golpe, porém, ele caiu quase inconsciente.

- O quê? Mack, reaja! – Ordenou Lúcia, preparando um golpe de plantas em direção a Alice, como ameaça.

- Não Lúcia. Já chega de bancar a poderosa. Sei muito bem que não posso morrer. As raízes e as lâminas lá atrás, todas foram para me fazer desmaiar. Você não pode me matar sem que eu permaneça com o Numb IV. É isso que Polius precisa.

- Mas posso matar as duas se preciso!

- Agora! – Merixa gritou.

- Ice Shiny! – Disse Alice mais atrás.

Um brilho azul claro saiu de seu corpo e estilhaçou a jaula de urtiga. As cobras avançaram para o bote, mas no mesmo instante, derreteram como sorvete no deserto.

- O que vocês fizeram?! – Perguntou Lúcia irritada.

- Alice estava concentrando poder enquanto você tomava seu chazinho. Temos comunicadores em nossos pulsos. Eles podem não estar funcionando com Izzy, mas entre nós, estão uma beleza. – Explicou o ruivo levantando, sem danos.

- Enquanto Mack te distraía com o falso golpe que soltei nele, o verdadeiro ataque atingiu as cobras. O veneno eu controlei para que fosse retirado, já que posso controlar o elemento. E o calor derreteu as serpentes, inclusive o gene de grama que você se gabou. Alice só precisou quebrar a jaula, naquele instante, tinha cumulado energia o suficiente. – Completou Merixa.

- Mereço uma nota dez por atuação, não acham? – Ironizou Mack. – A única parte real foram os oleandros, não achei que tivesse uma planta tóxica nele. Mas Merixa é perita em venenos, não se intoxicaria facilmente. Foi uma boa sintonia e um espetáculo ótimo. Só falta acabar com você e...

Naquele instante, Lúcia soltou um berro. A neve se tornou a pior tempestade possível. Os vidros da estufa quebraram, revelando uma paisagem cinza e sombria ao fundo. Todas as sementes se juntaram em um turbilhão em direção ao corpo da general.  Em questão de segundos, a jovem tornou—se um gigante de quinze metros de altura, feito de flores, sementes, árvores e trepadeiras nas articulações.

Na testa, o pingente de esmeralda brilhava no miolo de uma azaleia.

- Acho que estamos com problemas. – Disse Alice preocupada.

~//~

Central Park. Um lugar no qual Zarcag achou que não teria tantas lembranças. Isso até ele ser possuído alguns anos atrás e quase matar os amigos em busca do Numb V.

Agora, a situação era outra. Estava ao lado de Joe com uma geringonça inventada por ele. Uma máquina do tempo.

As peças faltantes tinham sido encaixadas. Aparentemente, não havia problema algum. Se eles conseguissem efetuá-la, Zarcag poderia voltar ao futuro e ajudar os amigos.

Não tivera visões na noite anterior. Mas algo lhe dizia que não acabariam tão cedo. Joe ajeitava os últimos recursos, até dizer:

- Está pronta. Preparado?

O Number radiou confiante e acenou para o idoso. Apertaram o botão. E...

Bum! A máquina explodiu. Assim como as esperanças deles. Joe caiu desolado. Queria chorar. Zarcag ficou cabisbaixo. Tanto trabalho para nada.

As pessoas do Central Park nada enxergaram. O colar bruxuleante criara ilusões ao redor.

Os dois deram meia-volta após recolherem cacarecos do chão. Mas para sua surpresa, viram duas figuras que revigoraram as esperanças.

- Acho que mudei de ideia. Vamos tentar mais uma vez essa máquina do tempo. Precisamos deter o panaca do Polius. – Falou Marcus Ohlie triunfante.

- Além disso, temos reforços vindo do Texas. Steve estará de volta à ativa! – Comentou Counie, que voltara do futuro para o presente.

Meio estupefatos, os dois abraçaram a outra dupla. O quarteto iria restaurar a máquina do tempo e ajudar os colegas, a qualquer preço.

Continua...


Última edição por Mud Hunter em Ter 10 Dez 2013 - 21:10, editado 1 vez(es)

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Mensagem por Hyurem Dom 23 Jun 2013 - 9:47

Hello, Mud!
Fantástico! Gostei muito do capítulo, principalmente da "atuação" do Mack! Achei essa história de sementes variadas dentro de flores meio esquisita, mas tudo bem.
Por que a maldita da Counie voltou pro passado?! Você parece ter uma mania estranha de fazer seus personagens sumirem da batalha principal. Why?!
Bem, não vejo muito mais do que falar. Houve alguns erros, mas todos por aparente falta de atenção, nada muito alarmante.
É isso! 'Té logo!

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Mensagem por DarkZoroark Qua 26 Jun 2013 - 3:02

Mud o/
Desculpa essa demora "básica" em comentar, mas estou com trabalhos essa semana e tenho provas para as próximas duas, então o tempo está um pouco escasso. De todo modo, vamos ao capítulo:
Eu sabia que eles tinham tido um filho! Exaltação a parte, era o motivo mais plausível para que tivessem deixado os outros de lado e fugissem para o interior. Contudo, tinha imaginado que fossem ficar em uma casa antiga ou algo do gênero, e não em um esconderijo secreto sob a terra. Foi algo bem legal e interessante de ser visto.
As personalidades dos dois, sobretudo do Steve, ficaram bem diferentes daquelas que possuem no presente/passado. Tipo, ele ter ficado todo super-protetor e desconfiado até mesmo com as versões adolescentes dele e da Counie foi um tanto exagerado, penso. Mesmo assim, foi legal ver que ele resolveu se juntar aos rebeldes no final do fragmento.
PQP, Mud. Quem mais tu vai mandar para o passado? Primeiro foi o Zarcag e agora a Counie. Aproveita e manda o Spike na próxima - na verdade, estou ansioso para ver as aventuras dele na Ucrânia, mas isso eu comento mais para frente na Fanfic. Não entendi direito como e porque ela foi enviada de volta. Penso que haja/havia algo da versão futura dela as mãos do marido, mas por hora é apenas especulação.
A batalha contra a guardiã da esmeralda ficou muito legal também. Agora entendi porque que a floresta parecia tão viva mesmo no futuro Poliano. Só imagino as dimensões da estufa para poder conter tantas plantas assim. Anyway, foi bem interessante de ser visto.
A atuação do Mack também foi algo interessante. Mesmo não tendo muito tempo para comunicarem-se um com o outro, ele e a Merixa conseguiram arquitetar tal estratégia para salvar a Alice e ainda atingir a Lúcia. Porém, parece que a batalha acabou de começar e deu para perceber que a General - não sei se há feminino para esta palavra - é tão habilidosa quanto os heróis.

Erros eu não encontrei nenhum e, como de costume, sua escrita está muito boa. A parte das flores terem sementes dentro foi até agora, na minha opinião, uma das mais legais da Fanfic, porque adiciona alguns elementos "naturais" ao enredo da história.
Bom, por enquanto é só Mud. Aguardo seu próximo capítulo.ninja

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Mensagem por cbm Seg 22 Jul 2013 - 0:31

hiahiahiahia

Assim como eu voltei a ler D. Gray Man e Hunter X Hunter, resolvi voltar a ler Seven. *sinta a moral*

Primeiro, o que você está fazendo com essas fotos minhas no seu set, moço? Vou ter que denunciá-lo por usar a minha imagem sem autorização. (mas falando sério, você viu o filme? Porque eu tava muito afim de ver, mas acabei esquecendo).

Que coisinha mais Cavaleiros do Zodíaco que foi a listagem do generais. "Nome" de "Coisa Qualquer Que Talvez Lembre Um Pouco O Poder Do Cara Quem Sabe". Mais um mangá que entra na lista do seu crossover de Fairy Tail com Reborn e Super Shock.

Curti a ideia do traidor, mas não tenho nenhum palpite. Chuto a Kiwa, porque não gosto muito dela e seria um bom twist ela perder esse ar de santa consagrada que ela tem.

Meu personagem favorito já está virando o Izzy e o Tentomon que assim como em Digimon é um carinha sagaz e é uma representação de você mesmo dentro do enredo! Perceba isso pelo desespero total do garoto ao ver que alguém bagunçou os seus projetos ;(

No capítulo xis xis dois pauzinho teve uns erros de vírgula bem chatinhos aí e algumas coisas pequenas mas que dava pra arrumar com uma revisada. Mas nada que mate a história não.

Esses filhos da palavra censurada são uns homossexuais mesmo.

E essa tia do Brasil tá muito inglesa pro meu gosto com todo esse frufru e o chá da tarde. Eu iria gostar mais dela se ela usasse o chá pra lutar. -s

E o Mack é uma anta mesmo usando um ataque chamado Sinal de Fogo enquanto tenta ser discreto. E meu Deus do céu, o cara perde dois litros de sangue e continua numa boa? Nem uma anemiazinha de leve? Muito top na balada ele. Por mim já tinha fechado o paletó de madeira já. Eu já tava achando ele mór egoísta atacando a Merixa e tal, mas depois vi que era tudo um plano. (o qual a explicação mais pareceu um pagode da nega maluca, mas tudo bem)

Espero por mais capítulos, hóme! Talvez eu volte a ler em duas semanas ou dois meses. Dois anos aí é muito.


Última edição por cbm em Dom 11 Ago 2013 - 7:52, editado 1 vez(es)

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