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Sobre Essência e Vida Nova

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Difanatico
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Leandro Damião
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Mensagem por Leandro Damião Qua 9 Nov 2011 - 22:06

Êpa, vim postar minha fic aqui no foro. Tenho 11 caps prontos, se não me engano, e é isso aí.

Peço que tenham um pouco de paciência. O primeiro cap não é tão bem lapidado e trabalhado quanto os outros. O ritmo da fic eu considero bom, e minhas postagens aqui serão de três em três semanas, e talvez, algumas vezes específicas, quando ficar mais próximo do cap atual, demorarei mais.

E um erro corriqueiro no primeiro capítulo: eu sei que é Viridian, não Veridian haha. Só fico com preguiça de mudar palavra por palavra.

Enfim, sem mais delongas, a fic.




Sobre Essência e Vida Nova

Capítulo Um: Sobre Essência e Vida Nova




Essência. Essa é a palavra-chave para descrever-me. Você acha que a pessoa criada num ambiente ruim, de podridão, em um antro de perversidades, tornar-se-á o reflexo de tal lugar? Isso não é uma pergunta retórica. Pense. De qualquer forma, acredito que não. As pessoas nascem com a essência, com certa tendência a serem ruins ou boas. Em alguns casos, a atmosfera em que a pessoa é criada sobrepuja-se à essência, pois esta é fraca. Em outros casos, entretanto, a essência é forte demais, e por pior que seja o lugar, é ela quem acaba vencendo.
Assim começa a minha história.



Timothy arfava, estava planejando tudo isso há exatamente dois anos, e se apenas um único acontecimento desse errado, tudo viria por água abaixo. O fato é que muitas coisas estavam envolvidas, e a probabilidade de falha era grande. Nesse último mês foi difícil de fingir que nada acontecia.

Recomeçou a correr, sempre consultando o mapa. Estava quase chegando ao destino desejado, faltavam poucos metros, 100 metros, 50 metros... Chegou!


- Maldito lugar fedorento. Devia ter planejado uma fuga pela tubulação... - falou o garoto, sozinho.

O lugar era realmente fétido. A água que corria era de um tom de verde extremamente viscoso, e não era difícil ver pedaços de fezes boiando no esgoto. Algumas tochas foram precariamente acopladas às paredes, para que quem tivesse o desprazer de caminhar ali pudesse enxergar. A parede aumentava ainda mais o ar de sujeira do local. Era completamente negra, sem nenhuma interrupção. Apenas uma escada quebrava essa simetria. E ela daria a liberdade ao garoto.

Após escalar a escada, Timothy abriu a tampa do bueiro, e recebeu uma lufada de ar fresco e revigorante na cara. Isso não representava simplesmente a saída daquele lugar asqueroso, significava uma nova vida para ele.

Recomeçou a correr. Não tinha tempo para se emocionar, ou ficar admirando a beleza do local. Tudo saíra como planejado. O mapa estava correto, acabou por desembocar em um local muito próximo da saída de Veridian para a Rota Um, que acabaria levando-o para Pallet. Se os seus contatos houvessem feito tudo corretamente, o carro que o transportaria estaria a alguns metros dali.

Lá estava o carro. Continuou correndo, ainda com medo de que algo minúsculo desse errado. Fora do carro, dois homens aguardavam a chegada de Timothy. O primeiro deles estava vestido completamente de preto. Desde o casaco do terno até os sapatos, lustrados num brilho impecável. O rosto cheio de linhas de expressão realçava a aura de ordem e organização que o homem emanava. O segundo trajava uma camisa social branca, calças negras e sapatos de mesma cor. A alguns metros de distância, fez sinal para que entrassem no carro, antes de sequer abrir a boca para falar com eles, o que foi prontamente atendido.


- Deu tudo certo então! Nenhum imprevisto, nada que possa atrapalhar até o caminho para Pallet? – Indagou Timothy, com uma nota de excitação explícita ao falar.
- Pode ficar tranqüilo, Mill! Nada vai dar errado, botamos 15 caras de nossa confiança para ficar vigiando a Rota. Eles estão desde ontem mandando relatórios de hora em hora. Em caso de movimentação suspeita, temos três caminhos alternativos para seguir. – Exclamou o homem de camisa branca. Ele pegou a chave do carro e deu a partida.
- Sabemos o quanto isso é importante para você. – Começou o outro homem, numa voz muito grave, enquanto procurava algo no porta-luvas. – Além do mais, Alakazam e Kadabra estão vasculhando as rotas alternativas, e enviarão ondas telepáticas caso aconteça algo de inesperado. Chegaremos lá dentro de uma hora e meia. – Completou, enquanto entregava uma pasta com alguns papéis para Timothy.
- Nossa, Javed, vocês conseguiram os papéis! Não acredito nisso! Eles não haviam queimado todos os dados que constavam da minha identidade verdadeira? – Perguntou o garoto, que não entendia nada.
- Não, não queimaram. Certificamo-nos de que eles também não tinham uma cópia disso. Na verdade, Mill, eles nem sabem qual é seu nome real. Foi uma grande furada, não entendo como deixaram passar isso. Azar o deles. – Respondeu Javed, que pegava um walkie-talkie. – Vou começar a comunicação com os contatos. Simon e Mill, silêncio agora.

De fato, Tim achava estranho que os dados estivessem ao alcance de pessoas não tão incomuns assim, como Javed e Simon. Apesar de trabalharem como espiões para a polícia de Kanto, são considerados soldados rasos, e foram colocados como falsos membros da organização, para descobrir os bandidos utilizados em pequenos saques e arruaças. Imediatamente, lembrou-se de como descobriu que eles não eram membros de verdade. Estava no banheiro da base em Veridian, e ouviu os dois falando de planos da polícia, há exatamente dois anos e três meses. Em dois meses, conseguiu conquistar a confiança dos dois, e lhes contou o que acontecia com ele. Eles ajudaram o garoto no seu plano de fuga, planejando com ele todos os detalhes, quando seria, aonde seria, quanto tempo levaria, como levantariam dinheiro, e tudo as escondidas, para que ninguém na organização soubesse que eles tinham a mínima ligação, para que ninguém suspeitasse de que os cúmplices eram eles. Graças a seus amigos, até seu nome mudaria. Não seria mais conhecido pelo (horrível) nome de Aemilianus. Seu nome agora era Timothy.
Imerso nesses pensamentos, adormeceu.


[X]


Tim abriu os olhos lentamente. Ainda estava dentro do carro, mas a paisagem mudara. Situava-se em uma região habitada, porém, pobre. O carro rodava rápido dentro do precário bairro, de casas pequenas, feias e sujas, algumas delas desabitadas. Entraram num pequeno beco, e Simon estacionou o carro em frente a um casebre de madeira, que parecia muito mais novo que os vizinhos, mas também dava a impressão de sujeira.

- Chegamos. Mill, apresento a ti sua moradia por esta noite. – Anunciou Simon. Ele abriu a porta e saiu do carro, acompanhado pelos outros.
- Quando eu disse que a casa deveria ser precária para que não levantasse suspeitas, não precisava tanto... – Resmungou Tim, lançando à maloca um olhar de repugnância. Imediatamente, Simon e Javed começaram a gargalhar.
- Nós não íamos lhe deixar morando num ninho de ratos! O interior da casa é aconchegante, muito bom. – Disse Javed, abrindo a porta e acendendo a luz.

A luz revelava uma casa com pequenos luxos. Não havia separação de quartos, com exceção do banheiro, mas a cama era de casal, e muito bonita. Em cima desta, uma mochila completamente cheia com aquilo que deveria ajudá-lo na jornada. Na frente da cama, uma cômoda sustentava uma TV de 29’. Um frigobar fora colocado ao lado da cama. Completando a “maloca aconchegante”, um ventilador de teto fazia um pouco de vento logo acima da cama.

- De fato, Javed... Vocês pensaram em tudo, muito obrigado, caras, por tudo que vocês fizeram. Arriscaram o escalpo de vocês por minha causa, um pirralho que vocês conhecem a pouquíssimo tempo. Muito obrigado. O trabalho de vocês acabou. Agora sou eu, só eu. – O garoto agradeceu, emocionado, aos dois amigos. Foi até eles e apertou a mão dos dois. – Até mais. Cuidem-se, voltem o mais rápido possível para Veridian. Ainda vão ter notícias minhas.
- É isso, cara. Cuide-se também. Quando eles descobrirem que você fugiu, vão enviar muitos soldados para te capturar. Agora, estamos indo. – Disse Javed. Ele virou-se e saiu da casa.
- Boa sorte na sua loucura, Mill. Você sabe se cuidar, mas eles estão por toda a parte, vai ter que ser muito prudente. – Começou Simon, dando um tapa no ombro de Timothy. – Até mais. A gente se vê. – E dizendo isso, virou as costas e seguiu o companheiro de espionagem.

Tim agora estava só. Deu-se por conta disso apenas agora, não havia parado para pensar. Uma onda de preocupação percorreu o corpo do garoto, logo substituída por uma sensação de liberdade. Quando o dia raiasse, iria até o laboratório do Professor Carvalho e pegaria seu primeiro Pokémon, entraria na Liga Pokémon com o nome de Timothy Lomman. Um garoto que não teve mãe, pai, que não teve festa de aniversário, não teve um animal de estimação, não teve brinquedos, não teve nada. Um alguém que nascia ao mesmo tempo em que pegava seu primeiro Pokémon. Uma nova vida.

Depois de tomar um banho, Tim decidiu pegar algo para comer e beber dentro do frigobar. Tomou um suco e comeu um sanduíche, que tinha sido previamente preparado por seus dois amigos. Terminou o lanche e foi dormir na confortável cama de casal.


[X]


Tim saiu da cama num pulo. O dia raiava forte na parte de fora do casebre. Não ajeitou o cabelo preto. Estava meio bagunçado, e gostava dele assim. Os olhos igualmente negros estavam um pouco inchados, tirando a intensidade natural que eles geralmente transmitiam. Botou uma roupa leve, uma bermuda azul com bastantes bolsos, uma camiseta branca, com uma estampa de várias cores no centro, e o tênis surrado que usara na noite anterior. Pegou um suco no frigobar e saiu correndo, em direção ao laboratório.

O garoto entrou apressado no local. Mas, para a sua surpresa, apenas quinze garotos esperavam receber seu primeiro Pokémon, todos eles aparentando ter a sua idade, 14 anos. Eles se viraram assustados com a urgência de Tim.


- Saiam da frente garotos, me deixem ver quem é esse rapaz! Com licença, com licença... – Disse o Professor Carvalho, abrindo caminho entre as tralhas que entupiam o laboratório e os aspirantes a treinador. – Quem é você? Acho que nunca te vi por aqui, nem na escola, e nem na rua...
- Ah, eu sou novo por aqui. Estou há duas semanas aqui em Pallet. Meu nome é... Timothy. – O garoto sabia por que tinha feito aquela pausa antes de pronunciar seu nome. Ainda era difícil desassociar-se completamente da antiga vida, por mais que esse fosse seu maior desejo.
- Mais um novo cidadão de Pallet? Certo! Agora, todos, por favor, me escutem bem! – Disse o professor, saindo da frente de Tim e indo para trás de uma mesa. Sobre esta, estavam colocadas 20 pokébolas. – Infelizmente, vocês não poderão escolher qual será seu primeiro Pokémon. – Nisso, um burburinho iniciou-se entre todos os garotos, exceto Tim e um menino, afastado do restante do grupo. – Acalmem-se, silêncio! Vocês vão escolher o Pokémon na sorte. Veio mais gente do que eu esperava. Então, aproximem-se e boa sorte!

Imediatamente, catorze adolescentes marcharam em direção à mesa do Professor Carvalho, deixando Tim e o outro rapaz de fora do grupo.

- Não entendo porque tanta pressa. Não vão tirar os Pokémons na sorte? – Disse o garoto, aproximando-se de Tim.

Era um jovem alto, uns bons quinze centímetros maior do que Tim. O cabelo castanho-claro, escorrido, caía até a altura do ombro. Os grandes e estalados olhos eram castanho-esverdeado, e transmitiam muita intensidade. Vestia uma calça jeans e uma camisa totalmente branca. Caminhava num passo firme e tranqüilo, sorrindo.

- Somos dois, então. Nunca achei que fossem aparecer tantos caras da nossa idade na entrega do primeiro Pokémon. – Disse Tim. – A propósito, meu nome é Timothy. Ou Tim, como preferir. – Completou, estendendo a mão para o rapaz.
- Prazer, Lucius. – Respondeu, apertando a mão do novo amigo.


O burburinho havia terminado. As pessoas voltavam para os seus grupinhos, e soltavam os Pokémons no meio do laboratório, deixando o lugar mais apertado e abafado.

Tim dirigiu-se às pokébolas restantes, agora, apenas seis. Sentiu um calafrio percorrer seu corpo. Ao pegar o Pokémon, a vida nova começava. Finalmente deixaria de ser um projeto, um protótipo de espião perfeito, de máquina mortífera, e passaria a ser um garoto comum. Ou então, um pouco menos estranho.


- Só sobraram vocês! Boa sorte na escolha. Podem ir pegando uma pokébola. – Disse o Professor Carvalho, fazendo um gesto característico de quem encoraja alguém a fazer algo.

Tim pegou a pokébola. Suava frio, e não fazia idéia de porque isso acontecia. Isso dava a ele uma sensação de impotência, algo que ele não estava acostumado. Uma pokébola parecia mover-se, e ele não hesitou: pegou-a.

- Então, é essa... – Disse, como se conversasse com a esfera. Sua mão tremia. – Vamos lá, Pokémon, saia! – Exclamou, apertando o botão, liberando um raio vermelho, que aos poucos foi formando um pequeno monstrinho.

Ele era verde, pequeno, e olhava intensamente para o novo treinador. Encarava-o, desafiando a treiná-lo. Algumas manchas negras ilustravam seu corpo, uma em especial chamando muito atenção, logo abaixo do olho rubro. Possuía um pequeno chifre no topo da cabeça, e um rabo muito peculiar, que lembrava um arranjo de flores.

- Ah, vejo que você pegou o Larvitar! Parabéns, ele tem grande potencial. Mas receio dizer que seja um pouco genioso. Vai ter trabalho com esse baixinho. – Disse o Professor Carvalho, dando batidinhas de leve na cabeça do Pokémon.
- Professor, qual é o meu Pokémon? – Indagou Lucius, apontando para um pássaro negro, empoleirado num armário.
- Oh, um Murkrow! Gosto desse, tem um incrível senso de humor, adora pregar peças. Mas esse aí pareceu dócil. Agora, rapazes... – Começou o Professor, enquanto procurava algo num armário. – Peguem isto. – e empurrou duas pokédex na mão deles.

A dupla saiu do laboratório, cada qual com seu Pokémon do lado. Lucius brincava e ria do Murkrow, que voava ao redor de sua cabeça, dando piruetas no ar e bicadas de leve na cabeça do dono. Tim, contudo, olhava sério para Larvitar, que retribuía o olhar. O garoto percebera que o Pokémon não confiava nele, e não podia culpá-lo, afinal, era um completo desconhecido para ele. Notava uma diferença imensa na personalidade do Murkrow e do Larvitar, apenas comparando o olhar de ambos.

- Tim, pretende seguir sozinho em viagem? – Indagou Lucius.
- Não parei muito para pensar nisso. Mas é muito tempo na estrada para ficar sozinho...
- O que acha de seguirmos juntos?
- Oh... – Gaguejou Tim. Não seria mal um companheiro, pensou, mas não tenho garantia de que ele seja uma pessoa confiável. – Claro! Todos aqueles garotos possuíam sua própria turma, o que há com você?

Lucius contorceu levemente o rosto, desconfortável com tal assunto.

- Ah, é uma coisa chata. Sou natural de Johto, me mudei para Kanto há dois meses. Meus pais morreram, e nenhuma família em Johto queria adotar um adolescente. Procuraram em Kanto e acharam uma família. Não tive tempo para fazer amigos ou qualquer coisa do gênero, e acabei decidindo por sair em uma jornada.

Os dois se encararam brevemente. Tim ficara escarlate de vergonha, não esperava uma resposta como essa. Não fora treinado para coisas relacionadas à família e ao coração.

- Esqueça isso. O que acha de começarmos nossa jornada batalhando? – Lucius perguntou. – Não há nada mais “treinador” do que isso!
- Ah, mas eu não conheço nada do meu Pokémon... Na verdade, não sei nada sobre Pokémon nenhum! – Larvitar olhou desapontado para Tim
- Também não sei nada sobre Murkrow, mas devemos conhecê-los de alguma forma. – Replicou Lucius.

Murkrow já tomara a frente de seu treinador, esperando a decisão de Tim. Larvitar resolveu sanar as dúvidas de seu mestre, e a exemplo de seu adversário, colocou-se em posição de batalha. Tim olhou para seu comandado, surpreso com a reação dele. Deveria responder a altura da bravura dele, sem medo de perder por inexperiência.

- Certo, vamos lá Larvitar, me mostre o que você sabe!

Os olhos de Larvitar começaram a brilhar, e rapidamente a areia começou a levantar e tomar conta de tudo num raio de 15 metros, dificultando a visão de todos. Lucius e Tim só tiveram tempo de colocar a mão no rosto. Recuperados do choque, puderam ver Murkrow sendo atacado vorazmente. Levava rápidas e repetidas mordidas, não conseguindo voar, puxado sempre para baixo pelo seu oponente. Larvitar saltou para trás, cansado de atacar, e o Murkrow pousou, ofegando.

- Murkrow! Droga, calma... – Disse Lucius, colocando as duas mãos na cabeça, e agitando o cabelo castanho angustiantemente. – Murkrow, voe e use o Peck descendo em zigue-zague! – Ordenou, levantando a mão e apontando diretamente para Larvitar.
- Reaja Larvitar, use o chifre!

Murkrow voou alto, atrapalhado pelos ferimentos. Abriu caminho em meio à tempestade, descendo numa mudança de direção desajeitada, porém em alta velocidade. O Larvitar deu dois passos para trás, e não teve tempo de armar um contra golpe: fora atingido no peito por Murkrow. Cambaleou e caiu de costas no chão, virando presa fácil.

Murkrow tomou distância no ar, enquanto Larvitar seguia com a barriga exposta para cima. Desceu em altíssima velocidade, mirando meticulosamente seu alvo, verde e imóvel, debilmente impotente. Acertou uma bicada certeira, no meio da barriga, e continuou bicando o oponente.


-Chega... – Murmurou Tim em um tom suficientemente alto para que Lucius e Murkrow ouvissem. – Perdemos, chega. Larvitar, você está bem?

Tim aproximou-se de Larvitar que, apesar de ferido, parecia bem. O Pokémon virou o rosto para Tim, inconformado com a falta de atitude do treinador. Mesmo o garoto não entendera a própria passividade na batalha. Sempre fora bem em momentos decisivos, havia sido treinado para tal. Olhou para Larvitar com determinação e uma pitada de raiva, causada não pelo Pokémon, mas por ele mesmo.

- Não sei o que houve Larvitar. Nunca tive muito contato com Pokémon, mas vou ficar a sua altura. – Disse, passando a mão na cabeça de Larvitar, que continuava evitando o treinador, ainda amargurado.

Um homem de cabelos grisalhos surgiu atrás de Tim, carregando um spray nas mãos. Agachou-se ao lado do Larvitar e borrifou um pouco do líquido transparente no Pokémon que, aos poucos, começou a levantar-se, mais disposto.

- Vi toda a luta do meu laboratório – Falou o professor, olhando do Larvitar para Tim. – E devo dizer que para uma luta de iniciantes, foi surpreendente. Lucius pela boa estratégia, e Timothy pela falta de vontade... – Disse ele, olhando repreensivamente para Tim, marcando as linhas de expressão na testa, apontando para o Larvitar, agora recomposto. – Você é um garoto de sorte, pegou o mais determinado de todos os Pokémons distribuídos hoje. Com essa postura, ele vai acabar fugindo de você.

O velho levantou-se e andou para dentro de seu laboratório. Lucius aproximou-se de Tim, ostentando um sorriso de ponta a ponta da boca, sem conseguir conter a felicidade. Apertou a mão de Tim e deu um tapa nas costas de Larvitar. Tim ergueu-se e recolheu o Pokémon para a pokébola. Não conseguia sorrir, sentia-se envergonhado do papel patético que houvera feito e, sobretudo, de desperdiçar a determinação de Larvitar.

- Vamos andando Lucius. Quanto mais cedo pegarmos o caminho para... – Hesitou em dizer o nome da próxima cidade. Não pensara nisso. Como passaria por Veridian sem ser reconhecido? – Veridian, melhor.
- Concordo. - Abriu um mapa que guardava no bolso, examinando a saída mais próxima de Pallet. – Por ali. – Disse Lucius, apontando uma estrada de terra cercada de árvores de médio e grande porte.

E ambos dirigiram-se para a Rota Um.


[X]


Veridian


- MERDA! COMO VOCÊS DEIXARAM O GAROTO FUGIR? Isso não podia acontecer em nenhuma hipótese, NENHUMA, VOCÊS ENTENDERAM BEM? – Esbravejou o homem, atrás de uma mesa com belíssimos talhos artesanais. Socou a peça, sacudindo uma xícara.

Dez adultos olhavam a cena, todos com um ponto de medo latejando no íntimo de seus corações. Quando ele se irritava, é porque algo de muito ruim acontecera. Não era homem de perder a compostura, sempre fora racional e frio, calculista até o último detalhe. Não permitia falhas, assim como ele próprio não falhava. Um homem alto pigarreou, pedindo a fala.

- Não tivemos culpa alguma. Não vimos o garoto saindo, e para falar a verdade, não temos idéia de como ele pode ter saído. – Disse o homem, tendo o rosto iluminado por uma lanterna utilizada pelo homem raivoso. Tinha por volta dos 30 anos, feições rígidas e marcadas, o cabelo num tom de loiro muito claro, e olhos em um tom azul-petróleo muito incomum, talvez único. Possuía uma voz muito grave.
- Geert, como você não faz idéia de como ele saiu? Eu te digo como... A base estava vazia, apenas com vocês dez aqui dentro. O sistema de segurança não funciona há dois dias. Coincidência? Sabe o que isso significa? QUE ELE PODE ESTAR NA LUA! – Exclamou o homem, cego de raiva, cuspindo muita saliva.
- Acha mesmo que o garoto planejou tudo isso? Acha que ele sabia o que estava fazendo, que foi algo pensado, premeditado? Ele tem apenas 14 anos, e com certeza ninguém o ajudou. – Argumentou Geert. Ele suava, tinha medo da reação do chefe. Era o braço direito dele, mas sabia que esse projeto não podia dar errado. – Temos Alakazans sobrando por aqui, faça-os vasculhar nossas memórias e veja se algum de nós ajudou o menino. Foi um ato de loucura.

O homem de trás da mesa pousou os braços na confortável poltrona de camurça bordô em que estivera sentado por todo o tempo. Refletiu um tempo, com as sobrancelhas arqueadas. Acalmou-se.

- Certo Geert. Você tem razão. Vocês foram os únicos adultos, além de mim, que tiveram contato com ele...
- ...os professores da escola. – Interpelou uma mulher de voz aguda.
- Eles nunca conseguiriam entrar aqui. – Cortou a voz fria do homem. - Tenho certeza que ele tinha inteligência suficiente para desligar sozinho o sistema de segurança e ser discreto o suficiente para que ninguém notasse. Ele não deve estar longe daqui. Não foi para Pallet, seria suicídio, ficaria num beco sem saída. Então... – Fez uma pausa, calculando mentalmente. – Se ele saiu há dois dias, deve estar chegando à Pewter agora.
- Vai querer nossos serviços para procurá-lo? – Perguntou Geert, o porta-voz do grupo
- Não, os soldados rasos devem fazer o serviço sem problemas. Ele ainda é uma criança, apesar de tudo.
- Chefe, não acha arriscado deixar isso a cargo dos rasos? Sendo ele quem é...
- Eu decido as coisas, Geert. Ele não é melhor que nenhum dos meus soldados, tenho certeza.

Os olhos do homem brilhavam. Era um brilho megalomaníaco. Sua certeza de sucesso houvera desaparecido da noite para o dia. Ele precisava do menino, o menino pertencia a ele, era seu objeto mais maravilhoso, mais digno de apreciação, seria sua arma mortal...

- Estão liberados. – Disse o homem. Os dez adultos saíram da sala e o deixaram sozinho, pensando na arma perfeita, aparentemente sem sentimentos, sem emoções. Aparentemente.
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Mensagem por done Qua 9 Nov 2011 - 23:18

Nossa, não sei como ainda ninguém comentou, ela está ótima, faz anos que não vejo uma fic Assim, ela tem potencial, continue, sou seu fã

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Mensagem por Difanatico Qui 10 Nov 2011 - 1:17

Realmente como o Donin comentou. Uma FAnfiction muito boa. Criativa. Bem descritiva. Com bom desenvolvimento. Planejamento "-Jà que você disse que tem 11 Capítulos prontos". Ótima organização. Mistério, que particularmente gostei. Tamanho da Fanfiction por mim tá ótima não precisa aumentar nem diminuir. Esperando Capítulo 2.

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Mensagem por Leandro Damião Seg 28 Nov 2011 - 19:53

A minha busca pelo acréscimo de e-penis não resultou muito bem sucedida. Poucas pessoas comentaram... Duas. Enfim, quanto mais comentários, mais meu e-penis cresce. Por favor, comentem =)

Aos que comentaram: os capítulos ainda não estão muito bom... Atingem um nível satisfatório ali pelo quarto, quinto capítulo, na minha avaliação. As coisas vão melhorar.

Btw, caso queiram, e pra atrair mais gente pra fic, posso diminuir o tamanho dos caps, dividindo os que estão prontos em dois, ou três. Enfim, sem mais demora, capítulo dois.




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Capítulo Dois: Surpresas





As nuvens negras confundiam a quem olhasse para o céu: não passava das cinco horas da tarde. As árvores balançavam, seguindo o ritmo do vento forte, que produzia um assobio agudo. Tim e Lucius estavam numa clareira, no meio do mato, seguindo a trilha que os levaria a Veridian, apreensivos. Ainda faltava um bom caminho para que eles chegassem até a próxima cidade, e eles corriam contra o tempo, a fim de evitar a tempestade que ameaçava cair.

Tim ainda não conseguira esquecer a derrota para Lucius, e as palavras do Professor, analisando sua conduta no combate, ainda latejavam na sua cabeça. “Com essa postura, ele vai acabar fugindo de você.”. Ele olhou para o Pokémon, com um semblante de preocupação. O Larvitar ainda recusava-se a olhar para o treinador.


- Acho melhor apressarmos o passo. Vamos pegar chuva se continuarmos nesse ritmo. – Disse Lucius, andando na frente de Tim, quase correndo.

O vento sibilava, perigoso, indicando que a chuva não demoraria a desabar sobre eles. Podiam sentir o cheiro de precipitação no ar, de grama molhada, apesar de que nem uma gota caíra do céu. As nuvens acumulavam-se, cada vez mais negras, e alguns raios caíam no solo, com um barulho assustador.

- Sabe cara... – Começou Lucius, com a fala mansa, baixinha. – É uma excelente válvula de escape essa coisa de sair em jornada, treinador, a função toda. Tudo que aconteceu comigo... – Suspirou, com um ar pesaroso e saudosista.
- Imagino como deve ser. Uma vida inteira que muda, assim, de supetão. – Disse ele, com o olhar pregado em uma árvore próxima, pensativo. “Essa árvore é imensa... Deve ter uns 200 anos...” pensou Tim, desligado do mundo e alheio a conversa.
- E a tua família, cara? – Indagou Lucius, arqueando uma das sobrancelhas.
- Ah... – Murmurou Tim, sem prestar atenção. Então, registrou as palavras de Lucius, e seu cérebro começou a fervilhar. Houvera sido completamente imaturo. Quando começassem a persegui-lo, o que diria para Lucius? Que era apenas uma incrível coincidência? Não poderia dizer isso, e tampouco podia revelar seu grande segredo. Não agora. Mal se conheciam, e sabia que acabaria sozinho caso contasse a verdade.
- Me dou bem com eles. – Disse o garoto, na defensiva, tentando esquivar-se da incômoda pergunta. Fora treinado para saber enganar, mas conseguia o fazia sem problemas quando se tratava de um texto decorado. “Você ainda é muito jovem para aprender esse tipo de coisa, que usará apenas em missões de campo”, seu pai lhe dissera, na época. – Pedi pra que não me procurassem durante a jornada, para que eu ficasse totalmente independente, soubesse me virar. Essas coisas de um treinador.
- E qual o nome deles? – Insistiu Lucius, numa curiosidade plenamente inocente.
- Risto e Lianne – Tim atropelara seu amigo para respondê-lo. Disse os dois primeiros nomes que lhe vieram à cabeça, e depois reparou como “Risto” era um nome ridículo, que mais parecia nomear uma marca de mortadela do que uma pessoa.
- Nomes estranhos... Bom, vamos indo Tim. Estamos perdendo tempo.

Lucius começou a correr, esperando que Tim o imitasse, porém, ele não o fez, caminhando em seu passo normal.

Foi então que algo muito estranho aconteceu.

Tim berrara para que seu companheiro parasse de andar e o esperasse, e ele parou, ao tempo de ver um raio de intensidade incalculável passar exatamente no local que ele estaria se continuasse andando. Lucius começou a piscar tentando entender a situação. A árvore atingida pelo raio fora reduzida a cinzas. Tim correu até ele, também assustado, com Larvitar logo atrás.


- Veio dali... Vamos checar o que é isso... – Tim murmurou, levemente chocado com o que viu. Lucius escapou da morte por um triz, com muita sorte.

Recuperados do choque, andaram na direção de onde vinha o raio. Não precisaram de muito tempo para descobrir a origem do ataque: em uma clareira, dois treinadores davam ordens de ataque para seus Pokémons. Os garotos pararam logo atrás de um deles, evitando o alcance dos golpes. Um Rapidash corria pela clareira, formando um círculo. Estava envolta num espiral de fogo. Uma Ampharos lançava choques poderosíssimos no adversário, mas sem sucesso, errando sempre por um triz, tamanha era a velocidade que Rapidash corria.

- Cara, acho que já vi aquele cara em algum lugar... – Disse Lucius, apontando o mais alto dos dois.

O primeiro deles, o indicado por Lucius, era realmente alto, de porte atlético. Usa calças jeans, tênis preto e um suéter de lã, azul. Possuía olhos negros, muito fundos, como se dormisse muito pouco a cada noite. O cabelo contrastava com seus olhos, loiros, curtos e espetados em gel, e uma barba por fazer completava o rosto impactante do rapaz. Estava tranqüilo, apesar da luta ser pesada. O outro, visivelmente mais novo, com algumas espinhas, suava e pulava muito. Seus olhos castanhos eram saltados do seu rosto, dando a aparência de louco, e seu cabelo era preto, comprido e armado, mal sendo afetado pelo vento que passava entre as árvores. Seu coturno e seu sobretudo negro realçavam a sua aura de maluquice.

- Calma Ampharos, calma, vai errar ele de novo! Essa coisa não erra nunca, porque tá errando? Shock Wave nele! – Berrava desesperado o garoto dos cabelos desgrenhados.

Era difícil ter calma com um treinador daqueles. Ele não parava de repetir as ordens de ataque, e a Ampharos mirava para todos os lados, errando o ataque que nunca falhava. Rapidash, por sua vez, continuava correndo, sem parar, e sem receber ordem alguma de seu treinador.

- Droga, use Discharge, então!

O rubi incrustado na cabeça de Ampharos começou a brilhar forte, e o Pokémon disparou descargas de eletricidade para todo o lado. Muitas árvores foram atingidas e caíram, diminuindo o espaço de Rapidash. Algumas delas pegavam fogo, tamanha foi a intensidade elétrica.

- Queria mesmo derrubar as árvores? Assim você vai me obrigar a atacar...

O homem possuía uma fala mansa, clara e confiante. Mostrava que ele era homem feito, que não se importava muito com que os outros diriam. Olhou para as árvores caídas, e fez um sinal de desaprovação com a cabeça.

- Acabou a palhaçada. Use o Stomp, Rapidash.

Como se isso fosse combinado, Rapidash correu saltando contra Ampharos. Vinha em uma velocidade incrível, deixando um rastro de fogo por onde passava. Saltou mais alto que o normal, por cima da cabeça de Ampharos, tentando acertar um coice. Ele revidou, com um soco envolto por eletricidade, que acertou o casco da pata do adversário. Rapidash pousou, de pé, ainda com fôlego, distante de Ampharos, evitando contato com ela.

- Vai ficar na moita, cagão? Então tá! Use o Charge, Ampharos!
- Não vai carregar nada aqui... Isso que não... Fire Blast, agora!

Mal a ordem saíra da boca de seu mestre, Rapidash disparou o fogo pela sua boca. A distância de um Pokémon para o outro deu tempo para Ampharos correr para a esquerda, mas interrompeu seu ataque. A rajada de fogo foi, também, direcionada à esquerda, obrigando Ampharos a atacar diretamente Rapidash, caso contrário, correria abobalhada, e em algum momento seria atingida. Apenas as ordens de Fire Blast e Charge haviam sido ordenadas. Era claro o grande nível de força e habilidade que possuíam aqueles Pokémons, sem contar a precisão de seus golpes. Uma luta de outro nível técnico.

Larvitar olhava com os olhos brilhando, abobado, o impacto que Rapidash levara da Ampharos. A última houvera desferido um soco elétrico nas costelas do cavalo, que sequer expressou dor, e revidou atacando sequencialmente com seu chifre. Um dia, queria chegar nesse nível, e seu treinador aparentemente não compartilhava de sua opinião. Tinha decidido, daria mais algumas chances, e caso não fosse correspondido por Tim, fugiria dele. Precisava ser detentor de tal poder.


- Rapidash, acabe com essa luta, use Agility, não de chance pra Ampharos te ver, e use Fire Blitz.

Rapidash novamente começou a correr, mesmo com o espaço diminuto. Entretanto, saltou as árvores caídas e, embrenhando-se por entre as árvores, correu entre elas. Ampharos não sabia o que fazer, tentando acompanhar o oponente, sem sucesso.

- Reflect, Ampharos, agora, agora, agora! E mais de uma vez, mais de duas, quantas puder antes de ser atingida!

Ampharos começou a mover as mãos com agilidade, para muitas direções, em um movimento repetido. Uma luz muito forte deixava Ampharos irreconhecível dentro da caixa de luz. Um borrão vermelho passou em frente ao treinador adulto, e saltou uma das árvores derrubadas, sem perder velocidade, e jogou todo o peso do seu corpo contra o oponente, usando o próprio lombo para tal. A caixa fora vencida pelo ataque oponente, mas houvera diminuído um pouco da eficácia do ataque. A Ampharos recebeu o impacto, e caiu derrotada, tamanha a força do ataque. Já sofrera algum dano, causado pelo chifre do Rapidash. Os buracos do ataque anterior começaram a sangrar apenas agora, o que apenas realçava a força de Rapidash. Esta, por sua vez, começou a relinchar e a empinar, comemorando a vitória. Seu mestre sorria, e batia palmas para ela. Aproximou-se do garoto de ar amalucado, e deu um leve tapa na cabeleira dele.

- Tinha que usar Cotton Spore. Ia travar o Rapidash, dar tempo para usar mais Reflects. Mas valeu como teste essa, hein? Parece que a Ampharos se machucou.
- Ah, cala a boca, Daley. Perdi de novo, nem lembro a última vez que eu te venci.

Para a surpresa dos garotos, Daley riu. O outro seguia esbravejando e, vez que outra, o xingava, mas ele parecia não ligar, como se já estivesse acostumado com aquele tipo de situação. O garoto agachou-se, para checar a situação de seu Pokémon, enquanto Daley finalmente pareceu ter notado os garotos, e dirigiu-se até eles.

- O que acharam, caras? Estão indo pra Liga, também? – Ele sorriu, e estendeu a mão, apresentando-se. – Me chamo Daley Kamill, muito prazer.

Tim adiantara-se para cumprimentá-lo, entretanto, Lucius o interrompeu, estupefato, postando-se a frente do homem num pulo. Olhou bem para o rosto dele, analisando-o.

- Você foi vice-campeão da Liga Johto, há três anos, não foi? – Indagou, arqueando uma sobrancelha, ainda desconfiado do rapaz.
- Sim, sou eu. – Sorriu o homem, enquanto tirava uma medalha do bolso. Era prateada, e uma pokébola em relevo fora esculpida nela. Acima da pokébola, havia o nome e o símbolo da Liga Pokémon, e abaixo, o ano da Liga disputada e a posição do competidor.
- Nossa... Nunca imaginei que ia conhecer um finalista da Liga! A luta foi demais, e você não tinha um Rapidash! – Exclamou Tim, levemente excitado.
- Não usei na época, apenas. Ele precisou ficar uns tempos no hospital.

O homem não parecia se abalar com a tietagem de Lucius. Mantinha a postura forte, e a fala calma e paciente. Nada parecia o incomodar, e seu jeito dava a ele um ar de liderança impressionante. Isso explicava o fato dele não precisar ordenar seu Pokémon toda a hora na luta.

O amigo biruta de Daley aproximava-se, com uma pokébola na mão, a de sua Ampharos. Olhava para os três, abrindo um sorriso para Tim e Lucius. Estava mais calmo, e o ar de maluquice houvera diminuído.


- Prazer! Meu nome é Alexis Lekan. – Disse, acenando para os garotos.
- Nos conhecemos ano passado. Batalhamos na Liga Sinnoh. Foi uma luta muito parelha, e perguntei se ele não queria seguir viagem comigo. – Explicou Daley.
- Ah, eu dei muita sorte naquela luta... – Disse o garoto, modesto.

De fato, era estranho que aquele garoto com espinhas na cara e cabelo sujo, andasse com um homem tão elegante e maduro. Perto dele, Daley parecia ainda mais imponente.

- Eu sou Tim, e esse é o Lucius. Alexis, você não parece ser muito mais velho que nós, como tem esse tipo de Pokémon?
- Só ralo muito. Esse é apenas o meu segundo ano como treinador. Precisei de muito treinamento para deixar meus Pokémons com a capacidade de batalha que eles têm agora. A Ampharos não é o que eu tenho de mais forte, na verdade.
- Ela se feriu nessa batalha... Não está preocupado com ela? – Indagou Tim, que, apesar de não ter desabrochado como treinador, preocupava-se com Larvitar
- Ah, isso é normal em batalhas de Pokémons mais evoluídos. Ela agüenta até o Centro Pokémon.

Larvitar não parava de observar Alexis. Era apenas seu segundo ano de jornada, e seu Pokémon mais fraco possuía um poder imenso. Apesar de derrotada, era incrível ver aquela Ampharos batalhando.

Um barulho de mato mexendo-se chamou a atenção de todos. Parecia vir de longe, e o que o produzia não parecia amigável, tamanho era o barulho produzido. Os quatro viraram-se em direção as árvores, e um garoto baixinho saiu de lá. Ele segurava uma rede de captura de borboletas, vestia roupas sujas e velhas, como quem sabe que vai a um lugar que irá estragá-las, e coloca a vestimenta mais antiga que encontra. Sua cabeça era coberta por um chapéu estranho, com um véu de proteção, típico de apicultores. O pouco cabelo visível era loiro, e muito ensebado. Ele lembrava uma fuinha, com um rosto fino e apertado. Seu rosto contraia-se, dando a ele um aspecto mais animalesco ainda, visivelmente irritado.


- Quem é o treinador do Pokémon elétrico? Aqueles raios descontrolados afugentaram a minha presa!
- Fique calmo rapaz, não precisa ficar nervoso. – Disse Alexis, avançando um passo dos demais, mexendo as mãos, indicando calma para o menino. – Eu sou o dono do Pokémon em questão.
- Então eu te desafio aqui e agora para uma batalha!

Larvitar, imitando Alexis, tomou a frente do grupo. Virou-se para seu treinador, e com o olhar, o chamou para lutar. Tim avançou, postando-se ao lado de Larvitar, com um olhar firme e determinado. O garoto sabia, entretanto, que o olhar era falso, e que ele estava preocupado com a batalha. Era comprar uma briga que não era dele.

O estranho analisou Tim da cabeça aos pés. Bom... Pensou ele, é uma vitória de graça, praticamente. Está na cara que o bundão vai lutar obrigado. Vou jogar pesado. Pegou uma pokébola de dentro do bolso da calça, e libertou o seu Pokémon.

O Pokémon era de assustar. Tim tirou a Pokédex para analisá-lo. Parecia muito avançado para um lugar de onde vários novatos saiam. Era totalmente verde. Sua cabeça lembrava a de um dinossauro, mas achatada de uma maneira estranha. As asas nas suas costas eram pequenas, e não pareciam servir para muita coisa. O corpo era magro, e seus braços possuíam lâminas acopladas, assustadoramente perigosas. Ele batia as navalhas uma na outra, como se isso fosse um aquecimento para a luta.


- É um Scyther. Não se intimide, Larvitar, você pode ganhar dele. – A falta de ímpeto na voz de Tim mostrara que ele mesmo não acreditava em uma hipótese de vitória.
- Vamos rápido com isso! Scyther, use o X-scissor!

A velocidade de Scyther só não foi maior que a surpresa no rosto de Daley e Alexis. Esse golpe é avançado demais para um Scyther iniciante, pensou Daley. Como isso pode acontecer? Qual será a próxima, um Air Slash? O Pokémon movia-se com uma destreza impressionante. As asas aparentemente inofensivas ajudavam na velocidade dele, e cortavam o que vinha pelo caminho. Ele movimentou as navalhas na forma de X e atingiu ferozmente o Larvitar, que, estático, nada fez, e voou longe, parando apenas quando bateu em uma árvore. O Scyther não conseguiu cortar o adversário, que, apesar de sentir o impacto, possuía uma pele muito espessa.

- O que... – Tim olhava Larvitar levantar-se lentamente. Estava espantado com a força do oponente. Tentou pensar em uma estratégia, entretanto, conseguia pensar em apenas uma coisa: ganhar tempo. – Larvitar, Sandstorm!

Larvitar levantou os dois braços, como se invocasse algo do além, e a areia começou a subir, forte, impossibilitando a visão de quem estava dentro da tormenta árida, exceto ele. Scyther andava em círculos, sem conseguir enxergar um palmo a sua frente, atacando debilmente com suas navalhas, para evitar a aproximação de Larvitar.

- Quer travar os ataques do Scyther? Isso não adianta muito... Razor Wind!

E a cara de assombro imediatamente se desfez no semblante de Daley. Agora, ele sorria, e tinha certeza de estar vendo um novo excelente treinador surgir. Eram golpes que o Scyther herdara do pai. Ele nasceu sabendo, e o garoto brilhantemente descobrira e o ensinara a dominá-los. Isso não era tão incomum, mas a maestria com que ele comandava o inseto, e que este executava os golpes ele poucas vezes havia visto.

O Scyther alçou vôo, o vento aumentando a cada farfalhar de suas asas, dissipando grande parte da tempestade. Virara uma competição: Larvitar levantava mais areia, e Scyther voava mais rápido. O último levava vantagem, com a tempestade praticamente extinta. Ele parou, sem saber, com uma boa distância para Larvitar, ainda com certa dificuldade para enxergar. Ainda não conseguia diferenciá-lo em meio à areia.


- Larvitar, use o Bite nas asas dele! – Exclamou Tim, parecendo confiante, pela primeira vez na batalha.

O Pokémon avançou pela traseira de Scyther, surpreendentemente ágil. Saltou nas costas do inseto, que berrou, com as frágeis asas lesadas, ensanguentadas. Scyther virou-se, chacoalhando o corpo, fazendo com que Larvitar saísse de cima de suas costas. Seu braço direito desceu cortando a terra, o ar, e tudo que tivesse dentro da tempestade de areia, visando acertar o Larvitar, que já grudara os dentes na barriga dele, escapando também do Slash desferido pelo louva-deus.

- Merda! Scyther, use Agility em direção a árvore e vire-se para esmagar o Larvitar!
- Solte-o, Larvitar! – Urrou Tim, aflito, voltando ao normal, com sua preocupação excessiva, uma nota de pânico e medo voltando a sua voz.

O Scyther colocou-se a correr, exatamente como quando usara o X-scissor. Ele passou pela tempestade, cortava galhos apenas com a sua velocidade, prendendo Larvitar com a parte oposta ao fio de suas navalhas, para que ele não fugisse. A chuva que teimava em não desabar dos céus, finalmente veio, durante a corrida de Scyther. Mirou uma árvore muito alta, de tronco grosso e...

- Chega. Eu e Larvitar perdemos. – Proferiu Tim, triste. Ele vai entender, pensou, não tínhamos a mínima chance de vencer essa luta. O Scyther parou, evitando o choque com a árvore, sua barriga e asas sangrando. Larvitar o largou e rangeu os dentes para o treinador, desagradado.
- Tim, o que houve? A luta não acabou! Ninguém caiu desmaiado ou estava sem condições de luta! – Gritou Daley, perdendo a habitual compostura, irritado e frustrado com a atitude de Tim. – Se o Larvitar te aceitou como treinador, ele não vai parar de lutar até que não consiga mais!
- Mas sou o treinador dele. Não posso deixar ele se machucar, eu sei o que é bom para ele...
- Pokémon pensam e sentem também! – Interpelou o homem.

Então, ouviram um som. Um berro agudo, alto, de desespero. Tim imediatamente esqueceu a discussão. Em seu treinamento na antiga vida, ele era orientado a sempre tentar salvar companheiros feridos, e que se resgatasse o corpo dos mortos. Começou a correr em direção a voz, emaranhando-se na floresta.

Lucius, seguido do restante do grupo, incluindo Larvitar e Scyther, aprontou-se em seguir Tim, impressionado com a rapidez do amigo, que colocou uma boa distância entre eles. Já estavam muito longe da clareira, quando finalmente chegaram perto de Tim, na beira de um barranco razoavelmente alto. Um desmoronamento acontecera, em decorrência da chuva, que caía forte sobre a cabeça de todos.

Tim desceu o barranco, saltando, sem ao menos resvalar no barro e no sebo. A origem do berro agora estava em frente a ele: uma garota inconsciente. Ela tinha cabelos castanho-claro, soltos e agora enlameados até raiz. Era mais baixa que Tim, aparentava ter a mesma idade, magra, e suas coxas eram surpreendentemente grossas para alguém de sua juventude. Usava uma calça jeans preta, e uma blusa de alças, que mostrava um pedaço de sua barriga. Uma mochila preta, cheia de bolsos, estava enganchada no braço dela. Tim colocou a mochila presa em um de seus braços, pegou a garota nos braços, e começou a correr de volta para o topo do barranco. Mesmo nessa condição adversa, ele subiu sem problemas o barranco, com o restante do grupo olhando a operação de resgate, de queixo caído.


- Tim... Como você fez isso? – Começou Lucius.
- Não temos tempo pra papear! – Atravessou Tim, falando em tom de urgência. – Tenho certeza que ela está viva e não tem nenhum osso quebrado, vamos para Viridian o mais rápido possível!

Larvitar puxou a calça de Tim, tomando a atenção para si. Olhou nos olhos dele, queria dizer que finalmente ele estava sendo o tipo de treinador que ele deveria ser, mesmo que isso não acontecesse em uma batalha.

Daley corria em direção a uma placa, que indicava a direção de Viridian. Ao olhar para o horizonte, notou que podia enxergar a cidade muito próxima deles, e com certeza em menos de 30 minutos eles já estariam no Centro Pokémon. Ele puxava o grupo, acompanhado por Tim, que, mesmo carregando a garota, acompanhava o ritmo dele, sem ao menos parecer cansado.


[X]


O Centro Pokémon de Viridian era o segundo maior do continente Kanto, perdendo apenas para o Centro colossal da Victory Road, e ainda assim, parecia pequeno demais para o número de pessoas dentro dele. A chuva levou muitos viajantes que estavam de passagem, em decorrência da Liga Pokémon, que teria início em três dias, a refugiar-se no hospital.

Tim foi até o balcão, carregando a garota nos braços, acompanhado dos outros, e sem pedir nada, duas Chanseys apareceram, carregando uma maca. Ele colocou a misteriosa menina no aparato e então, uma enfermeira de cabelos escuros aproximou-se.


- O que houve com ela? – A enfermeira tinha uma voz fina, e falava em tom preocupado. – Vocês têm sorte. O hospital está lotado, mas a maioria das pessoas está se abrigando da chuva...
- Desmoronamento de um barranco, tinha mais ou menos dois metros, três metros. – A voz de Tim soava mecânica. – E não, não faço a mínima idéia de quem ela é.



[X]



- Ela está bem. Deu sorte de não quebrar nada. Apenas ralou as costas, e inclusive já está consciente! – A enfermeira sorriu. – Venham comigo, acho que ela vai gostar de saber quem é que a salvou.

Ela os conduziu até um quarto pequeno. Uma televisão fora instalada na parede do cômodo, ao lado de uma pintura representando Mew. Um jarro de água e um vaso de flores eram sustentados por uma mesa-de-cabeceira, que ficava ao lado da cama. Esta era proporcional ao quarto, típica de hospital.

E em cima da cama, a garota esperava por eles.
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Mensagem por Bakujirou Ter 6 Dez 2011 - 1:01

Eu vi e li o primeiro chapter (depois de ter passado pelo balcão de apresentações). É uma fic interessante, pena que não revelou muito bem o que existe ou qual seria o destino reservado a "este garoto treinado pra ser espião". Eu curti. A primeira frase foi impactante, aquela sobre Essência.

... Eu ando tendo ideias também pra criar uma fanfic, porém me falta tempo, disposição e um pouco mais de sensibilidade pra desenvolver ela. /.=.


Boa sorte com a sua fanfic, continue postando. Você verá que o povo irá se interessar. Apenas continue postando... Seria uma lástima não conhecer esta fanfic por inteiro (ou até a chapter 11). Se eu puder, leio e comento a sua fic. Vou marcar como "a monitorar", assim saberei quando tiver um novo chapter/post aquie, viu?

Edit: Acabei de ler o chapter 2. Foi um chapter bem promissor, acredito. A luta, as cenas de batalha foram boas e bem narradas. /hihi

Estou curtindo esse protagonista e seu Larvitar a tira-colo.


Última edição por Sir Bakujirou S. em Qui 8 Dez 2011 - 2:37, editado 1 vez(es) (Motivo da edição : editado)

________________


Heir of Life

Confira:
Concurso participem! / Fic / One-Shots / indico uma fic que resgatei / indico Fic de meu amigo

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Mensagem por Guraena Sex 23 Dez 2011 - 20:08

Sinceramente .... muito boa .
Ótima narração , maravilhosa descrição e sem falar , q a história he envolvente .
Meus parabéns !
Com certeza , vou acompanhar Very Happy
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Mensagem por Marx Ter 27 Dez 2011 - 20:42

*o*
Foi assim que eu fiquei quando li a Fic, muito bem contada a história, vou acompanhar...
Espero que aqui também faça sucesso como na R1 xD falow


Última edição por Marcfenix em Qui 5 Jan 2012 - 16:22, editado 1 vez(es)
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Mensagem por roberto13 Qua 28 Dez 2011 - 21:55

Oi, tudo bem?

Já tinha lido o primeiro capitulo faz tempo, mas não lembro ao certo por quê não tinha comentado. Hoje terminei de ler o segundo, e parabéns, está fazendo um ótimo trabalho, continue assim.

Só acho que um Larvitar como inicial já é muito pra um treinador (mesmo que esteja levando surras atras de surras, porém mais por conta do treinador), mas se foi assim que você quis, quem sou eu para julgar haha.

É isso!

Edit by Baku: Reaberta


Última edição por Sir Bakujirou S. em Qua 4 Jan 2012 - 19:53, editado 2 vez(es) (Motivo da edição : editado)
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Mensagem por Leandro Damião Qua 4 Jan 2012 - 20:10

Daê amigos. Volto a postar a fic por aqui. Fiquei um tempo sem sequer ver a quantas andavam os comentários porque minha vida ficou bastante corrida, e tive que priorizar outras coisas dentro do meu tempo livre na internerd.

De qualquer forma, fiquei feliz: vários comentários! Massa, massa. Vou responder a todos...

@Bakujirou: Oh, depois de onze capítulos, posso dizer que é uma das coisas mais legais que escrevi haha. O primeiro parágrafo da fic é bem legal mesmo. E relaxa, sobre o futuro do Tim, as coisas vão ser esclarecidas logo. Mas não seria legal dizer o que acontece com ele logo de cara, né? Tem que ter uma progressão hehe.

Falta de tempo é [palavra censurada] mesmo. Faz sem compromisso e lança quando tiver bastante material pronto =)

Huahuahuha, vou continuar postando! Tá tudo pronto (até o 11, e quase todo o 12...), não tem porque não postar. Pode continuar acompanhando que não vou parar de postar aqui não.

Essa luta do Scyther com o Larvitar é massa, gosto dela. Das iniciais, é uma das melhores. Mas a melhor luta ainda está um pouco distante...

É, o pessoal costuma gostar do Larvitar haha. Ele tem personalidade e consegue se impor... Coisa que o Tim não faz.

@Guaranea: Bem, certamente existem muuuuuitos pontos a melhorar, especialmente nesses capítulos iniciais, que eu não considero tão bons quantos os outros, mas muito obrigado, assim mesmo hehe. E a história melhora, pode ter certeza.

Continue acompanhando! Demorarei, mas vou postar novo cap aqui com certeza... É porque tenho poucos caps prontos, e eles demandam muito tempo para ser feitos.

@Marcfenix: Hahahahaha, obrigado! Fico muito agradecido, de verdade. E comente lá na R1, porra huahuhauha.

@roberto: Opa, obrigado =D Eu me esforço pra que a fic tenha um nível legal.

Bom, o interessante no Larvitar não é bem a força dele, acho que deu pra perceber isso. Eu queria fugir do lugar-comum dos Pokés iniciais, e precisava de um Pocé de personalidade forte pra contrastar com o Tim. E de qualquer forma, para fins de interpretação em golpes e luta de anime, o Larvitar e o Pupitar não são lá grandes combatentes, não é?

Pessoal, querem que eu diminua os capítulos? É possível, posso cortá-los. Enfim, segue o terceiro...


Sobre Essência e Vida Nova

Capítulo Três: Intrusa


Não era exatamente o que ela esperava. Imaginou uma montanha de músculos, dois metros de altura, pelo menos. Deparou-se com pessoas não tão altas e comuns. Mas Jeanette (Ou Jean, como ela gostava de ser chamada) não podia negar uma coisa: o garoto que puxava a fila tinha um quê diferente dos demais de sua idade. Os cabelos negros caíam até a metade do pescoço, cuidadosamente despenteados e bagunçados, fazendo par aos olhos de mesma cor, que transmitiam uma intensidade diferente de tudo que ela já tinha visto. A pele dele era morena, não queimada de sol, mas natural. Tudo isso, se combinando com a covinha no queixo e as feições mais marcadas que uma pessoa de sua idade normalmente tinha, dava a impressão de que ele havia passado por mais coisas que os demais. O corpo não era lá muito musculoso, mas era forte, sim. Pernas longas, ela pensou. Ele era, sem dúvidas, um belo garoto.

Tim perdeu o ar ao entrar no quarto. Era estranho, houvera sido treinado para não surpreender-se com facilidade, mas nunca participara de qualquer missão de campo, no seu antigo inferno. A falta de ar não era em decorrência da beleza da garota, que era realmente bonita, mas sim porque ele a salvara. Ela tinha uma aura de pressa, urgência, que incomodava um pouco a Tim. O cabelo castanho-claro agora não estava mais enlameado, e mostrara-se muito bonito, escorrido, até a metade das costas da garota. A pele dela era clara, não chegando a ser pálida. As feições leves e o nariz fino e arrebitado combinavam com os vivíssimos olhos castanho-esverdeados. O corpo, coberto pela típica roupa de hospital, era normal para uma adolescente da idade dela, com exceção das coxas, que Tim notara novamente, eram excepcionalmente grossas.


- Então, a enfermeira me disse que um de vocês me trouxe até aqui o caminho todo... – Ela começou. Sua voz era fina, e possuía um tom prático, mas gentil. – Quem foi?
-Ah, fui eu. – Disse Tim, estendendo a mão, ficando um pouco vermelho.

A garota, de súbito, levantou-se da cama e agarrou-se no pescoço de Tim, beijando-o repetitivamente no rosto. O rosto dele tomara um tom escarlate. Daley, Alexis, o garoto do Scyther riam com gosto, e Lucius escorava-se na mesa-de-cabeceira, rindo incessantemente da cara de Tim.

- Muito obrigada, muito obrigada! – Agradeceu ela, soltando o pescoço de Tim e sentando-se na cama. – Eu poderia morrer lá! Tem Fearows naquela área.
- Mas o que você estava fazendo ali? – Interrogou Daley.
- Eu estava indo para a Liga, mas... – Assustada, ela olhou para os garotos. – Eu estava olhando as minhas insígnias... Onde estão elas? Vocês as pegaram? – O olhar dela passava de um dos rapazes para o outro, sem parar.
- Não vi nada de diferente no chão. – Murmurou Tim, ainda envergonhado com o excesso de carinho demonstrado pela garota.
- Bom, acho difícil você recuperar suas insígnias. - Disse Daley, colocando a mão na cabeça distraidamente. – O melhor que tem a fazer é passar pelos ginásios e reivindicar suas insígnias. Mas não dará tempo de competir esse ano.
- E como você não é uma treinadora muito conhecida – Continuou Alexis. – A Liga não vai se importar em mandar as suas insígnias por um mensageiro.

O olhar da garota agora alternava apenas entre Daley e Alexis, reconhecendo-os. Seu queixo afrouxou-se um pouco.

- Ah, eu conheço vocês... – Constatou, com um ar sonhador, agora olhando para cima. – A luta de vocês ano passado foi impressionante. Realmente, de assustar.

Ela falava num tom de respeito, como se dirigisse a uma pessoa muito superior aos outros presentes no quarto. Ela levantou-se novamente, e estendeu a mão para Daley e Alexis, apresentando-se.

- Meu nome é Jeanette, mas podem me chamar de Jean.
- Ah, muito prazer! – Disse Lucius, empurrando Daley e Alexis para o lado. – Eu sou o Lucius. – Ele sorriu e apertou a mão da garota.
- Sr. Daley, não consigo me conformar em perder minhas insígnias, vamos até a queda, pelo menos.
- Querida, coma antes de sair. – Disse a enfermeira que os atendera na recepção, trazendo comida para a garota.


[X]


- Quero relatórios, agora. – Ordenou o homem. Sua voz fria ecoava pela sala fechada e gélida.

O homem a sua frente não sabia como lhe dar a notícia de que não conseguiram nada. Sem notícias, resquícios, rastros... Ele olhava para a escrivaninha do chefe, incapaz de encará-lo nos olhos. Sentiu um grande peso na barriga, e começou a falar.

- Na realidade, senhor... – Ele disse, com a voz oscilante, enrolando a língua ao falar. – Não encontramos nada. O garoto simplesmente sumiu, não deixou rastros...
- Mas que merda! – Exclamou o homem, arremessando uma xícara de porcelana. Com um barulho agudo, ela se espatifou na parede.

O rapaz encarregado dos relatórios estava com medo. Cada centímetro do seu rosto gorducho exalava o temor da reação exagerada do chefe. Ele encolheu-se contra a cadeira, cada centímetro do rosto gorducho assustado, e o chefe, entretanto, parecia aumentar, intimidando ainda mais o jovem soldado.

- Não acharam nada? Rastros, pegadas, qualquer coisa? – Exclamou enfurecido. A saliva voava da boca do homem. Perdera a compostura nesses últimos dois dias, e isso não acontecia normalmente.

A raiva foi interrompida momentaneamente. Os homens ouviram três batidas na porta de madeira. Geert entrou, com alguns papeis na mão. A face do homem de rosto de bolacha foi tomada por um súbito alívio.

- Boa tarde Carlos. – Disse Geert, referindo-se ao homem sentado à frente do chefe. – Senhor, recebemos indícios de que ele deve estar na saída de Pewter. Em um dia, achamos que ele inicia a passagem pelo Monte Lua. E lá, vamos pegá-lo. Sugiro que montemos guarda lá dentro por duas semanas, a hipótese de que ele se perca é bem improvável, eu mesmo o treinei para encontrar saídas de cavernas e matas, mas não impossível. Será uma grande mobilização, senhor. Inclusive, já designei algumas pessoas para comprarem suprimentos e organizarem a campanha. Vou me envolver pessoalmente nas estratégias e nos pontos de observação. Preciso também da sua autorização para levar dois soldados um pouco mais graduados. Obviamente não falo de levar cinco generais, mas quem sabe uns agentes oficiais comandados pela Annalisa. Seria um bom teste para ela. – Ele fez uma pausa para tomar fôlego e analisar a expressão do chefe. – Pensei em eu mesmo ir para o Monte Lua, mas não seria prudente, caso me ligassem aos possíveis... Incidentes. A idéia é não chamar a atenção, claro, mas talvez nós precisemos. Tenho sua liberação?
- Geert, isso seria dispendioso, você sabe... – Ele começou, com sua voz voltando ao normal, lenta e calculista. – Que papéis são esses que indicam o rastro do Aemilianus?
- Rastros de atividade humana furtiva por ali. Concluímos ser de uma pessoa de catorze anos. Alguns contatos úteis disseram ter visto um garoto com a aparência dele passando pelo local. Uma senhora inclusive conversou com um garoto que passou pela Rota 3. Mostramos uma foto do Aemilianus, e ela afirmou categoricamente que era ele.
- Geert, Geert... Isso é arriscado. Improvável. Mas sua intuição não costuma falhar, ainda mais para situações críticas. – Disse o chefe, abrindo um sorriso no canto da boca. Seus dentes eram exatamente como sua aparência sugeria: impecavelmente parelhos e brancos.
- Certo. Designarei alguns homens para o deslocamento até o Monte Lua. Assine isso, por favor. – Ele empurrou um papel surrado ao ouvinte. – Preciso de sua aprovação por escrito para mandar quem eu quiser nessa missão.
- Excelente Geert. Muito boa sua movimentação a respeito disso... – Elogiou o homem, enquanto transcrevia sua fina assinatura no papel que Geert passara a ele.

O chefe observou Carlos e Geert saírem de sua impecável sala, agora suja com os estilhaços de uma cara xícara de porcelana. Fosse qualquer outra pessoa, ele não assinaria aquele papel. Mas era Geert. Ele não errava, nunca errava.

Era injusto que Aemilianus sumisse. Ele deu casa, deu estudo, deu sabedoria, deu força... Tudo o que ele era, tudo o que ele é, e tudo o que ele seria. Ele sumira, entretanto, debaixo de suas asas. Tinha o garoto como um filho para si, e ele se fora. Era a sua arma perfeita, ele o sucederia no comando, seria seu herdeiro. Notou que Geert colocara outros papéis em sua mesa, sobre alguns dados da perseguição ao garoto. Analisou-os rapidamente e sorriu: daria certo. .


[X]


- O que, seguir viagem com Tim e Lucius? – Exclamou Jean, olhando, estupefata, para Daley, ainda inconformada de não encontrar suas insígnias. – Mas eu mal os conheço!
- Jean, de qualquer forma, você vai ter que refazer todo o caminho pelo continente. – Disse Daley, fazendo um gesto com as mãos para que Jean se acalmasse. – É melhor ir com mais pessoas, certo? E ao longo do caminho, você já pode ir treinando para a Liga do ano que vem.
- E já vai ensinando alguma coisa pros caras. – Completou Alexis. - Tim e Lucius são esforçados.
- Eu deveria ser mais grata a vocês e menos desconfiada. – Lamentou-se a garota num longo suspiro. – Vocês me salvaram, afinal de contas...

Tim corou na hora. Na verdade, a operação resgate fora toda realizada por ele, que carregou a garota até o Centro Pokémon de Viridian, acompanhando a corrida de Daley no mesmo passo que o homem, sem ofegar uma vez sequer. Baixou os olhos, e muitos pensamentos ocorreram a ele.

Ele já estava colocando a vida de Lucius em risco. Seu companheiro nem imaginava o que Tim realmente era. Fugira daquele lugar por não aceitar a ilegalidade de tudo aquilo, e, sobretudo, pela prisão em que ele fora colocado sendo criado lá. Ele estaria fazendo o mesmo com essa garota e com Lucius. Um sentimento de vergonha instalou-se no seu peito com tais pensamentos. Já bastava Lucius, ele deveria protestar.


- Não é certo uma treinadora muito mais avançada nos acompanhar em uma jornada. – Disse o garoto, calando todos com a surpresa de sua voz. Ele não havia falado nada, até esse momento. – Nós teríamos vantagem sobre os outros novatos, eles não têm um tutor avançado!
- Bobagem, Tim. Isso não quer dizer muita coisa. Agora, se tiver um argumento realmente bom de que Jean não deveria ir com vocês...
- Nós mal nos conhecemos! – Atropelou Tim, alterando o tom de voz, com uma clara nota de desespero.
- Você e Lucius também não se conheciam quando saíram de Pallet. – Retorquiu Daley calmamente, mas firme.
- A situação era diferente, nós estávamos sozinhos.

Tim agora olhava para todos, como se esperasse que alguém o apoiasse, que dissessem que a idéia era uma loucura. As pessoas, entretanto, pareciam pensar que o louco era ele. Jean arqueava uma sobrancelha, Lucius parecia prestes a se coçar todo de ansiedade, como se não entendesse porque ele não queria uma garota bonita e forte andando com eles.

- Tim, porque está tão nervoso? Ninguém está nervoso aqui, fique tranqüilo rapaz. – Disse Daley, como se suas palavras aumentassem ainda mais sua aura de calma e dignidade.

Tim respirou fundo e deu outra olhada em volta. Alexis parecia prestes a cair na risada, tamanho foi o chilique sem razão protagonizado por ele. Estava fazendo o mesmo que seus antigos aprisionadores.

- Ta, e a minha opinião, não conta? – Indagou Jean, com as mãos na cintura. Ela se curvou ligeiramente para frente, e Tim, que nunca havia reparado realmente em mulheres, olhou acintosamente o busto da garota.
- Claro que conta, Jean, mas para você não vai haver diferença, terá que pedir as insígnias novamente, de qualquer forma.
- Não precisa se justificar, Daley! Eu iria aceitar, de qualquer forma. Andei sozinha durante esses anos como treinadora, ia gostar de uma companhia para variar, sabem. – Ela disse, com um olhar levemente suplicante, que flutuava de Tim para Lucius.

Lucius parecia não se conter com a idéia de uma garota igual a essa viajando com ele por todo o continente, fazendo um bobo sinal de positivo com a mão. Virou-se para Tim, o encarando com o mesmo tom de súplica da garota.

- Ah, ta certo. – Cedeu Tim. Baixou a cabeça, rubro de vergonha. Agora o vilão era ele. Quem aprisionara essas pessoas, mantendo-as num perigo mortal era ele. – Mas não acho certo, não mesmo.
- Ótimo, então! – Exclamou Daley. – Todos se aceitam, todos se amam...

A mesma enfermeira da voz fina entrou na sala, com uma bandeja nas mãos, trazendo a comida de Jean. Ela colocou a bandeja no criado mudo ao lado da mesa, e virou-se para sair. A garota, entretanto, protestou, alterando um pouco a voz.

- Não estou liberada para sair daqui?
- Está, mas, por favor, você precisa comer – Disse ela calmamente, como se explicasse algo para uma criança particularmente respondona. – Depois, pode ir aonde quiser.
- Ah é, quando quiser? Vamos sair daqui assim que eu terminar de comer, garotos. – Exclamou, virando-se para Tim e Lucius.
- Alexis, vamos embora? – Indagou Daley. – Não temos mais nada a tratar aqui, a garota está a salvo, os garotos estão a salvo...
- Vamos, vamos sim. Estamos adiantados, mas é bom ter tempo pra treinar lá no Planalto Índigo. – Disse ele, sorrindo para o amigo. – Posso até te derrotar lá. Os ares ajudam.
- Ah, garoto... – Começou Daley, olhando para o rapaz do Scyther. – Não quer seguir jornada conosco?

Daley e Alexis despediram-se de cada um deles e saíram acompanhados pelo garoto dono do Scyther.


[X]


A Floresta de Viridian desenhava-se na frente deles, fantasmagórica. Já era noite, e mesmo assim, o trio resolvera começar o percurso pela macabra mata. A entrada não assustava: as árvores eram baixas e sem muitos galhos que pudessem formar sombras de aparência demoníaca no chão. Quando Tim olhou para cima, entretanto, seu queixo caiu. As árvores eram enormes, talvez centenárias. Ele conhecia a floresta por abrigar Pokémons fracos, próprios para iniciantes, mas tinha certeza de que caso eles perdessem a trilha e acabassem entrando mais fundo na mata, encontrariam alguns poderosos, capazes de os derrotarem com um mínimo movimento.

Fora realmente uma sorte que nada tivesse acontecido com eles dentro de Viridian. Tim espiou por trás do ombro durante todo o percurso do hospital até a floresta, como se alguém fosse saltar de trás de uma lata de lixo e o surpreendesse, levando-o de volta para seu cárcere. Imaginava a cidade praticamente inundada de homens de olhares furtivos, procurando-o, ou, pelo menos, alguém daquele inferno, mas não havia nada nem ninguém.

Jean olhava com um ar de enfado aquela situação. Era bem verdade que ela cansara de viajar sozinha, sem ter algum humano para conversar. Adorava seus Pokémons, a companhia, a luta, tudo que os envolvia, mas era enlouquecedor ficar por dias sem ter um diálogo racional, apenas andando e seguindo em direção a próxima cidade. Não queria, entretanto, refazer todo o caminho que ela trilhara durante esse ano inteiro. Iria ficar um ano sem adversários realmente a sua altura, com pouco treinamento para a Liga que ela disputaria no outro ano.

Lucius, apesar de um pouco receoso em entrar na floresta, abriu um largo sorriso. Ainda não conseguia acreditar que uma garota tão bela ia acompanhá-lo em jornada, e que ela ainda gostasse disso.


- Bem, vamos. – Disse energeticamente Jean, tomando a iniciativa e andando à frente dos garotos. Ela era mais experiente que os outros rapazes, e já passara pela floresta anteriormente.

Lucius e Tim entreolharam-se e acompanharam a garota, exasperados. O ar de urgência dela transformava-se em imperativo, mandão. Ela caminhava decidida a frente deles, como um marechal guiando soldados novatos. Seu cabelo esvoaçava na frente dos dois, dando a ela um ar de impotência. Eles nem sequer falavam com a garota.

- Vocês são sempre quietos assim ou só quando estão pertos de uma garota? Vou acabar largando vocês no meio da floresta, sozinhos, se não falarem...
- Ah, nós não falamos muito mesmo. – Respondeu Tim inocentemente. Lucius olhou bravo para ele, e revirou os olhos, impaciente.
- Ah... Frouxos. – Disse ela, num murmúrio intencionalmente audível, ainda os provocando.

Tim enrubesceu de vergonha, enquanto Lucius lançou um olhar cortante para seu amigo. Tim baixou a cabeça, pensativo.

Agora entendo perfeitamente porque essa garota viajou todo esse tempo sozinha... Ela é muito bonita, é verdade, mas é completamente maluca! Fica ofendendo assim, por nada. E esse ar mandão, essa coisa de querer liderar... E obviamente, Tim já se apaixonara bobamente pela garota, mesmo sem perceber que esse tipo de pensamento significava isso, mesmo que a conhecesse hoje, mesmo que ela tivesse inúmeros defeitos.

Já se passara algum tempo desde que eles entraram na floresta, e agora nem o luar banhava o caminho deles. Seguiam completamente cegos, sem direção, olhando as estrelas quando a copa das árvores permitia. Tudo estava calmo e sem ruídos na floresta, e o caminho, apesar de ser às cegas, era percorrido sem nenhum problema ou empecilho. Jean e Lucius volta e meia começavam a tagarelar, descontraídos. Tim, todavia, lembrava um cão de guarda, sempre espiando por trás do ombro, olhando furtivamente entre as árvores, mesmo que pouco pudesse ver.


- Vocês não estão ouvindo nada? Quero dizer, algo além dos nossos barulhos... – Murmurou Tim, como se não quisesse que um ouvinte de fora escutasse o que ele dizia.
- Não, Tim... – Disse distraidamente Lucius, observando a volta com seus vivíssimos olhos castanho-esverdeados. – Não seja paranóico. Sei que estamos no escuro, mas não é razão para ficar todo alarmado.
- Tenho certeza que ouvi alguma coisa.


[X]


Teodor calculava seus passos. O garoto cabeludo não parava de conferir para ver se alguém os seguia. Era maluquice seguir viajantes a uma hora dessas, mas disputar frutas com Pokémon estava cada vez mais difícil. Precisava arranjar suprimentos de um jeito ou de outro. Não conseguiria vencer os três de uma vez só, então, o melhor era esperar que eles dormissem.

Já os seguia há 40 minutos quando se deu por conta de onde estavam. As árvores eram menores e o caminho era mais largo, mesmo que eles não percebessem agora. Dentro de instantes, a luz do luar começaria a clareá-los, e eles estariam em uma clareira. Entrou um pouco mais na mata, não podia ser visto.


[X]


Tim montava a barraca, auxiliado por Lucius. Na verdade, o amigo mais atrapalhava do que ajudava, tendo muita dificuldade em estender a lona para que os pregos fossem fixados, prendendo a lona ao chão. Jean ria do esforço deles, que agora conseguiam enxergar bem: a lua cedia sua claridade na clareira. Eles entraram cada um em sua barraca, no seu saco de dormir e adormeceram.

Teodor finalmente podia circular tranquilamente por ali. Seu rosto magro e cansado abriu-se em um sorriso quando observou, sentado em um galho no alto de uma árvore, as pernas da garota sumirem dentro da barraca. Observou-os por mais dez minutos, para ter certeza de que dormiam, e com um salto, projetou-se para a clareira. Ele olhou em volta das cabanas e não achou nada valioso ou de utilidade para si.

Escolheu saquear a cabana de Jean. Não teria tantos problemas com ela, afinal de contas, ela era mulher, e mais fraca que ele. Abriu cuidadosamente a entrada, sem produzir um ruído sequer, talento adquirido depois de tempos de prática roubando treinadores iniciantes e inexperientes nessa floresta que conhecia como a palma da própria mão.

Agora podia observar melhor o rosto da garota. Era muito bonita, tinha a sua idade. Não era, entretanto, um tarado, ou qualquer coisa do tipo e também não brincava em serviço. Sua falecida mãe já dizia: Não coma a carne aonde você arranja o pão., e ele seguia rigidamente esse ditado. Pegou a bolsa de Jean e saiu da cabana.

Mas errou no sair da cabana. Acabou levantando com as costas na entrada desta, praticamente desmontando-a, derrubando uma parte da lona direto em Jean, que, com um berro, despertou, acordando também os outros. Um erro de amador, como ele disse mentalmente para si.


- Mas que merda! – Exclamou Teodor, enquanto tentava sair daquele monte de pano que prendia seu corpo contra a terra. Quanto mais se mexia, mais preso ficava. Se conseguisse sair, poderia correr entre a mata. A escuridão o favoreceria, ele conhecia as partes mais obscuras da floresta, poderia despistá-los facilmente.
- O que houve? – Berrou Tim com uma voz paranóica.

Ele saiu de sua cabana ao mesmo tempo em que Lucius saia da dele. A de Jean a essa altura desabara completamente. Teodor levantava-se, olhando temeroso para os dois, e correu desabaladamente, pendurando a bolsa de sua vítima precariamente no ombro. As suas costas, Jean afastava o monte de pano que a impedia de sair correndo e derrubar o ladrãozinho.

Teodor ainda não saíra da clareira quando Tim, com sua surpreendente capacidade física, o alcançou e com um chute bem calculado nas canelas finas do rapaz, o derrubou. Ele levantou-se rapidamente, sem ser apanhado por Tim e parou na frente do grupo.


- E-e-esperem! – Balbuciou Teodor, amedrontado. Ele nunca houvera sido surpreendido durante seus furtos, e não sabia como agir. - Vamos decidir isso numa batalha de Pokémon! Para viajarem por aqui, vocês devem ser treinadores, não precisamos ser agressivos...
- Não precisamos? Não precisamos uma ova! – Berrou Tim, adiantando-se aos demais. Ele fechara o punho, e levantava a mão na altura do ombro.

O rosto de Tim atingia um tom de vermelho muito intenso. As veias do pescoço dele latejavam de fúria. Ele andava em direção ao garoto, contando os passos. Cada passo que ele dava era carregado por uma fúria incompreendida por Jean e Lucius, que arregalavam os olhos com a reação exagerada do amigo. Ele tremia da cabeça até a ponta dos pés.

- Não p-precisa disso, Tim... Calma... – Disse Lucius, amedrontado. Ele segurou Tim pelo antebraço.
- Se nós te derrotarmos, você nos leva até a entrada de Pewter. Basta que um de nós te vença. Se todos perdermos, você pode sair. – Disse Jean eficientemente.
- Deixá-lo sair? Isso que não, Jean! – Contestou Tim, desvencilhando-se de Lucius, avançando lentamente até o garoto.
- Olhe bem para ele. – Respondeu Jean rapidamente. – Raquítico e com essas roupas detonadas... Deve morar aqui na floresta e viver de pequenos furtos.
- Isso mesmo! – Exclamou sinceramente Teodor.
- Cala a boca que o papo não é com você! – Cortou Jean, olhando Teodor agressivamente.
- Nada justifica roubar. Eu aceito essas condições – Disse Tim entre os dentes. Ele baixou o braço e pegou uma pokébola de dentro do bolso. – mas essa batalha é minha.

Lucius levantou uma sobrancelha e afastou-se de Tim, abrindo espaço para que o campo de batalha se formasse, surpreso com a reação tão atípica do garoto, sendo imitado por Jean.

Tim libertou Larvitar, que, confuso, olhou para o céu, percebendo que já era madrugada. Virou-se para seu treinador, e o olhar de raiva o fez perceber que iam batalhar. Não sabia por que ele estava daquele jeito, e nem queria entender. Só sabia que ele finalmente era o treinador que ele queria.

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Clique aqui para ler (e posteriormente, comentar) minha fic. Com isso, meu e-pênis cresce, e eu agradeço.
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Mensagem por Guraena Qui 5 Jan 2012 - 1:30

Ótimo capítulo ! Adorei msm ... a narração , o modo como vc deixou essa história envolvente ... meus parabéns !
Estou esperando ansiosamente pelo próximo capítulo Very Happy

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Mensagem por Leandro Damião Sáb 4 Fev 2012 - 21:52

Um comentário somente! Acontece...

@Guraena

Segue a continuação, então =) Um mês depois, exatamente, hehe. A narração ainda vai evoluir. Não está como eu quero, e nem perto de como pretendo chegar algum dia, mas ela já mostra evolução nesse cap! E a história tende a melhorar, uma vez que, em breve, detalhes a respeito da história do Tim serão revelados.

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Capítulo Quatro: Escalada e Queda




Tim não chegara a olhar para seu comandado. Ele sempre pensara que nada justificava o roubo, nada. Nem mesmo a própria sobrevivência, ainda que isso fosse mais aceitável. O ladrão também o encarava, mas seus olhos revelavam um constrangimento ao qual ele não era acostumado. Ele sacou a Pokébola do bolso da calça rota e pressionou o botão da esfera.

O raio vermelho projetou a forma de um Pokémon pequeno e laranja. Suas costas sustentavam dois pequenos cogumelos. A parte de trás do corpo movia-se com o auxílio de duas pequenas e frágeis patas, enquanto duas garras eram acopladas à parte da frente. A estranha aparência do Pokémon se completava com uma boca com pequenos dentes saltados. Ele parecia meio constrangido, assim como seu treinador. Olhava para todos os lados, como se na verdade não quisesse estar no local.

Lucius imediatamente pegou sua Pokedex para registrar o Pokémon, ato emulado por Tim, mas exclamou alto ao comparar o exemplar que iria lutar com a ilustração contida no aparelho: parecia muito machucado. Numa análise mais cuidadosa, ele viu muitas cicatrizes no corpo do Pokémon, e que suas garras pareciam mais gastas, também. Ele cutucou Jean, que acenou tediosa e positivamente com a cabeça, como se durante sua jornada ela estivesse acostumada a ver esse tipo de coisa. Estava claro que o Paras era muito mais experiente que o Larvitar.


- É a nossa hora, Larvitar. Não vou ser piedoso hoje, vamos dar a lição que eles merecem. Essa luta será até o fim. – A voz do garoto era baixa, mas clara. Larvitar apenas assentiu em retribuição, agitando as mãos.
- Bom... Paras, ponha esse cara pra dormir!

O caranguejo começou a se mexer incomodamente, e seus cogumelos inchavam à medida que sua estranha dança aumentava de velocidade, e então, os cogumelos começaram a expelir esporos, todos eles voando surpreendentemente velozes na direção de Larvitar, que começou a soprá-los energeticamente, sem sucesso.

- Sandstorm agora, Larvitar! – Exclamou Tim.

Tão ágil quanto o oponente, Larvitar começou a movimentar seus braços, e a tempestade de areia surgiu. Os esporos que outrora se moviam como uma única nuvem, agora se dispersavam com a areia. Tim sorria: sua estratégia dera certo. Larvitar virou-se para ele, ligeiramente impressionado com o fato de Tim agir como um treinador de verdade.

- Isso complica um pouco a nossa vida, não é? Vamos esperá-lo... Não acho que ele tenha algum ataque de longo alcance.

Tim socou o ar, contrariado. Isso era verdade, mas Larvitar podia enxergar razoavelmente bem no meio da tempestade, enquanto Paras não conseguia ter uma visão decente de qualquer coisa a mais de um palmo de distância de seu rosto. Ele movia-se apressadamente, mudando a direção do rosto para não ser surpreendido.

- Agora Larvitar, Bite!

Larvitar avançou no meio da imensa nuvem de areia, que girava e batia insistentemente na pele do Pokémon, que nada sentia. Mesmo que tivesse a visão melhor do que a de seu oponente no campo coberto pela tempestade, Larvitar tinha a sua dificultada, e avançava rápido, mas cauteloso. Ele conseguiu atacar o caranguejo por trás, mordendo a parte de cima de seu corpo, evitando contato com os cogumelos.

Paras guinchou de dor e tentou repelir o Larvitar, que grudara em suas costas insistentemente, sem retirar suas presas do corpo dele. Ele revidava, tentando acertar com suas pinças no rosto do oponente, mas Larvitar estava longe, Paras golpeava apenas o ar.


- Não seja burro Paras! – Exclamou aborrecido Teodor. – Use o Poisonpowder nele!
- Larga ele agora Larvitar, teremos mais tempo pra acabar com essa luta! – Replicou Tim urgentemente.

Paras novamente começou a se sacudir, e seus cogumelos novamente incharam. O estranho movimento deu tempo para Larvitar afastar-se o suficiente, e a nuvem de esporos roxos se dissipou rapidamente no ar, sem conseguir envenenar nada.

- Pela frente, Larvitar! – Imperou Tim – Ai não tem esporo pra atingir!

Larvitar pôs-se a correr novamente, agora mais decidido, certo da posição do inimigo, escancarando suas afiadas presas.

- Leech Life, Paras!

Então, imitando Larvitar, o Paras abriu sua estranha dentição, e aproveitando a corrida de Larvitar, os fincou precisamente no pescoço dele. Larvitar debatia-se, incapaz de usar um ataque que replicasse imediatamente Paras, sem conseguir mordê-lo com a eficácia necessária. E então, pela primeira vez, Tim viu Larvitar fazer algo que ele nunca imaginara: seu Pokémon berrara de dor, e uma idéia encheu sua cabeça.

- Larvitar... – Falou Tim em voz baixa. Jean e Lucius se entreolharam, o garoto já sacando a Pokébola que continha Murkrow. - ...use o Screech! – Completou, triunfante.

Fazendo a única coisa que poderia com a boca livre, o Pokémon berrou com todas as forças que podia. Não era mais aquele berro de dor, mas sim algo estridente, agudo. O som demorava alguns segundos para parar de se propagar, o que aumentava ainda mais a confusão do oponente. O Paras imediatamente o soltou, tonteando. Recuou alguns passos de olhos fechados, sem se recuperar de seu atordoamento.

- Aproveita Larvitar, pela frente de novo! – Incentivou Tim.
- Não, não! Use o Scratch!

O Paras começou a arranhar cegamente tudo o que tinha pela frente, acumulando muita areia e pó nas garras. A tempestade, entretanto, começava a diminuir a intensidade, e o caranguejo começava a discernir com eficácia as formas de seu oponente. O chifre formou-se logo a sua frente, aonde suas presas não atacavam, e a boca materializou-se, praticamente encostando-se à parte superior de Paras. Com uma mordida ruidosa, Larvitar ferrou suas presas na pele de Paras, e ele gritou de dor, movendo as presas enfurecidamente, acertando o Pokémon de Tim no peito. Ele se afastou, arfando de dor, olhando colericamente para aquele pequeno inseto laranja.

Agora, pensou Larvitar, finalmente eu e Tim funcionamos como uma equipe, compartilhando os mesmos pensamentos... Não podemos começar perdendo! Ele bradou seu nome por várias vezes. Precisava chamar a atenção de Tim, para que ele percebesse que, independentemente do que acontecesse, eles deveriam ir até o fim nessa luta.

Tim hesitou por um instante, a primeira vez na luta. Seu Pokémon estaria desistindo da batalha? Ele agitava os bracinhos, e berrava enraivecido, como se acabasse de ter toda sua família assassinada à sua frente, e então, assim como Larvitar, ele entendeu que essa era a real estréia dos dois como parceiros. Agora ambos estavam dispostos a ir até a última conseqüência, e assim seria. Tomado por uma excitação que ele não sentia desde que conhecera os guardas Javed e Simon, ele exclamou:


- Vamos usar o Sandstorm novamente, Larvitar! – Ele entoou firmemente o vamos, como se aquilo fosse um aviso de que ele agora entendia que os dois tinham os mesmos princípios.

O costumeiro ritual de fazer subir a areia recomeçou. Paras mexia-se apreensivamente, recebendo ordens de seu treinador. Enquanto a areia tomava conta do local mais uma vez, o crustáceo abrigou-se atrás de uma árvore, evitando o contato da areia com seus olhos, e disparou muitas nuvens arroxeadas no furacão de terra. Desta vez, as formações eram muito maiores do que as que o Pokémon usara anteriormente, e vinham em seqüência, desaparecendo com mais lentidão no meio do inferno arenoso.

O rosto de Teodor se contraía em uma expressão pensativa, como se fizesse força para tirar algo do fundo da mente. Ele não conseguia pensar em como ganhar essa batalha. O Sandstorm bloqueava com uma eficácia impressionante seu principal ponto de estratégias, que sempre o salvava dos perigos na floresta. Com o Spore e o Poisonpowder anulados, o Paras não possuía grandes táticas, afinal, sobravam apenas suas garras e dentes. Ficar sem ser atacado, entretanto, dava tempo ao Paras.



- Agora Larvitar, desloque-se aleatoriamente pela tempestade e use o Screech seguidamente!
- Paras, ouça bem o que tenho pra dizer! – O Pokémon virou-se atentamente para seu treinador, enquanto o Larvitar corria pelo campo. – Toda sua força com os esporos, concentre-a e lance a maior nuvem que puder, ponha esse cara pra dormir! Agora, faça!

Era notória a força que Paras empregava na tarefa. Seu rosto enchia-se de dobraduras, provenientes das contrações que ele realizava na cara, tamanha era a quantidade de esporos que ele guardava nos cogumelos. Então, como se decidisse atrapalhar a concentração dele, o ar encheu-se de gritos estridentes, cada um oriundo de uma direção, misturando-se, e, em pouco tempo, indistinguíveis.

Paras contorcia a face ainda mais, focalizando toda a energia que possuía nos esporos e nos cogumelos, que tremiam. Ele utilizava toda sua força de vontade, e claramente não conseguiria segurar por muito mais tempo. Os treinadores, então, exclamaram ao mesmo tempo:


- Agora, pra finalizar! Use o Bite!
- Spore, Paras!

O caranguejo não dançou, não agitou as pinças. Apenas estremeceu, e liberou uma imensa nuvem verde foi expelida dos cogumelos. Ela era muito diferente das anteriores. Paras sumia atrás dela, enquanto ela avançava lentamente, já tremelicando perante a força da tempestade de areia. Mesmo com a limitada visão, Paras viu. Larvitar avançava com ferocidade em direção a grande nuvem, que agora tremia ainda mais. Ela se rompeu, espalhando seus esporos por toda a tempestade, perdendo-se entre os grãos de areia e poeira.

Larvitar corria, cheio de determinação. Sabia que as defesas de Paras estavam abaladas por seu Screech, e se somado ao grande esforço que o oponente realizara ao carregar esse imenso Spore, a batalha podia acabar agora. O Pokémon afastava com brutalidade a areia a sua frente. Abriu a boca e mordeu no mesmo local que anteriormente, retirando os dentes rapidamente. O Paras gritou e caiu inconsciente. A tempestade de areia cessou instantaneamente. Com o oponente jogado aos seus pés, Larvitar urrou de felicidade. Virou-se para Tim, encarando-o. Ele ergueu o braço enquanto o garoto dirigia-se até ele.

Tim bateu de leve no braço de Larvitar, sorrindo. Afagou a cabeça de seu Pokémon rapidamente, e o chamou de volta para a Pokébola. Estava terminado, finalmente vencera uma batalha. Entretanto, ele logo se lembrou do porque da batalha. Avançou contra Teodor à passos largos, irado. Jean e Lucius apressaram-se à ir em sua direção, mas não o alcançaram a tempo. Tim segurou Teodor pela gola de sua camiseta esfarrapada, inclinou a cabeça para trás e deferiu uma potente cabeçada no garoto, que tonteou e caiu para trás, no mesmo instante em que Jean e Lucius o seguravam pelas axilas. A força do garoto era tão grande que eles quase não conseguiam segurá-lo.


- Me soltem! Eu vou partir a cara dele no meio! – Ele debatia-se, enquanto seus amigos o seguravam firmemente.
- Para cara! Ele vai nos levar até a saída da floresta! Chega! – Lucius pressionava ainda mais o próprio braço nas axilas de Tim, impedindo-o de partir pra cima do garoto maltrapilho.

O garoto parou de fazer força, e soltou-se. Jean aproximou-se de Teodor, estendendo-lhe a mão. Ele agarrou o braço dela e levantou-se, alavancado pela garota.

- Então eu vou ter que ajudar vocês, não é? – Indagou Teodor, como se fosse começar a dar ordens.
- É, vai sim. Diga seu nome, agora. – Mandou Jean, cortando o rapaz.
- Me chamo Teodor, e vocês, como se cha...
- Muito prazer, Teodor. – Cortou ela, irritada. - Agora, vamos dormir. Você e mais alguém vai ficar para fora da barraca. Amanhã será a vez de outra dupla passar a noite acordada.
- Certo rainha da Pokejornada, você que sabe... – Resmungou Lucius, contrariado. O garoto agachou-se para entrar na barraca quando sentiu uma mão puxá-lo pela gola da camiseta.
- Acho que você fica acordado com o ladrãozinho, Lucius. – Ela tirou o tronco de Lucius para fora da barraca. – E trate de não reclamar.


[X]


A claridade que penetrava a cabana indicava que já era hora de acordar. Jean levantou-se preguiçosamente. Uma semana e três dias já haviam se passado desde a entrada do grupo na Floresta e do encontro com Teodor. O ladrão na verdade não era tão mal quanto parecia. A verdade é que ele roubava pela necessidade. Era um adolescente normal – inclusive bonito, pensou Jean – que conversava com os outros, com os mesmos tipos de gírias e com as mesmas brincadeiras. Com pesar, a garota pensou, também, que a Liga Pokémon já estaria chegando ao seu desfecho, e que as lutas semi-finais aconteceriam dentro de algumas horas. Olhou para o relógio, que indicava 9:38hs. Definitivamente, hora de levantar.


- ‘dia garotos... – Cumprimentou ela sonolentamente.

Lucius acenou distraidamente, com um pedaço de banana na boca. Ela procurou pelos outros, mas não os viu. Aquela manhã estava particularmente silenciosa sem os outros dois por perto, e ela não gostava disso.

- Aonde foram aqueles dois? A idéia era caminhar já pela manhã e chegar à Pewter! – Aborreceu-se a garota.
- Ah Jean, sem ataque. – Lucius revirou os olhos, incomodado. – O Tim foi ajudar o Teodor a juntar umas Berries pra quando ele ficar sozinho na floresta.
- Depois daquele ataque de raiva do primeiro dia... Até que eles estão bem amiguinhos, pra saírem catando Berries por aqui...
- Tá sentindo falta do Teodor, é? – Tim sorriu zombeteiro, olhando a amiga. Jean respirou fundo e respondeu, calma e sinceramente.
- É óbvio que não estou sentindo falta dele. Só o achei bonito, certo? – Lucius abriu a boca para responder, mas ela o cortou. – Não tenho culpa se você é feio e tenho que olhar para ele. – O garoto fechou a cara na mesma hora.


Já passava das 15:00hs quando o grupo avistou o topo dos mais altos prédios de Pewter. Boa parte da floresta ficara para trás, e a animação tomara conta do grupo que há dois dias não presenciava nada digno de nota. Lucius capturara um Pidgey um dia depois do encontro dos garotos com Teodor, e treinava seus Pokémons diariamente, sempre que estavam parados para descansar ou para comer, preferindo fazer as refeições enquanto andavam. O garoto ainda venceu três treinadores que eles encontraram pelo caminho, todos novatos vindos originalmente de Pallet.

O sol forte batia arduamente na pele dos quatro. Jean evitava o contato com o sol, andando sempre à sombra das árvores, enquanto procurava por algum Pokémon raro. Andar por essa floresta era, na realidade, uma perda de tempo. Seus Pokémons já estavam bem evoluídos, apesar de não serem suficientemente fortes para vencer uma competição do tamanho da Liga Pokémon. Não tinha como treinar nessa floresta apinhada de Pokémons nos níveis iniciais, e seus companheiros não propiciavam duelos muito interessantes.


- Jean – Chamou Lucius, despertando a garota de seus pensamentos. – porque você não treina seus Pokémons? Aperfeiçoar os ataques, você sabe, essas coisas.
- Ah... – Ele está lendo meus pensamentos? – É uma idéia...

Tim pensava nessa última semana. Ele muitas vezes acompanhava os treinamentos de Lucius, inclusive presenciando a captura do Pidgey, que planejava tudo o que seu Pokémon tinha que fazer. Desde seqüências de ataques a movimentos de escape. Já ele não planejara nada a respeito de treinamento e tampouco capturara um Pokémon. Lembrar que ele iniciara sua viagem completamente despreparado e sem nem ter idéia de como era a vida de um treinador só reforçava o pensamento de que independente do tempo que houvesse preparado a fuga, ela fora mal armada. Ele e Larvitar haviam batalhado com alguns Pokémons, mas não se comparava ao treinamento que Lucius realizava com Murkrow e Pidgey. Decidido, ele disse:

- Quer ajuda, Jean? Eu também preciso treinar, e acho que o Larvitar ia gostar de estar acompanhado por Pokémons mais fortes.
- Isso é uma tentativa de ficar a sós comigo, Tim? – Jean olhou maliciosamente para Tim. Falava pausadamente, provocando o garoto.
- Aaah... N-n-não é nada d-d-disso! – Gaguejou Tim, ruborizando na mesma hora.
- Eu sei que não! – Jean riu, indo até Tim e dando um tapinha nas costas do garoto. – É muito engraçado te ver envergonhado, Tim. E podemos treinar um dia desses.

A caminhada agora se tornava um pouco ingrata. A temperatura aumentara consideravelmente, e a água acabara há algum tempo. O calor era tão intenso que Tim e Lucius resolveram tirar as camisetas, o primeiro chamando a atenção de Jean. Tim ainda pensava sobre seus novos métodos de treino, pensando em como poderia maximizar o poder de Larvitar, quando percebeu passar pelo mesmo local de cinco minutos atrás.

- Teodor, acho que já passamos por aqui. – Alertou Tim.
- Já, é? – Indagou fracamente Teodor, escapando do olhar de Tim, mirando interessadamente a copa das árvores.
- Pois é... Eu também tive essa impressão. – Adicionou Jean, desconfiada, aproximando-se de Teodor
- Acho que é só impressão de vocês. – Disse Teodor.
- Impressão? – Indignou-se Jean. – Na realidade, nós já passamos umas dez vezes por esse lugar!
- Ah, certo... Na verdade, eu não queria me separar de vocês. É só isso. – Teodor falou rapidamente, incomodado com o assunto.
- Não acho que seja uma boa idéia, Teodor. – Falou Tim, perturbado. – Definitivamente, não. Teríamos que gastar mais dinheiro em suprimentos, perderíamos mais tempo nas viagens. Todos precisam visitar os ginásios, seja para batalhar com os líderes, seja para pegar as insígnias, como no caso da Jean. Cada um tem o seu objetivo. – E o meu, pensou Tim, te impede de seguir conosco.
- Tim, isso não vai nos atrapalhar tanto, sinceramente. – Replicou Jean. – Ainda mais quanto a atrasar. Seria útil ter um companheiro que saiba se movimentar em florestas!
- Verdade. Não fosse pelo Teodor, nós talvez ainda estivéssemos no meio da floresta. – Concordou Lucius, acenando positivamente com a cabeça.
- Esqueceram como o conhecemos? Ele estava tentando nos roubar! – Exclamou Tim, alterando-se.

A atmosfera do local imediatamente pesou. Jean, que abriu a boca para falar, parou. Ela olhava escandalizada para Tim. Lucius a acompanhava, enquanto Teodor olhava para baixo, mais uma vez constrangido.

- Ele provou ser digno de nossa confiança. – Respondeu friamente Jean. – Pegou pesado.

Tim baixou a cabeça e seguiu andando. Sabia que tinha sido grosso, mas pelo menos eles haviam entendido a mensagem. Ele não aceitaria mais uma pessoa no grupo. Mesmo que inicialmente ele tivesse a vontade de quebrar todos os ossos do corpo de Teodor, acabara se afeiçoando ao amigo, talvez até mais do que Jean e Lucius. Contudo, ele não podia se dar ao luxo de colocar outra vida em perigo.

Já se passara algum tempo desde a pequena discussão entre o grupo, mas Tim permanecia imerso naqueles pensamentos, e então, ele percebeu um Pokémon os espreitando, encarapitado num galho. Mesmo com a visão encoberta por folhas e outros galhos, o garoto conseguira identificá-lo como sendo da mesma espécie do novo Pokémon do time de Lucius: um Pidgey. A floresta até agora se mostrara carente de diversidade em tipos, abrigando muitos insetos. O Pidgey capturado por Lucius fora uma exceção.


- Esperem. – Falou Tim. – Aquele Pokémon ali – Tim apontou para o galho – é um Pidgey também, não?
- É, é sim. – Respondeu Lucius distraidamente.
- Parece mesmo. – Adicionou Jean. – Vai capturá-lo?
- É uma boa idéia. Não entendo muito de criação de Pokémon, posso aprender com o Lucius.
- Porque como você sabe, sou excelente no trato dos meus Pokémons. – Gabou-se Lucius. Irritada, Jean cortou.
- Vai ter que aprender muita coisa pra poder se gabar. Melhor ficar quieto.

Tim já não prestava mais atenção. Já libertara Larvitar da Pokébola. O Pokémon cumprimentou o treinador com o olhar e virou-se rapidamente, procurando o adversário ou oponente.

- Ali, Larvitar. – Ele apontou novamente, indicando o galho em que o pássaro repousava. – Preciso que agite a árvore, aí ele vai sair e nós lutamos. Vai!

Larvitar bateu os braços um contra o outro, e disparou contra a árvore. Usando o impulso da corrida, empurrou a grande nogueira, agitando inclusive os galhos mais altos da árvore. O pássaro, incomodado, desceu num vôo rasante, passando muito perto da cabeça de Larvitar, que se distanciou da árvore. A ave pousou a alguma distância de Larvitar, à vista de todos.

Tim percebeu que estava enganado. De fato, a ave assemelhava-se com Pidgey, mas não o suficiente para ser confundida com um. A penugem era muito mais escura, se comparada ao Pokémon de Lucius. O bico, embora do mesmo tamanho, possuía um formato diferente. Uma juba marrom preenchia o pescoço do Pokémon, e, ao contrário de Pidgey, suas patas apresentavam três garras. Os olhos expressavam incomodação, como se o monstrinho tivesse sido acordado de sua sesta diária. Ele escavou o chão, provocando Larvitar.


- É um Spearow, Tim. – Explicou Jean. – São combatentes chatinhos, não se entregam fácil. Boa sorte.

Ele sacou a Pokédex, analisando-os. A informação era a mesma que Jean lhe dera: eram combatentes muito aguerridos, que não desistiam nunca da luta. Uma nota dizia que um Spearow irritado é um dos piores oponentes que um treinador iniciante poderia ter. Tim fez um sinal de positivo com o polegar, e Larvitar posicionou-se, pronto para lutar.

- Oponente difícil, Larvitar. Bem mais forte que os que enfrentamos nessa última semana. – Ele olhou para Larvitar, tentando identificar algum sinal de abatimento ou receio. Encontrou apenas mais entusiasmo. – Bom, pra você, quanto mais forte o oponente, melhor.


[X]


- Vocês ainda não pegaram o garoto? – Exclamou do outro lado da linha a voz que Annalisa tanto respeitava.
- Não, senhor. – Respondeu sem emoção alguma Annalisa. – Acredito que ele ainda não chegou ao Monte Lua. Geert me alertou da possibilidade da fonte estar equivocada. Penso em montar guarda por mais duas ou três semanas.
- É muito tempo. Quero garantias. – Treplicou gelidamente o homem.
- Vou caçá-lo pessoalmente caso ele não passe por aqui. Por minha conta. – Annalisa não hesitou. Confiava plenamente em Geert. Desde que começara a trabalhar na equipe dele, nunca uma missão houvera sido mal sucedida. Ele não iria errar. Não agora. A voz do outro lado da linha hesitou.
- Certo. É uma garantia razoável. Boa sorte.
- Obrigada.

Annalisa desligou o telefone. Agora era só capturar a criança.
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Mensagem por Bakujirou Qua 8 Fev 2012 - 22:53

Acabei de ler o chapter 3. Confesso que não lembrei direito dos nomes dos characters, mas conforme avançava na leitura, já ia me recordando...

Estava pontuada de várias cenas, tanto de um leve pastelão que o protagonista passou, quanto nas cenas dramáticas. O chapter 3 revela um pouco, das motivações do tal homem que está caçando o protagonista a qualquer custo. EM breve, lerei o chapter 4.

Muito me contento em saber que tem uns 11 a 12 chapters pra serem postados, mas espero, mesmo sinceramente, que eles venham mesmo a serem publicados por aqui. Bom, boa sorte champs e não precisa nem encurtar os chapters, não vejo necessidade pra tal. Está de bom tamanho, aliás, excelente. Talvez, pra um chapter mais corrido ou com mais scenes do que a deste, talvez possa precisar. Só talvez... Enfim, boa sorte!
Edit By Pepe Akemi: Fic sem atividade mais de um mês, trancada se quiser voltar com ela, contate um Fan Fic Moderador para abri-la

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