PDM #Maio 2013 - Votações

Rodrigo [...] tinha pele branca e pálida, corpo com músculos sobressalentes, olhos azuis cintilantes cheios de significados indecifráveis e cabelos negros que se assomavam à negritude do interior do casebre. [...] Deitado, fitava o teto em ruína como se procurasse alguma ideia perdida, que teimava em fugir e se esconder.

Uma lágrima escapou de meus olhos e desceu por minha face, delineando meus traços com forma de dores, de revoltas, de alegrias e de sonhos. Delineando todo meu ser. Seria eu somente mais um no meio deste mar de monstros inumanos?

Não, o que eu fizera não fora justo em hipótese alguma. Mas eu tinha uma razão para fazê-lo independente de sua justiça. Ou também seria injusto eu usar de todos meus atributos e das poucas oportunidades que a vida me fornecia para buscar uma nova realidade a mim e aos que estão ao meu redor?

Morrer... A possibilidade de morrer trespassava meu coração, e meus olhos vagavam ao redor, procurando não sei o quê. O que viria depois? Seria céu, inferno, o nada, sofrimento ou descanso. Unir-se à natureza... é, bem poético. Dar adeus à vida. À este pensamento, busquei a vontade de despedir-me do viver nos recônditos mais secretos da minha mente, mas parecia ser um desejo que ainda me escapava.

Nohara [...], também com uma pele muito branca, mas magérrimo, com traços ligeiramente mais elegantes, cabelos pretos que desciam até os ombros, os olhos de uma escuridão tal que se confundiam com as pupilas. A armação de seus óculos complementava com perfeição sua própria face. Sua expressão era soturna.

Nohara apenas abaixou a cabeça e fechou os olhos, respirando com lentidão. Aquela falta de som, aquela mudez total dos argumentos e das sensações, que sugeria tão fortemente a incapacidade que eles tinham de obter uma solução sensata, reverberou com estrondo nos ouvidos de Nohara. Sua cabeça começou a doer.