[Gameplay] Second Wind

Em um beco escuro as seis da manhã, sons de soluço e choro eram abafados pelo som de uma caixinha de musica que ecoava no local.


"...então você também toca música?"

"Vai ser dificil dormir hoje... não que eu precise dormir de qualquer jeito."

"Minhas mãos ainda tão tremendo... eu já sabia que todo mundo ia ser regenerado no fim, mas mesmo assim foi uma sensação estranha."

"..."

"...uh...phone... eu não consigo lembrar seu nome."

"Uhm... que tal... Injection Fairy, Lily?"

"...porque você injeta coisas... e você voa, igual uma fada."

"...é o nome de uma carta num jogo também."

"..."

Paro a musica da minha shadow, esfrego meu rosto e espero um pouco pra diminuir a vermelhidão, provavelmente é ainda mais rapido agora que sou essa tal coisa, Undead.


- Já tá amanhecendo... é melhor eu começar a me mover antes que não dê mais tempo.

Fico perambulando pelo bairro, ocasionalmente voando quando ninguém ta olhando, procurando por alguém que fosse conveniente pra oque eu quero.

- então o menino com a arma deu um tiro na direção do outro! e a irmãzona foi falar com o irmãozão... - Aiko estava sentada na frente da cadeira de balanço da avó, que escutava imóvel.

a casa cheirava a gente velha e incenso, Aiko se levanta e abraça sua vózinha.



- ei, vovó, eu vou caçar besouros! - ela sai correndo enquanto pega sua rede de caçar insetos, derrubando algumas caixas de remédio no chão, ela as chuta com inocência e corre para o quintal verdejante.



as costas de sua vó se dobram, fazendo com que sua cabeça bata contra seus joelhos.

黒沼 響  (Kuronuma Hibiki)
Sexta Feira, 24 de Março de 2017, cidade de Tokinomiya, 12:25pm



A primeira manhã depois de acordar daquele pesadelo, ou melhor dizendo, daquele jogo. Certamente é uma experiência diferente, sentir pela primeira vez o quanto estava perdendo durante estes 14 anos de minha vida, é milagroso de certa forma, sentir que o chuveiro está quente demais, que as toalhas estão frias demais para uma noite de março, e o quanto minha cama é macia, não era apenas dor que não sentia, era como se eu estivesse envolto por uma grossa carapaça este tempo todo, tudo era fraco e sem graça.

Dizer que minha visão de mundo se alterou após este incidente nem começa a explicar o quanto tudo está diferente, agora que sinto que até os abraços de minha mãe são apertados demais. Porém não acho certo contar para eles deste milagre ainda, afinal de acordo com Ai, não estou mais vivo, isso seria difícil de explicar. De qualquer forma, tenho sexta feiras, sábados e domingos livres para reflexão ou estudo pessoal sem a presença de um tutor, antes eu me mantinha próximo da mansão ou apenas ia para o pé dos morros atrás dela, mas agora um Hibiki novo estava para sair de casa, um Hibiki que não tinha mais medo de descer alguns quarteirões para ver a cidade, precisamente 10, um bom número em um caminho no qual apenas 6 eram em uma subida.

Meus pais ainda estavam em casa neste horário, meu pai saía para trabalhar precisamente as 13:50, já minha mãe fazia questão de estar para fora de casa as 14:00 em ponto, trivial, porém algo que notei por passar tanto tempo em casa. Não ir para a escola local tinha suas vantagens, eu sabia sobre a rotina da minha casa em quase todas as horas desde as 08:00am, o horário em que meus pais acordam, até as 19:00, quando chegam em casa juntos, mesmo checando o progresso de empresas diferentes em pontos diferentes da cidade.

De qualquer forma, eu estava vestido e pronto para sair pela porta quando fui interrompido por minha mãe, atravessando o hall indo em direção a sala de seu piano, obviamente seguida por meu pai, que adorava á ouvir tocar


"Ara? Hibiki, indo passear?"


"Sim, querida mãe, decidi refletir um pouco ao ar livre"


"Fico feliz que pense assim enquanto tão jovem, Hibiki. Tente voltar antes do sol se por, entendido?"


"Entendido, querido pai!"


"Haha, eu queria ter sido como você quando criança."


"Agora, com licensa e até mais tarde!"


"Até mais tarde, queridinho!"

Falando francamente, esta jornada para a cidade é um tipo de reflexão, uma perspectiva nova. As vezes considero que falo formalmente demais com meus pais, mas eu sou realmente grato a eles e a partir de hoje, talvez a este mundo todo.

Olhando para trás, eu vejo a mansão onde moro. de certa forma modesta e antiga, comparada a outras casas neste mesmo bairro, é de certa forma interessante ver quão pouco o cenário mudou comparado a foto de casamento de meus pais. A foto, tão inesquecível quanto a sensação de ser atigindo e esmagado noite passada, a primeira vez que senti dor.


Residência Kuronuma, 5 de Junho de 1997

Do outro lado da rua vejo a pomposa mansão daqueles estrangeiros, se me lembro bem o sobrenome é Lindwurm, um pesadelo de se pronunciar até para mim que tem um tutor de inglês, meu hábito de resmungar deve ter vindo dele. Descendo as 6 ruas ingrimes e andando pelas 4 quadras planas eu sinto pela primeira vez uma sensação um tanto ardente em minhas pernas. nada que eu não possa superar e continuar andando, meu fôlego ainda não é o de um idoso asmático. Mas jovem ou Velho, ver a cidade agora era como olhar para algo completamente novo, eu já estive aqui antes, como agora, carregando este celular que meu pai me deu marcando minha localização em seu computador, não tenho nada a temer já que não vou a nenhum lugar perigoso. Agora, para onde será que vou? talvez o relógio central? parece um bom lugar para sentir a grama e quem sabe até conhecer como é a picada de um mosquito, eu penso, mas ao mesmo tempo não accredito que estou ansioso para conhecer novas dores.

— Hush. Eu não sei como você conseguiu esse poder... Eu não sei o porque de você estar fazendo essa loucura toda... Mas pelo visto, você realmente é um demônio. 



O rapaz de cabelos prateados apontou Hunter para o líder.





— Eu realmente não me importo com o seu julgamento, Bash. Até acho hipócrita, mas não me importo. 





— Vocês... Me traíram. Vocês me mataram. Roubaram meu dinheiro. Vocês mataram a minha família. 





— Te matamos? Que porra cê tá falando, brother?! Você está aqui, não está?! 





— Não passamos a sua família. Isso foi trabalho da Fallen Star. Além do mais... Você matou a sua família.





— Mas se o assunto é grana... Eu posso te arrumar. Eu sempre te arrumei, não é? A gente sempre esteve junto. 





— Você... Eu lembro de você fazendo o acordo com a Fallen Star. Eu lembro de você estar com a porra do taco de baseball acertando meu crânio diversas vezes... Depois disso... Meus irmãos... Meu dinheiro...





— Vocês arrancaram tudo de mim. Tudo que eu tinha. Tudo que eu lutei para construir e proteger.





— Você sabe... Você sabe! Eu matei meu pai pra protegê-los... Eu obedeci você para protegê-los...





— Hush, Hush, Hush...







— Você não fez nada do que fez para protegê-los. Tu fez isso só por você, brother. Só por você. Eu te conheço desde que você era um pirralho pela saco. Você sabe que eu não mentiria para você... E não. Você deve ter tido alguma badtrip de cocaína pra inventar essa de que eu o matei... Não. 




— Eu não vejo porque mentir agora. Você destruiu tudo que nós construímos. A Zona da Fé está em ruínas. Você obviamente vai me matar agora, e se você não me matar... Eu terei que matá-lo. Não tem mais outra escolha, brother. 





— Eu admito, fizemos um acordo com a Fallen Star, mas eu te protegi. Eles mataram a sua família e roubaram o seu dinheiro, mas eu te protegi. Ninguém te matou cara. Eu posso repor sua grana, mas a tua família... Brother, você que causou isso. Você os enfureceu. Você estuprou a Nex. Eu te perdoo por isso, mas porra brother... Tua família teve que pagar. 





—... Eu... Não... A... Estuprei...





—... Eu... Não... Estou... Mentindo. 





—... Como... Você tem coragem... De mentir assim para mim?!





— Porra...





— Eu não to ligado como... Você conseguiu esse poder de fogo. Mas brother, você deve ter fumado crack pra falar tanta merda. Porra! Você está aqui agora. Ninguém encostou em ti, brother. Eu estou falando a verdade.





— Eu não estou mentindo. Eu estou fazendo meu papel de homem pra ficar aqui na tua frente e tirar a porra da satisfação que tu merece. Eu estou enfrentando a porra da morte e já a aceitei há muito tempo. 





— To te falando, bro-





— Me chame de "brother" mais uma vez, seu filho de uma puta, que eu atiro em ti sem pensar duas vezes.





—... Ok. Não precisa acabar com isso tão rápido assim. Vamos trocar uma ideia. 





— Escute... Eu sei... Eu sei. O que eu fiz foi imperdoável. Mas porra... O que tu vai ganhar com isso? Tu matou inocentes. Pessoas que sofreram como nois. 





—... Eu não preciso ganhar nada em troca. 





— Depois de eu te matar aqui, irei caçar Nex e teu moleque. Você irá ver do inferno o que eu irei fazer com eles. 





—... Você tem razão. Tudo que eu fiz... Não foi por ninguém. Foi por mim. Eu gosto do poder. Gosto de ser temido. E bom, agora eu sou mais poderoso e temido do que nunca. Eu sou algo além do que vocês, humanos, jamais vão conseguir ser. 





— E é por isso que eu fiz o que fiz. Não quero nada em troca. Só quero ver vocês... Mortos. Se afogando no próprio medo até o coração explodir em desespero. 




— E vou me contorcer de prazer ao ver aquela puta mentirosa da Nex... Se debatendo desesperada tentando salvar o moleque de vocês. Eu juro... Eu juro pela minha honra, que eu farei questão de fazê-lo sofrer a um ponto que ele se arrependa do dia em que ele desejou existir. Eu vou torturá-lo de formas inimagináveis. Quebrarei os limites da crueldade humana. Farei com que o próprio Diabo tenha medo de me receber no inferno, e feche os portões quando eu descer para lá. 





— Eu... Vou... Matar... A... Sua... Mulher... E... Seu... Filho... De... Maneira... BEM... Dolorosa... 





— Meça as tuas palavras, brot-



Hush dispara um tiro com Hunter no ombro de Bash, rompendo os ossos e fazendo com que o braço dele voe longe. O sangue jorra de maneira assustadora, fazendo com que o ex-líder de Hazzard caia de joelhos no chão, em agonia. 





— V-V-V-Você... V-Vai... Pagar por isso... Eu juro... Eu te amaldiçoo... Seu... Seu... Seu b-bastardo...



Hush se aproxima com passos lentos até ficar bem na frente de um Bash ajoelhado e vulnerável. Ele encosta a boca de Hunter na testa do miserável homem.





— F o d a - s e. 



Um tiro. A cabeça de Bash explode, respingando sangue nos trajes do Undead, além de marcar seu rosto com o líquido rubro. 

Bash estava morto. 


Hush adentra mais o quartel para os aposentos de Nex e seu filho, porém, ao chegar no local, ele consegue escutar o som de uma moto dando partida. Em uma tentativa desesperada de impedir que o inevitavel acontecesse, ele atira em uma das paredes, fazendo com que os tijolos saíam voando. Pela força do impacto do tiro, ele conseguiu ver a moto caindo de lado com o piloto e o passageiro. 





— Você é doente, Hush! Deixe-nos em paz!


Nex apontou uma pistola em sua direção e atirou. Hush facilmente desviou ao dar um passo para trás e girando o corpo em 180 graus. 

Hush olhou para o filho de Nex e Bash. Ele paralisou. 





— Cadê o papai, mãe? Ele falou que iria com a gente... 


A criança segurava a mão de sua mãe, da mesma forma que Juliet segurava as mãos de Grappler. A inocência de seus olhos era... Algo que destacava-o de um ambiente pós-apocalíptico. Hush ficou sem reação, paralisado. 





— Ele irá nos encontrar... Outro dia... Tape os ouvidos, meu doce. 



Nex apontou a pistola para que o tiro acertasse o crânio de Hush e assim disparou. O undead não se moveu, e antes que a bala o acertasse, Hunter deslizou de seu braço e serviu como escudo, bloqueando a bala antes que ela o acertasse. 

Nex se assustou com a criatura, mas deu partida na moto e aproveitou do momento para acelerá-la, rapidamente saindo do campo de visão de Hush. 

Eles haviam escapado. 




...







....





...




....





...








—... Nex. 





—...










—...






—...........







—.....Mmph... Mpnhahahah.....







— HAHAHAHAHAH! 








—... Eu vou caçar você. 

- ...ali!

Aponto pra um ponto atrás do cara. Antes que ele possa virar, faço Lily quebrar a lâmpada de um poste e ficar fazendo barulhos estranhos do alto, pra destrair ele.


- Mai qui carai?

Levemente coloco a mão no bolso do cara e tiro a carteira dele, rapidamente pegando a maioria do dinheiro ali, deixando só um pouco pra caso ele tenha que pegar algum taxi ou coisa do tipo. Taco a carteira no chão, logo ao lado do pé do cara, me agarro na minha shadow e dou o fora, parando o barulho e silenciosamente voando pro canto antes que esse maluco aí perceba.


- ...

Checando quanto eu peguei, esse cara andava com uma quantidade bem retardada de dinheiro no bolso, 10.000 Ienes, e nem era tudo que ele tinha na carteira, provavelmente nem é tanta coisa assim pra ele... bem, não importa. Mesmo que eu não precise comer, isso é algo que eu posso fazer só por prazer mesmo, é hora de passar em alguma loja de conveniências por aí pra pegar umas coisas.

Após ter pilotado pela cidade, Kazuo finalmente vê algo que chamou totalmente sua atenção. Com um pensamento rápido, ele passa em frente aquela confusão toda e chega até a barreira dos policiais, descendo assim de Tantruder, retirando seu capacete e revelando seu rosto que estava estampado com uma expressão de preocupação e medo, indo em direção aos policiais assim que apoiou o pezinho de sua moto no chão.



- O que diabos está acontecendo aqui?! O que houve com esse lugar?! O que houve com a minha irmã?!?!?! Deixe-me passar, eu preciso saber se minha irmã está bem!!!

Que não existia. Apesar de tudo, Kazuo também era um bom ator, tendo que enganar facções de tempos em tempos para sobreviver. Ele não tinha nenhum conhecido naquele lugar, porém haviam muitas indicações de que aquilo não era um atentado criminoso... Não um normal.
O guarda parecia se assustar um pouco com a reação do jovem, pois além do modo como ele chegou, o guarda parecia não ter ideia do que estava acontecendo no local, estando tão confuso quanto Kazuo.



- O bairro de Kasodani e Inubashiri estão bloquados devido a uma emergencia, sentimos muito mas por sua segurança não podemos deixar civis passarem.

- Droga... Droga! Espere... Talvez ela ainda esteja na escola! Ainda há esperanças! Obrigado seu guarda, tenha um bom dia!

Kazuo rapidamente sobe em sua moto mas continua a olhar para aquele tumulto. Ele encara aquela marca desconhecida por alguns segundos para crava-la em sua memroia. Apos ter memorizado aquele desenho, o o rapaz segue na mesma direção de onde tinha vindo, pois lembrava que perto dali tinha um grande prédio comercial que permitia acesso ao terraço. Ele não conseguia tirar aquele bairro da cabeça. Até aonde ele lembrava, Inubashiri era um bairro aonde alguns punks costumavam se encontrar para brigas, inclusive era o QG de uma das gangues que Kazuo já chegou a confrontar... De qualquer jeito, tirar conclusões precipitadas não era algo que ele fazia, então ele decidiu apenas esquecer a ideia.



Assim que chegou em frente ao local, ele freiou bruscamente deixando um rastro do pneu no chão e estacionou sua Tantruder em frente ao edifício, ligando o alarme que incrivelmente tinha um barulho muito fofo. Ele entrou rapidamente no prédio e pegou o elevador para o terraço, aonde felizmente não tinha ninguém por causa do horário. Ainda com sua mochila nas costas, ele sobe a cerca que bloqueava as bordas do edifício. Em pé no suporte da cerca, ele mexe um pouco em sua bolsa, como se estivesse procurando algo.


- Finalmente, chegou a hora de usar a minha ferramenta suprema, o mais forte gadget de todos os punks... Me dê a visão além do alcance!!!

Exclamou ele com todo o orgulho, até que finalmente retirou o acessório da bolsa.

- BIGGY BIGGY ZOOM!

Era um binóculo, mas não era um binóculo qualquer. Isso mesmo. Era um acessório poderosíssimo que esbanjava força, que aumentava ainda mais devido a grande estampa das meninas super-poderosas em todos os cantos do objeto. Com o binóculo em mãos (que foi obviamente roubado de sua irmã), ele se posicionava de um jeito que podia ver aqueles bairros com seu acessório, visando entender o motivo pelo qual os policiais estavam bloqueando o caminho.