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Cinza

Percebo agora
que vejo nada. Mente vazia
oficina do capeta. Minha mente
esta vazia. Pensando loucuras
0000,0000,0000

Sinto falta do doce verão
Verão beijo
Molhado, fiquei molhado

Mas agora estou seco
estou cinza
estou cansado
estou com saudade de último verão
estou sem tesão

0000,0000
Se no quadrado
Pequeno cubículo [assim]
E isso acaba comigo
Leitura tira a tortura
Mas
Não leio o tempo todo

Quente verão molhado
Tratado, agora
Desconjuntado
Vejo um mundo cinza
Numa indecisão já decidida

Estou preferindo uma morte morrida
A viver nesse eterno
Mundo cinza

Rosário

Rosto rosado
Pequeno
Acuado
Perdido em longos cabelos
Faz-me
Ascender pra teu coração
E acender o que foi apagado
Dentro de mim.

Se posso chegar a lugares
Que nunca cheguei
Não quero ser seu estorvo
Não quero ser a pilha que faz seu relógio rodar
Quero ser o ponteiro que faz acontecer
Simples assim.

“Se odiamos a distancia, como amaremos a distancia?”
O que um copo
Meio cheio
Ou meio vazio
Faz com o espaço preenchido
Por quem outrora, era dona do meu destino.

O que um copo
Meio cheio
Ou meio vazio
Que pretendo preencher com você.
Mas não sei que tipo de pessoa é.
É aquela que prefere rezar ao rosário do destino
Ou ser simples
E passar por uma chuva melancólica
Comigo.

maçã de aurora

Sentado na escada assisto a luz
Bater numa mecha branca,
Mas ao mesmo tempo também me lembro que pus
Minha vida em sua inocência franca.

Decidido de que a quero
Pereço em minhas duvidas sobre amanhã.
Meu coração é diplomático como Nero
Mas minha mente não esta sã.

Se metros de distancia fazem saudades
Quero que a aproximação gere a solução,
Já que vi em outras idades
O amor sumir da minha mão.

Canto confuso
Difuso.
Penso disperso
Leso.

Não quero ser
Uma simples maçã que cai na aurora.
Mas,como  outrora
Quero viver um grande amor.

@Rush:
Fico feliz que ao menos alguém ainda lê esses poemas. Meus amigos andam dizendo que virei a personificação de melancolia, se estou conseguindo que as pessoas que leem os poemas sintam o que eu sinto, meu trabalho esta feito. Obrigado pelo comment.

Relações de Lealdade

Em devaneios antes de uma ideia
Que insiste que vou partir logo
Percebo que me fez sair da inércia
E acendeu de novo meu fogo.

Talvez seja mais uma idéia retardada
Fruto daquela melancolia que me insegura
Meu coração esta com hora datada
A lealdade em seu nome me segura.

Insisto em viver somente pelo nosso dia
Não pode ser demorado, mas se não tivesse
Que falta ele nos faria.

Saindo de uma melancolia cinza, e do ócio
Levanto-me como um fóssil
Que belo romance daria.

Isaura século XXI

Existe uma aura
Invisível
Quem dera você ser a Isaura
E virar uma escrava do amor, sendo temível

a ponto, de no ponto, pular os mundos
querer viver uma dança.
Mas triste seria, se os imundos
Quisessem acabar com a nossa criança.

Filho pródigo de amor errado
Não ando te pedindo para escolher lado
Mas somente que olhe envolta do ambiente.

Deixei cair pedras para poder levantar rochas
Tentando não ligar para o que via, mas era como tochas
Precisamente, te via no acento vazio do ônibus, carente.

Gotas de Vinho

pode parecer impuro
de minha parte
mas a arte
é como o meu mundo.
I
Persegui com meus olhos
Seu roupão de cor azul bebê
Seus olhos cheios de “até logos”
Mas eu só queria ficar com você.

E sua mão desceu, e desceu
Por uma das alças do vestido
Pude ver seus seios, belos como o céu
Cabia na minha mão, boca
- me sentia destruído.

II
E então foi sua calcinha
Devagar, descendo, mostrando o mais belo que havia
E linha por linha
Vejo que beleza você seria.

III
Eu acordo desse sonho melancólico
Babado, mas não tinha você lá
Não sentia seus seios
Não via, ou sentia, ou pegava, ou colocava no seu ventre
Mas entre
Todas as expectativa
Só queria você ali
Ao contrario do vinho.

cara, eu curti esse seu último poema. na terceira estrofe eu pensei que o cara fosse um assasino olhando um corpo "E linha por linha vejo que beleza você seria." bem, o final não foi uma grande surpresa, acho que seria legal ter deixado mais, hm, distorcido o que tava acontecendo nas outras estrofes? tipo pra dar uma "dica" de que não era real. enfim, um bom poema, continue assim que acho que passo aqui noutro dia.

@Miss: Thx pelo comentário, e fico feliz que tenha gostado do último poema. Eu tentei escrever sobre algo erótico, mas sem perder a vibe que me faz escrever coisas normais. Distorcer a realidade é algo que eu estou tentando melhorar ainda -q

Visão sobre Fobia

vejo o sol
num horizonte se apagando
e pensando
“se um dia
- um rumo eu tomasse na minha vida.”

I – Fobia de rotina
bah, o asfalto
me deixa alto
numa inclusão que vejo
do meu lado
uma rebelde sem causa
jogando reclamações ao vento

mas por um momento
paro e sento
e falo sobre a náusea
que é
a rotina

II - Fobia de alegria
se me chamam
de depressão
digo só que sou o contrário da alegria
e talvez
você riria
se visse as merdas
que ser feliz trás

até pois
é sendo alegre
que se fica
triste

III – Epílogo de repetições
é andando
e conjugando
as cores do sol ao horizonte
me sinto um pouco vintage
e gravando as coisas
do jeito que vejo

a bunda bonita da mulher na moto
a árvore morta no meio do trajeto
uma flecha que passa reto
cortando o nosso vento

mas quem diria
que um dia eu pediria
um rumo

pois em contexto
me sinto vago
nessa vida vaga

Submarinos e hortênsias

Translúcido
o ácido que uso
te transforma
e modela a forma
em que te vejo em um longo rolo de filme.

Seja azul
amarelo, e um pouco de laranja, ou seria um verde
seu sorriso corre como num submarino
um rolo de filme anos setenta, oitenta
seus olhos são como um hino
que permeiam o vinho
em que estou submerso.

Pequenas mensagens
datilografadas
mas autografadas
pelo tempo.
Tem um sol
um mar ao fundo
eu gritando para o mundo
tu andando de ré, com os pés na areia molhada
e aquela olhada
para ver se não caia.

Na mão uma folha de papel
na outra, essência de Hortência
ou talvez seria uma câmera
que gravava os momentos
lentos
em cores, em movimento.

Com aquela música de fundo
eu vejo tudo como no submarino
mas tem pequenos detalhes que distorcem a realidade

a idade
a meticulosidade do seu sorriso
(caso interessante esse)
os cabelos que eram a escuridão mais brilhante
em toda a praia

e no final, a velha frase
“você não queria vir né?”

gato de rua ( quando se prova a verdadeira lealdade, isso me entristece. )

visão que permeia
na veia da solidão
sou um gato de rua
procurando na lua
a luz da escuridão.

minha pele queima
estou com a vida cheia
sinto o sangue na veia
de um amor falso
de uma vida avulsa.

eles eram grandes, protetores
agora são falsos, amadores
dançam no inferno por metro quadrado
cresçam na vida por inteiro
por pecados indolores

me vejo melancólica
maior mesmo que a dor de cólica
minhas patas em sangue, é simbólica
a dor que sinto, mas em que vejo
o meu desenrolar

se sou um animal, não sei
um gato, talvez
mas fui ingênuo a confiar em meus amores
talvez o autor esteja se corroendo
por algo que ele tanto pediu
o acontecer ser diferente do que ele esta lendo.

as vezes é legal mudar um pouco e deixar a poesia de lado
roar

Longos cabelos se entrosavam com o vento. Numa praça bem ambientada, vários bancos, árvores frondosas e admiráveis, uma grama reluzente, e o por de um sol que em outra época seria melancólico, se não estivesse adequado a tal situação. Os longos cabelos negros eram de uma pessoa triste que vi andando por lá. Meu trajeto se resumiu em apenas quatro passos, até parar e olhar para os olhos dela. Oh, aquela velha sabia conversar! Fiquei horas falando sobre minha vida, e sobre livros ( que são a minha vida ) e como novos elementos, pessoas, que estavam se adequando a ela.

A pele já estava enrugada pelo tempo, mas ainda estava bonita. Beleza não se perde com o tempo. Levantei-me e segui em frente, precisava fazer minhas entregas habituais. Carregava no braço uma caixa de papelão com vários itens de porcelana dentro. Andei, e andei mais um pouco, até chegar à casa de um velho, que se sentava na calçada de casa, numa cadeira simples. Eu entreguei a caixa com os itens de porcelana, e ele chamou por uma mulher. E ela veio mais habitual do que sempre. Sem ter ao menos um passo decadente, simplesmente flutuando sobre as bordas dos olhos.

Com o por de sol dela, isso talvez soasse violento de mais, porém, eu queria que aquela visão, que é como uma pancada na minha realidade se repetisse várias, e várias vezes, por todo o tempo, todas as vezes que eu fosse entregar aquela caixa, com anjinhos de porcelana.