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Mensagem por ~DayTime Ter 20 Nov 2012 - 15:26

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~Blábláblá antes de iniciar

Olha te dizer que demorei uns dois meses pra escrever o prologo dessa fanfic porque eu achava que ia ficar tão lixoso que seria uma vexame pra mim. Sim,eu ainda acho que essa história ainda ficará um lixo pelo meu pequeno problema de querer terminar um capítulo, prologo, epílogo, de uma só vez e acabo pecando na descrição. E também nos erros (deixo tudo pro Word, ou seja, reclame com ele). Mas né todo pecado pode ser perdoado (ACEITE JESUS EM SEU CORAÇÃO) e eu escrevo por diversão. Sabe, escrever é bom quando você não tem nada pra fazer e foi exatamente isso que eu pensei. Podem meter o pau nisso. Mas metam o pau com educação né não vai com "FIC LISHO HETORIA MAIS LISHO AIMDA VOLTA P CREXE KDE SEU PAI VENDO UM LISHO DESSE P LHE DA UNS TABEFE" porque isso não estimula nem um pouco. Ah e eu tenho uma mania de escrever escutando música (que ajuda muito dependendo da música) e no começo de cada capítulo eu coloco um trecho da música que eu estava ouvindo - ou pensando - enquanto estava fazendo o capítulo. Ela pode não ter nada haver com o capitulo, mas né, mania é mania. Dito isso...

~Agradecimentos
Spoiler:

~ Sinopse básica
Spoiler:


Indice dos Capitulos
Prologo - Vultos de Motim (nesse post)
Uma Visita de Bestas



-- xx --



Prologo
Vultos de incredulidade
ou
Motim de incerteza
Vultos de motim


“If I could find a way to see this straight
I'd run away
To some fortune that I should have found by now
I'm waiting for this cough syrup to come down
Come down”


O ano era 2017. Na verdade as pessoas, nessa época não faziam mais questão de contar em que ano estavam. Para todos, tudo foi resumido nos Anos de Subversão e Conspiração como os jornais e revistas sensacionalistas venderam. Não há explicações óbvias sobre o porquê de eles terem abnegado há contar os dias. Segundo alguns, quando aquilo finalmente terminasse, tudo deveria ser apagado da história, tudo aquilo seria recomeçado. Nossos filhos iriam saber todo o horror e quanto sangue foi derramado para eles estarem ali a partir dos livros e só. O ser humano é um ser estúpido, um ser completamente desorientado e alienado de seus ideais e de sua fé. Esses ideais e essa fé que manchou toda a história do mundo com corpos mortos, sangue e vítimas. Veja, o ser humano chega a ponto de matar o próximo só para expandir sua ideologia, expandir seu domínio sobre o outro. Chega a aniquilar dezenas de pessoas só para mostrar que é superior e também para mostrar que aquelas vidas, elas valem menos que umas moedas. Chega a matar milhões só porque eles não concordam com suas ideias, seus conceitos, sua fé - que cegam tanto um homem – a ponto de fazer uma verdadeira chacina sem piedade.
Apesar dos anos não serem mais contados, ainda prezam pelo calendário. Sim, eles necessitavam – tanto governo tanto rebeldes – para planejarem seus ataques. Ataques que até então não haviam ocorrido. Mesmo o governo tendo dado aviso para toda a nação que não mediria esforços para acabar com aquela ameaça. E mesmo a “ameaça” (no caso os revolucionários) tendo surrupiado a programação da principal rede de televisão e rádio informando que iriam lutar até o fim e anunciando que estavam prontos para qualquer tipo de investida. Uma guerra ideológica surgiu de repente. Movimento no jornal, tensão nas ruas. Era isso que podia se ver no rosto das pessoas, tenebrosas sobre os dias de guerras que provavelmente iriam vir. Tenebrosas de não saberem o que iria acontecer. Certa vez, um boato de que os rebeldes iriam fazer um ataque à cidade durante a noite alarmou a todos. O comércio fechou as portas. As pessoas também. O medo assolou as ruas e as casas daqueles que rezavam para seus deuses. Era muito difícil ver uma alma viva na rua, quiçá um carro. Se realmente existia alguém vagabundeando eram os que não tinham um lugar pra chamar de casa. Em todos havia um olhar de preocupação, de inquietação. Era o medo de dormir hoje e não mais acordar amanhã. Medo de sua casa ser invadida por homens que matariam você, sua esposa ou marido, e levariam sua filha ou filho. Mas, tudo – felizmente – não passou de um boato. O máximo que ocorreu foram dois tiros para o alto sabe-se lá se foi feito pelos rebeldes ou pelo governo.

Mas porque essa guerra? Porque tudo isso? Por quê?

Todo esse motim começou quando Christian Parker, dono de um jornal esquerdista, noticiou que o governo secretamente estava fazendo experiência com humanos. Experiências que segundo ele “tornariam humanos máquinas letais e fome insaciável por morte”. Sim, as pessoas de início não creram, mas Christian conseguiu persuadir a todos. Era realmente uma história plausível. A cada edição de jornal ele trazia uma informação mais convincente que a outra. Relatos de pessoas. Fotos que segundo ele eram de dentro da base onde tais coisas eram feitas. O governo estava criando humanos geneticamente modificados com DNA de diferentes animais. Foram apelidados de bestas, mutações, ou humanos transmutados. A história cada vez mais ia ganhando força até chegar ao ouvido dos homens de terno e gravata que logo negaram todas as acusações. Mas Christian queria desmascará-los e quando viu, estava sendo líder de um movimento contra o governo. E cada vez mais pessoas iam aderindo a sua ideia. Na internet – quando ela ainda não era pesadamente censurada – relatos de mais pessoas que haviam visto humanos diferentes pelo país. Uma guerra, da noite para o dia, havia sido instaurada. Bombardeio de denúncias por ambas as partes. Christian Parker tinha seu braço direito, Josef Lynch, porém houve divergências entre os dois. As partes que eram duas, agora se dividiam em três. O governo, os rebeldes de Christian e os rebeldes de Josef – que eram considerados traidores -. O foco que era antes uma denúncia sobre humanos usados em experiências agora tinha virado uma guerra sobre qual ideologia era a correta (apesar de os rebeldes, de Christian e de Josef, baterem sempre nessa tecla). Ainda não haviam acontecido ataques, nem confrontos. Nem as tais bestas haviam dado às caras.

Ainda.



Última edição por ~DayTime em Qua 21 Nov 2012 - 19:02, editado 2 vez(es) (Motivo da edição : Consertando um erro na seção ~Blábláblá...)

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Mensagem por Black~ Ter 20 Nov 2012 - 20:08

Posso te dizer que por pior que esteja o prólogo, nós estamos aqui pra ajudar. Bom, a história parece ser interessante, sobre rebeldia, pseudo-ditadura e talz, você escreve bem, não vi nenhum erro de ortografia. Mas vi algumas repetições das palavras, o que deixou de certa forma um pouco feio. Mas enfim, é só e boa sorte com a fic.

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Mensagem por ~Yui Ter 20 Nov 2012 - 20:31

Isto é o que eu chamo de Prólogo! Você escreveu maravilhosamente, colocando cada palavrinha no local correto para deixar o capítulo perfeito. Você descreveu tudo muito bem! As guerras, os rebeldes, o governo, tudo! Eu não conseguia tirar os olhos da tela do computador enquanto lia este Prólogo! Espero sinceramente que você não desista dessa fanfic, você tem talento!

Espero anciosamente pelo próximo capítulo! Boa sorte com sua fanfic,
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Mensagem por ~DayTime Qua 21 Nov 2012 - 18:38

Respostas aos comentários
Spoiler:

Capítulo novo, um dia depois do prologo, por motivos que ficarei ausente por uns dois~três dias. Espero que curtam. Devo ter pecado um pouco na descrição, mas né ninguém é perfeito.

-- xx --

Capítulo 01
Uma visita de proporções inesperadas
ou
“Os bestas que creem nas bestas”
Uma visita de bestas


In many ways
They'll miss the good old days
Someday, someday
Yeah, it hurts to say
But I want you to stay
Sometimes, sometimes


Eu chutava as pequenas pedras tentando encontrar nelas um modo de fugir de um assunto que importunava minha cabeça. Eu não gosto de lembra-lo. De certo, eu não gosto nem de mim, quiçá dos outros. Eu estava com sono, o dia não tinha sido dos melhores, só queria chegar a minha casa, me esticar no sofá e dormir ali mesmo. A iluminação daquela via não era das melhores, apenas dois postes emitiam luzes anêmicas, quase a ponto desse extinguir.
Não sei que horas são, mas a rua está completamente vazia, exceto por dois pirralhos que brincavam com bola e alguns homens bebendo num bar travestido de casa para não chamar a atenção das autoridades. Proibiram as bebidas alcoólicas faz alguns meses por motivos não muito bem explicados. Diziam que os homens que se preocupavam em beber em tempos daqueles eram tolos, idiotas, sem medo da morte. Apesar disso, os donos de restaurantes, botecos e bares zombaram da proibição e vendiam ilegalmente. Normalmente, só faziam tal venda lá pelas dez horas até a meia noite. Então presumi que deveria ser dez da noite e alguns minutos.
Franzi a testa ao ouvir um barulho de sirene. Policia? Nesse bairro? Deviam ter denunciado o bar e agora o dono e seus funcionários iriam pra cadeia onde teriam seus dedos e mãos cortados para não mais servirem bebidas. Os homens seriam levados e receberiam uma grande surra quando chegassem à delegacia. Depois eram liberados.
Mas não era polícia. Não se sabe de onde vinha ou quem estava fazendo aquele barulho. Foi até que, emitido por um microfone alarmante, uma voz de criança disse:

“Toque de Recolher. Quem ficar na rua passa noite na prisão. Quem sair sem autorização tem alvará para morrer”.

Ri de tão tolo que era. Foi o suficiente para assustar os dois moleques que largaram a bola e se trancafiaram em casa. Os homens, assim com eu, riram despretensiosamente. A voz era aguda, típica daqueles meninos mimados, irritante e se tornava mais ainda no microfone. Provavelmente fez isso para pregar uma peça nos outros meninos que correram.
Depois dessa distração volto meu pensamento em outra coisa. Se forem dez da noite, então havia uma chance da programação da tevê está sendo surrupiada nesse momento para exibir os programas dos rebeldes, tanto de Christian tanto de Josef. No início era apenas três minutos, mas como Josef se desmembrou de Christian agora passou há serem seis minutos. Fora que depois que eles transmitiam esses programas havia um longo tempo em que a programação ficava inativa, apenas uma tela negra.
Apressei o passo e passei pela entrada do bar para ver se o tal programa estava acontecendo. O bar não era dos melhores estabelecimentos. Tinha algumas mesas de plásticos com cadeiras do mesmo material dispostas desordenadamente. As paredes com um amarelo encardido só pioravam a beleza do lugar. O chão de azulejos brancos, mas que estavam tão sujos, que a cor era cinza. No fundo havia um balcão onde se dispunha as bebidas e alguns petiscos. A televisão de catorze polegadas acoplada quase no teto dava um desconforto para assistir. Sim, falando sobre a televisão os rebeldes havia surrupiado e exibiam seu programa. Eram sobre revolucionários de Christian. Tudo tinha um jeito de alienação, de manipular as pessoas, lavar seus cérebros. Fiquei parado na entrada no bar por alguns instantes vendo a televisão mostrando imagens de “luta, perseverança e paz”. Das três pessoas que estavam sentados na mesinha saboreando um chopp, dois eu conhecia de vista e roupa, enquanto o outro nunca havia dado as caras por aqui. Talvez seja novo morador, tenha alugado um apartamento no prédio onde eu morava. Tal homem me encarou durante todo o tempo em que fiquei estático, parecendo procurar algo em mim, alguma prova, algum indício. Parecia querer ver todos os meus detalhes e pregá-los em sua mente para não esquece-los – da cor dos meus cabelos até meu modo de andar -. Sua aparência não ajudava muito. Tinha por volta de 50 anos com várias cicatrizes no rosto. As rugas denegriam seus cabelos loiros, lisos e muito bem arrumados. Seus olhos negros não tinham vida, eram sem brilho, sem vivacidade. As mãos, que saíam pela camisa manga longas de cor branca, eram peludas e tremiam ao segurar o copo de cerveja. Tinha princípio de calvície, mas alguém só notaria isso se o observasse bem. Sua perna direita balançava incessantemente como um sinal de inquietação. Por um minuto achei que ele iria me assaltar assim que eu desse as costas. Depois encontrei desculpas para ele não fazer, já que tinha dois homens por perto e poderia paralisa-lo. Ou os dois homens estavam junto com ele, pois pela conversa, tinha uma intimidade um tanto grande. Falando em conversa, um dos homens explanava o seu rancor político pelos revolucionários.

- Olha aí esses idiotas roubando o sinal da televisão para mostrar suas besteiras. Os bestas quem creem nas bestas. – falou com um tom um tanto enfurecido.

“Os bestas quem creem nas bestas“ repeti mentalmente a última frase. Poderia ser usada pelos fanáticos do governo. Ou como título de um jornal com intenção de difamar os rebeldes. A criatividade do ser humano é surpreendente.
O outro homem só exaltou o comentário do amigo. Então, pediram a opinião daquele que fixava o olhar em mim e segurava o copo com as duas mãos com tamanha força que tinha trincado um pouco do vidro. Sua opinião foi dada com um riso irônico, como se dissesse que não sabiam a verdade. Calaram-se. Decidi tomar rumo para a minha casa, que ficava no fim daquela rua sem saída. O homem novamente me observou sair. Pude escutar o restinho da conversa.

- Já vai meu caro Terry? Não se ouviu ainda nem a décima primeira badalada do relógio. – disse um deles, a qual eu não consegui identificar qual era pela voz. Por toda essa frase um tanto formal, ilógica para os dias de hoje deveria ter sido o homem que falou “Os bestas quem creem nas bestas“. Ele tinha pinta de ser escritor, jornalista, algo assim. Deve ser metido com política.

- Sim. Acabei de lembrar que tenho que encontrar um velho amigo. Que nem é tão velho assim.

Aquela frase me deu um arrepio. Tentei encontrar mais motivos para que ele não estivesse tratando de mim, fosse só mais um velho maluco obcecado por gente. Senti uma pontada, mas continuei andando sem parar ou olhar pra atrás. Era aterrorizante aquela sensação de não saber o que vai acontecer. Há um minuto eu estava preocupado em chegar em casa e dormir. Agora preocupo com a minha vida. Não, ele não deve ser um maníaco. Talvez essa seja a sensação daquelas pessoas que foram avisadas que os rebeldes atacariam sua cidade de noite.
Cheguei à portaria do prédio. Falei com um porteiro e com voz e rosto sonolento permitiu minha entrada. Usava um boné azul mar que impedia ver seu rosto. Mas se bem me lembro tinha vinte e três anos, porte físico forte e era bem humorado. Cabelos negros e boca fina. Não lembro mais do que isso apesar do meu pequeno esforço. Entro no prédio. Sentia-me seguro. Deu-me então uma súbita coragem de olhar para trás, vislumbrar a rua e vislumbrar o tal do Terry. Olhei. Não o vi. Apenas o bar continuava aberto com os dois homens. Agradeci a Deus. Era tudo ilusão da minha mente. Assim espero. Adentro no prédio, tomo o elevador para o terceiro andar e entro no meu apartamento, no final do corredor.

- xx –

Estava deitado, completamente esticado no sofá como havia imaginado. Tateio o sofá em busca do controle remoto e o encontro, escondido entre as beiras. Ligo a televisão. Demora um pouco pra ligar e nessa hora penso na escola. Hoje, na chata aula de redação, com uma professora que se pudesse usaria da palmatória para nos instruir, tivemos que nos descrever fisicamente. Sabe, eu tinha um jeito de escritor, gostava muito de escrever no computador, mas não postava nada na internet – claro, com toda a sua censura imposta pelo governo se eu escrevesse a palavra “esquerdista” poderia ser preso - e duas meninas já vieram com o papo para eu faze faculdade de Jornalismo ou Letras. Eu nem sei que faculdade quero fazer, se é que vou fazer vestibular.
De qualquer modo, fechei os olhos e aos poucos fui recordando o texto que havia escrito. Não consegui recordar tudo, mas uma boa parte ficou fixa em minha mente.

“Meu nome é Peter William. Tenho 16 anos. Não sei onde nasci, nem sei quem foi minha parteira. Tenho olhos verdes, não tão verdes quanto à grama, mas parecido com o verde do arco-íris. Cabelos encaracolados difíceis de arrumar, castanhos – apesar de muitos generalizarem para marrom -. Tenho uma pequena cicatriz no canto da boca, não me pergunte o porquê, pois nem eu mesmo sei. Constituição física normal, apesar de crer que estou muito magro. Boca fina, nariz achatado e sobrancelhas do mesmo adjetivo que a boca. Com jeito para escritor. Ainda sem saber o que vou fazer da vida.”

Levei o texto e a professora me elogiou, mas cobrou mais de mim. Não dei atenção a ela. Continuava perdido no texto acrescentando, encurtando, retirando, alterando frases para uma melhor compreensão quando dei conta que algo roçava minhas pernas. Abri os olhos e vi – ainda deitado – que era meu gato, Firo. Estava acariciando minhas pernas e dando uns miados. Peguei ele há dois meses, com aparência horrível, cheios de hematomas e magro. Agora estava ai o siamês forte, bonito e alegre... roçando minhas pernas. Ele era meu alívio para a solidão. Dava tudo que podia e até o que não podia para ele. O amava tal qual devia amar uma mãe ou uma irmã.
Mãe. Irmã. A primeira me largou para viver de bebidas e jogos depois que o marido morreu pela polícia por motivos desconhecidos. A segunda me deixou às baratas quando eu tinha doze anos para tentar carreira musical. Hoje ela é uma cantora de sucesso, com shows, turnês e fãs, mas sempre entrega uma quantia em dinheiro para que me cale sobre o passado dela.
Abandonado pela minha família, sem um, nem qualquer tipo de piedade. Se não fosse Firo, a solidão já teria me enlouquecido. Não falava nem com os meus vizinhos. Na verdade, naquele andar que tinha oito apartamentos, apenas três estavam ocupados. O meu, um com uma família de judeus e outo com uma mulher que aparenta ter uns trinta anos. Dos oitenta apartamentos divididos no edifício de dez andares, menos da metade tinha gente morando. Isso pela onda de violência e pelos relatos de pessoas que afirmam que tinham visto bestas pela madrugada no bairro. Afastou as pessoas.
Os apartamentos também não eram grandes. Só dois vãos. No primeiro eu dispus o sofá, um rack para pôr a televisão, o videogame, o som, CDs e outras coisas. O sofá era como um divisor de um vão para outro. No outro estava à cozinha com um balcão onde estava a pia, fogão de quatro bocas e uma sanduicheira. Atrás do balcão havia um enorme armário onde eu colocava todos os suprimentos e uma geladeira. O espaço entre o balcão e o armário era de dois corpos. Claro havia uma porta para o banheiro.
Firo deu um choro e não me aguentei: retribui o carinho. Nesse momento sinto um barulho estranho vindo do lado de fora do prédio. Deve ser o vento eu penso. Volto a acariciar Firo que fecha os olhos, tamanha é sua satisfação. O barulho se intensifica. Não dou atenção novamente. Olho pra TV. A tela estava negra, o que indicava que os programas de Christian e Josef tinham acabado. Ótimo. Menos lixo para assistir.
Mais estranho que os dois barulhos, que pareciam pancadas como se alguém quisesse arrombar as paredes, foi à reação de Firo. Ele deixou de receber meu carinho para se esconder debaixo do móvel da televisão. Estava lá, acanhado com o longo rabo grosso envolvendo seu corpo. Dizem que os animais pressentem quando algo de ruim está por vir. Isso pode ser notado quando milhares de aves voam e afastam-se de um determinado lugar. Minutos depois, lá vem um tsunami arrastando casas, pessoas, móveis e tudo que tiver pela frente.
Com esse pretexto eu levanto do sofá. Não tive tempo de esbanjar nada. Junto com um terceiro barulho, a janela de vidro foi destroçada e levou consigo parte da parede. Eu protegi meus olhos e me agachei para minha pele não ser cortada pelo vidro. Mais impressionante do que uma parede sendo destruída era quem a destruiu. Num relance eu pude ver. Uma bizarrice. Um monstro. Algo que só deve existir no imaginário. Em outras palavras, uma besta. Metade homem, metade escorpião.
- Onde está a Ordem? Onde está o Anel da Ordem? Cadê ele, garoto? – disse numa voz grave, ríspida e gritando.

Eu não entendi e não tinha ideia do que ele estava falando. Eu só reparava que a parte metade homem dele era igual ao Terry, o homem que tinha posto o olho em mim e não tirado mais. Ainda não tinha explicações sobre o porquê de ele ter me observado, sobre o porquê dele ter invadido minha residência.

- Olha cara leva tudo de mim, eu não sei desse dessa merda de anel não. Mas não me mata, por favor! – falei quase sem voz, pondo as mãos na cabeça numa tentativa inútil de me proteger.

- Matar? Quem falou em matar? Você será mais útil pra mim vivo do que morto. E virá por bem ou por mal.

Eu já estava rezando para deuses que eu nem conhecia. Perguntas e afirmações rodeavam minha mente “O que ele quer de mim? Porque ele está atrás de mim? Porque ele me quer? Então Christian estava certo. O governo é um rol de mentiras.” Pensamentos distorcidos e desorganizados me cercavam. Foi então que uma voz feminina surgiu.

- Olha quem esta aí. Terry, arranjando problemas. E fazendo o serviço do modo mais barulhento possível. – Sua voz era completamente ao contrário do escorpião. Era doce, suave, dava gosto de ouvir.

- Não se meta onde não é chamada Clarie. Eu fui designado a fazer isso. Eu. – Ele deu ênfase ao “eu” enquanto eu continuava agachado – E não é porque você é uma vampira que eu lhe darei a chance de capturar um humano-besta!

Humano-besta? O que seria isso? Eu seria um desses? Mais perguntas. Pude ver Firo olhando para mim pedindo para eu resolver as coisas. Mas isso era algo além do que eu podia fazer algo de proporções inesperadas.

- Nesse caso chegamos a um impasse.

Nesse momento ela pulou em cima da besta escorpião. Eles iriam cair e amenizar a queda em cima de mim, mas eu dei um pulo e corri para trás do balcão e fiquei escondido, espreitando a briga. Não pude ver como era a tal vampira. Eles estavam se engalfinhando fazendo barulhos bizarros e gritos de dor. O estofado do sofá se foi. Entretanto, o homem era forte. Sua parte de escorpião parecia uma armadura, rígida e bem definida que se misturavam entre a cor marrom claro e escuro. Era uma carapuça.
A briga continuava e eu sei que eles não iriam se matar e nem continuar com aquilo por muito tempo. Eu queria correr, mas as pernas estavam paralisadas de medo. Tudo que fiz foi erguer meu corpo e vi a besta escorpião jogando a vampira pelo buraco que ele mesmo fez. Ela não iria mais o importunar. Seu corpo estava sem muitos ferimentos. Sua carapuça sem nenhum arranhão. Ele voltou seu olhar para mim.

- Então meu caro rapaz, é melhor você ir comigo. Você já sabe o que sou capaz de fazer.

Eu estava estático. Meu corpo todo tremia. Eu procurava uma saída, algum modo de fugir e não encontrava. Minhas mãos estavam no balcão segurando todo o peso do meu corpo. Coragem me faltava pra fazer algo.

- Eu não vou. Pode fazer o que quiser, mas eu não vou – As palavras saíram balbuciadas e iam me custar caro. Eu já estava conformado com minha morte. Seria enterrado como indigente isso se minha irmã não viesse dá as caras e revelar que tinha um irmão e vende ruma música em minha homenagem. Eu fechei os olhos – pela última vez talvez – pois vi o escorpião dando um pulo para acertar-me.

- xx –

Eu senti um impacto. Mas não, não tinha sido do ataque. Algo tinha me puxado tão forte que me contorci completamente. Eu estava pairando sobre alguma coisa. Espera. Eu estava pairando? Em alguma coisa? Eu morri? Quem sabe eu estava sendo levado por anjos – ou por demônios – para o céu – ou inferno -. Ou isso tudo não era um sonho. Não, era muito real para ser um sonho. Eu sentia o vento cortar minha face e esvoaçar meus cabelos. Um vento frio. Não era sonho. Ainda há a alternativa de eu estar morto quando eu abro meus olhos. É difícil abri-los, pois o vento me força a fechá-los. Eu não morri. Eu estava voando. Voando? Sim. Senti uma vertigem. Montado em algo peludo, com penas grossas e asas que creiam ser de um metro. Não nenhuma ave ou águia deve ter tamanhas asas. Se tiver, não deve suportar meu peso. A falta de luz atrapalhava eu ver maiores detalhes sobre o que eu estava sentado. Ou melhor, quem.
Por que ele teria me salvado? Não, aquela coisa em que estava montado não me salvou por eu estar em perigo e sim porque, estranhamente, eu sou importante. Então eu relembro a conversa bisonha do escorpião e enumero em tópicos:

Anel da Ordem
Humano-besta
Você é mais útil vivo do que morto


Essa coisa “me salvou” por causa desses tópicos. Ela salvou esses tópicos. Sem eles, eu estaria morto. Quer dizer, sem eles, nada disso teria acontecido. Essa coisa que “me salvou” não me quer bem, ela só me quer vivo. Eu fico pensando no que ela vai fazer. . Essa coisa que “me salvou” não se importa comigo, se importa com o que eu tenho a oferecer assim como aquele escorpião e a vampira. Essa coisa que “me salvou” tinha algo relacionado com aqueles outros dois.

Essa coisa que “me salvou” era uma besta.




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