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Mensagem por Kurosaki Lucas Ter 7 maio 2013 - 13:33

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❖ ÍNDICE
. Walk fast
. A babá
. Minhas sinceras ilusões



Walk fast

Cherryland era uma cidade de calmaria, brisas leves faziam as pequenas sementes de dentes-de-leão dançarem no ar, algumas folhas descoloridas lembravam o outono, embora estívessemos no inverno. Dizem, os mais antigos, eu não sei, que nem sempre foi assim. Cherryland já foi uma cidade importante, uma cidade agitada, mas ainda, dizem os mais novos, que os velhos são loucos. Uma coisa que nunca entendi foi o porque de uma cidade tão desenvolvida, ser assim, parada. Me sentia ligeiramente um estranho nessas terras. Mas bom, foi aqui que o pacote de 3 diárias foi reservada. Meu nome? Albert. Já estou há alguns dias andando pelo Oeste, mas essa é com certeza a cidade mais curiosa que já visitei. Assim que desembarquei na rodoviária, com mais outros 10 ou 12 passageiros, andei até o meu destino. O mapa do meu celular indicava que a pousada estava uns 2 kms de distância. E pasmém, passei por 3 manicômios, bem nem eu entendi. Os velhinhos mais 'comuns' vieram me cumprimentar, alguns estavam parados na cerca.

Ao chegar na pousada uma jovem e ríspida recepcionista , de cabelos negros presos com uma roupa colante, me encaminhou até o quarto que havia reservado, por sorte, dessa vez não tive que dividir com ninguém. Na verdade, até a pousada parecia fantasma. Notei que estava tudo muito bem arrumado e acomodado, deitei-me em uma das camas altas dos dois beliches que tinham ali e dormi durante a tarde inteira. Acordei, já fazia-se noite, procurei um relógio, mas não achei e meu celular tinha descarregado a bateria. Não haviam tomadas compátiveis com os pinos do meu carregador, a estrutura, apesar de bonita, parecia ser um pouco antiquada. Bem, resolvi descer até a recepção e me deparei com tudo vazio e a porta estava trancada para o acesso à rua. Procurei a recepcionista em outros quartos e notei que toda a pousada estava vazia, só havia eu de hóspede. É claro que é estranho, mas enfim resolvi voltar para o meu quarto e dormir.

Acordei com um susto, era ela me chamando. Perguntei seu nome, se chamava Rosanne, depois, com um pouco de timidez, questionei também a ela porque só tinha eu de hóspede e o porque de a portaria estava fechada na noite passada. Ela disse que está em baixa temporada, mas é claro que, mesmo em baixa temporada não é comum que apenas uma pessoa esteja hospedada em uma pousada enorme assim. Ela me disse que tinha ido embora porque achou que eu iria dormir por toda a noite e não imaginou que eu precisasse dela durante a madrugada. Bom, ao menos a recompensa foi boa, ganhei um café da manhã bem reforçado, bacons, ovos, suco de laranja, pão e creme de chocolate com avelã, tudo à vontade. O peixe morre pela boca. Resolvi conhecer um pouco mais a cidade, me pareceu curiosa, mas como sempre, nunca encontrava nada agitado. Fui à uma livraria, tomei um pouco de café forte e amargo. Conheci a única escola de lá, as crianças pareciam todas robóticas, poucas aquelas que eu vi esboçar um sinal de alegria. Não vi uma pessoa de aparência com idade circulando na cidade, fiquei curioso. Uma cidade de jovens com espírito de velhos. Uma coisa engraçada também que notei é que haviam algumas placas em determinados locais que indicavam: 'Ande rápido'. Não entendi, então como um bom desafiador andava vagarosamente quase parando e pela primeira vez uma velhinha apaiou-se na mureta e me cumprimentou e convidou para que eu entrasse no quarto manicômio que eu havia visto nessa cidade. Ela aparentava ter uns 60 anos, ainda era forte, com uma silhueta bem definida, grandes 'cadeiras' e cabelos ainda variados, entre negros e brancos, cabelos grisalhos. Adentrei por entre aqueles corredores brancos e escolhi a sexta porta à direita. A enfermeira parecia também um pouco mais velha que os moradores modelos de Cherryland, ela permitiu que eu entrasse por eu ser turista. Apenas no corredor, contabilizei seis placas com o dizer: 'Ande devagar'. Bem contrário.

Bom, havia um casal no quarto 18 em que entrei, eles aparentavam ter seus 70 anos, então comecei um rápido diálogos com eles. O senhor parecia não querer falar muito, ele estava sentado olhando pela janela artificial (sim, era uma janela estranha, merece uma citação: Era um quadro pintado com uma árvores, sol e pássaros voando, com algumas casinhas industriais pintadas), não perguntei o porque de estar admirando aquela janela-quadro. A velhinha me contou que a 20 anos atrás um surto de gripe aviária, desconhecida e nunca pesquisada, fez com que todos os moradores daquela cidade entrassem em quarentena, com um único porém, os mais novos pareciam não ser atingidos por aquilo, portanto o governo interveu e resolveu separar as crianças daqueles que fossem mais velhos, levando-os para um abrigo super e muito bem equipado. Ninguém nunca mais soube o que bem aconteceu com os seus filhos, seus sobrinhos, seus conhecidos mais novos, até mesmo os turistas eram desconhecidos. Ela disse também que é proibido que qualquer um saiba disso, essa cidade foi até mesmo retirada do mapa e esquecida. Ela até hoje pensa que tudo é pouco desenvolvido, era como antes, mas na verdade não é assim, a cidade se super desenvolveu e parece bem avançada. E ela se enganou, no mapa há sim Cherryland, mas preferi não discutir. Ela prosseguiu, disse que os mais radicais matavam os adultos e velhos mais afetados e com o estado mais crítico, foi um escandalo local, não vazou informação pra nenhum outro país ou estados do Leste. Pelo menos, não eu e ninguém nunca comentou sobre isso comigo. Perguntei a ela como essa doença apareceu aqui e ela disse que não sabia. Na verdade como alguém saberia o que bem aconteceu? E quem foi o verdadeiro culpado? Agradeci pela atenção e fui embora, o cheiro daquele lugar estava começando a me incomodar. A placa que indicava 'Ande rápido' dessa vez indicava 'Caminho errado'. Estranhei e depois reparei que o verso que estava virado para o manicômio era diferente para quem lesse do lado da calçada.
Voltei para a pousada e resolvi anotar em meu diário tudo o que havia descoberto, estava cada vez mais curioso com a história daqui. Fiz uma refeição que uma antipática moça ruiva me preparou, seu rabo de cavalo era longo, suas unhas negras e afiadas, pareciam garras. Ela me ofereceu um biscoito chinês como tira-gosto da sobremesa e nele estava escrito: 'Curiosos desaparecem'.

Acordei não me sentindo muito bem, decidi que realmente era hora de me encaminhar pra alguma cidade de Oregon. As passagens para Oregon também estavam baratas, agora o problema é encontrar uma cidade boa. Me aprontei e fui descendo. Dessa vez comi apenas alguns cookies caseiros que a recepcionista me ofereceu. Mas antes eu resolvi entrar na biblioteca da cidade e procurar livros de história antigos, mas não havia nenhum livro que datasse antes do ano de 1995. Era estranho, Cherryland ter tanta história e não ter nada registrado antes de 95. Perguntei a uma moça que estava atendendo outras crianças na biblioteca e ela disse que os livros antigos foram perdidos em um incêndio. Engoli o que ela disse e então resolvi pesquisar um pouco na internet.

Enquanto navegava descobri algumas coisas muito interessantes sobre algumas teorias de Cherryland, os mais céticos dizem que Cherryland é um condado inexistente economicamente e deveria ser desconsiderado também, mas alguns conspiratórios diziam que aquele lugar era um recinto do espírito puritano moderno, todos eram robotizados, os autores sempre eram desconhecidos. Eu fiquei cismado com o que li e comecei a pensar que, se os que sabiam de tudo eram internados e calados, os mais novos escondem algo. O primeiro senhor que vi fora do manicômio, trajava roupas pretas, usava uns óculos estranhos, pareciam fundos de garrafas, tinha um cavanhaque e era bastante robusto, branco como uma folha de ofício. Ele colocou sua mão firme e enrugada em meus ombros e ordenou que eu saísse imediatamente do computador. Quase me mijei e ele me pediu calma. É claro que me retirei dali, acredito que ele percebeu o que eu estava lendo, resolvi correr e andar rápido até a rodoviária. Uma placa na saída da biblioteca indicava: 'Ande rápido'. Então novamente resolvi andar devagar, mesmo contra a minha própria vontade, estava morrendo de medo. Olhei para o chão e tinha algo escrito a giz e algumas crianças correndo. Estava escrito: 'Turistas desavisados'. Um menino de cabelos negros e pele clara cegava minha vista com a luz do sol batendo na sua pele e refletindo em meus olhos. Ele olhava pra mim e ascenava com um não.

Meu celular descarregado era um atraso pra mim, tentei lembrar o trajeto da rodoviária, mas estava cada vez mais desesperado. Por sorte acompanhei um ônibus velho que andava por ali. Encontrei a rodoviária e embarquei no primeiro ônibus que vi, seu destino era Sanna Tory. Não conhecia essa cidade, mas embarquei de qualquer forma. Notei que haviam bastante bagagens nele e bem, o motorista não falava nada, outro rabugento. Dessa vez me despedia da cidade com um céu nublado e negro. Adormeci no ônibus e acordei quando ele passou por um buraco, tomei um susto e fui ao banheiro. Notei que estava escrito com pasta de dente no espelho: 'Não entre'. Não entendi muito bem e só resolvi mijar mesmo, não tinha o que fazer, queria relaxar. Então sentei e me masturbei, quando com um susto o motorista força a porta do banheiro e como a trava estava ruim, ele a abriu. Ele me agarrou e pôs um pano em minha boca, desmaiei.

Quando acordei estava em um quarto branco com um quadro pintado com pequenas sementes de dentes-de-leão dançando no ar, algumas folhas descoloridas lembrando o outono, embora o cenário lembrasse um pouco o inverno. Uma placa em segundo plano dizia: 'Ande rápido, nós avisamos'.


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Mensagem por Kurosaki Lucas Seg 20 maio 2013 - 10:19

A babá

Já era tarde quando cheguei em casa, lembro de ter esquecido a minha bolsa em cima da mesa no escritório do Doutor Madeira e tive de pegar a chave reserva no jardim e tinha notado que estava tudo escuro e não havia ninguém nos fundos da casa. Por pior que pareça, ser uma mulher divorciada te dá um pouco de liberdade, mas um marido faz falta em muitas ocasiões, como em cuidar do nosso filho. A verdade é que até hoje eu me culpo com tudo o que aconteceu, se eu fosse um pouco mais desconfiada, talvez isso não teria ocorrido. Às vezes acordo à noite achando que estava ouvindo a voz dele, me chamando, me pedindo para dormir comigo porque teve um pesadelo. E durante o almoço, aquela cadeirinha vazia, tudo me faz lembra-lo. Seu quarto está do mesmo jeito desde o dia que aconteceu tudo aquilo, todas as roupinhas muito bem limpas e ajeitadas no guarda roupa. Seus brinquedos, um jogo de banco imobiliário armado no chão.
O psicólogo então me disse que a sessão está perto do fim, mas eu tenho tanto o que falar ainda. Ouvi a voz do meu ex-marido me chamando, ele dizia que ainda teria que prestar depoimento na delegacia e que havia um policial me aguardando do lado de fora para me levar até lá. Eu estava quase em estado de choque durante essa sessão, já se passaram dolorosas duas semanas que aquela monstra tinha feito essa barbaridade com uma criança, essa criança... Era o meu pequeno Eduardo, meu filhinho que em breve completaria seus alegres oito anos de vida, mesmo eu divorciada do Marcos, ele era tão ligado com seu pai, ele amava tanto sua família, todos os dias eu pensava em me reconciliar com o meu ex-marido, por conta do meu filho. O que eu queria mesmo era só ter ido junto com ele, não tenho mais cabeça para trabalhar, para cozinhar, para conversar. Mamãe veio me oferecer um apoio emocional, mas temo ter desprezado ou feito pouca companhia à ela. Todavia, ela irá compreender, a dor de perder um filho. Enquanto era levada à delegacia dentro de um carro com uma irritante moradora de rua que foi detida após tentar assaltar um turista no centro da cidade, eu pensava: “Me preocupei tanto em morar afastada desse caos urbano, morando afastada, em uma chácara, simples, mas aconchegante e espaçosa, para quê? Uma mulher simpática sequestrar e assassinar meu filho? O que uma criança tinha com isso, ele nunca fez nada de ruim para se quer uma mosca”. Nessa hora chorei, funguei fundo e o Marcos aconchegou minha cabeça em seu peitoral, quente, macio, meu único refúgio para debulhar-me em lágrimas. Um devaneio invadiu minha cabeça, tudo o que havia acontecido a duas semanas atrás voltou, cena por cena, como um filme, que me torturava.

- Doutor Madeira, estou indo, a babá me ligou e disse que Dudinha está com febre, devo correr para ver o que está acontecendo e conforme for eu o levo para o hospital.
- Tudo bem, querida, já estou um pouco cansado também. Acredito que ninguém virá mais hoje, está tarde.
- Até amanhã!
- Se cuide, minha filha. – a voz rouca do Doutor indicava seu cansaço e sua idade avançada. Já era um renomado nutricionista, aposentado, mas continuava cumprindo sua missão. Eu gostava de trabalhar com ele.

Tomei minha bicicleta e voltei para casa preocupada, a brisa me acalentava, era tão bom sentir aquele cheiro de mato. O consultório do Doutor Madeira, no centro do bairro era bem perto da minha casa, uns quinze minutos pedalando e quarenta a pé.
Estava chegando em casa, tudo escuro, pensei que havia faltado luz, é normal, o bairro não oferece uma infraestrutura regular, coisa que nossos políticos pouco resolviam, o que me deixava revoltada. Mas notei que a luz do poste estava acesa. Bem, deixei a bicicleta amarrada na grade do jardim e lembrei que tinha esquecido minha bolsa, não é a primeira vez, eu quero uma vida tranquila mais reconheço que o estilo de vida urbana apressada e estressada ainda me perseguia. Disse em voz alta.

- Calma, Denise, está tudo bem, quando for levar o Dudinha no hospital, passe na casa do doutor Madeira e pegue a chave do consultório. Está tudo certo.
Então busquei a chave reserva no jardim, chegando lá notei que o carro não estava mais lá, estranhei, óbvio, e achei logo que haviam roubado, coisa também que não é muito comum aqui, os vizinhos são todos unidos. Lembro-me até hoje quando a Dona Laura me trouxe um pote de doce de mamão verde com coco em conserva, uma delícia, então entrei logo em casa para poder ligar para a polícia, sem antes ver o meu filho, claro. Mas estava tudo escuro dentro de casa.
- Marlene? Marlene? Está tudo bem?

Ninguém me respondeu, acendi as luzes e subi os degraus. Quando cheguei no quarto não encontrei ninguém, pensei logo que ela tinha levado ele ao médico e me perguntei se algo grave não teria acontecido com Marlene.
Busquei a agendinha e liguei para o celular dela. Demorou alguns três ou quatro toques para que ela fosse atender.

- Dona Denise, socorro, sequestraram a mim e o seu filho, os bandidos estão pedindo um cheque com quinhentos mil, socorro – ela berrou – Por favor, salve minha vida, Dona Denise.
- Ai meu Deus, o que está acontecendo, Marlene? Marlene? – gritei – Ponha os sequestradores na linha.
- Eles não querem ter a voz reconhecida. Eles disseram pra deixar o cheque na praça.
- Mas eu não tenho todo esse dinheiro, eu não sou rica.
- Dona Denise, por favor, me salve. – ela sussurrou e desligou.
Notei que a ligação havia durado mais de um minuto. Liguei para a polícia e pedi para que rastreassem de onde veio a ligação, eles disseram que retornariam. Pedi que fosse feito com urgência pois era uma suspeita de sequestro. Eu procurava manter a calma, mas estava muito nervosa. Estava me descontrolando, gritei, chorei, surtei, eu estava à beira de um ataque de nervos. Liguei para o Marcos.
- Marcos, me ajude.
- O que houve Denise? Porque está chorando?
- Dudinha foi sequestrado, junto da babá.
- Não fale isso. Estou correndo para aí. Me espere e não tente buscar você mesmo seu filho.

Quando foi uns dez minutos depois a polícia bateu na minha porta e me informou que localizou o local da ligação e disse que vinha do bairro vizinho, em uma casa simples. Então pedi para que eles pudessem solucionar e deixei na mão de Deus, eu me apegava com todas as forças para que ele pudesse salvar Marlene e meu filho, tão pequeno, porque fizeram isso com ele.

- Estamos indo lá, não saia de casa senhora. Tranque as portas e as janelas, manteremos contato com a senhora. A polícia pegará seu filho de volta, confie!

Era minha única opção, assenti, chorando. O policial saberia o que estava fazendo. Nessa hora nem me lembrei de registrar também o roubo do carro.
Passavam os segundos, os minutos, e nada, eu andava de um lado para o outro na sala, comia os bombons que estavam na geladeira e tomava café feito uma louca, bateram na minha porta, pensei que fossem os policiais com o meu pequenino de volta, mas era apenas o Marcos. Aí que eu chorei mais e ele me abraçou, talvez ele fosse o homem da minha vida, como não poderia sentir isso? Em seus peitos encontrava o meu refúgio. Ele acariciou minha cabeça e sentou na sala comigo, conversamos. Notei que seus olhos estavam vermelhos e pesados de lágrima, estava sofrendo também, nós dois, afinal é o nosso filho. Contei a ele tudo o que sabia e ele ligou os pontos:

- Foi a babá quem sequestrou o Dudinha, Denise! Deixe de ser ingênua.
- Mas como pode isso Marcos?
- Ela não deixou você falar com os sequestradores, o carro não está aqui e a chave estava dentro de casa e ela é a única que estava, até agora, com o Dudinha. Sabemos que esse bairro não tem muito risco.
- O que po... – chorei mais do que deveria, minha garganta parecia estar pesada, minha cabeça doía, eu estava perto de um colapso – Devemos ligar para os policiais então

Foi quando recebemos a ligação dos policiais.

- Senhora, não podemos agora falar por telefone, mas venha acompanhada de alguém para... – o policial ditou o endereço – Nós estamos aguardando.
- Mas e o meu filho? Ele está bem? Foi a babá quem o sequestrou, por favor, não façam nada perigoso.
- Tudo bem senhora, apenas venha ao local indicado.

Marcos pegou o endereço anotado e nós dois fomos até lá. A viagem inteira fui chorando, não trocamos uma palavra no carro, queria dormir, mas a minha enxaqueca não deixava eu dormir. A chuva fina com o vento indicava que a frente fria realmente havia se instalado por aqui, a noite parecia mais negra do que qualquer outra noite, mais sólida, mas fria e solitária e tudo que eu via me remetia a dor, um vazio enorme. Eu estava pensando no pior, mas novamente pedi a Deus que tudo tenha ocorrido bem. Não demorou mais que dez minutos e chegamos lá.
Estava tudo interditado, havia um carro de remoção de cadáveres e a perícia, muitos curiosos à volta e a casa, velha e simples, ainda de telhas francesas, com paredes brancas com mofo, o policial pediu para que eu sentasse dentro da cabine da caminhonete deles e me contou o que encontraram lá.

- Senhora. Tome um copo de água.
- Não preciso de água, eu preciso daquela criança que está ali dentro com aquela dissimulada.
- Bom, ela está morta. Quando chegamos aqui, ela estava observando o movimento da rua pela pequena janela que há no banheiro. Soamos a sirene e ela gritou para que não entrássemos. Nós pedimos calma a ela, e ela continuou gritando, enquanto isso um policial da inteligência tentava invadir a casa... E... bem, ela se matou com um corte profundo na garganta.
- O que? Essa desgraçada, mas e o meu filho, cadê ele? Ele está na ambulância? Deixe-me vê-lo.
- Calma senhora. Bom. Eu não sou bom com essas coisa.
- Me conte logo.
- Seu filho foi morto asfixiado por ela. Nós sentimos muito.

De repente tudo ficou embaçado, minha cabeça doeu muito mais, estava tudo esmaecendo, tudo desfocado, tudo escureceu... Acordei deitada numa maca no hospital. Desde então, não tinha emoção, não tinha a falar... Eles diziam que eu estava em estado de choque. Mas eles não sabem, o que é ter e perder uma criança alegre, um filho carinhoso, divertido, uma criança inocente oferecida assim à morte, por uma vadia.


Acordei agora com o Marcos me chamando pra entrar na delegacia, havia dormido com esse devaneio na cabeça.

- Vou ali na lojinha comprar água, porque estou com um pouco de sede.
- Tudo bem querida, não demore muito, sei que isso é doloroso, mas não quero vê-la sofrer mais, vamos terminar logo com tudo isso, nós vamos superar.

Atravessei a rua, sem olhar para os lados, os carros passavam, buzinas soavam, mas nada isso me importava. Comprei a água, o moço não me cobrou nada, agradeci e me dirigi para uma mesa próxima. Peguei meu antidepressivo e enchi a mão e tomei um por um, engolindo um por um, e a cada um que descia na minha garganta pesada de choro, uma lágrima caia da minha face.
- Marcos tem razão, vamos terminar logo com esse sofrimento todo.


Última edição por KurosakiJoe em Dom 6 Jul 2014 - 23:10, editado 1 vez(es)

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*essa vadia sumiu por motivos de flexibilização da quarentena e por possivelmente ter pego covid
mas felizmente eu sigo bem, desculpem o sumiço amores*
by: @elazul
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Mensagem por Caio. Seg 20 maio 2013 - 18:31

Zaki minha frô de prástico d'Austín (como dizem alguns pessoas por lá do CEFET). Eu li esse primeiro conto (mesmo com o tamanho que me assutou um pouco) e até achei a estória bastante interessante como um todo, mas não chegou a me dar MEDO MEDO. Você foi rápido demais em algumas partes, então acho que isso estragou um pouco o final - que IMO ficou ótimo.

Gostei bastante desse segundo, embora tenha sido triste pra krl. Vi alguns erros, você correu em algumas partes (na verdade, acho que isso não aconteceu. Talvez a estrutura, os itálicos... Sei lá, talvez eles tenham atrapalhado em algo) etc, mas você retratou bem a tristeza de perder um filho.

A parte da água foi uma das maiores ironias sádicas que já ouvi.


Black: Tópico trancado por inatividade, caso queira reabri-lo mande uma MP a qualquer FFM.

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Mensagem por Kurosaki Lucas Dom 6 Jul 2014 - 22:49

Minhas sinceras ilusões

O desespero imediato, quase de ímpeto, de contar-te uma novidade doma a mim a cada olhar meu no teu
a minha boca seca a cada instante que penso que é apenas mais um fôlego que eu devo segurar.
Mas esse teatro e toda essa peça ensaiada, um monólogo de apenas dois contos, o seu e o meu,
encanto quebrado que a mim já não convence nem um pouco. Diz-se "BASTA!"
É apenas a voz do único espectador.

O silêncio faz-se em todo o palco, este de apenas fantasmas de ressentimentos e um único ser em carne viva.
"Não percebes tu que já não lhe cabe mais todo esse dramalhão? Sua atuação é exaustiva."
Cansei.

Sussurros nossos ao vento, soprados ao horizonte. Convença a quem quiser...
"A ilusão foi tua, oras. Em nada eu prometi que voltarias um dia, a partida me convém."
Imaginei.

Viagens minhas ao teu imaginário eram de horas e horas, o cuco do relógio era o despertar.
"Não temo sua distância. Temo sua ignorância. Não faça meu coração calar."
Tentei.

"Veja tu a quem pede perdão! Não enxerga seu passado, miserável? Não merece uma palavra minha, nem mesmo meu adeus"
Encerrei.

A mim resta às sobras, como-as sem vê-las ou sem mesmo farejá-las.
Minhas refeições são como papeis. Meus amores iguais.
As minhas sinceras ilusões confortam-me o coração.
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Mensagem por Caio. Dom 6 Jul 2014 - 22:54

Achei bonito esse.... Poema bem grandinho. Dá pra usá-lo em tantas, tantas situações...

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Mensagem por Bakujirou Seg 1 Set 2014 - 21:31

Li o primeiro e o último posts / contos. Achei bem interessantes.

O tema do primeiro conto era bem ambientalizado, soube administrar bem as palavras e equilibrar a narrativa com as descrições.
O último, por se tratar de um poema, eu entendo pouco deles, mas eu gostei do lirismo.

Ficaram muito boas, gostei.

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