O Jogo Matrimonial

O homem sorri para o robô e faz um sinal para ele se aproximar. - Eu posso arranjar algo para vocês. - Ele parecia falar de forma, normal?! Eita. - Um segundo, querido.

Fiquei ouvindo ele falar essas coisas sobre mim, calado com a mão esquerda na ponte dos meus óculos. Ele foi muito grosseiro comigo, eu realmente quero falar o que penso. Quero falar que não vim falar com ele com pena dele e sim porque queria conversar com ele, já que ele é tão solitário e arrisco dizer que é mal compreendido... Mas não posso, sabe? Ele pode levar isso pro lado pessoal, ele acha que eu sou um "amigo fingido". Deus, me dê sabedoria para lidar com Jasper.

- Desculpe, mas eu não sou fingido... Eu só queria te agradecer mesmo. Estávamos em uma situação de vida ou morte e você se dispôs a ajudar, entende? - Engoli um pouco de saliva, estava soando frio e era perceptível que eu estava nervoso. - Eu realmente queria só deixar você menos solitário, sabe? Você sempre dá uma má impressão quando está em grupo, eu acreditava que se eu fosse conversar com você sozinho, você mudasse um pouco e ficasse mais sociável. Desculpe se fui grosso ou algo assim, eu me soltei. Desculpa mesmo.

Me afastei um pouco dele. Noah veio me proteger, achei aquilo bem fofo e repentino. Noah é muito corajoso, pra mim o Jasper é bem mais forte que ele e mesmo assim ele protege seus amigos! Mas eu não posso deixar uma briga dessas acontecer. Quando fui tentar parar a briga, Kyoko interferiu. Fiquei parado no meu canto.

- Obrigado Rod. - Ela diz, segurando a bandeja com um unico dedo, a equilibrando com perfeição, seu braço dobrado de maneira tão reta que podia-se tirar um angulo de noventa graus entre seu antebraço e braço. 



- Humanos são tão complicados, Serling, eu gosto do humano Noah, mas no geral elas são difíceis de entender.

Rod assume uma voz mais carvenosa. - Do fruto do infinito é que vem as dádivas mais bonitas, cara humanidade. - Ele dá de ombros e tira um cigarro do bolso, começando a fumar. - Esse Noah me parece um bom rapaz, hein? Você está de olho nele... Eu vi você invadindo a batalha! Muito corajoso, você, caro Cecil. Mas somos complicados sim! É daí que vem a força e a criatividade para escrever.

Vendo toda aquela treta desnecessária, cheguei até Rod Serling e comecei a conversar com ele. A primeira coisa que eu disse foi, numa voz bem alta:

- FALAÍ, RODINHO! - Todo mundo levou um susto. Risos. - O QUE A GENTE TEMOS PRA COMER, HEIN?! HAHAHAHA! É VOCÊ, NÃO É? HAHAHAHAHAHAHA! - Ok, isso foi muito errado. Mas pelo menos tá todo mundo vivo. Né.

- De olho nele? - Ela parece confusa. 



- Bem, não importa, uma hora ou outra vou ter que aprender a como lidar com humanos, bem, obrigado mesmo meu caro. - Ela faz uma pequena reverencia, seu corpo se dobra de maneira não-humana, fazendo que sua cintura e seu torax fiquem em um angulo de noventa graus em relação um ao outro, provavelmente a reverencia mais precisa do mundo. 

Depois sai, indo para perto da briga, levando coxinha e coca-cola.

Cecil retorna a sua forma feminina, sem nenhum aviso, diminuindo 10cm e todas as outras baboseiras de sempre, sentando-se em uma cadeira que simplesmente se materializa embaixo dela, e a sua volta, mais outras aparecem, todas em volta de uma mesa de centro em formato de pizza, onde ela deposita as coxinhas, que se multiplicam em outras 10. 

- Hey pessoal, tem comida, eu entendo que vocês humanos adoram brigar - Ela para, como se tivesse tentando computar se aquilo que acabara de dizer seria ofensivo ou não, parece ter decidido que não.

- Até fiz algumas cadeiras para sentarmos. 

Rod ri com a dúvida de Cecil. - Algum dia jovem garoto, algum dia... Até mais! Não se meta em brigas. - Rod então arregala os olhos para a mocinha que se aproxima, ele pensa por um segundo ou dois se devia manter sua persona de "cara misterioso' Mas aquele espirto flamejante, aqueles olhos... - Olá Miranda! Prazer em conhece-la, sou Rod, Rod Serling. - Baforada de fumaça e sorriso sedutor. - O que achou do meu REINO? Sou a lei por aqui. - Deu uma piscadela. - Temos coxinha e coca, por sinal. Meus favoritos. AH! Podem pedir de tudo, eu não cobro. Afinal, sou a LEI por aqui! - Riu com gosto e engasgou com o cigarro que lhe caiu goela abaixo. - Ah. Estou bem. Bem, digamos que, tudo aquilo que sua imaginação permita... Afinal, estamos além dela!