REbuild project
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Pokémon Mythology :: Fan Area :: Fanfics :: Fanfics Pokémon
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REbuild project
- Leia (ou não)!:
- Bom, essa é minha primeira fanfic. Eu nunca havia escrito uma antes, mas decidi escrever porque precisava contar essa história, e não via outra maneira de explorá-la tão bem como numa versão escrita. Na verdade, essa fic é baseada na HQ que eu abandonei há um tempo. Eu mudei muitas coisas, como o personagem principal e os acontecimentos. Como eu disse: é minha primeira fic, então não está tão boa. Mas críticas construtivas sempre são bem-vindas. Sério. Me ajudem aí!
-Personagens-
- Joshua:
- Joshua: Um garoto de dezesseis anos, cujo sonho é realizar uma promessa a seu falecido amigo: tornar Snivy o mais forte Pokémon de todos, para vingar sua morte. Apesar das aspirações, Joshua é um garoto bem calmo e quieto, que raramente cede à irritação dos outros. Possui um forte senso de justiça e uma enorme lealdade, além de sempre manter seus compromissos e dívidas.
Não dá a mínima pra opinião alheia, fazendo e se vestindo do jeito que mais lhe agrada. Gosta muito de sua touca de lã, de suas blusas de mangas longas e de seus fones de ouvido, conectados a seu celular, que permitem que Joshua ouça as músicas que quiser, quando quiser.
Suas bandas favoritas são Panic! At the Disco, Arctic Monkeys e Nirvana.
Suas comidas favoritas incluem lasanha, pizza e bife - frito - acebolado.
-Pokémon que Joshua possui-
Snivy: Um bravo e destemido Pokémon, que sempre obedece Joshua, tentando fazer o melhor que pode por seu amigo humano. Possui ótima velocidade e uma grande força para ataques especiais, além de ser muito habilidoso em batalha. Adora brincar com Joshua e de batalhar ao seu lado, sempre determinado a vencer, para mostrar que é forte o bastante para proteger Joshua e seus amigos.
Também gosta de música, e ouve tudo que Joshua ouve.
Gosta muito de frutas - normais e Berries -, mas odeia doces.
- Lise:
- Lise: A garota dos lindos olhos azuis esverdeados, também com dezesseis anos. Uma garota com espírito livre e aventureiro, que não liga de se sujar ou quebrar a unha, pois está determinada a viver como se não houvesse amanhã. Faz tudo o quer, desde que não machuque outras pessoas - coisa que mais tem medo de fazer. Seu sonho é [desconhecido], e pretende usar a ajuda de Joshua para realizá-lo.
Gosta de se vestir com qualquer coisa que encontra, desde que use suas luvas - uma da cor preta e, a outra, da cor branca -, que, pra ela, são especiais. O motivo? Nunca revelou a ninguém, exceto sua mãe.
Ouve de tudo um pouco: desde que goste da melodia e da letra, considera a música a melhor de todas. Suas bandas/cantores favoritos são: Coldplay, Michael Jackson, Maroon 5 e Guns N' Roses.
Gosta de comer absolutamente tudo que for doce e salgado, sem exceções.
-Pokémon que Lise possui-
Oshawott: O firme e determinado Pokémon lontra, cuja concha é mais valiosa que a própria vida. Mesmo estimando mais a concha que qualquer outra coisa, nutre um sentimento muito forte por Lise, sempre querendo protegê-la de tudo que julga ser ruim. É calmo em quase todas as situações, exceto quando mexem consigo ou as coisas que quer proteger - como sua concha ou até mesmo Lise -, tornando-se impiedoso e lutando com todas as suas forças para recuperar sua honra.
Dorme muito, mas não tem preguiça de batalhar ou treinar com Lise.
Não gosta muito de música, mas isso não é motivo pra não escutar às vezes.
Come de tudo que gostar, mas gosta mesmo é de doces, como brigadeiro e beijinho.
Volume Um - Vegas Lights
Prólogo - A Sky Full of Stars
Capítulo Um - Vegas Lights
Prólogo - A Sky Full of Stars
Capítulo Um - Vegas Lights
Joshua estava sentado, observando a água do mar, que se misturava à areia da praia. Ao seu lado estava Nii, seu pequeno companheiro – um Lillipup de dois anos de idade, com os pêlos de cor marrom escuro, diferentes da pelugem normal de um Pokémon dessa espécie –, quieto, observando tudo ao seu redor. O Sol ainda estava no céu, mas não havia nenhuma nuvem. Alguns Pelippers voavam de lá para cá, afim de pescar com seus grandes bicos. Na água, era possível observar alguns Magikarps e Lumineons nadando, mesmo com os Pelippers a espreita.
– É legal, não é? – Perguntou Joshua para Lillipup – Olhar tudo isso. E saber que você faz parte disso.
O pequeno Pokémon, sem entender nada, apenas virou-se para seu amigo e assentiu com a cabeça.
– Hunf – Resmungou Joshua, afagando-lhe as orelhas –, você é só um filhote, afinal de contas. Não tem quem ouvir minhas baboseiras.
Prólogo – A Sky Full of Stars
– Vamos – Chamou –, temos que voltar logo. Vai escurecer em breve, e eu não quero ficar aqui no escuro.
Nii assentiu com a cabeça, levantou-se da areia, sacudiu-se um pouco e seguiu Joshua, que já estava perto da divisa da auto estrada com a areia da praia, o acostamento. Quando chegou perto, foi pego pelos braços de seu dono, que o agarrou ao peito, segurando-o para não sair pela rua e acabar sendo atropelado. Já estava acostumado com isso, então apenas ficava quieto nos braços de Joshua, que caminhava pelo acostamento da auto estrada, com fones em seus ouvidos. Caminhava sem pressa, pois gostava de apreciar a paisagem – mesmo que já a tenha visto um milhão de vezes –, um grande deserto com um gigantesco mar ao seu lado esquerdo, alguns postes levando fios elétricos e pouca vegetação, com cactos e alguns pequenos arbustos, além de montanhas à direita. Também havia outdoors, anunciando alguns produtos, e carros que passavam pela auto estrada, indo e vindo. Desertos não costumam ser bonitos, mas Joshua via uma beleza neste.
~X~
Joshua estava se arrumando para ir à escola, como toda noite: vestia uma blusa de mangas longas qualquer, de cor preta, uma calça surrada e cinza, além de um tênis simples de cor preta e poucos detalhes de cor branca. Não esquecendo sua touca de lã, que não tirava da cabeça – exceto para tomar banho – e de seus fones de ouvido. Esse era o estilo que agradava Joshua: simples. Ele não era muito enturmado, então não dava a mínima pra “andar na moda”. Vestia o que gostava e o que achava que era legal. E ninguém nunca reclamou.
Apanhou sua mochila, as chaves do apartamento, e chamou Nii. O pequeno Pokémon veio rapidamente, sendo acariciado nas orelhas assim que aparecera:
– Vamos logo, hoje tem prova.
Trancou a porta do apartamento, checou, e foi-se embora, acompanhado de seu fiel amigo. Morava com a tia, uma mulher rica, mas que gostava de simplicidade, mesmo estando na famosa “cidade do pecado”. Mesmo tendo um estilo de vida assim, não dispensava um dos melhores condomínios da cidade, além de matricular Joshua numa escola igualmente reconhecida como uma das melhores. Joshua estudava a noite, pois achava o melhor período dos dias, já que o clima ficava fresco. Era um bom aluno: não dava dor de cabeça aos professores – por ser extremamente quieto e não ter nenhum amigo –, tirava boas notas e sempre participava das atividades na sala. Só tinha um problema que começara a ter já há um tempo: sempre arranjava briga com alguém. Fosse por qualquer motivo, acabava por descer a mão naquele (ou naqueles) que o chateava. Só não foi expulso pela influência que sua tia possuía no conselho da escola: era uma das maiores contribuintes para os eventos e projetos. Por isso, sempre tinha alguém para encher a paciência de Joshua, dizendo coisas como “corrupto”, atribuindo a ele o fato de nunca ser expulso só porque a tia pagava as contas da escola. Isso o deixava irritado, pois não tinha culpa de nada. Só queria ficar na dele, pegar o diploma e sair dali o mais rápido possível. Não que não gostasse de estudar, mas seu sonho era sair por aí, se aventurando e vivendo a vida.
Acontece que, conforme a lei, somente aquele que possuísse permissão de seus pais ou responsáveis poderia ganhar uma licença Pokémon, ganhar o Pass-port e viajar por aí. E só poderia ganhá-los aos 15 anos, além de conquistar no mínimo oito insígnias de Ginásios, todas de Unova. Sua tia, Joyce, sempre o incentivou a estudar, para que pudesse se tornar um grande homem e conquistasse sua própria riqueza. Por isso, nunca deu permissão a ele. Dizia que “Sair em jornada é uma perda de tempo, e tempo é a coisa mais preciosa que se pode ter!”. Como era a única que o havia acolhido depois do que acontecera há oito anos, Joshua apenas fazia tudo o que mandava, sem questionar. Mas conforme fora crescendo, começou a questioná-la. Pensava em sair, sem sua permissão, mas não tinha coragem para fazê-lo. Não porque não possuía dinheiro ou não sabia se cuidar, mas porque não conseguia pensar em abandonar a única pessoa que lhe deu amor. Por isso, ficava quieto, inquieto, em seu canto, construindo um mundo em sua cabeça. Como seria se o tal acidente não houvesse ocorrido? Seria livre para fazer o que bem entendesse? Poderia sair pelo mundo, vivendo a vida, com seus Pokémon? Talvez sim. Talvez não.
– Chegamos. – Disse. – Agora, vá para seu lugar de costume e me espere – Apontou para uma árvore, à esquerda de um poste, que ficava em frente ao muro direito da escola -, como sempre. Não saia de lá, de jeito nenhum! No intervalo, eu vou te chamar e dar alguns pedaços do meu lanche.
Pokémon não eram permitidos na escola, então tinham que se separar assim que chegavam. Nii assentiu com a cabeça, saiu em direção à árvore, escalou-a e deitou sobre um galho qualquer – resistente o bastante para suportar seu peso –, tirando uma soneca. Joshua entrou pelos portões abertos, passando pelo jardim da frente – um lindo jardim, que contava com filas das mais variadas árvores, levando em direção a uma fonte, feita de um material pedroso, que parecia brilhar a luz da Lua, além da água cristalina que cobria seu interior –, entrando no prédio da escola, um gigantesco prédio que possuía cinquenta e cinco salas de aula, sete laboratórios de informática e biologia, refeitório, banheiros, vestiários e salas especialmente destinadas a funcionários da instituição. Sua sala era a 2-D, ficava no segundo andar do prédio, na área leste. Uma sala de aula que possuía trinta e seis alunos, sendo vinte e dois meninos e quatorze meninas. Uma sala conhecida por ter alunos muito inteligentes, que sempre se destacavam em alguma atividade ou matéria. Com Joshua não era diferente: destacava-se por ser um ótimo escritor, além de tirar ótimas notas em inglês. Gostava de escrever e ler, seja o que fosse. Havia lido mais de quinhentos livros, número que se orgulhava. Não quando os outros alunos o enchiam, chamando-o de “nerd”. Mas, por alguma razão, tudo estava calmo naquela noite, sem nenhum idiota enchendo-o a paciência.
Era, aproximadamente, nove da noite, quando o sinal do intervalo tocou por toda a instituição.
– Muito bem, pessoal. – Disse Robert, o professor de matemática. Parou de escrever na lousa, apanhou seus livros, e continuou. – Amanhã continuaremos nossos exercícios, e... Tentem fazer estes, como tarefa. Suas notas não estavam boas no bimestre passado. – Depois de colocar os livros na mochila e colocá-la nas costas, apontou para Joshua. – Vocês deviam seguir o exemplo dele. Sempre tira ótimas notas, até quando os exercícios são extremamente difíceis. Parabéns, Joshua!
Sentindo-se um pouco envergonhado, respondeu:
– O-obrigado, professor. – Após responder, encarou-o por, aproximadamente, cinco segundos. Ficou mais envergonhado, não por suas palavras gentis, mas pelo professor. Não sabia o porquê, apenas que sentia algo quando olhava Robert. Seu cabelo curto, seus olhos castanhos, sua barba malfeita, seu corpo não muito atlético, mas com alguns músculos, seus óculos e seu estilo de se vestir, sempre com uma camisa xadrez de mangas longas, sua calça jeans velha e surrada, tudo em Robert fazia Joshua despertar algum sentimento. Uma excitação, talvez.
– Muito bem. – Virou-se para a porta. – Até amanhã.
Todos os alunos saíram da sala, acompanhado Robert, restando apenas Joshua, que estava de cabeça baixa em sua carteira.
– Droga! Droga! – Sussurrava para si mesmo – O que há de errado comigo?!
Sentiu uma lágrima escorrer pela bochecha direita, enxugou-a e levantou a cabeça. Para sua surpresa, uma aluna estava encarando-o, da porta da sala.
– Uau. Temos um gay aqui. – Disse a garota de longos cabelos negros, vestindo uma leve blusa azul-marinho, usando calças jeans e tênis preto, com cadarço cor-de-rosa.
– Cale a boca. – Disse Joshua. Já a conhecia há tempos.
– Ah, vamos lá. Você olha pra ele com olhos de... Digamos... “Vem cá e me beija”. É, eu não sei explicar! – Retrucou Lise, a tal garota. Todos a conheciam, pois era um pouco escandalosa e sempre conversava com todas as pessoas. Uma menina alegre, que se assumiu lésbica quando estava na sétima série e, desde então, procurava por novos amigos que estivessem “dentro do armário”. Tinha um estilo debochado, largado, não se preocupava com maquiagem ou escovas para o cabelo. Era simples, mas de uma família poderosíssima: uma das mais ricas da cidade. – Além do mais, você é gatão, aposto que conseguiria dar uns pegas no Robert. Digo, todas as garotas da escola querem. E eu nunca o vi com ninguém. NINGUÉM. Tenho minhas suspeitas sobre ele morder a fronha.
– Pô, legal, hein? – Joshua gostava de Lise, pois ela era uma pessoa normal. Não fingia ser ninguém além de si mesma, não tratava as pessoas diferentes por seus papéis na sociedade, não julgava ninguém de maneira inapropriada. Na verdade, ela julgava algumas pessoas, sim: mas só quem achasse ser gay. – Mas eu não sou gay.
– Esse seu estilo não é lá muito machão, sabe?
– Como eu já disse: cale a boca. Sério. Você não sabe muito sobre mim, Lise. Nos conhecemos há dois meses.
– E você ainda não se declarou... Sai logo desse armário, caramba!
Joshua olhou para o relógio, tentando fugir da conversa, se lembrando de ter que alimentar Nii.
– Bom, dane-se. Eu não sou gay, e tenho que alimentar meu Pokémon. Até mais. – Pegou sua mochila, andou em direção a porta e saiu. Lise o agarrou:
– Não vá. – Disse, num tom sério.
– O quê? Sério, você está me assustando com essa cara! – Tentou se soltar, mas a força exercida por Lise era enorme, tanto é que seu braço começou a doer um pouco.
– Eu sinto uma aura negativa vinda lá debaixo. Joshua, por favor, fique aqui em cima.
– Lá vem você com essas idiotices. Eu já falei que você precisa parar com essas histórias de “ler a aura” e tudo o mais. E você tá machucando meu
braço.
Lise soltou o braço de Joshua, mas ainda estava um pouco receosa de deixá-lo ir.
– Me... Desculpe, eu acho. Mas, por favor, não vá. Não vá, Joshua.
Não ligou para o aviso de Lise, deu as costas a ela e saiu andando em direção às escadas. Quando chegou até a porta que dá acesso a escadaria do prédio, olhou pra trás. Ela estava lá, em um corredor totalmente vazio, chorando. Não entendeu o porquê daquilo, mas entrou pela porta e desceu as escadas.
~X~
Quando saiu pela porta do prédio, andou em direção aos portões de ferro da entrada. Conforme se aproximava do portão, começara a ouvir gritos. Espantou-se, mas continuou andando – era um longo caminho. Chegando mais perto, reconheceu os gritos e o choro: era Nii. Ficou desesperado, e começou a correr, rapidamente. Saiu pelos portões, olhou rapidamente para a direita, se deparando com a cena mais assustadora que já tinha visto: Nii estava ensanguentado, jogado no chão chorando e gritando, enquanto era espancado por um moleque que usava um pedaço qualquer de madeira. Havia algumas pessoas na rua, todas estavam olhando, mas ninguém mexia um músculo. Olhares horrorizados, mas não tanto quanto o de Joshua: estava totalmente afundado em lágrimas. Não sabia o que fazer. De repente, gritou:
– PARA COM ISSO!! – Saiu correndo em direção ao moleque que estava espancando Nii, totalmente fora de si.
O moleque pareceu não perceber o grito de Joshua, e continuava a espancar Nii. De repente, sentiu uma pancada em suas costas. Foi acertado por um soco furioso, caindo no chão, jogando o pedaço de pau em qualquer lugar, gemendo de dor. Joshua foi pro chão junto com ele, ficando ajoelhado, ainda chorando, desesperado. Virou-se para Nii, que ainda estava chorando e gritando de dor, sangrando e com uma deformação na parte traseira do corpo, da bacia às patas. Seu choro fazia arder o coração de Joshua, que só ficava mais nervoso com aquilo, criando um ódio mortal por quem machucou seu companheiro.
– Seu... Filho da... – O moleque levantou, fixou o olhar em Joshua, e continuou – Esse seu lixo de Pokémon me atacou, do nada, querendo roubar o meu lanche. Eu não tive culpa, só me defendi desse bosta!
As pessoas em volta começaram a se dissipar, mas algumas ainda ficaram defendendo a atitude do garoto, dizendo coisas como “foi necessário” e “ele só se defendeu”. Joshua não dava a mínima, pois estava com Nii em seus braços, chorando cada vez mais baixo, grunhindo de dor. Não conseguia entender porque o tal moleque usou tamanha violência contra ele. O Pokémon não era grande, tampouco amedrontador.
– Ô, moleque! – Gritou – Arranja outro Pokémon, porque esse aí é um inútil. Esse lixo mereceu cada um dos meus golpes, porque não sabe o lugar dele. É por isso que eu tenho nojo desses Pokémon: são todos uns bostas que não sabem que são inferiores aos humanos!
As pessoas em volta dos dois garotos não pareciam mais tão chocadas. Estavam apenas observando Joshua, que jorrava lágrimas pelos olhos, abraçado ao Pokémon, com a blusa e o pescoço ensanguentados. Uma delas decidiu pegar o telefone e ligar para o Centro Pokémon, sendo interrompida pelo moleque que agrediu Nii:
– Ei, ei, ei! – Disse, aproximando-se com um bolo de dinheiro – Não vamos envolver as autoridades, certo? Você viu que ele mereceu, certo? Deixe esse trouxa cuidar desse lixo. Eu te dou uma recompensa.
O homem desligou o telefone, pegou o bolo de dinheiro, virou-se e foi embora. As outras pessoas saíram do mesmo jeito, deixando apenas Joshua, Nii e o moleque. Se aproximou de Joshua, colocando a mão em seu ombro esquerdo.
– Ô – Chamou –, deixa esse lixo aí.
Joshua virou-se e encarou o garoto, com um olhar furioso, de imenso ódio. Percebeu que estava com uma cara de deboche, quase rindo, com respingos de sangue nas mãos e na blusa branca. Repudiou o moleque.
– Não acredito... Você tá chorando por causa disso aí? – Começou a rir feito um louco – AHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHAHA! Não pode ser! Um humano que se preocupa com um Pokémon! Não... Não... AHAHAHAHA! Como você é bab—Ughf! – Foi interrompido por um soco na cara, dado por Joshua. Um soco tão forte que foi capaz de arrancar sangue do nariz do moleque, além de quebrar dois dentes, que saíram voando da boca dele. Caiu no chão, de costas. Sentiu o impacto da queda, gemendo pelo impacto do soco. Abriu um pouco os olhos, vendo Joshua em pé, chorando, com uma face de ódio.
– Filho da [palavra censurada]!! É a segunda vez que você me acerta! Eu vou arrebentar a sua cara! Não acredito que você tá me batendo pra defender esse monte de bosta! – Se levantou, com um pouco de esforço, colocando a mão esquerda no mesmo lado do rosto, que fora atingido por Joshua – E por que essa cara de choro?! Para com essa viadagem!
– Você o machucou. – Disse Joshua, num tom que demonstrava claro ódio.
– AHAHAHAHA! Muito bem-feito! Ninguém manda se meter comigo! – Exclamou, com um riso doentio no rosto.
– VOCÊ O MACHUCOU! – Gritou, com mais ódio.
A expressão do outro continuava com um riso doentio estampado.
– Huhuhu... Então você é mesmo um babaca. – Passou a mão pelo sangue que escorria do nariz, limpando o rosto. – Eu juro que é a primeira vez que alguém me desafia. Você não deve me conhecer, não é? Eu sou Theodore Baltmore, o filho mais velho de Wesley Baltmore, um dos homens mais poderosos e ricos do mundo. Você sabe o que meu pai faz com gente como você? Você sabe o porquê de ninguém aqui ter movido um músculo pra ajudar esse bicho? É porque todos eles sabem quem eu sou, e sabem as consequências de me desafiar. Sabem que meu pai é capaz de fazer tudo o que quiser com aqueles que o desacatam ou fazem algum mal a seus filhos. Ele persegue a família dessa pessoa e, depois, assassina todos eles, um por um, até restar só aquela que entrou em seu caminho. Aí, ele enfia uma bala bem no crânio dessa pessoa. Mas não sem antes mostrar os vídeos de tortura dos membros da família dela, além de torturá-la por dias. E sabe por que eu falo isso abertamente? Porque ninguém é capaz de fazer nada contra meu pai. Todos têm medo dele. Todos têm medo de morrer. E meu pai pode fazer isso com elas. E... Quer saber? – Caminhou até Joshua – Eu faço tudo o que quero, porque meu pai me protege depois.
Joshua se preparou para socá-lo de novo, quando foi derrubado pelo punho de Theodore. Caiu no chão, gemendo de dor, cuspindo sangue. Foi acertado na barriga com muita força. O soco de Theodore parecia ter a força de mil cavalos.
– Se você entrar no meu caminho de novo – Pegou o pedaço de pau que havia derrubado. –, eu faço meu pai te meter umas cinquenta balas na cabeça, ao mesmo tempo. Também quero que pare de se preocupar com esse tipo de lixo – Apontou, com o pedaço de pau, para Nii, que estava quase morto, respirando com muita dificuldade –, porque eles não passam de... Bom, lixo. Também servem como cobaias pra avançarmos em áreas da ciência. São inferiores a nós, que temos o poder de raciocinar.
– Seu... – Disse Joshua, com dificuldade – Filho da... Eu juro, eu... Eu vou te matar...
Theodore estava de novo com um sorriso doentio em sua face. Levantou o pedaço de pau.
– Vai, é? Que bom. Estarei esperando. – Usou uma força monstruosa para fincar o pedaço de pau na cabeça de Nii, que deu seu último suspiro. O sangue respingou para todo canto depois de o pobre Pokémon ter seu crânio estourado por Theodore.
– Não... – Joshua suspirou, ainda chorando, com dificuldade em falar. Fechou os olhos, chorando mais ainda. Estava jogado na calçada, ensanguentado, chorando ao lado de seu amigo, agora morto. O assassino saiu andando, como se nada tivesse acontecido. Entrou pelos portões da escola, indo em direção ao prédio principal. Uma moça que passava pelo local ficou espantada com a cena de Joshua e seu Pokémon, tentando socorrê-lo o mais rápido possível.
– Você está bem?! – Perguntou, espantada – Garoto! Garoto!!
Joshua sentiu a mulher bater levemente em sua bochecha, tentando animá-lo e obter uma resposta. Estava quase perdendo a consciência, quando avistou, no céu, uma estrela – coisa rara, já que as luzes da cidade impediam a visualização das estrelas no céu noturno. Logo, apareceram outras, mas nenhuma brilhava como aquela que avistou primeiro. Admirava o céu cheio de estrelas. Fechou os olhos, desejando que tudo não passasse de um sonho. Joshua apenas não sabia que aquilo era o grande começo do fim de todas as coisas.
Prólogo - End.
- Notas do Autor:
- (12/10/214) Prólogo: eu reescrevi o prólogo, tirei passagens que achei desnecessárias e coloquei outras que achei mais interessantes. Yey!
(12/10/14) Capítulo Um: finalmente terminei e postei o primeiro capítulo! Espero que gostem! o/
Última edição por Detcher em Dom 12 Out 2014 - 21:22, editado 3 vez(es)
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Re: REbuild project
Fala Detcher!
Adorei o início da estória e pra um prólogo, teve bastante acontecimentos. Em umas citações eu fiquei abismado. Se tem uma coisa que esse menino, Theodore, precisa, essa coisa é uma boa surra na cara e uma internação. Louco e insano são palavras que o descrevem perfeitamente.
Erros eu encontrei alguns, mas nada de alarmante ou que atrapalhasse a compreensão da leitura. Acredito que uma última revisada seja o suficiente antes da postagem do capítulo. Algumas passagens tive que ler novamente pra que eu entendesse. Tome cuidado com o excesso de descrição, pode ser prejudicial e ficar cansativo. Quanto a formatação, recomendo que dê um espaçamento entre os parágrafos e uma justificada no texto. Fica mais apresentável. Outra coisa é a letra; não é que esteja muito pequena, mas o padrão seria melhor, tanto para a visualização quanto para a leitura.
Aguardo sua próxima postagem e tenha em mim um leitor. Parabéns! See ya!
Adorei o início da estória e pra um prólogo, teve bastante acontecimentos. Em umas citações eu fiquei abismado. Se tem uma coisa que esse menino, Theodore, precisa, essa coisa é uma boa surra na cara e uma internação. Louco e insano são palavras que o descrevem perfeitamente.
Erros eu encontrei alguns, mas nada de alarmante ou que atrapalhasse a compreensão da leitura. Acredito que uma última revisada seja o suficiente antes da postagem do capítulo. Algumas passagens tive que ler novamente pra que eu entendesse. Tome cuidado com o excesso de descrição, pode ser prejudicial e ficar cansativo. Quanto a formatação, recomendo que dê um espaçamento entre os parágrafos e uma justificada no texto. Fica mais apresentável. Outra coisa é a letra; não é que esteja muito pequena, mas o padrão seria melhor, tanto para a visualização quanto para a leitura.
Aguardo sua próxima postagem e tenha em mim um leitor. Parabéns! See ya!
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☼ Nefarious ☼
whoispaulo- Membro
- Idade : 30
Alerta :
Data de inscrição : 11/03/2010
Frase pessoal : lay me down tonight
Re: REbuild project
Bom, vamos lá.
A fic até me pareceu interessante, viu. Pelo que eu vi, a história vai ser do garoto principal contra esse tal de Theodore ai, e seu pai, e uma busca de vingança, aquela coisa que a gente já tá acostumado e já sabe né -q, mas enfim.
Eu só acho que tudo é muito exagerado, principalmente a quantidade de palavrões. Nada contra colocá-los, muito pelo contrário, mas só que ver um monte de "palavra censurada" no texto acaba deixando ele bem, sei lá, feio, por isso palavrões só são bons quando bem usados, senão fica algo grosseiro, ou no seu caso, algo feio, pelo fato de não ter o palavrão em sim.
Eu concordo que o excesso de descrição acabou deixando o texto mais lento, e em dados momentos que exigiam mais emoção/descrição acabou pecando. Por isso tenha um meio termo. Pouca descrição não é bom, mas o excesso dela também não, mas enfim.
Protagonista gay? Hm... ok, ideia bacana e tals, mas tipo, esse tema é muito delicado e às vezes acaba não sendo bem tratado, por exemplo o do protagonista, que foi praticamente cuspido na cara de todo mundo que ele era gay e que tinha uma queda pelo professor, sei lá.
Erros eu devo ter visto um ou outro, mas nada de mais.
É só e boa sorte com a fic.
A fic até me pareceu interessante, viu. Pelo que eu vi, a história vai ser do garoto principal contra esse tal de Theodore ai, e seu pai, e uma busca de vingança, aquela coisa que a gente já tá acostumado e já sabe né -q, mas enfim.
Eu só acho que tudo é muito exagerado, principalmente a quantidade de palavrões. Nada contra colocá-los, muito pelo contrário, mas só que ver um monte de "palavra censurada" no texto acaba deixando ele bem, sei lá, feio, por isso palavrões só são bons quando bem usados, senão fica algo grosseiro, ou no seu caso, algo feio, pelo fato de não ter o palavrão em sim.
Eu concordo que o excesso de descrição acabou deixando o texto mais lento, e em dados momentos que exigiam mais emoção/descrição acabou pecando. Por isso tenha um meio termo. Pouca descrição não é bom, mas o excesso dela também não, mas enfim.
Protagonista gay? Hm... ok, ideia bacana e tals, mas tipo, esse tema é muito delicado e às vezes acaba não sendo bem tratado, por exemplo o do protagonista, que foi praticamente cuspido na cara de todo mundo que ele era gay e que tinha uma queda pelo professor, sei lá.
Erros eu devo ter visto um ou outro, mas nada de mais.
É só e boa sorte com a fic.
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The Adventures of a Gym Leader - Capítulo 48
Dreams come true
Bar daora do clã dos Yu-Gi-Oh -q
Re: REbuild project
Olá
Achei a ideia da FanFic interessante, mas na prática o texto acabou ficando um pouco cansativo mesmo, os momentos de ação acabaram não tendo muitas emoções e o capitulo pareceu mais extenso do que ele é de verdade.
Também achei as reações dos personagens aos acontecimentos um pouco exageradas, sei lá lol
Mas fiquei interessado e gostaria de ver aonde você pretende chegar com essa história, apenas se atente ao que eu e os outros comentamos para melhorar um pouco a apresentação da fic, e nos vemos no próximo capítulo o/
Achei a ideia da FanFic interessante, mas na prática o texto acabou ficando um pouco cansativo mesmo, os momentos de ação acabaram não tendo muitas emoções e o capitulo pareceu mais extenso do que ele é de verdade.
Também achei as reações dos personagens aos acontecimentos um pouco exageradas, sei lá lol
Mas fiquei interessado e gostaria de ver aonde você pretende chegar com essa história, apenas se atente ao que eu e os outros comentamos para melhorar um pouco a apresentação da fic, e nos vemos no próximo capítulo o/
Brijudoca- Moderador
- Idade : 27
Alerta :
Data de inscrição : 28/04/2009
Frase pessoal : make brazil emo again
Re: REbuild project
Olá! Essa sua fanfic, ela é beeem intensa. Muitas coisas aconteceram só nesse prólogo. Apesar de ter ficado um pouco longo, foi tudo bem interessante. O começo foi bem agradável, você deu uma boa explicada sobre o personagem principal e como é a personalidade dele. Só que, como os outros disseram, foi meio extenso. Muitas fanfics pecam pela falta de descrição, então que bom que você se preocupou nisso. Só veja se o depois de pronto o capítulo não fica muito longo e/ou monótono, sem muita ação. A sua pelo menos até aqui teve muita. Não esperava saber que o menino era enrustido e ainda por cima com uma queda pelo professor, isso me pegou de surpresa. E pelo que parece, a ele também. Parece que ele ainda tem duvidas quanto a sua sexualidade. A menina lá também me pareceu ser bem legal. Um tipo espontâneo assim sempre cativa o público. Vamos ver se ela vai ter mais importancia na história. Agora o outro menino rico, meu deus do céu, que menino doido! Vontade de matar mesmo esses tipos de pessoas que fazem todo tipo de crueldade e abertamente porque sabem que não serão punidos. Só quero ver como o Joshua vai lidar com isso. Bom, de erros, não percebi nenhum, só um nove hora das "tarde" rsrs. Boa sorte na sua fic e até!
-Murilo- Membro
- Idade : 30
Alerta :
Data de inscrição : 01/03/2011
Frase pessoal : Pq ñ podemos fugir da realidade se ela é uma droga
Re: REbuild project
WOW! Quase dois meses sem capítulo, né? Pois é... A preguiça é minha maior inimiga! Mas eu comecei a trabalhar - e tenho que frequentar o curso também -, então todo o tempo que eu tinha foi pro espaço. Eu comecei a escrever esse capítulo BEM antes de começar a trabalhar, mas havia "dropado" o trabalho bem no meio. Hoje, decidi voltar a escrever. Acabei reescrevendo o prólogo também, caso queiram conferir. Bom, vamos lá:
Yey! Comentários respondidos, vamos ao capítulo (espero que tenham notado que sou muito fã de Panic! At the Disco, tá?)!
Os raios de Sol atravessavam a persiana da janela – provavelmente, não passava das seis horas da tarde – e deixavam listras brilhantes e horizontais sobre o cobertor da cama. Debaixo dele estava Joshua, perdido em suas músicas e pensamentos. Não estava dando a menor atenção à música, mas continuava com os fones nos ouvidos. Estava pensando sobre a morte de seu pequeno Pokémon, além de tudo o que aquele garoto, Theodore, havia falado. Sentia nojo e ódio. Queria espancá-lo até pedir perdão pelo que havia feito e pelas coisas horríveis que havia dito. Não parava de se odiar por permitir que aquilo acontecesse; afinal, Nii só o seguia, não é mesmo? Então era tudo sua culpa? Ou será que era culpa do destino? Inúmeras perguntas vinham em sua mente, mas não pôde se indagar mais por conta de batidas na porta:
— Joshua... — A suave voz chamava — Saia daí. Você precisa comer.
— Não estou com fome. — Respondeu — Vá embora, tia.
— Eu não irei sair daqui até que você venha pegar seu prato. Ou eu posso fazer melhor e ligar para um chaveiro, que virá destrancar essa porta. Que tal?
Joshua rapidamente descobriu-se, levantou-se da cama e foi até a porta, destrancando-a:
— Pronto. Dá meu prato.
Selene observou seu sobrinho, todo desajeitado, com seu cabelo bagunçado e roupas pouco sujas. Tinha um rosto triste, estava bem magro. Sentia pena dele, mas não podia fazer nada.
— Vamos lá, passaram-se três semanas. Você não pode ficar tão pra baixo assim. — Tentava animá-lo — O que aconteceu, aconteceu. Simples assim. Se quiser, eu lhe compro outro Lillipup. Afinal, eles são fáceis de encontrar.
— O quê? — Joshua retrucou. Sua face havia mudado de triste para zangada. — Que merda você tá falando?! Aquele idiota mata meu Pokémon e tudo o que você diz a respeito é: “eu lhe compro outro”?! Você não tem ideia do que aconteceu, não é mesmo?
— Não erga sua voz contra mim, garoto — Gritou mais alto —, eu sou capaz de te jogar na rua!
— Então jogue, sua vaca! — Bateu no prato, que foi de encontro com o chão, quebrando-se em mil pedaços e esparramando a comida para todo lado. — Esse é o seu problema: você só pensa no dinheiro. Dane-se o que acontece comigo. Um cara vem, mata meu Pokémon na minha frente e tudo o que você faz é me consolar do jeito mais idiota possível! Quer saber? Que se — Plaft! O estrondoso tapa fez Joshua se calar imediatamente.
– Quanta insolência. – Observava o garoto colocar a mão em sua face vermelha – Você não passa de um mal agradecido. Eu o acolhi em minha casa depois de seus pais terem sido mortos por esses malditos bichos e você aqui, na minha frente, defendendo um deles. Você me enoja, garoto.
– Nii não tinha nada a ver com aquilo! – Gritou, ainda com a mão na bochecha avermelhada – Foi um Arcanine que os matou, mas só porque estava tentando proteger seus filhotes!
– Cale a boca! – Joshua estremeceu com o comando de Selene – Baixe seu tom. Eu já lhe disse que esses animais são uma escória para este mundo. Independente de qual tenha sido o motivo, um deles matou minha irmã. E você, um idiota, está aí, defendendo-os. Aqueles que mataram sua família. Que fizeram você órfão. Você não sente pena de si mesmo?
Joshua estava quieto, olhando fixamente para os olhos de Selene. Estava com raiva, mas não se atrevia a lhe dirigir a palavra. Ela continuou.
– Um garoto de quinze anos que deseja ser um mestre Pokémon. Essa ideia está ultrapassada, não? Até porque, hoje, os Pokémon não são mais tão valorizados como antigamente. Matar um ou outro não faz a menor diferença. Não sei por que se apegou tanto àquele bicho imundo, mas o fez. E agora está sofrendo. Você é ridículo. Saia do seu mundo de sonhos e venha para o mundo real. Esteja pronto em meia hora, pois você volta hoje mesmo para a escola. E limpe essa bagunça. Você já viveu aqui por muito tempo fazendo o que bem entende.
Deu as costas a Joshua e saiu caminhando em direção a cozinha.
– Eu tenho dezesseis. – Sussurrou para si mesmo, limpando uma lágrima que escorria pela bochecha vermelha.
Quando entrou na sala de aula, estava sozinho. Talvez tivesse chegado cedo demais. Sentou-se na primeira fileira à esquerda, na última carteira ao fundo, que ficava ao lado de uma estante com inúmeros livros. Pouco depois, outros alunos começaram a chegar. Alguns alunos observavam o garoto, que estava quieto com seus fones de ouvido. A sala começava a ficar cheia, quando foi surpreendido por uma garota gritando seu nome:
– JOSHUAA! Você tá vivo! – Correu em sua direção, abraçando-o.
– Lise, quê que você tá fazendo? – Tentou se livrar dos braços da garota, em vão – Me solta, mulher!!
– Não. – Abraçou-o mais forte ¬– Eu não vou te soltar até que pare de chorar.
– Eu não estou chorando. – Afirmou Joshua, pouco confuso com a frase de Lise – Ficou doida?
Lise deixou de abraçá-lo por um momento, logo colocando sua mão no peito esquerdo de Joshua. Ele ficou corado, mas não muito.
– Seu coração diz o contrário. – Disse num tom sério – Eu posso ouvi-lo chorar.
Ficou encarando por alguns segundos, até se tocar que o que dissera era verdade: estava extremamente triste.
– Está aqui por quê? Não deveria voltar tão cedo às aulas. Tudo bem que se passaram três semanas, mas enfim.
– Espera, como você sabe do que aconteceu há três semanas? Você não estava lá... Vendo o que eu vi.
– Não. Mas todos na escola sabem. Não percebeu o olhar dos outros alunos? Todos eles te olham intensamente, com pena e compaixão. Alguns até têm inveja de sua coragem, já que agrediu um Baltmore. Uma das mais poderosas famílias do mundo... Cujo estandarte é um Pyroar. “Ouçam-me rugir!” é a frase carregada por eles. Você devia tê-lo ouvido.
Desviou o olhar de Lise, que estava a sua frente, e observou os alunos na sala; todos o estavam olhando. Alguns chegavam a não piscar. Via diferentes sentimentos em seus olhos. Sentiu-se julgado. Voltou para Lise:
– Eu rugi praquele bosta. E farei de novo se possível.
– Ah, pobre garoto – Saiu de sua frente, pegando uma cadeira e colocando ao seu lado –, mal conhece a vida. Acha mesmo que “rugir” é a solução? Vamos, me diga: qual é o estandarte de sua família? Um nobre, plebeu, desconhecido...?
– Eu não carrego estandarte nenhum. Além do mais, essa história é antiga demais. Já saímos do período do Jogo de Tronos.
– Não me importo. Esta é uma importante parte da história do nosso mundo – Levantou-se, sem se importar com os outros que os olhavam –, uma história cheia de batalhas e mortes e magia. Cheia de Pokémon e humanos, além do amor que ambas as espécies sentiam entre si. Não era como hoje, em que você pode fazer o que quiser com os Pokémon. Havia cooperação entre todos, pois um dependia do outro pra sobreviver. Era mágico!
– Então... Você gosta de história. Mas eu também gosto de saber que, antigamente, os humanos admiravam os Pokémon. Gostaria de saber se isso pode voltar a acontecer um dia. – Abaixou a cabeça, sentindo-se triste por lembrar-se do que havia acontecido. Lise o observou por pouco tempo, até concluir:
– Um Sawsbuck. – Colocou dois dedos embaixo do queixo de Joshua, erguendo sua cabeça até seus olhos encontrarem com os dela – Cabelos negros e lisos e lindos olhos castanho-claro. Você é da Casa Sawsbuck.
Voltou a ficar corado, mas sentia-se feliz, mesmo não sabendo o motivo. Talvez fosse o olhar de Lise, que o acalmara. Sentia alguma coisa ao olhar os lindos olhos de cor azul-esverdeada que ela possuía. Não sabia muito sobre estandartes e Casas, mas conhecia o suficiente delas para ter certeza de que Lise pertencia à linhagem dos Braviary: um valente povo, com seus lisos cabelos negros, olhos azul-esverdeados e seu temperamento difícil e apaixonado, que viviam nas mais altas montanhas de Unova, em gigantescos castelos que – diziam as lendas – tocavam a Lua e as estrelas.
Soltou o queixo de Joshua, vendo que seus olhos não pareciam mais expressar tristeza.
– Um Sawsbuck. Combina com você, afinal de contas. Um povo guerreiro, que faz de tudo pra proteger aqueles que estão ao seu lado. Não têm medo do perigo ou da morte, apenas continuam suas lutas para proteger quem amam. E é isso o que aconteceu, certo?
Assentiu com a cabeça. Começava a se interessar pelo assunto de Casas e tudo o mais. Seria Joshua um Sawsbuck? Caso fosse, quem seria um Sawsbuck além dele: sua mãe ou seu pai? E qual seria a outra Casa à que pertence? Perguntas e mais perguntas começaram a encher a cabeça de Joshua. Antes que pudesse continuar seus pensamentos, foi interrompido novamente, por outra pessoa, Robert. Entrou na sala de aula roubando os olhares das garotas – e de Joshua também.
– Boa tarde, classe. Como vão? – Perguntou. Parecia feliz, até reparar em Joshua – Joshua? Nossa, há quanto tempo! Como vai?
– E-eu vou bem, professor – Sentiu seu coração subir pela garganta –, e o senhor?
– Ótimo. Principalmente por você estar aqui. – Joshua sentiu-se extremamente feliz com a frase. Sentiu vergonha também, mas havia algo a mais. Talvez... Excitação? – Afinal, você é um dos melhores alunos que eu possuo.
Todos olhavam para Joshua, que parecia estar em outro mundo. Ficou poucos segundos surdo, com o olhar fixo no nada. Lise observou e riu. Quando se deu conta de que estava “fora do ar”, voltou à conversa:
– Obrigado, professor. – Estava fascinado pelo sorriso de Robert. – O senhor também é... – Quase deixou escapar as palavras “muito” e “bonito” – É um ótimo professor. Sem dúvidas.
– Obrigado. – Respondeu. – Espero que não fique mais tanto tempo desaparecido, Joshua. Senti sua falta nas minhas aulas. Bom, vamos lá – Pegou o livro na mochila, abriu-o e se dirigiu para o quadro negro –, hora de retomarmos o que estávamos aprendendo. Caso se sinta perdido, peça o caderno a um de seus amigos. Acho que Lise deve ter copiado tudo.
– Claro, professor. – Afirmou Lise – Tenho tudo que ele precisa aqui comigo, não precisa se preocupar.
– Ótimo. Vamos lá. – Começou a escrever fórmulas no quadro.
–Joshua – Sussurrou –, você quase se entregou hoje. Precisa controlar seus desejos pelo professor. Ah! Quando sairmos da escola, venha comigo até um certo lugar. Quero te dar umas coisas.
Joshua não ficou surpreso por Lise saber que tinha desejos envolvendo Robert. Na verdade, percebeu que isso estava tão explícito que nem se incomodaria mais com tais afirmações da garota. Mas ficou curioso em relação às coisas que ela queria lhe dar.
– Coisas? Que tipo de coisas? – Ficou pensativo.
– Apenas coisas, caramba! – Pegou seu caderno, abriu e começou a copiar as fórmulas que Robert escrevera na lousa – Você vem comigo assim que sairmos daqui.
Joshua fez o mesmo, ainda pensativo. Já estava até se sentindo melhor depois de ver Robert e conversar com Lise. Ainda se sentia triste, mas estava suportando a tristeza de um jeito mais fácil.
– Tudo bem. – Disse, ansioso, enquanto escrevia usando uma caneta qualquer.
As ruas estavam escuras, pouco iluminadas com a luz da Lua. Apesar de estarem em uma cidade que “não dorme”, o bairro onde estavam era afastado das muitas luzes de hotéis, cassinos e cabarés que existiam ali. Apenas um bairro quieto, com uma fraca iluminação e inúmeras casas enfileiradas, como prédios, com árvores à suas portas. Joshua gostava do clima do local: um pouco fresco, não muito frio, como era de costume. Estava apenas seguindo Lise, mas não fazia ideia de onde estava indo. Decidiu chamá-la, mas obteve a resposta sem nem mesmo perguntar.
¬– Chegamos! – Exclamou Lise, virando-se para Joshua e apontado para a casa à sua direita – Minha casa, caro amigo. Venha, vamos entrar!
– Quê? Por que você me trouxe até sua casa?!
– Bom, é melhor eu te explicar lá dentro. Ou você gosta da rua?
– Eu gosto daqui, sim, mas isso não tem nada a ver! Por que estamos na sua casa?
– É que eu tenho um presente pra você e tal, Joshua. Vem comigo. Tenho certeza que vai gostar.
– Esse presente seria...?
– Cara, você é muito chato. Apenas entre, está bem? Não tem nada de errado lá dentro.
Sentiu receio, mas entrou na casa de Lise. Uma casa muito bonita, com uma grande sala de estar logo na entrada, seguida por uma sala de jantar, com uma mesa gigantesca, além de doze cadeiras – Joshua contou cada uma delas. Lise foi guiando Joshua até uma porta de ferro, do tamanho de uma porta de madeira. Entrou, levando o garoto consigo.
– Aqui não tá muito escuro, não? – Perguntou Joshua. Lise ligou as luzes do salão, levando-o a tampar os olhos com a mão, já que a luz praticamente o cegou. Quando recuperou a visão, percebeu que estava numa espécie de laboratório, com muitos livros, computadores, tubos de ensaio e inúmeras Pokébolas, todas arrumadas em estantes de madeira. – Que lugar é esse?
– O laboratório da minha mãe. Ela é uma importante pesquisadora Pokémon. Eu nunca contei pra ninguém, mas eu também estudo muito sobre eles.
– O quê? – Estava chocado. – Sua mãe é uma pesquisadora? E você... Você não deveria ser uma treinadora?
– Uou. Belo conceito de “filha de pesquisadora”. Eu bem que queria sair em jornada, sabe? Mas a minha mãe sempre me proibiu. Disse que eu teria que estudar e me tornar alguém. Coisa de adulto. – Joshua não acreditou. Lise, uma garota tão livre, sendo obrigada a não fazer coisas porque sua mãe mandou?
– Não pode ser, cara. Você... Também quer sair em jornada, mas sua mãe não deixa? Cara, ela é uma pesquisadora Pokémon! Ela é meio que obrigada a deixar a filha partir em uma jornada, seja pra coletar dados ou qualquer outra coisa.
– Pois é. Mas é aí que você entra. – Apontou para Joshua, com um olhar malicioso.
– Eu?! Quê que eu posso fazer?!
– Você vai sair em jornada comigo. – Andou até o garoto – Afinal, esse é seu sonho também, certo? Ainda mais agora, que Nii foi morto por aquele babaca.
Joshua lembrou-se de Nii. Sentiu-se triste, mas manteve o foco na conversa.
– Não, não... Espera. Eu não posso sair em jornada. Não depois de tudo o que aconteceu. Eu... Não sei se seria capaz de cuidar de outro Pokémon. Não depois do que aconteceu com Nii... – Abaixou a cabeça, sentindo uma lágrima escorrer de sua bochecha. – Ele... Eu... Eu deveria ter morrido. Não Nii...
– Cale a boca. – Deu um tapa certeiro na bochecha de Joshua, fazendo-o parar de chorar.
– Mas que merda é essa?! – Gritou, furioso. – Por que me deu um tapa?!
– Pra parar de ser um bebê chorão. Você não percebe que aquilo aconteceu pra que você pudesse sair daqui?
– O quê? – Joshua estava sem entender.
– Pense bem: você quer sair em uma jornada. Você quer conhecer outros lugares do mundo. Mas sua tia o prende aqui. Você não tem direito à escolha, a não ser ficar e agradar ela. Você amava Nii de todo o seu coração, e viu como sua tia reagiu quanto a seu amor. – Joshua estava perplexo. Como Lise sabia de tudo o que havia acontecido? – Se Nii estivesse vivo, você continuaria sendo um babaca que só obedece os outros, sem se impor!
– Mas... Espera aí! VOCÊ é quem fica de cabeça baixa! Sua mãe não quer que saia em jornada, e você obedece! Não fale de mim, sua idiota! – Apontou para Lise – E desde quando você acha que pode falar de Nii?! Ele não mereceu morrer!!
– Eu não disse que mereceu.
– O jeito como você falou! Você disse que ele mereceu, mesmo sem dizer a palavra!
– Não. Eu disse que ele morreu porque estava tudo planejado. Você não entende?
– A única coisa que eu entendo é que você é louca! E uma baita idiota, também! Eu pensei que você me entendesse, com todo aquele papo de coração e tal, mas você é só uma idiota que quer jogar na minha cara que eu sou um inútil por não ter protegido Nii!
– Cara, como você é dramático. – Lise sentou-se em uma cadeira qualquer – Sério, quem te ensinou a ser assim?
– Cale a boca! Não deboche de mim!
– Eu não estou debochando. Ninguém disse que você é inútil por não ter protegido Nii. Você se culpa sem ser culpado. Você é só um bebê chorão.
– Cale a-- – Joshua foi interrompido por Lise.
– Cale você a boca e me escute. Desde que te conheci, há três meses, vi que era diferente. Um garoto quieto, que não ficava preocupado em passar uma boa imagem, que apenas sentava na cadeira, abria o caderno e fazia os exercícios de todos os professores. Um garoto estudioso, que não falava muito. Não tinha muitos amigos também, quase nenhum. Os únicos momentos que via você sorrir, era quando encontrava com seu Pokémon. Eu gostei disso. Pensei: “Ei, esse garoto não é babaca como o resto das pessoas dessa joça. Ele dá valor aos Pokémon. Eu quero ser amiga dele!”. Aí, comecei a te encher o saco, porque já havia percebido que olhava diferente para o professor Robert, além de olhar do mesmo jeito pra alguns outros alunos. Eu percebi que você era gay. Foi aí que vi um jeito de me aproximar de você: te insinuando pros outros. Foi a maneira mais fácil de me aproximar. Além disso, eu senti que você tinha uma ótima aura. Nenhuma pessoa daquela escola tinha uma aura tão pura quanto a sua. Eu precisava da sua amizade. Eu queria saber quem você era, e porque se preocupava tanto com os Pokémon. Então... “Aquilo” aconteceu.
– Você sabia que o Theodore queria matar o Nii? Você sabia que aquilo ia acontecer? Você... Como você sabia?! – Joshua cerrou os punhos.
– Eu senti. Como eu te disse naquela noite. Por alguma razão, eu tenho alguma habilidade que me permite sentir as coisas boas e ruins que irão acontecer, Joshua. Eu não sei como nem porque. Eu só sei. Foi então que eu senti... Que uma coisa extremamente ruim iria acontecer com você, e que ela também seria boa. Eu só não sei qual é a parte boa.
– A morte do Nii não teve nada de boa! Aquilo acabou comigo! Eu só fiquei mais e mais rancoroso com a morte dele! Eu quero matar Theodore! Quero matar o pai dele! Quero matar todos que se envolvem com aqueles dois! TODOS! SEM EXCEÇÕES! – Joshua gritou extremamente alto, com toda sua força – QUERO MATAR TODOS AQUELES PEDAÇOS INÚTEIS DE LIXO QUE SE CHAMAM DE HUMANOS!
– Meus parabéns. – Joshua virou, deparando-se com uma jovem mulher, que aparentava não ter mais que 35 anos, vestindo um jaleco branco sobre uma blusa azul, além de uma saia que chegava até seus joelhos. Seus cabelos, curtos e negros, formavam uma franja na parte esquerda de seu rosto. – Parece que seu amigo é um psicopata, Lise.
– Oi, mãe. – Lise disse, sem a menor indiferença – Esse é o Joshua, o garoto que eu te falei. Ele não costuma ser assim.
Joshua estava perplexo. A mulher o olhava, mas não aparentava pensar em nada. Percebeu o ouviu gritar, além de ver que estava muito nervoso. Se recompôs, abaixou a cabeça, e pediu desculpas.
– Pelo quê? – Perguntou a mulher.
– Eu... Hã...
– Você gagueja demais. Não parece nem ser homem.
– Pois é, mãe. Ele não passa de um bebê chorão.
Ficou quieto por uns momentos, até sentir os dedos da mãe de Lise em seu queixo, erguendo sua cabeça.
– Você é mais alto que eu. Cerca de... Dez centímetros? Tente me olhar nos olhos, por favor. Olhando pra baixo, faz-me sentir uma anã. – Sorriu para Joshua. – Você está triste. Seu coração chora. Sua raiva por Theodore e os outros Baltmore é explicável. Mas matá-los não é a solução. Você pode ferir outras pessoas, que nada tem a ver com essa história, sabia? – Abraçou-o, deixando Joshua vermelho. – Saiba que, mesmo que seu mundo pareça estar desabando, Nii ainda está com você. Em seu coração. Em sua mente. A alma dele ainda te guarda, Joshua. Não se esqueça disso.
Sem dizer uma única palavra, Joshua a abraçou. Começou a chorar incessantemente, soluçando. Não parou por, pelo menos, dez minutos. A mulher apenas afagava-lhe os cabelos, como se fosse uma criança que acabara de se machucar – e, realmente, Joshua era uma criança que acabara de se machucar. Mas seu machucado não poderia ser curado com Mertiolate ou qualquer coisa do tipo.
– Ainda não lhe disse meu nome, não é? Sou Shauntal. Prazer em conhecê-lo.
– Uh... – Enxugava as últimas lágrimas dos olhos – Prazer...
– Joshua... Eu ouvi muitas coisas sobre você. Lise sempre me disse o quão brilhante e bonita é sua aura. É, eu sei que parece loucura, mas ela realmente consegue ver a aura das pessoas e dos Pokémon. Talvez seja por eu ter criado ela junto com inúmeros Pokémon que estudei. Eu realmente não sei de onde vem essa habilidade, mas sempre fiquei curiosa pra saber. Por isso, sempre protegi minha filha do mundo. Ou tentei. Eu sei que você não está apto a ouvir histórias, mas gostaria de lhe contar uma. Apenas explicações, nada demais. Sente-se, por favor. – Apontou para uma cadeira.
Joshua se sentou ao lado de Lise. Estava calmo, com os olhos pouco avermelhados e úmidos. Olhou para Lise, que estava indiferente. Voltou-se para Shauntal.
– Huh. Quando Lise era apenas uma garota, por volta dos sete a oito anos, costumava acordar às três da manhã, chorando. Me deixava louca por isso. Eu nunca entendia o porquê, apenas a acalmava. Ela não falava muito comigo quando isso acontecia, apenas abraçava algum de seus Pokémon, que a consolavam junto comigo. Sempre imaginei que fossem pesadelos, mas ela nunca lembrava que isso acontecia. Então, quando Lise completou onze anos, começou a falar comigo sobre “sentir coisas ruins e boas”. Ela também dizia ser capaz de ver cores sendo emanadas dos Pokémon e pessoas, as tais “auras”. A princípio, pensei que fossem devaneios de criança, mas o tempo foi passando, e sempre que Lise dizia sentir alguma coisa ruim, algo realmente ruim acontecia. Foi então que lembrei que, desde pequena, Lise sentia isso e sofria por causa dessas sensações, acordando de madrugada e chorando. Depois de um tempo, ela parou de chorar, porque viu que eu me preocupava. Apesar de criança, sempre foi muito desenvolvida mentalmente. Foi aí que decidi que tentaria ao máximo protegê-la do mundo. Mas Lise tem um enorme espírito livre, o que a fez sair por aí e fazer o que bem entendesse, mesmo que eu fosse contra. Como não conseguia machucá-la, apenas deixei fazer o que bem entendesse, desde que respeitasse uma única regra: não sair em jornada, a menos que fosse com alguém de minha confiança.
– E é aí que você entra, Joshua. – Interrompeu Lise.
– Exatamente. É aí que você entra. Mesmo não conhecendo você o suficiente, Lise me fez confiar em você, com toda aquela história de aura e tudo o mais. Além disso, depois de me dizer que você agrediu um Baltmore, eu tive certeza de que você era gente boa. – Shauntal sorriu – Eu realmente sinto que confio em você, Joshua. Agradeça minha filha por isso.
– Então... Você quer que eu saia de Vegas com a Lise, pra fazermos uma jornada? À troco de quê?
– Eu preciso que busquem informações sobre um certo Pokémon para mim. Você já ouviu falar sobre Victini?
– Victini?
– “O Pokémon Vitória”, como é conhecido. Existem inúmeras lendas sobre esse Pokémon, mas ninguém nunca o viu. Dizem que apenas pessoas de coração puro conseguem vê-lo, o que me leva a pensar que a humanidade, antigamente, era bem mais pura, já que eles conseguiram encontrar Victini. Mas, deixando isso de lado... Eu preciso que vão até Liberty Garden, uma ilha com um farol, a sudoeste de Nova Iorque. Lá, reza a lenda, aqueles de coração puro encontrarão com Victini assim que pisarem na ilha. E vocês possuem corações puros.
– E aí, vamos? – Perguntou Lise a Joshua.
– Eu... Não sei o que falar... Eu não tenho um coração puro, tenho? E... Eu vou precisar de um Pokémon. Eu não sei se vou ser capaz de proteger esse Pokémon. Eu... Não sei...
– Joshua... – Chamou Shauntal. Joshua levantou sua cabeça, olhando-a nos olhos. – Não se preocupe com coisas desnecessárias, querido. Eu sei que esse acontecimento ainda te assombra. Eu sei que você está triste por causa disso. Mas... Você não percebe que a morte de Nii te serviu de lição?
– Como pode falar assim? Você... Você ama os Pokémon! – Joshua ficou nervoso – Como pode falar assim?!
– Acalme-se. Eu não quis te desrespeitar. Apenas estou dizendo a verdade. Nii morreu porque você tinha medo de treiná-lo. Estou certa?
– Ah... – Joshua calou-se, reprimindo toda a raiva que sentiu, porque Shauntal estava certa – Eu...
– Você teve medo de que Nii se voltasse contra você, certo? Que te atacasse caso aprendesse a usar golpes. Você nunca treinou Nii, nunca o deixou ser um lutador. Você sempre o protegeu. Pensou que, protegendo-o, ele ficaria livre de todas as coisas ruins do mundo. Eu sei o que você tentou fazer. É por isso que a morte dele lhe ensinou uma coisa: como o mundo é cruel. E como você deve estar preparado para enfrentá-lo. É por isso que quero lhe dar uma oportunidade de se redimir com o passado. Escolha um Pokémon inicial, treine-o e transforme-o num exímio lutador, para que possa se proteger de tudo e de todos.
Joshua ficou em silêncio por um bom tempo, até se levantar e dizer:
– Eu realmente não queria ensinar nenhum golpe ao Nii. Não queria que ele fosse capaz de machucar ninguém, porque, se machucasse alguém, acabaria se ferindo. Eu sei que eu errei em tê-lo reprimido, mas... Era a única solução que eu via para que não acontecesse o mesmo de oito anos atrás. Eu queria... Que o Nii fosse bom...
– Eu sei. Você tem ótimas intenções, só não sabe como expressá-las. Achou que estava indo pelo caminho certo, mas errou. O destino lhe mostrou isso, e também mandou você se preparar. É por isso que estou te dando essa chance de se redimir. Quero que se desenvolva junto com o Pokémon que escolher. Quero Que se transforme num homem capaz de proteger o que ama, principalmente agora que os Baltmore sabem sobre você. Eles irão atrás de quem você ama. Eles irão fazer todo o possível para que sofra. E você precisa estar preparado pra isso. O que me diz?
Joshua olhou Shauntal nos olhos. Ela percebeu que o olhar do garoto estava em chamas. Não de raiva, mas de determinação. Percebeu que Joshua entenderá que errou, e que estava disposto a corrigir seus erros. Soltou um riso.
– Huh. Já vi que não precisa me responder com palavras. Então, vamos lá.
As luzes de Vegas estavam distantes quando pararam de caminhar. Joshua, acompanhado de seu Snivy, sentou-se ao lado da cruz de pau feita à mão, enquanto Lise ficou observando as estrelas no céu, acompanhada de seu Oshawott. Alguns Sharpedos estavam pulando sobre a água, coisa que só acontecia quando era época de Lua cheia. O clima estava perfeito para Joshua: leves e calmas brisas, além de um frio gostoso, coisa que só aparecia depois das duas da manhã no deserto. Olhou Snivy, à sua esquerda, e afagou-lhe a cabeça. Pegou um pedaço de fruta em sua mochila ¬– uma bolsa, na verdade, colocada na lateral do corpo, presa por duas cintas que ficavam em volta da cintura de Joshua – e deu para Snivy, que ficou feliz com o alimento. Olhou para sua direita, para a cruz de madeira.
– Sabe, Nii? Desde que te “resgatei” daqueles bombeiros, jurei que nunca deixaria nada de ruim lhe acontecer. Pensei que pudesse manter minha promessa. Eu... – Colocou a mão em eu peito, no lado esquerdo – Realmente amei você, com todas as minhas forças. Eu sei que deveria ter te treinado, mas queria muito te proteger. E acabei errando. Espero que possa me perdoar por isso. Eu também lembro de chorar muito. Lembro de você chegando perto de mim, tentando fazer com que eu parasse de chorar. He... Você sempre esteve comigo quando precisei. Muito obrigado por ter sido um amigo especial.
Lise olhou para Joshua, sentindo que seu coração havia ficado mais leve depois de pedir desculpas para Nii. Sentiu que aquelas palavras eram sinceras.
– Acredite, Nii: eu me tornarei forte. Também treinarei com este Snivy, pra fazer com que ele seja forte o suficiente para proteger a todos que ama. Quero que ele seja o mais forte Pokémon do mundo. Talvez ele se torne até mais forte que Zekrom. Você vai ver. – Joshua levantou-se, cerrando os punhos. – Você com certeza vai se orgulhar da minha força no futuro, Nii. Eu vou me vingar por você. Eu vou mostrar a todas essas pessoas estúpidas quão importantes os Pokémon são. Eu vou fazê-las respeitarem todo e qualquer Pokémon que exista.
– Belo discurso – Disse Lise, sorrindo –, você fala muito bem. Eu vou te ajudar, tá? Porque eu também quero quebrar a cara do Theodore e do pai dele.
– Vai me ajudar? Tudo bem, então. Se vai me ajudar, tem que mostrar que é forte. Por isso, eu te desafio pra uma batalha, aqui e agora! – Joshua estava confiante. Seu coração estava em chamas após prometer que seu Pokémon seria o mais forte de todos. Acenou para Lise – Meu Snivy contra seu Oshawott!
– Ah, é? Então, tudo bem! – Lise puxou suas luvas, como se quisesse fixá-las mais ainda em suas mãos, preparando-se para a batalha – Se quer perder, vou aceitar seu desafio!
– Eu não vou perder! Pode apostar!
– Como tem tanta certeza? Afinal, é sua primeira batalha Pokémon!
– É uma promessa. Eu nunca vou perder.
Lise sentiu excitação nas palavras desafiadoras de Joshua, ficando animada com a batalha que se aproximava.
As luzes da cidade haviam ficado para trás, enquanto os garotos de Vegas travavam uma intensa – não muito, por serem iniciantes – batalha Pokémon. Os dois sentiam calafrios de excitação, enquanto ordenavam ataques a seus pequenos companheiros. E foi bem ali, naquela praia, com o mar à esquerda e a pouca vegetação, acompanhada de postes de luz e montanhas, à direita, envoltos por um céu cheio de reluzentes estrelas, que Joshua venceu pela primeira vez, sentindo-se um passo mais perto de conquistar a verdade de sua promessa.
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Joshua referia-se a época conhecida por suas inúmeras batalhas pela conquista de poder nas eras antigas. Chamada de “Jogo dos Tronos”, fora iniciada em 7XX, logo depois de Eimei, o Grande Rei da Casa Hydreygon, ter morrido. Ele era o governante de todos os Seis Reinos – Kanto, Johto, Hoenn, Sinnoh, Unova e Kalos –, e sua morte apenas serviu para que todos os grandes homens com exércitos fizessem uma enorme matança entre si. Cada um desejava sentar no Trono de Ferro – localizado nas Ilhas Iron, na região de Sinnoh – e comandar todos os Reinos. Cada um dos possuidores de exércitos brandiu sua espada e criou um estandarte usando como símbolo um grande Pokémon: os Pyroar, povo de Monte da Lua, de Kanto; os Malamar, das Ilhas Sevii, também de Kanto; os Sawsbuck, de White Forest, Unova; os Roserade, de Flower Paradise, Sinnoh. Dentre todas as Casas criadas, estas quatro foram as mais ousadas e poderosas.
O Jogo dos Tronos só terminou em 9XX, com o despertar de um gigantesco e assolador Pokémon, que varreu toda a existência de vida de Sinnoh usando seus poderes de gelo. Até hoje, o continente está esquecido no eterno frio. Tudo o que restou dessa época foram os nomes das Casas, além das histórias, que são contadas até hoje.
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- @HeyPaulo: Muito obrigdo pelas críticas construtivas e sugestões - que, inclusive, adotei: dar uma última revisada antes de postar e dar um espaçamento entre parágrafos -, seu comentário ajudou muito. Sobre o excesso de descrição: eu não sou lá de deixar coisas não detalhadas, por isso eu acabo me perdendo quando descrevo certas coisas... Esse é meu maior ponto fraco. Mas eu juro que vou tentar ao máximo não ser tão descritivo (?) assim! Obrigado por ler a fic! o/
@Black~: Muito obrigado também! Como eu já disse, não gosto de deixar as coisas pouco detalhadas, esse é meu mal, mas vou tentar reduzir as descrições ao máximo. Prometo! Sobre o personagem ser gay: sempre quis tratar esse assunto, mais pra mostrar que é algo natural, e não algo que as pessoas decidem de uma hora pra outra. Joshua nunca pensou em ser gay ou algo do gênero; simplesmente aconteceu. Eu pretendo explorar mais e mais as relações com caras - que haverão no desenvolvimento do personagem e da história. Os palavrões eu vou diminuir o máximo possível, e só usá-los quando necessário. Fique tranquilo! E obrigado por ler a fic! o/
@Brijudoca: Obrigado pelo comentário, cara! Obrigado por pontuar o exagero das reações, mas eu meio que quero que isso aconteça, porque o mundo em que os personagens vivem é cheio de insanidade - principalmente o mundo de Theodore. Com certeza vou tentar melhorar em tudo que for colocado por vocês. Obrigado por ler! o/
@-Murilo: Obrigado pelo comentário, cara! Você pontuou os personagens, e achei legal você ter reparado neles - até porque eu quero desenvolvê-los o máximo possível, e quero que os leitores percebam esse desenvolvimento -! Como você disse, Joshua ainda está se descobrindo, e ainda vai se questionar se o que sente é normal ou não. Lise é minha personagem favorita. Eu sempre quis criar uma garota forte e independente, mas que é uma verdadeira "princesa" por dentro. Eu gosto de garotas desse tipo. Espero que ela cative todos os leitores, porque eu pretendo um futuro de muitas surpresas pra ela. Theodore é o típico "dane-se tudo, meu pai me encobre" da vida, mas eu quero fazer ele ser o mais odiável inimigo de Joshua. Eu quero fazer de Theodore um humano que perdeu sua humanidade, só porque não soube como conduzi-la. Ele vai ser muito importante para o desenvolvimento de Joshua - assim como Lise -, então vocês ainda vão ver muito esse cara -e vão odiá-lo ainda mais. Muito obrigado por ler, cara! o/
Yey! Comentários respondidos, vamos ao capítulo (espero que tenham notado que sou muito fã de Panic! At the Disco, tá?)!
Os raios de Sol atravessavam a persiana da janela – provavelmente, não passava das seis horas da tarde – e deixavam listras brilhantes e horizontais sobre o cobertor da cama. Debaixo dele estava Joshua, perdido em suas músicas e pensamentos. Não estava dando a menor atenção à música, mas continuava com os fones nos ouvidos. Estava pensando sobre a morte de seu pequeno Pokémon, além de tudo o que aquele garoto, Theodore, havia falado. Sentia nojo e ódio. Queria espancá-lo até pedir perdão pelo que havia feito e pelas coisas horríveis que havia dito. Não parava de se odiar por permitir que aquilo acontecesse; afinal, Nii só o seguia, não é mesmo? Então era tudo sua culpa? Ou será que era culpa do destino? Inúmeras perguntas vinham em sua mente, mas não pôde se indagar mais por conta de batidas na porta:
— Joshua... — A suave voz chamava — Saia daí. Você precisa comer.
— Não estou com fome. — Respondeu — Vá embora, tia.
— Eu não irei sair daqui até que você venha pegar seu prato. Ou eu posso fazer melhor e ligar para um chaveiro, que virá destrancar essa porta. Que tal?
Joshua rapidamente descobriu-se, levantou-se da cama e foi até a porta, destrancando-a:
— Pronto. Dá meu prato.
Selene observou seu sobrinho, todo desajeitado, com seu cabelo bagunçado e roupas pouco sujas. Tinha um rosto triste, estava bem magro. Sentia pena dele, mas não podia fazer nada.
— Vamos lá, passaram-se três semanas. Você não pode ficar tão pra baixo assim. — Tentava animá-lo — O que aconteceu, aconteceu. Simples assim. Se quiser, eu lhe compro outro Lillipup. Afinal, eles são fáceis de encontrar.
— O quê? — Joshua retrucou. Sua face havia mudado de triste para zangada. — Que merda você tá falando?! Aquele idiota mata meu Pokémon e tudo o que você diz a respeito é: “eu lhe compro outro”?! Você não tem ideia do que aconteceu, não é mesmo?
— Não erga sua voz contra mim, garoto — Gritou mais alto —, eu sou capaz de te jogar na rua!
— Então jogue, sua vaca! — Bateu no prato, que foi de encontro com o chão, quebrando-se em mil pedaços e esparramando a comida para todo lado. — Esse é o seu problema: você só pensa no dinheiro. Dane-se o que acontece comigo. Um cara vem, mata meu Pokémon na minha frente e tudo o que você faz é me consolar do jeito mais idiota possível! Quer saber? Que se — Plaft! O estrondoso tapa fez Joshua se calar imediatamente.
– Quanta insolência. – Observava o garoto colocar a mão em sua face vermelha – Você não passa de um mal agradecido. Eu o acolhi em minha casa depois de seus pais terem sido mortos por esses malditos bichos e você aqui, na minha frente, defendendo um deles. Você me enoja, garoto.
– Nii não tinha nada a ver com aquilo! – Gritou, ainda com a mão na bochecha avermelhada – Foi um Arcanine que os matou, mas só porque estava tentando proteger seus filhotes!
– Cale a boca! – Joshua estremeceu com o comando de Selene – Baixe seu tom. Eu já lhe disse que esses animais são uma escória para este mundo. Independente de qual tenha sido o motivo, um deles matou minha irmã. E você, um idiota, está aí, defendendo-os. Aqueles que mataram sua família. Que fizeram você órfão. Você não sente pena de si mesmo?
Joshua estava quieto, olhando fixamente para os olhos de Selene. Estava com raiva, mas não se atrevia a lhe dirigir a palavra. Ela continuou.
– Um garoto de quinze anos que deseja ser um mestre Pokémon. Essa ideia está ultrapassada, não? Até porque, hoje, os Pokémon não são mais tão valorizados como antigamente. Matar um ou outro não faz a menor diferença. Não sei por que se apegou tanto àquele bicho imundo, mas o fez. E agora está sofrendo. Você é ridículo. Saia do seu mundo de sonhos e venha para o mundo real. Esteja pronto em meia hora, pois você volta hoje mesmo para a escola. E limpe essa bagunça. Você já viveu aqui por muito tempo fazendo o que bem entende.
Deu as costas a Joshua e saiu caminhando em direção a cozinha.
– Eu tenho dezesseis. – Sussurrou para si mesmo, limpando uma lágrima que escorria pela bochecha vermelha.
Capítulo Um – Vegas Lights
Quando entrou na sala de aula, estava sozinho. Talvez tivesse chegado cedo demais. Sentou-se na primeira fileira à esquerda, na última carteira ao fundo, que ficava ao lado de uma estante com inúmeros livros. Pouco depois, outros alunos começaram a chegar. Alguns alunos observavam o garoto, que estava quieto com seus fones de ouvido. A sala começava a ficar cheia, quando foi surpreendido por uma garota gritando seu nome:
– JOSHUAA! Você tá vivo! – Correu em sua direção, abraçando-o.
– Lise, quê que você tá fazendo? – Tentou se livrar dos braços da garota, em vão – Me solta, mulher!!
– Não. – Abraçou-o mais forte ¬– Eu não vou te soltar até que pare de chorar.
– Eu não estou chorando. – Afirmou Joshua, pouco confuso com a frase de Lise – Ficou doida?
Lise deixou de abraçá-lo por um momento, logo colocando sua mão no peito esquerdo de Joshua. Ele ficou corado, mas não muito.
– Seu coração diz o contrário. – Disse num tom sério – Eu posso ouvi-lo chorar.
Ficou encarando por alguns segundos, até se tocar que o que dissera era verdade: estava extremamente triste.
– Está aqui por quê? Não deveria voltar tão cedo às aulas. Tudo bem que se passaram três semanas, mas enfim.
– Espera, como você sabe do que aconteceu há três semanas? Você não estava lá... Vendo o que eu vi.
– Não. Mas todos na escola sabem. Não percebeu o olhar dos outros alunos? Todos eles te olham intensamente, com pena e compaixão. Alguns até têm inveja de sua coragem, já que agrediu um Baltmore. Uma das mais poderosas famílias do mundo... Cujo estandarte é um Pyroar. “Ouçam-me rugir!” é a frase carregada por eles. Você devia tê-lo ouvido.
Desviou o olhar de Lise, que estava a sua frente, e observou os alunos na sala; todos o estavam olhando. Alguns chegavam a não piscar. Via diferentes sentimentos em seus olhos. Sentiu-se julgado. Voltou para Lise:
– Eu rugi praquele bosta. E farei de novo se possível.
– Ah, pobre garoto – Saiu de sua frente, pegando uma cadeira e colocando ao seu lado –, mal conhece a vida. Acha mesmo que “rugir” é a solução? Vamos, me diga: qual é o estandarte de sua família? Um nobre, plebeu, desconhecido...?
– Eu não carrego estandarte nenhum. Além do mais, essa história é antiga demais. Já saímos do período do Jogo de Tronos.
– Não me importo. Esta é uma importante parte da história do nosso mundo – Levantou-se, sem se importar com os outros que os olhavam –, uma história cheia de batalhas e mortes e magia. Cheia de Pokémon e humanos, além do amor que ambas as espécies sentiam entre si. Não era como hoje, em que você pode fazer o que quiser com os Pokémon. Havia cooperação entre todos, pois um dependia do outro pra sobreviver. Era mágico!
– Então... Você gosta de história. Mas eu também gosto de saber que, antigamente, os humanos admiravam os Pokémon. Gostaria de saber se isso pode voltar a acontecer um dia. – Abaixou a cabeça, sentindo-se triste por lembrar-se do que havia acontecido. Lise o observou por pouco tempo, até concluir:
– Um Sawsbuck. – Colocou dois dedos embaixo do queixo de Joshua, erguendo sua cabeça até seus olhos encontrarem com os dela – Cabelos negros e lisos e lindos olhos castanho-claro. Você é da Casa Sawsbuck.
Voltou a ficar corado, mas sentia-se feliz, mesmo não sabendo o motivo. Talvez fosse o olhar de Lise, que o acalmara. Sentia alguma coisa ao olhar os lindos olhos de cor azul-esverdeada que ela possuía. Não sabia muito sobre estandartes e Casas, mas conhecia o suficiente delas para ter certeza de que Lise pertencia à linhagem dos Braviary: um valente povo, com seus lisos cabelos negros, olhos azul-esverdeados e seu temperamento difícil e apaixonado, que viviam nas mais altas montanhas de Unova, em gigantescos castelos que – diziam as lendas – tocavam a Lua e as estrelas.
Soltou o queixo de Joshua, vendo que seus olhos não pareciam mais expressar tristeza.
– Um Sawsbuck. Combina com você, afinal de contas. Um povo guerreiro, que faz de tudo pra proteger aqueles que estão ao seu lado. Não têm medo do perigo ou da morte, apenas continuam suas lutas para proteger quem amam. E é isso o que aconteceu, certo?
Assentiu com a cabeça. Começava a se interessar pelo assunto de Casas e tudo o mais. Seria Joshua um Sawsbuck? Caso fosse, quem seria um Sawsbuck além dele: sua mãe ou seu pai? E qual seria a outra Casa à que pertence? Perguntas e mais perguntas começaram a encher a cabeça de Joshua. Antes que pudesse continuar seus pensamentos, foi interrompido novamente, por outra pessoa, Robert. Entrou na sala de aula roubando os olhares das garotas – e de Joshua também.
– Boa tarde, classe. Como vão? – Perguntou. Parecia feliz, até reparar em Joshua – Joshua? Nossa, há quanto tempo! Como vai?
– E-eu vou bem, professor – Sentiu seu coração subir pela garganta –, e o senhor?
– Ótimo. Principalmente por você estar aqui. – Joshua sentiu-se extremamente feliz com a frase. Sentiu vergonha também, mas havia algo a mais. Talvez... Excitação? – Afinal, você é um dos melhores alunos que eu possuo.
Todos olhavam para Joshua, que parecia estar em outro mundo. Ficou poucos segundos surdo, com o olhar fixo no nada. Lise observou e riu. Quando se deu conta de que estava “fora do ar”, voltou à conversa:
– Obrigado, professor. – Estava fascinado pelo sorriso de Robert. – O senhor também é... – Quase deixou escapar as palavras “muito” e “bonito” – É um ótimo professor. Sem dúvidas.
– Obrigado. – Respondeu. – Espero que não fique mais tanto tempo desaparecido, Joshua. Senti sua falta nas minhas aulas. Bom, vamos lá – Pegou o livro na mochila, abriu-o e se dirigiu para o quadro negro –, hora de retomarmos o que estávamos aprendendo. Caso se sinta perdido, peça o caderno a um de seus amigos. Acho que Lise deve ter copiado tudo.
– Claro, professor. – Afirmou Lise – Tenho tudo que ele precisa aqui comigo, não precisa se preocupar.
– Ótimo. Vamos lá. – Começou a escrever fórmulas no quadro.
–Joshua – Sussurrou –, você quase se entregou hoje. Precisa controlar seus desejos pelo professor. Ah! Quando sairmos da escola, venha comigo até um certo lugar. Quero te dar umas coisas.
Joshua não ficou surpreso por Lise saber que tinha desejos envolvendo Robert. Na verdade, percebeu que isso estava tão explícito que nem se incomodaria mais com tais afirmações da garota. Mas ficou curioso em relação às coisas que ela queria lhe dar.
– Coisas? Que tipo de coisas? – Ficou pensativo.
– Apenas coisas, caramba! – Pegou seu caderno, abriu e começou a copiar as fórmulas que Robert escrevera na lousa – Você vem comigo assim que sairmos daqui.
Joshua fez o mesmo, ainda pensativo. Já estava até se sentindo melhor depois de ver Robert e conversar com Lise. Ainda se sentia triste, mas estava suportando a tristeza de um jeito mais fácil.
– Tudo bem. – Disse, ansioso, enquanto escrevia usando uma caneta qualquer.
~X~
As ruas estavam escuras, pouco iluminadas com a luz da Lua. Apesar de estarem em uma cidade que “não dorme”, o bairro onde estavam era afastado das muitas luzes de hotéis, cassinos e cabarés que existiam ali. Apenas um bairro quieto, com uma fraca iluminação e inúmeras casas enfileiradas, como prédios, com árvores à suas portas. Joshua gostava do clima do local: um pouco fresco, não muito frio, como era de costume. Estava apenas seguindo Lise, mas não fazia ideia de onde estava indo. Decidiu chamá-la, mas obteve a resposta sem nem mesmo perguntar.
¬– Chegamos! – Exclamou Lise, virando-se para Joshua e apontado para a casa à sua direita – Minha casa, caro amigo. Venha, vamos entrar!
– Quê? Por que você me trouxe até sua casa?!
– Bom, é melhor eu te explicar lá dentro. Ou você gosta da rua?
– Eu gosto daqui, sim, mas isso não tem nada a ver! Por que estamos na sua casa?
– É que eu tenho um presente pra você e tal, Joshua. Vem comigo. Tenho certeza que vai gostar.
– Esse presente seria...?
– Cara, você é muito chato. Apenas entre, está bem? Não tem nada de errado lá dentro.
Sentiu receio, mas entrou na casa de Lise. Uma casa muito bonita, com uma grande sala de estar logo na entrada, seguida por uma sala de jantar, com uma mesa gigantesca, além de doze cadeiras – Joshua contou cada uma delas. Lise foi guiando Joshua até uma porta de ferro, do tamanho de uma porta de madeira. Entrou, levando o garoto consigo.
– Aqui não tá muito escuro, não? – Perguntou Joshua. Lise ligou as luzes do salão, levando-o a tampar os olhos com a mão, já que a luz praticamente o cegou. Quando recuperou a visão, percebeu que estava numa espécie de laboratório, com muitos livros, computadores, tubos de ensaio e inúmeras Pokébolas, todas arrumadas em estantes de madeira. – Que lugar é esse?
– O laboratório da minha mãe. Ela é uma importante pesquisadora Pokémon. Eu nunca contei pra ninguém, mas eu também estudo muito sobre eles.
– O quê? – Estava chocado. – Sua mãe é uma pesquisadora? E você... Você não deveria ser uma treinadora?
– Uou. Belo conceito de “filha de pesquisadora”. Eu bem que queria sair em jornada, sabe? Mas a minha mãe sempre me proibiu. Disse que eu teria que estudar e me tornar alguém. Coisa de adulto. – Joshua não acreditou. Lise, uma garota tão livre, sendo obrigada a não fazer coisas porque sua mãe mandou?
– Não pode ser, cara. Você... Também quer sair em jornada, mas sua mãe não deixa? Cara, ela é uma pesquisadora Pokémon! Ela é meio que obrigada a deixar a filha partir em uma jornada, seja pra coletar dados ou qualquer outra coisa.
– Pois é. Mas é aí que você entra. – Apontou para Joshua, com um olhar malicioso.
– Eu?! Quê que eu posso fazer?!
– Você vai sair em jornada comigo. – Andou até o garoto – Afinal, esse é seu sonho também, certo? Ainda mais agora, que Nii foi morto por aquele babaca.
Joshua lembrou-se de Nii. Sentiu-se triste, mas manteve o foco na conversa.
– Não, não... Espera. Eu não posso sair em jornada. Não depois de tudo o que aconteceu. Eu... Não sei se seria capaz de cuidar de outro Pokémon. Não depois do que aconteceu com Nii... – Abaixou a cabeça, sentindo uma lágrima escorrer de sua bochecha. – Ele... Eu... Eu deveria ter morrido. Não Nii...
– Cale a boca. – Deu um tapa certeiro na bochecha de Joshua, fazendo-o parar de chorar.
– Mas que merda é essa?! – Gritou, furioso. – Por que me deu um tapa?!
– Pra parar de ser um bebê chorão. Você não percebe que aquilo aconteceu pra que você pudesse sair daqui?
– O quê? – Joshua estava sem entender.
– Pense bem: você quer sair em uma jornada. Você quer conhecer outros lugares do mundo. Mas sua tia o prende aqui. Você não tem direito à escolha, a não ser ficar e agradar ela. Você amava Nii de todo o seu coração, e viu como sua tia reagiu quanto a seu amor. – Joshua estava perplexo. Como Lise sabia de tudo o que havia acontecido? – Se Nii estivesse vivo, você continuaria sendo um babaca que só obedece os outros, sem se impor!
– Mas... Espera aí! VOCÊ é quem fica de cabeça baixa! Sua mãe não quer que saia em jornada, e você obedece! Não fale de mim, sua idiota! – Apontou para Lise – E desde quando você acha que pode falar de Nii?! Ele não mereceu morrer!!
– Eu não disse que mereceu.
– O jeito como você falou! Você disse que ele mereceu, mesmo sem dizer a palavra!
– Não. Eu disse que ele morreu porque estava tudo planejado. Você não entende?
– A única coisa que eu entendo é que você é louca! E uma baita idiota, também! Eu pensei que você me entendesse, com todo aquele papo de coração e tal, mas você é só uma idiota que quer jogar na minha cara que eu sou um inútil por não ter protegido Nii!
– Cara, como você é dramático. – Lise sentou-se em uma cadeira qualquer – Sério, quem te ensinou a ser assim?
– Cale a boca! Não deboche de mim!
– Eu não estou debochando. Ninguém disse que você é inútil por não ter protegido Nii. Você se culpa sem ser culpado. Você é só um bebê chorão.
– Cale a-- – Joshua foi interrompido por Lise.
– Cale você a boca e me escute. Desde que te conheci, há três meses, vi que era diferente. Um garoto quieto, que não ficava preocupado em passar uma boa imagem, que apenas sentava na cadeira, abria o caderno e fazia os exercícios de todos os professores. Um garoto estudioso, que não falava muito. Não tinha muitos amigos também, quase nenhum. Os únicos momentos que via você sorrir, era quando encontrava com seu Pokémon. Eu gostei disso. Pensei: “Ei, esse garoto não é babaca como o resto das pessoas dessa joça. Ele dá valor aos Pokémon. Eu quero ser amiga dele!”. Aí, comecei a te encher o saco, porque já havia percebido que olhava diferente para o professor Robert, além de olhar do mesmo jeito pra alguns outros alunos. Eu percebi que você era gay. Foi aí que vi um jeito de me aproximar de você: te insinuando pros outros. Foi a maneira mais fácil de me aproximar. Além disso, eu senti que você tinha uma ótima aura. Nenhuma pessoa daquela escola tinha uma aura tão pura quanto a sua. Eu precisava da sua amizade. Eu queria saber quem você era, e porque se preocupava tanto com os Pokémon. Então... “Aquilo” aconteceu.
– Você sabia que o Theodore queria matar o Nii? Você sabia que aquilo ia acontecer? Você... Como você sabia?! – Joshua cerrou os punhos.
– Eu senti. Como eu te disse naquela noite. Por alguma razão, eu tenho alguma habilidade que me permite sentir as coisas boas e ruins que irão acontecer, Joshua. Eu não sei como nem porque. Eu só sei. Foi então que eu senti... Que uma coisa extremamente ruim iria acontecer com você, e que ela também seria boa. Eu só não sei qual é a parte boa.
– A morte do Nii não teve nada de boa! Aquilo acabou comigo! Eu só fiquei mais e mais rancoroso com a morte dele! Eu quero matar Theodore! Quero matar o pai dele! Quero matar todos que se envolvem com aqueles dois! TODOS! SEM EXCEÇÕES! – Joshua gritou extremamente alto, com toda sua força – QUERO MATAR TODOS AQUELES PEDAÇOS INÚTEIS DE LIXO QUE SE CHAMAM DE HUMANOS!
– Meus parabéns. – Joshua virou, deparando-se com uma jovem mulher, que aparentava não ter mais que 35 anos, vestindo um jaleco branco sobre uma blusa azul, além de uma saia que chegava até seus joelhos. Seus cabelos, curtos e negros, formavam uma franja na parte esquerda de seu rosto. – Parece que seu amigo é um psicopata, Lise.
– Oi, mãe. – Lise disse, sem a menor indiferença – Esse é o Joshua, o garoto que eu te falei. Ele não costuma ser assim.
Joshua estava perplexo. A mulher o olhava, mas não aparentava pensar em nada. Percebeu o ouviu gritar, além de ver que estava muito nervoso. Se recompôs, abaixou a cabeça, e pediu desculpas.
– Pelo quê? – Perguntou a mulher.
– Eu... Hã...
– Você gagueja demais. Não parece nem ser homem.
– Pois é, mãe. Ele não passa de um bebê chorão.
Ficou quieto por uns momentos, até sentir os dedos da mãe de Lise em seu queixo, erguendo sua cabeça.
– Você é mais alto que eu. Cerca de... Dez centímetros? Tente me olhar nos olhos, por favor. Olhando pra baixo, faz-me sentir uma anã. – Sorriu para Joshua. – Você está triste. Seu coração chora. Sua raiva por Theodore e os outros Baltmore é explicável. Mas matá-los não é a solução. Você pode ferir outras pessoas, que nada tem a ver com essa história, sabia? – Abraçou-o, deixando Joshua vermelho. – Saiba que, mesmo que seu mundo pareça estar desabando, Nii ainda está com você. Em seu coração. Em sua mente. A alma dele ainda te guarda, Joshua. Não se esqueça disso.
Sem dizer uma única palavra, Joshua a abraçou. Começou a chorar incessantemente, soluçando. Não parou por, pelo menos, dez minutos. A mulher apenas afagava-lhe os cabelos, como se fosse uma criança que acabara de se machucar – e, realmente, Joshua era uma criança que acabara de se machucar. Mas seu machucado não poderia ser curado com Mertiolate ou qualquer coisa do tipo.
– Ainda não lhe disse meu nome, não é? Sou Shauntal. Prazer em conhecê-lo.
– Uh... – Enxugava as últimas lágrimas dos olhos – Prazer...
– Joshua... Eu ouvi muitas coisas sobre você. Lise sempre me disse o quão brilhante e bonita é sua aura. É, eu sei que parece loucura, mas ela realmente consegue ver a aura das pessoas e dos Pokémon. Talvez seja por eu ter criado ela junto com inúmeros Pokémon que estudei. Eu realmente não sei de onde vem essa habilidade, mas sempre fiquei curiosa pra saber. Por isso, sempre protegi minha filha do mundo. Ou tentei. Eu sei que você não está apto a ouvir histórias, mas gostaria de lhe contar uma. Apenas explicações, nada demais. Sente-se, por favor. – Apontou para uma cadeira.
Joshua se sentou ao lado de Lise. Estava calmo, com os olhos pouco avermelhados e úmidos. Olhou para Lise, que estava indiferente. Voltou-se para Shauntal.
– Huh. Quando Lise era apenas uma garota, por volta dos sete a oito anos, costumava acordar às três da manhã, chorando. Me deixava louca por isso. Eu nunca entendia o porquê, apenas a acalmava. Ela não falava muito comigo quando isso acontecia, apenas abraçava algum de seus Pokémon, que a consolavam junto comigo. Sempre imaginei que fossem pesadelos, mas ela nunca lembrava que isso acontecia. Então, quando Lise completou onze anos, começou a falar comigo sobre “sentir coisas ruins e boas”. Ela também dizia ser capaz de ver cores sendo emanadas dos Pokémon e pessoas, as tais “auras”. A princípio, pensei que fossem devaneios de criança, mas o tempo foi passando, e sempre que Lise dizia sentir alguma coisa ruim, algo realmente ruim acontecia. Foi então que lembrei que, desde pequena, Lise sentia isso e sofria por causa dessas sensações, acordando de madrugada e chorando. Depois de um tempo, ela parou de chorar, porque viu que eu me preocupava. Apesar de criança, sempre foi muito desenvolvida mentalmente. Foi aí que decidi que tentaria ao máximo protegê-la do mundo. Mas Lise tem um enorme espírito livre, o que a fez sair por aí e fazer o que bem entendesse, mesmo que eu fosse contra. Como não conseguia machucá-la, apenas deixei fazer o que bem entendesse, desde que respeitasse uma única regra: não sair em jornada, a menos que fosse com alguém de minha confiança.
– E é aí que você entra, Joshua. – Interrompeu Lise.
– Exatamente. É aí que você entra. Mesmo não conhecendo você o suficiente, Lise me fez confiar em você, com toda aquela história de aura e tudo o mais. Além disso, depois de me dizer que você agrediu um Baltmore, eu tive certeza de que você era gente boa. – Shauntal sorriu – Eu realmente sinto que confio em você, Joshua. Agradeça minha filha por isso.
– Então... Você quer que eu saia de Vegas com a Lise, pra fazermos uma jornada? À troco de quê?
– Eu preciso que busquem informações sobre um certo Pokémon para mim. Você já ouviu falar sobre Victini?
– Victini?
– “O Pokémon Vitória”, como é conhecido. Existem inúmeras lendas sobre esse Pokémon, mas ninguém nunca o viu. Dizem que apenas pessoas de coração puro conseguem vê-lo, o que me leva a pensar que a humanidade, antigamente, era bem mais pura, já que eles conseguiram encontrar Victini. Mas, deixando isso de lado... Eu preciso que vão até Liberty Garden, uma ilha com um farol, a sudoeste de Nova Iorque. Lá, reza a lenda, aqueles de coração puro encontrarão com Victini assim que pisarem na ilha. E vocês possuem corações puros.
– E aí, vamos? – Perguntou Lise a Joshua.
– Eu... Não sei o que falar... Eu não tenho um coração puro, tenho? E... Eu vou precisar de um Pokémon. Eu não sei se vou ser capaz de proteger esse Pokémon. Eu... Não sei...
– Joshua... – Chamou Shauntal. Joshua levantou sua cabeça, olhando-a nos olhos. – Não se preocupe com coisas desnecessárias, querido. Eu sei que esse acontecimento ainda te assombra. Eu sei que você está triste por causa disso. Mas... Você não percebe que a morte de Nii te serviu de lição?
– Como pode falar assim? Você... Você ama os Pokémon! – Joshua ficou nervoso – Como pode falar assim?!
– Acalme-se. Eu não quis te desrespeitar. Apenas estou dizendo a verdade. Nii morreu porque você tinha medo de treiná-lo. Estou certa?
– Ah... – Joshua calou-se, reprimindo toda a raiva que sentiu, porque Shauntal estava certa – Eu...
– Você teve medo de que Nii se voltasse contra você, certo? Que te atacasse caso aprendesse a usar golpes. Você nunca treinou Nii, nunca o deixou ser um lutador. Você sempre o protegeu. Pensou que, protegendo-o, ele ficaria livre de todas as coisas ruins do mundo. Eu sei o que você tentou fazer. É por isso que a morte dele lhe ensinou uma coisa: como o mundo é cruel. E como você deve estar preparado para enfrentá-lo. É por isso que quero lhe dar uma oportunidade de se redimir com o passado. Escolha um Pokémon inicial, treine-o e transforme-o num exímio lutador, para que possa se proteger de tudo e de todos.
Joshua ficou em silêncio por um bom tempo, até se levantar e dizer:
– Eu realmente não queria ensinar nenhum golpe ao Nii. Não queria que ele fosse capaz de machucar ninguém, porque, se machucasse alguém, acabaria se ferindo. Eu sei que eu errei em tê-lo reprimido, mas... Era a única solução que eu via para que não acontecesse o mesmo de oito anos atrás. Eu queria... Que o Nii fosse bom...
– Eu sei. Você tem ótimas intenções, só não sabe como expressá-las. Achou que estava indo pelo caminho certo, mas errou. O destino lhe mostrou isso, e também mandou você se preparar. É por isso que estou te dando essa chance de se redimir. Quero que se desenvolva junto com o Pokémon que escolher. Quero Que se transforme num homem capaz de proteger o que ama, principalmente agora que os Baltmore sabem sobre você. Eles irão atrás de quem você ama. Eles irão fazer todo o possível para que sofra. E você precisa estar preparado pra isso. O que me diz?
Joshua olhou Shauntal nos olhos. Ela percebeu que o olhar do garoto estava em chamas. Não de raiva, mas de determinação. Percebeu que Joshua entenderá que errou, e que estava disposto a corrigir seus erros. Soltou um riso.
– Huh. Já vi que não precisa me responder com palavras. Então, vamos lá.
~X~
As luzes de Vegas estavam distantes quando pararam de caminhar. Joshua, acompanhado de seu Snivy, sentou-se ao lado da cruz de pau feita à mão, enquanto Lise ficou observando as estrelas no céu, acompanhada de seu Oshawott. Alguns Sharpedos estavam pulando sobre a água, coisa que só acontecia quando era época de Lua cheia. O clima estava perfeito para Joshua: leves e calmas brisas, além de um frio gostoso, coisa que só aparecia depois das duas da manhã no deserto. Olhou Snivy, à sua esquerda, e afagou-lhe a cabeça. Pegou um pedaço de fruta em sua mochila ¬– uma bolsa, na verdade, colocada na lateral do corpo, presa por duas cintas que ficavam em volta da cintura de Joshua – e deu para Snivy, que ficou feliz com o alimento. Olhou para sua direita, para a cruz de madeira.
– Sabe, Nii? Desde que te “resgatei” daqueles bombeiros, jurei que nunca deixaria nada de ruim lhe acontecer. Pensei que pudesse manter minha promessa. Eu... – Colocou a mão em eu peito, no lado esquerdo – Realmente amei você, com todas as minhas forças. Eu sei que deveria ter te treinado, mas queria muito te proteger. E acabei errando. Espero que possa me perdoar por isso. Eu também lembro de chorar muito. Lembro de você chegando perto de mim, tentando fazer com que eu parasse de chorar. He... Você sempre esteve comigo quando precisei. Muito obrigado por ter sido um amigo especial.
Lise olhou para Joshua, sentindo que seu coração havia ficado mais leve depois de pedir desculpas para Nii. Sentiu que aquelas palavras eram sinceras.
– Acredite, Nii: eu me tornarei forte. Também treinarei com este Snivy, pra fazer com que ele seja forte o suficiente para proteger a todos que ama. Quero que ele seja o mais forte Pokémon do mundo. Talvez ele se torne até mais forte que Zekrom. Você vai ver. – Joshua levantou-se, cerrando os punhos. – Você com certeza vai se orgulhar da minha força no futuro, Nii. Eu vou me vingar por você. Eu vou mostrar a todas essas pessoas estúpidas quão importantes os Pokémon são. Eu vou fazê-las respeitarem todo e qualquer Pokémon que exista.
– Belo discurso – Disse Lise, sorrindo –, você fala muito bem. Eu vou te ajudar, tá? Porque eu também quero quebrar a cara do Theodore e do pai dele.
– Vai me ajudar? Tudo bem, então. Se vai me ajudar, tem que mostrar que é forte. Por isso, eu te desafio pra uma batalha, aqui e agora! – Joshua estava confiante. Seu coração estava em chamas após prometer que seu Pokémon seria o mais forte de todos. Acenou para Lise – Meu Snivy contra seu Oshawott!
– Ah, é? Então, tudo bem! – Lise puxou suas luvas, como se quisesse fixá-las mais ainda em suas mãos, preparando-se para a batalha – Se quer perder, vou aceitar seu desafio!
– Eu não vou perder! Pode apostar!
– Como tem tanta certeza? Afinal, é sua primeira batalha Pokémon!
– É uma promessa. Eu nunca vou perder.
Lise sentiu excitação nas palavras desafiadoras de Joshua, ficando animada com a batalha que se aproximava.
As luzes da cidade haviam ficado para trás, enquanto os garotos de Vegas travavam uma intensa – não muito, por serem iniciantes – batalha Pokémon. Os dois sentiam calafrios de excitação, enquanto ordenavam ataques a seus pequenos companheiros. E foi bem ali, naquela praia, com o mar à esquerda e a pouca vegetação, acompanhada de postes de luz e montanhas, à direita, envoltos por um céu cheio de reluzentes estrelas, que Joshua venceu pela primeira vez, sentindo-se um passo mais perto de conquistar a verdade de sua promessa.
Capítulo Um - End.
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Joshua referia-se a época conhecida por suas inúmeras batalhas pela conquista de poder nas eras antigas. Chamada de “Jogo dos Tronos”, fora iniciada em 7XX, logo depois de Eimei, o Grande Rei da Casa Hydreygon, ter morrido. Ele era o governante de todos os Seis Reinos – Kanto, Johto, Hoenn, Sinnoh, Unova e Kalos –, e sua morte apenas serviu para que todos os grandes homens com exércitos fizessem uma enorme matança entre si. Cada um desejava sentar no Trono de Ferro – localizado nas Ilhas Iron, na região de Sinnoh – e comandar todos os Reinos. Cada um dos possuidores de exércitos brandiu sua espada e criou um estandarte usando como símbolo um grande Pokémon: os Pyroar, povo de Monte da Lua, de Kanto; os Malamar, das Ilhas Sevii, também de Kanto; os Sawsbuck, de White Forest, Unova; os Roserade, de Flower Paradise, Sinnoh. Dentre todas as Casas criadas, estas quatro foram as mais ousadas e poderosas.
O Jogo dos Tronos só terminou em 9XX, com o despertar de um gigantesco e assolador Pokémon, que varreu toda a existência de vida de Sinnoh usando seus poderes de gelo. Até hoje, o continente está esquecido no eterno frio. Tudo o que restou dessa época foram os nomes das Casas, além das histórias, que são contadas até hoje.
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Re: REbuild project
Pelo visto temos um fã de Game of Thrones aqui.
Cara, curti muito essa sua adaptação das casas dos Sete Reinos para o mundo pokémon. Lannister como Pyrorar, Tyrell como Roserade, Baratheon como Sawsbuck e por aí vai, além dos seis reinos, realmente muito bacana mesmo essa "transformação", mas enfim.
O capítulo foi bacana, um pouco grande, mas bem interessante. Com toda a transformação do garoto e da saída de jornada dele com a melhor amiga Lise e tudo mais. Eu só queria ver um maior desenvolvimento dessa relação do Robert com o Joshua, mas não é nada que não possa ser deixado pra depois.
Então a Lise é a "paranormal"? Hm... vamos ver como eles vão se sair com as "previsões" da Lise e tudo mais. Também curti esse negócio de ela ver as auras e tudo mais, esse negócio de pureza e tals. Vamos ver se eles vão encontrar o Victini.
Voltando à questão do romance gay. Pelo visto os outros alunos e até mesmo o Robert já devem ter percebido uma insinuação maior do Joshua, já que ele ficou gaguejando e deve ter ficado corado. É, acho que não tá dando mais pra ele esconder não -q.
Erros devo ter visto um ou outro, mas nada de mais.
É só e boa sorte com a fic.
Cara, curti muito essa sua adaptação das casas dos Sete Reinos para o mundo pokémon. Lannister como Pyrorar, Tyrell como Roserade, Baratheon como Sawsbuck e por aí vai, além dos seis reinos, realmente muito bacana mesmo essa "transformação", mas enfim.
O capítulo foi bacana, um pouco grande, mas bem interessante. Com toda a transformação do garoto e da saída de jornada dele com a melhor amiga Lise e tudo mais. Eu só queria ver um maior desenvolvimento dessa relação do Robert com o Joshua, mas não é nada que não possa ser deixado pra depois.
Então a Lise é a "paranormal"? Hm... vamos ver como eles vão se sair com as "previsões" da Lise e tudo mais. Também curti esse negócio de ela ver as auras e tudo mais, esse negócio de pureza e tals. Vamos ver se eles vão encontrar o Victini.
Voltando à questão do romance gay. Pelo visto os outros alunos e até mesmo o Robert já devem ter percebido uma insinuação maior do Joshua, já que ele ficou gaguejando e deve ter ficado corado. É, acho que não tá dando mais pra ele esconder não -q.
Erros devo ter visto um ou outro, mas nada de mais.
É só e boa sorte com a fic.
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The Adventures of a Gym Leader - Capítulo 48
Dreams come true
Bar daora do clã dos Yu-Gi-Oh -q
Re: REbuild project
Jamais imaginei que você fosse fazer tanta referência com GOT, curti demais toda a ideia e estou MUITO, digo MUITO, ansioso pra ver o desenrolar disso na sua história.
Sua escrita melhorou bastante comparada com o antigo prólogo e senti uma super empatia com o Joshua e seu sofrimento pelo Nii. Tanto ele quanto a Lise são personagens muito interessantes e vai ser legal acompanhar a jornada dos dois.
Eu adoro capítulos grandes, só tome cuidado para não enrolar demais, não foi o caso deste, só um alerta mesmo lol
E COMO VOCÊ ME CONGELA JUSTO A MELHOR REGIÃO -NNN
Nos vemos no próximo capítulo o/
Sua escrita melhorou bastante comparada com o antigo prólogo e senti uma super empatia com o Joshua e seu sofrimento pelo Nii. Tanto ele quanto a Lise são personagens muito interessantes e vai ser legal acompanhar a jornada dos dois.
Eu adoro capítulos grandes, só tome cuidado para não enrolar demais, não foi o caso deste, só um alerta mesmo lol
Nos vemos no próximo capítulo o/
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