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Histórias de Fantasmas Pikalove


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Histórias de Fantasmas

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Mensagem por *Nina* Seg 18 maio 2020 - 14:12

 Olá, pessoas lindas! Espero que estejam bem.
Sejam todos bem-vindos à minha nova fanfic! É uma história que já venho trabalhando faz um tempo, e fico feliz de finalmente poder postá-la agora que o fórum renasceu das cinzas.
Trata-se de um drama distópico, que irá se passar em uma região criada por mim e terá foco em diversos personagens. Planejo dividir em partes, onde a primeira, narrada em primeira pessoa, irá apresentar alguns personagens e mostrar como são suas vidas. Já a segunda terá narração em terceira pessoa com foco em vários personagens e também no desenvolvimento da história principal.
Pretendo explorar e desenvolver diversos personagens diferentes, e espero conseguir isso de forma satisfatória. Sendo assim, como pretendo retratar relacionamentos humanos de forma mais realista e questões sociais, temas mais pesados e até polêmicos poderão ser abordados.
É isso, espero que gostem!



Histórias de Fantasmas Coolte10
Sinopse escreveu:
O mundo que conhecemos foi dominado por um terrível vírus mortal conhecido como Maldição Sangrenta, que forçou a população sobrevivente a buscar refúgio em terras desconhecidas. Oprimida por governantes que comandam de acordo com suas próprias regras, a população de Panema faz todo o possível para sobreviver, crescer e perseguir seus sonhos. Mas um grandioso evento que pretende unir ricos e pobres, Cidadãos e Fantasmas, poderá mudar esse cenário para sempre.



 

Prólogo


Nunca foi um desejo meu que as coisas terminassem assim, nem que chegassem a esse ponto. Já não enxergo mais meus irmãos. Todos os meus sentidos foram tomados por sangue, terra, fumaça e fuligem. Tento procurar por algum sinal de que ainda estou vivo. Em vão. Não sou capaz de sentir nada. Nem dor, nem desespero, nem esperança, apenas um vazio.
 
Ainda consigo me lembrar daquele garotinho, ingênuo e sonhador, que construía cidades de areia e fazia pequenos barcos de papel, sonhando em velejar pelo mundo, descobrir novos horizontes, conquistar o próprio caminho, viver uma vida que valesse a pena. Naquela época tudo parecia tão promissor.
 
Agora só o que queria era poder viajar de volta para esse momento. Se me concentrar um pouco, quase consigo ouvir o relaxante som das ondas, que vem deslizando pela água cristalina do mar até chegar na praia, e morrer. O que é uma descrição perfeita para mim agora.
 
Mas os sons dos gritos e explosões quebram a minha lembrança e me trazem de volta a dura e sangrenta realidade. O zumbido, que eu acho que deve ter sido causado por uma explosão, finalmente vai deixando meus ouvidos, dando espaço ao ruído dos metais colidindo freneticamente por toda a parte. É, ainda estou vivo. O inferno deve ter ficado desapontado.
 
Agora sim estou sentindo alguma coisa, e é péssimo, não gostei. É como se estivesse com uma ressaca daquelas, só que piorada dez vezes, depois de ter levado uma surra, ter sido atropelado e caído de uma altura de mais de metros. Não sinto meu braço, talvez nem a perna, acho que nem sei se ainda tenho corpo. Mas que merda de situação. Como foi que deixei isso acontecer?
 
 — Também sinto falta daquele garotinho, que um dia salvei da morte.


 
Foi então que percebi alguém se aproximando. Seus pés descalços caminham sobre a terra manchada de sangue, com passos tão leves que parece flutuar. Retiro o que disse, acho que estou mesmo no inferno.
 
— De certa forma, você está. — Ele continuou. Seu semblante é calmo e sua voz é irritantemente serena como sempre. — Em um inferno criado por você mesmo. Se tem dúvidas quanto a sua existência, eu lhe respondo: você já está morto. Morreu quando deixou de lutar pelo bem e aceitou ser dominado pelo ódio, pela ganância, pela sede de poder e vingança. Morreu afogado em seus próprios pecados.
 
Mesmo estando todo fodido, não consigo segurar uma risada sem graça, pois afinal, ter ele aqui, me dando lição de moral, enquanto mais pareço um cadáver, é definitivamente o que eu (não) preciso no momento.
 
— O que está perante mim é apenas uma casca vazia e sem vida, uma alegoria de um homem que um dia já teve tantos ideais de um mundo melhor e mais justo. E infelizmente, será por isso que acabará sendo lembrado.
 
Quando ele se aproxima, é como se o tempo parasse. De repente, toda a matança ocorrendo a minha volta, parece ter desaparecido, ficando apenas eu e ele.
 
— He.... mas então isso é motivo de comemoração! Pelo menos serei lembrado! — Cuspo um pouco de sangue, finalmente conseguindo desengasgar minha garganta e soltar algumas palavras. — Quem sabe eu não me torne um fantasma? Um personagem dessas histórias usadas para aterrorizar criancinhas e supersticiosos! Pois então nem tudo estará perdido, já que serei imortal de um jeito ou de outro, de certa forma.
 
Mesmo em meio ao caos total, ele não demonstra preocupação ou emoção alguma, continua mantendo sua pose de superioridade, mas no fundo sei que deve estar adorando tudo isso.
 
— Você se engana, mais uma vez. Jamais desejei que as coisas terminassem assim, ou que chegassem a esse ponto. — Ele se aproximou de mim e ajoelhou ao meu lado para ficar mais próximo. Consigo sentir seu calor em contraste com minha pele gelada. — Tinha tantas expectativas em relação a você. Tanto tempo investido... tantas promessas... tantas desilusões... tantas formas de fracassar... — Sua voz continua serena, porém sinto decepção em seu tom. — Mas não me eximo da culpa, pois quando a criatura falha, a culpa também recai sobre seu criador, sou igualmente responsável pelo caminho que esse mundo tomou e por esse cenário nefasto. Também devo pagar pelo pecado da nossa existência.
 
Agora, foi minha vez de ficar sério. Posso ter falhado, e muito, mas tudo o que fiz foi necessário, ou pelo menos parecia na época, por isso não me arrependo.
 
— Só estava perseguindo um sonho. Assim como todos aqui. — Olho para o chão, evitando encará-lo nos olhos.
 
— E onde foi que isso lhe trouxe? É isso o seu sonho? — Ele estende os braços, apontando para o cenário caótico de pokémons e pessoas se matando a nossa volta, mas também não consigo encará-los. E não, nunca foi. — Só o que eu vejo é desespero, destruição, caos e morte, manchando de sangue essa terra que um dia já foi sagrada. Por que é tão importante? — Pela primeira vez, sinto exaltação em sua voz. — O que é este sonho e esses desejos que vocês humanos perseguem tão ferozmente, até o ultimo respiro de suas vidas?
 
Por que é tão importante? Nossa, é incrível como uma simples pergunta como essa parece ter me acertado com mais força do que a explosão que me arremessou alguns minutos atrás.
 
— Por que é tão importante? — Volto a encará-lo, buscando forças que nem sei se ainda tenho para tentar responder — Sinceramente, eu não faço ideia. O sabe-tudo aqui é você. Eu não sei porque precisava tanto disso. Eu só sei que precisava. Só sei que é o que eu sempre desejei, e faria qualquer coisa para conseguir, pois é o que preciso para ser feliz. — Ou pelo menos o que eu acho que preciso, atualmente já não sei mais de nada.
 
Ele me encarava fixamente com seus olhos escuros brilhando, como se neles habitasse um universo. Ele sempre foi alguém estranho e curioso, de todas as formas, e sempre foi um enigma para mim. Agora vejo que sou o mesmo para ele.
 
— Vocês humanos passam a vida inteira nessa busca incessante por essa tal de “felicidade”, chegando a passar por cima de tudo e todos para consegui-la. Destroem uns aos outros em benefício próprio, destroem o mundo. Mas parece que quanto mais vocês ganham, mais querem, mais desejam, nunca é o suficiente. Essa felicidade nunca chega. Você nunca esteve satisfeito. Então qual o sentido disso? Por que ir tão longe?
 
— Porque nessa porra de mundo, você nunca é o suficiente. Quem não tem poder, não é nada. É só um pedaço de lixo que existe para ser enganado e explorado. É uma merda, mas o mundo é assim. Eu aprendi isso da pior maneira, e você viu, afinal, estava lá. — As palavras saíram arranhando minha garganta, em um tom mais alto do que esperava, o que me fez parar para respirar. — E depois de tudo o que passei, tentando conquistar a vida que sempre desejei pra mim, uma vida que me fosse digna, desistir não era mais uma opção. Pois voltar atrás agora, depois de ter ido tão longe, só ia significar que tudo o que eu passei a minha vida inteira procurando e lutando, tudo em que eu acreditava, no final das contas, não valeu de nada, e a minha vida inteira foi em vão. E viver de arrependimento, de uma vida sem significado, é pior do que estar morto.
 
Um silencio ensurdecedor tomou conta, enquanto apenas nos encarávamos. Ninguém tinha coragem de dizer algo, e como eu disse anteriormente, o tempo aqui parece estar paralisado. Tanto que não faço nem ideia de quanto tempo já faz que estou aqui.
 
— Bem, se é assim que os humanos pensam, então é uma pena. —  Até que ele quebrou o silêncio, endireitando a coluna e se colocando de pé, batendo a fuligem das roupas. — Mas agora não há mais porque se preocupar com isso. Não há mais porque se preocupar com mais nada. — Ele coloca sua mão macia em minha cabeça, um ato que me traz uma intensa paz. — Só descanse, logo tudo estará acabado e nada mais importará. E quanto a esse mundo, ele já está condenado. Irei apenas aguardar, em minha penitência. É aqui que nossos caminhos finalmente se separam, meu velho amigo. Quem sabe o que o destino nos reserva, em outras possíveis vidas. — Ele vai se afastando de mim aos poucos, e todo o barulho começa a retornar. — Apenas gostaria que fossemos melhores.
 
É, eu também gostaria disso. E de uma bebida bem gelada.


Panema


O mundo se tornou um lugar caótico depois daquele acontecimento macabro, que ficou conhecido como Maldição Sangrenta. Uma epidemia causada por um terrível vírus mortal e desconhecido se espalhou por diversas regiões do planeta, dizimando toda a população por onde passava e levando os pokémons à extrema loucura.
 
Aquele que por azar do destino tiver o infortúnio de entrar em contato com esse terrível agente infeccioso, terá sua vida ceifada em questão de segundos, condenado a sangrar até a morte, se afogando em seu próprio sangue, sentindo como se toda a sua pele fosse rasgada, em intensa dor e agonia.
 
Para os pokémons, o vírus causa um efeito diferente. Quando afetados por essa estranha doença, os pokémons são completamente dominados pela loucura e pelo desespero, tornando-se criaturas extremamente agressivas e irracionais, o que os leva a travar intensas e violentas batalhas entre si e a atacar os humanos que aparecerem em seu caminho, até mesmo seu treinador, levando ainda mais caos e destruição ao mundo.
 
A origem do vírus é obscura. Ninguém sabe de onde surgiu, nem como se espalhou tão rápido. Mas a teoria mais aceita foi a proferida pelos religiosos, de que trata-se de uma praga enviada como uma punição a raça humana, por viverem em constante desonra, desarmonia e pecado.
 
As regiões foram totalmente devastadas. A única saída que restou à população que ainda não havia sido contaminada, foi buscar novos territórios e se refugiar em lugares distantes e desabitados, onde o vírus ainda não havia descoberto.
 
Assim, em meio a esse cenário apocalíptico, surge uma nova nação, a única esperança da humanidade: Panema, nascida das cinzas do caos, que se tornou o último refúgio da humanidade, acolhendo todos aqueles que tiveram a sorte de escapar do temível vírus, fazendo-a crescer rapidamente.
 
É um pedaço de terra composto por quatro ilhas, até então desabitadas, pois fica em um local isolado e de difícil acesso. Seu lema é: “Trabalhar duro por um futuro melhor” ou “Honra a sociedade que serás honrado”.
 
Para impedir que os monstros ensandecidos invadam e destruam tudo, assim como para manter o vírus e os contaminados longe, grandes muralhas foram construídas em volta das ilhas. Não se sabe como foi possível que uma barreira de tamanha dimensão fosse criada, mas muitos acreditam que seja uma obra divina de Arceus para proteger a população que foi digna de sua misericórdia. Acreditam, inclusive, que ela possui poderes místicos.
 
Como muitas pessoas recorrem à religião em tempos de crise, e graças a essas explicações divinas terem sido as mais aceitas, a Igreja conseguiu obter muito poder e influência na organização dessa nova sociedade.
 
Com a população fragilizada por esse momento de calamidade mundial, não foi muito difícil de acontecer um golpe de Estado para reorganizar a ordem social e econômica e ditar os novos rumos. A região de Panema passou a ser uma monarquia, com um governo baseado em um regime totalitário, patriarcal, dividida em classes sociais com uma possibilidade quase nula de transição entre elas.
 
A família real e seu Conselho estão no topo da hierarquia, governando soberanos e decidindo todos os rumos a serem seguidos, criando todas as leis que devem ser obedecidas sem contestar. O Clero, composto por membros da Igreja, funciona como um Estado paralelo ao rei, limitando seu poder. E completando a elite de Panema, estão os empresários e grandes proprietários de terra, além das celebridades. Mais abaixo, vem os militares, que guardam as muralhas e fazem valer as vontades do rei com punhos de ferro; os comerciantes e, por fim, os trabalhadores urbanos, rurais e industriais. Somente a família real, os militares e os membros da igreja são autorizados a possuírem pokémons. Aos empresários e proprietários são fornecidos alguns para proteção.
 
Para viver nessa nova civilização, foi adotado um sistema de “utilidade social”. É dever de toda pessoa desempenhar um papel útil e importante na sociedade, ou seja, é preciso ter uma função, um trabalho, uma profissão ou exercer alguma atividade que traga algum benefício indispensável para a sociedade. 
 
A escolha das pessoas que ocuparão cada cargo é feita pelo governo. A pessoa designada será considerada como cidadã e receberá alguns benefícios e privilégios como propriedades, proteção, atendimento médico, podendo até ter uma certa autonomia. Mas só terá esses direitos enquanto seguir todas as regras, for um fiel apoiador do rei e do governo, e enquanto puder mostrar que é útil. Caso o rei mude de ideia, ele pode facilmente substituir uma pessoa e destituir a família.
 
Apesar da população ter diminuído drasticamente depois da epidemia, a limitação territorial, que pode gerar escassez de recursos naturais, levou o governo a tomar medidas radicais de controle populacional e organização social. Várias regras, normas de convivência e condutas sociais foram impostas, visando manter o controle sobre a população para assegurar a ordem e, assim, criar uma sociedade melhor para todos que nela residem.
 
Uma das regras é o dever de pagar imposto. Todas as famílias e cidadãos de Panema devem pagar tributos ao rei, como forma de retribuição por terem tido permissão de ali viver.
 
O não cumprimento de uma lei ou regra é penalizado com a morte. Mas a pena de morte só deve ser usada para casos em que haja uma causa justa, e quem define o que é justo ou não é o rei. Qualquer desacato às autoridades, participar ou incitar rebeliões e revoltas contra o governo, deixar de pagar impostos, multas ou ter qualquer dívida com o rei, são causas consideradas justas de serem punidas com a morte.
 
Contudo, existe uma lei que impede a execução de crianças e adolescentes, pois é imoral. Exceto no caso de doenças e defeitos físicos, que são abominados e considerados como maldições. Qualquer pessoa que tiver a desgraça de nascer com problemas de saúde ou com deficiência física ou mental, será imediatamente executada, assim como quem contrair alguma doença incurável.
 
Em Panema, o casamento é obrigatório, todas as pessoas são obrigadas a se casarem e terem filhos, sendo trinta anos a idade máxima considerada para que isso ocorra. Os casamentos, muitas vezes, acabam sendo arranjados pelos pais. Essa regra foi criada para manter a população sempre renovada e não deixar que nenhuma família acabe, para que sempre tenha gente que possa continuar o trabalho da família. Sendo assim, a homossexualidade foi proibida, pois dela não é possível gerar filhos, além de ser considerada como uma abominação aos olhos da Igreja, tal como tudo que não for heterossexualidade.
 
Porém, em contrapartida, para evitar que a população cresça demais e se torne preocupante, é permitido ter no máximo dois filhos por casal ou por mulher, onde um ficará para continuar os negócios da família e o outro servirá ao exército. Dessa forma, uma família padrão tem no máximo até quatro membros: um pai, uma mãe e dois filhos. Se tiver mais, haverá a cobrança de uma multa e a família será punida.
 
Para tentar manter a população entretida e sob controle, o rei mandou construir um coliseu, onde pokémons e pessoas, que infringiram alguma regra ou se tornaram socialmente inúteis, são colocados para realizarem disputas e batalhas vorazes e sangrentas até sobrar apenas um. É um local de muitas apostas, onde comida e bebida são distribuídas de graça. Assim, as pessoas podem se alimentar, ganhar algum dinheiro, se divertir e esquecer de seus problemas. 
 
Contudo, ainda existe um último grupo, composto por pessoas renegadas à margem da sociedade, deixados à mercê da própria sorte, sobrevivendo como for possível, que ficaram popularmente conhecidos como Fantasmas. Um indivíduo se torna um Fantasma quando deixa de ser socialmente útil para o governo e tem o seu título de cidadão retirado, tal como seu cargo, propriedades e tudo que conquistara na vida, ou quando não possui uma família, seja por ter sido abandonado ou porque seus pais foram executados por terem violado alguma regra. Fantasmas são pessoas ignoradas pela sociedade, que não possuem registro de cidadão nem nenhum outro documento, tornando-se invisíveis socialmente.
 
E assim, a conturbada nação de Panema tem sobrevivido e se conservado através do tempo. Mas por quanto tempo continuará assim? Que outros segredos estarão ocultos por suas imensuráveis muralhas? Uma coisa é certa: o mundo que conhecemos mudou para sempre e nunca mais será o mesmo. E agora, estava prestes a mudar mais uma vez.

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Mensagem por Shiota Seg 18 maio 2020 - 14:40

Hey Nina o/

Aproveitando meus privilégios de pseudo-beta-reader dessa fic maravilhosa, estou aqui pra comentar rapidão sem nenhuma pressão envolvida

Bem, sobre a história: eu gostei MUITO dessa introdução que você fez. Apesar de propositalmente não ser capaz de entender muito como a história chega naquele ponto, eu compreendi perfeitamente as cenas que você desenvolveu, em questão de diálogo e do ambiente caótico ao redor dos personagens. A única coisa que não entendi, e obviamente também foi proposital, é quem exatamente é o ser que apareceu ali. Depois de um tempo lendo eu considerei que fosse Arceus, mas ele “ajeitou a coluna” e “tirou a fuligem das roupas”... então talvez o Arceus só que de forma humana? Não sei.

Na segunda parte, você deu bastante informação sobre todo o contexto que envolvia o universo distópico da fic. No começo fiquei pensando se você não estava jogando informação demais de uma vez, mas creio que não há uma forma mais eficiente e eu consegui entender bem as coisas de qualquer forma. Ao ler a questão das muralhas, eu não pude deixar de imaginar que você se inspirou em Shingeki no Kyojin, certo? Eu pessoalmente gosto muito do anime e não acredito ter nada de errado em basear as ideias dessa forma não. Enfim, toda a questão da vida nas muralhas e o mistério religioso a cerca delas me lembrou muito o anime, porém há questões onde você aparenta ter indo ainda mais longe, como nas leis sobre famílias e filhos, que me lembrou as leis de controle populacional que ocorreram na china. Eu me interessei muito por todo esse cenário e estou bem curioso para saber mais sobre quem serão nossos “fantasmas”. 

Você se propôs a trabalhar com temas interessantes, como homossexualidade, e eu quero ver como esses temas se aplicarão a eles, que basicamente serão pessoas que justamente estão de fora do que é permitido. Pouco foi mostrado desses dois personagens misteriosos, então quero esperar um pouco e ver mais sobre quem são (ou foram) eles, mas no momento não há muito do que se falar sobre.

Sobre a escrita, não tenho nada do que reclamar. Toda a fic tem uma leitura leve, suficientemente detalhada e cativante. Você alternou entre primeira e terceira pessoa então não sei bem como vai preferir escrever nesse quesito, mas acredito que a escrita em primeira pessoa foi algo único do prólogo (?). Por algum motivo é como se a primeira pessoa deixasse mais misterioso, creio ter sido a intenção.

Estarei no aguardo dos próximos capítulos, é um enredo bem diferenciado que estou muito curioso para ver como se desenrolará. Até mais o/
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Mensagem por Rush Seg 18 maio 2020 - 17:21

Olha se não é uma obra escrita pela minha futura nêmesis. 


Como sempre, os elogios que você já espera; Nunca deixei de dizer o quanto gosto de sua escrita, beirando à fantasia do super-épico ao simples Pokémon que já conheço. Lembro muito bem da Violet Hill, onde mesmo sendo o TEMA, eu esquecia que era uma ficção de Pokémon. Estou empolgado para ver o desenvolvimento da História de Fantasmas - nome que eu adorei, por sinal, embora tenha quebrado a expectativa de contos de terror. 


Admito que, depois de tanto tempo sem ler FFs, um tema pesado e com questões de debate moral/filosóficos/religiosos, Pokémon parece não ser a primeira coisa que vem e mente. Porém, sei que você fará um ótimo trabalho e nos fazer esquecer da infantilidade do desenho. 


Agora sobre o prólogo;


Fiquei bem curioso para ver de quem se tratava aquele que conversava com - O protagonista? - o individuo. Pareceu um ser místico, e inicialmente, achei que seria um dos fantasmas a que o título se refere. No entanto, deu a entender em vários pontos do diálogo e descrição que ele era algo muito além do compreendimento humano, talvez algo onipresente? Não sei. O universo nos olhos me deu a impressão do algo mais próximo de Deus, mas sei lá, poderia ser algum Pokémon que eu não conheço ou algum efeito colateral da talvez praga sangrenta que o personagem estava sofrendo. 


Ah! Sobre isso, me perguntei se ele estava à beira da morte ou sofrendo com a praga (mesmo que ambos os casos sejam os mesmos), pois na descrição da praga diz que a vítima morre em segundos. Já o personagem estava agonizando fazia um bom tempo... Sei lá, isso iremos descobrir com o passar da história. 


Sempre gosto de coisas medievais que abordem um sistema imperialista e feudal com uma pitada de opressão e imposição religiosa. Tenho um fraco por histórias assim e não é a toa que ainda espero o final das Crônicas do Gelo e Fogo, então a minha parte favorita foi imaginar Panema e como seus cidadãos vivem. As regras impostas me chamaram bastante a atenção, pois se o "anormal" é abominável, que fim tem as pessoas com deficiências que não são claras no nascimento? Tipo alguma deficiência vitamínica, alergias, ou até mesmo a mulher ser estéril?! Isso é um ponto que provavelmente deve ser abordado, pois existem LEIS obrigando a natalidade ser preservada, e uma estéril, por mais que tenha sido fiel ao rei e uma cidadã competente, poderia perder tudo. 


O coliseu também deve ser um dos pontos da história que terá bastante significado. Também estou ansioso para vê-lo em ação!


A única coisa que eu não sou fã, é esse lance de fazer que o Deus no mundo Pokémon seja Arceus, sabe? Não me dá seriedade. Nenhum deus que possa ser capturado com uma masterball por um menino de 11 anos me dá pavor. HAHAHA Já o único erro que vi de escrita, foi que você não especificou quantos metros de altura o carinha sentiu que caiu.


Bem, espero que você continue. Porquê eu irei cobrar. E irei cobrar muito. 


Aguardo ansiosamente o primeiro capítulo, e quero ver essas regras sendo quebradas pra caralho.
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Frase pessoal : Agora você não tem mais waifu!


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Mensagem por roberto145 Seg 18 maio 2020 - 18:18

Boa noite Nina, tudo bem?

Gostei muito do que li. A história foi bem escrita a ponto de ñ ter visto erro algum. Também senti que foi bem agradável de se ler, com aspectos que deram um bom ritmo ao prólogo e, como você decidiu por uma abordagem mais abstrata, ficou muito bem produzida. Os fatores de confundimento, que poderiam acontecer devido a essa abordagem, acabaram por não ocorrer. Apesar do mistério dos dois personagens, a situação de morte eminente ficou bem nítido e com a presença de uma entidade talvez benevolente (pelo menos foi em mim que despertou tais interpretações). Também foi interessante a visão de ressentimento após ele causar danos e, então, a partir de suas consequências falar sobre. Geralmente, fala-se mais sobre sua origem. 

Da descrição da região que você criou, achei muito bem feita. Os aspectos mais importantes foram bem apresentados, com algumas explicações mais superficiais sobre. A ideia do vírus me lembrou realmente os filmes pos-apocalípticos e interessante os efeitos diferenciados em pokémon e humanos respectivamente, veio a minha memória os vírus da raiva e Ebola, você leu sobre eles?). Por fim, a ideia de deixar os pokémon raivosos como causa de uma crise me agradou bastante, porque tive uma ideia semelhante para uma parte do universo que criei. Espero ansiosamente ver como você irá abordar esse ponto.
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Mensagem por Bakujirou Seg 18 maio 2020 - 20:45

Marcado como teje lido.

Eu passei algum bom tempo para poder ler. O começo é bem interessante, embora eu não tenha prestado muita atenção em como a conversa do protagonista se encaixasse no mundo. Pode ser que eu esteja desacostumado a ler fics tambem. Enfim.

Não tenho algo para lhe fornecer como crítica sobre o post, a explanação de Panema é bem completa, recheada de detalhes e me fez pensar seriamente de que se trata de uma recaptulação de um filme produzido em casa, de youtube, de um portugues-pt do Virus Pokémon. Eu gosto muito deste tipo de conteúdo (sobre vírus) já que é extremamente escasso a quantidade de conteúdo sobre o assunto. E restringir a população saudável para além dos muros me faz pensar em Shigeki no Kyojin imediatamente, eu acho legal essa parte (mesmo desconhecendo qualquer coisa sobre a estoria de shigeki, a unica coisa que sei é superficialmente sobre o conteudo do anime/ mangá).

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Mensagem por -Ice Seg 18 maio 2020 - 21:31

Nina!
Devo dizer que estou ansioso para ler sua história desde que me mandou a sinopse que tinha feito no zapzap, apesar de nunca ter lido algo seu, minhas expectativas já estavam bem lá no alto e você não decepcionou nem um pouco, na verdade você superou essas expectativas.

Eu definitivamente não esperava que você fosse abordar temas mais pesados e polêmicos como a intolerância religiosa e a desigualdade social (sobre esse último, fiquei imaginando se o Estado tenta vender a ilusão da meritocracia para manter as pessoas presas a esse sistema com uma falsa ilusão de subir de classe), mas com certeza foi uma surpresa completamente positiva, já que nunca vi uma fanfic de pokémon com alegorias tão profundas (e devo dizer... atuais?).

Sobre a primeira parte, fiquei em dúvida sobre as duas figuras que foram apresentadas, mas ao mesmo tempo você deixou algumas pistas que pode ajudar a explicar. Bom, acredito que o narrador dessa primeira parte seja o grande responsável pela Maldição Sangrenta, ao menos foi o que eu interpretei, a explosão que deixou ele preso nos escombros pode ter sido o que deu início ao vírus e a segunda "pessoa" (?) que aparece me pareceu ser a consciência do primeiro personagem, já que leu as perguntas feitas pela mente do personagem e "paralisou" o tempo durante a conversa. Depois que Arceus foi citado, imaginei que talvez essa figura seja a maneira como o pokémon divino se apresentou ao criador do vírus antes da morte do mesmo, mas eu tenho a ligeira impressão que, no final, Arceus é só um pokémon, e toda essa história de que o muro é uma benção é só invenção da igreja e uma forma fácil de ter o controle e a confiança da população. Enfim, teorias teorias teorias...

No geral, adorei a sua escrita e a maneira como formatou o texto, o tamanho da fonte apesar de ser bem maior do que o padrão do fórum me agradou bastante e fiquei feliz de ter conseguido usar o player do youtube, já que fiquei com medo daquele tutorial improvisado não ter sido muito esclarecedor haha. Também adorei a maneira como o seu logo funcionou somado à cor do background do fórum, já que fez com que ele parecesse ter sido escrito apenas pelas sombras, uma alegoria bem interessante (e provavelmente não proposital) aos fantasmas que ainda conheceremos.

É isso, Nina, gostei bastante do que você apresentou, espero ansiosamente os próximos capítulos, até mais!
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Mensagem por Brijudoca Seg 18 maio 2020 - 21:43

uau Nina uau

Incrível como tudo nesse prólogo foi tão bom que eu terminei de ler e não tava nem conseguindo começar esse comentário. Você descreveu tão bem a ambientação e a dor do personagem misterioso enquanto ele conversava com a entidade que eu conseguia imaginar perfeitamente a cena na minha cabeça, ainda mais com a excelente trilha sonora que você escolheu.

Pausa pra elogiar o seu talento para nomes também. "Histórias de Fantasmas" é de uma intensidade impressionante, ainda mais agora, sabendo o que realmente são os fantasmas dessa história. E Maldição Sangrenta também, mais um puta nome pra um vírus, duvido que teria pessoas desrespeitando a atual quarentena que vivemos se o COVID-19 tivesse um nome desse.

Eu sou apaixonado por distopias. Acho incrível quando nos momentos de maior dificuldade a humanidade se fecha e regride dezenas de anos para os nossos instintos mais primitivos. Panema é basicamente um retorno à idade média, moldada ao prazer do Clero e dos senhores Feudais. O entretenimento via coliseu, além da clara referência aos romanos, também me traz um quê de Jogos Vorazes (fora o nome da região, que lembra Panem, como já discutimos haha), e imagino que há possibilidade de uma rebelião nascer dali. 

Com um plot tão intenso, estou muito curioso pra ver como você trará os pokemons nesse mundo. Pois sim, enquanto lia, facilmente esqueci que ainda se tratava de uma fanfic pokemon, e este possivelmente é o ponto mais alto da sua trama: contar algo diferente, com temas pesados e adultos no universo dos monstros de bolso.

Espero ansiosamente por mais capítulos, e pode apostar que, como o Rush, eu irei cobrar.
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Mensagem por Black~ Ter 19 maio 2020 - 8:09

Hey, Nina!

Interessante esse renascer das cinzas da PM, e melhor ainda o renascer da área de fanfics. Decidi ler a sua primeiro e não me arrependi. Que momento mais propício para falar sobre pandemia e vírus mortal né kkkkk. De toda forma, achei muito interessante a ideia de misturar assuntos filosóficos/religiosos e críticas sociais na fanfic, é algo bem mais interessante, e, lendo o prólogo, como o Rush falou, até relegamos um pouco os pokémon.

De todo modo, a história não é de todo "original" digamos assim, afinal, vírus mortais e sociedades distópicas são o cerne da ficção científica, mas gostei muito da forma como foi abordada e estou ansioso para ver onde os pokémon vão entrar nessa história.

Fiquei intrigado na primeira parte do prólogo a tentar entender o que de fato se passaa e quem eram os dois personagens. Pra mim, deu a entender que se passava antes da crise, mas também pude pensar como se o personagem fosse um revolucionário em Panema, não sei. De toda forma gostaria de saber mais sobre quem era o indivíduo que falava com ele. Arceus? Acredito que sim.

Como disse, gostei dessa vibe filosófica, pouco vista aqui nas fanfics e dois diálogos eu achei muito interessantes, que foi aquele sobre a felicidade, sobre o fato de a pessoa fazer de tudo para alcançar a "felicidade" e nunca a atingindo, já que cada vez que pensa que a alcançou, sente falta de algo mais. O debate sobre os sonhos foi interessante também. Esses diálogos mais densos dão um outro ar para a história e acho uma ideia extremamente válida.

A nova região é uma alegoria clara da famosa frase "situações extremas pedem medidas extremas" e de fato, é uma região que remonta à Idade Média, com talvez ainda mais rigor. E é interessante pensar em como o tempo é cíclico, afinal, a fanfic em tese se passa no futuro, mas remonta situações e ações de centenas(milhares?) de anos atrás, uma bela ironia.

Bem, o nome da fanfic é "História de Fantasmas", então creio que os tais fantasmas terão um destaque maior na sua fanfic, apesar de na sociedade de Panema eles serem totalmente irrelevantes; gostaria de entender mais sobre eles. Bem, também estou ansioso para ver a inserção dos pokémon no universo da fanfic, e, ainda mais, vendo que os fantasmas talvez tenham mais destaque, como funcionará a relação deles com pokémon, isso, se tiver.

Devo ter deixado de comentar alguma coisa, mas creio que no geral é isso.

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Mensagem por Sally Ter 19 maio 2020 - 10:24

Oi, Nina! Caramba, é tão bom ler algo seu que fiz a leitura duas vezes! kkkkkk Queria começar dizendo que eu ADOREI a ideia da história em si, e como você conseguiu reconstruir o mundo pokémon de maneira bem mais sombria que estamos acostumados. É um momento extremamente oportuno para falar sobre epidemias destruidoras de mundo, né? E essa mistura com a Roma antiga me deixou ainda mais empolgada para saber o que vai acontecer. É um universo com muita coisa para explorar, com muito potencial para dar uma história sensacional.

Pelo título da fic é um pouco claro que você vai trabalhar mais com os fantasmas, mas eu admito que ADORO o lado evil da história, queria que o protagonista fosse esse rei fdp, viu? kkkkkkkkkkk Mas vamos ver como esses renegados serão tratados. De longe me lembrou aquele anime, Psycho Pass. Já viu? Nele meio que as pessoas também precisam cumprir funções atreladas a elas desde cedo.

Preciso destacar a cena final também. Seria ele o protagonista? Olha, se sim, ele me pareceu bem anti-herói. Quer dizer, esse discurso sobre poder... Sobre ser melhor morrer do que viver sem metas... Eu adorei, e, em partes, até concordo.

Sua escrita é leve, muito bem trabalhada e bem descrita. Não tenho nada a falar sobre a não ser dizer para você continuar com esse trabalho incrível. Tô ansiosa para o próximo, vamos ver como tudo irá se desenvolver.

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Muito obrigada, elazul
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Mensagem por caioloko Qui 21 maio 2020 - 21:05

Ninaaaaaaa!!! Tudo bem??

Adorei a construção do mundo!! Foi muito bem detalhada e, como eu já falei pra ti, percebi vários elementos que me lembraram um pouco de Admirável Mundo Novo e Attack on Titan kkkkk Uma combinação bem inusitada, mas se mostrou bem legal!! Compartilho a paixão por distopias do Briju, e vou amar ler mais essa!

Achei muito interessante o ritmo em que a cena é contada, faz com que a nossa percepção de que algo grandioso aconteceu/está acontecendo demore a chegar, e o suspense vai aumentando!! Já fico ansioso para ver as repercussões desse backstory em Panema!!

E ainda estou intrigado com a identidade dos personagens kkkkk Já estou com 1001 teorias sobre o que/como se originou o vírus, quais as motivações por trás disso, e tudo mais! Ansioso pelos próximos capítulos!!!!!!

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Mensagem por *Nina* Dom 24 maio 2020 - 19:52

Olá pessoal! Como estão todos? Muito frio por aí?
Espero que estejam todos animados, porque aqui estou eu para postar um novo capítulo desta fanfic! Agradeço a todos que dedicaram um tempo da vida para lerem e comentarem, espero que estejam gostando e que também gostem desse.
Mas antes, vamos aos comentários:
 

Spoiler:

 
Esse capítulo ficou grande (iria ficar mais, mas dividi), mas achei que ficaria ruim se cortasse mais, pois tiraria o clímax do final, então vocês podem ir lendo com calma. Nele será apresentado uma personagem que gostei bastante de escrever, espero que vocês também gostem! É isso, boa leitura.
Amaya
 

 
De vez em quando, ainda sonho com o dia da minha morte. Era uma noite chuvosa, estava jogada na calçada, toda suja, molhada e coberta de lama que se misturava ao sangue, completamente sozinha, em uma das condições mais deploráveis que um ser humano poderia estar. Se bem que, a esse ponto, eu já nem podia mais ser considerada um ser humano.
 
Sentia dor e chorava, como a criancinha assustada que era, e implorava por ajuda, mas ninguém parava para falar comigo, ninguém sequer olhava para mim. Eu não era importante o suficiente para que as pessoas se importassem.
 
E pensar que o dia começou tão bem. Minha mãe tinha preparado um Mochi recheado com sorvete, o meu preferido, e meu pai havia trazido um novo videogame, que ele conseguiu no trabalho. Passamos horas jogando enquanto comíamos e planejávamos um passeio em família no parque, talvez até fazer um piquenique e jogar bola, aproveitando o dia de folga dos meus pais, sem saber que essa seria a nossa última refeição.
 
Até que alguém arrombou nossa porta, e vários homens vestidos com uniformes com cor de mostarda, acompanhados de enormes figuras caninas assustadoras, com listras pretas e laranjas pelo corpo, entraram em nossa casa derrubando e quebrando tudo por onde passavam, agarrando meus pais de forma truculenta e os arrastando para fora. Um deles me deu vários socos e chutes quando tentei impedir.
 
Quando acordei, já estava na rua, jogada feito um saco de lixo, debaixo da chuva, sem entender nada do que estava acontecendo. Era digno de pena. Até que finalmente alguém que passava resolveu notar minha patética existência. Lembro bem da garotinha, era bem pálida, com cabelos loiros claros, mais nova que eu.
 
Ela estendeu sua mão para mim oferecendo um lenço, perguntando por que eu estava triste. Em seguida, me entregou uma presilha, dizendo que era um presente que havia ganhado e que a fez muito feliz, então, pensou que me faria feliz também. Quanta ingenuidade.
 
Mas antes que eu pudesse dizer alguma coisa, uma mulher de cabelos escuros se aproximou, desesperada, e a puxou pelo braço para longe de mim. Lembro perfeitamente das palavras dela: Senhorita Desirée, não! Nunca mais saia de perto de mim! Não pode falar com ela! Ela é uma Fantasma, é uma desgraçada! Fique longe dessa gente!
 
Ela é uma Fantasma, essa frase perfurou meu coração como uma bala. Foi quando eu finalmente entendi o que estava acontecendo, quando me dei conta de que nunca mais veria meus pais e que minha vida mudaria para sempre. Eu me tornei invisível, me tornei um Fantasma. A partir de agora, eu não sou ninguém.
 
Quando as ruas são completamente tomadas pela escuridão da noite, o toque de recolher é dado, e todos os cidadãos devem voltar para casa. Mas eu não tenho mais uma casa para voltar. Permaneci onde estava, imóvel, sem saber o que fazer, ou para onde ir. Pensamentos suicidas começaram a transitar pela minha mente. Qual a melhor forma de morrer? Não sei se há uma resposta para isso, só sabia que não queria mais viver.
 
Foi então que eu a encontrei, ou melhor que ela me encontrou. Era uma garota, que devia ter a minha idade, com cabelos de uma cor estranha, parecendo palha, que grudavam em sua cabeça por estarem encharcados, suja e vestindo roupas velhas. Seus olhos castanhos pareciam sorrir para mim. Ela me estendeu a mão e disse as palavras mais doces que poderia ouvir:
 
— Está tudo bem, vamos cuidar de você. Não se preocupe, nós somos como você. Não está sozinha.
 
Nós? Olhei mais adiante e vi outras duas meninas, igualmente sujas e encharcadas, também vestidas com roupas surradas. Uma delas possuía cabelos ruivos e me encarava assustada com seus olhos azuis, enquanto segurava um pedaço de papelão sobre a cabeça, tentando sem sucesso se proteger da chuva. Do lado dela, estava a menor, com cabelos negros, feições delicadas e olhos puxados, acenando para mim enquanto sorria com sua pequena boca.
 
E esse foi o dia em que Amaya Nakamura morreu, mas também foi o dia do nascimento de uma nova Amaya. Foi quando entendi o significado daquele ditado, que diz que quando uma porta se fecha, uma janela se abre.
 
Desde então, vivo com essas três meninas que me salvaram tanto da solidão como também de mim mesma. Nossa rotina de órfãs sem-teto se resume em, basicamente, lutar todos os dias para conseguir garantir mais um dia de vida miserável, fazendo todo o possível por um pouco de comida, mendigando, andando pelos cantos, tentado ser invisíveis e não atrapalhar, nos escondendo em barracos abandonados como se fôssemos lixo. Uma vida patética que eu não desejo a ninguém.
 
Mas pelo menos estamos vivas e juntas, é o que a Lucy sempre diz para tentar me animar.  Só que eu quero mais.
 
Hoje, com quinze anos, eu sei que aqueles homens que assassinaram covardemente meus pais eram do exército, ou seja, homens do rei, que queria se livrar dos meus pais, então simplesmente os acusou falsamente de terem cometido algum crime.
 
Mas eu ainda estou aqui, e agora não há mais tempo para chorar e se lamentar, agora o tempo é de vingança. Não importa o que seja preciso ou o que eu tenha que fazer, eu irei atrás desses assassinos malditos e de todos os responsáveis pela morte dos meus pais, inclusive o rei, aquele demônio maldito. Todos vão pagar por cada vida inocente que tiraram para se manterem no poder. Custe o que custar, Panema vai cair.
 
Começar de novo é só querer, nunca deixe de acreditar! Se escutar a voz do seu coração, não vai errar!
 
Sou despertada de meus devaneios passados por uma doce voz. Suspiro e coloco o globo de vidro que observava de volta na prateleira. Ele possui em seu interior uma miniatura do palácio real de Panema, rodeado por bolinhas brancas flutuantes, que devem ser uma representação barata de neve, o que é bem ridículo, porque aqui nem neva. É sério que alguém gasta grana com uma porcaria dessa?
 
Olhando pela janela da loja, consigo ver a pequena Meiling em cima de um caixote, com seus cabelos negros e lisos, presos atrás da cabeça, trajando um vestido rosado velho, cantando bastante animada para um grupo de pessoas que a assiste.
 
Ela teve a infelicidade de possuir olhos puxados assim como eu, um rosto incomum e diferente da maioria, por isso acabamos atraindo uma certa atenção desnecessária. Para ela isso acaba até sendo uma vantagem, pois ajuda a atrair as pessoas para assisti-la cantar, aumentando assim nossas chances de ganhar trocados. Já para mim é uma lástima, pois não compartilho seu dom natural para canto ou qualquer outro tipo de arte, além de que não sou mais uma criança fofa de dez anos, então a atenção que atraio, muitas vezes, acaba sendo sexual. Já estou farta de ser vista como uma boneca inflável.
 
Enquanto ela canta, Musa e Flora dançam e brincam aos seus pés. A verdinha quadrúpede, balança a comprida folha no topo de sua cabeça e se diverte ao fingir arremessar a pequena bolota rosa flutuante para cima. Pokémon são proibidos aqui, apenas pessoas autorizadas podem tê-los, ou seja, gente rica. No caso delas, seriam sacrificadas por serem consideradas demasiado fracas, mas nós conseguimos salvá-las a tempo. Em Panema a Lei é assim, quem não tem utilidade, não tem direito à vida. 
 
Ao fim da apresentação, uma garota ruiva, branquela e sardenta, vestindo um shorts e uma blusa verde desbotada, se aproxima da multidão, segurando uma pequena caixa, pedindo doações para cada um dos presentes. Alguns depositam moedinhas, já outros apenas viram a cara e seguem rumo, fazendo Anastasiya bufar de desgosto.
 
Minha vontade é de ir lá socar a cara desses insolentes e obrigá-los a nos dar dinheiro, mas me seguro quando escuto o barulho do movimento das persianas atrás de mim. Um homem de meia idade, gordo e feio, com um nariz enorme e a cabeça já metade careca, adentra o local, vindo do fundo da loja com uma pulseira dourada em suas mãos. Minha pulseira.
 
— Te dou noventa pokedólares por isso.
— Seu velho maldito e vigarista! — Esbravejo, dando um tapa no balcão, provocando um alto ruído e sacudindo os objetos colocados sobre ele. — Essa pulseira é de ouro 18K! Sabe que vale pelo menos cinco vezes mais que isso!
 
O vagabundo me lançou um olhar cínico, franzindo o cenho e arqueando a sobrancelha, mexendo seu bigode grande e nojento que cobre a boca toda. Então ele bate no balcão do mesmo jeito que fiz, porém com mais força, provocando um barulho ainda mais alto, mas eu não me deixo intimidar.
 
— Escuta aqui, sua praga inútil! Você devia era me agradecer por ter a boa vontade de te oferecer algo em troca, pois nunca que uma parasita de bueiro como você teria algo assim, com certeza foi roubado! Eu devia era chamar a Guarda pra te prender! — Ele grita, apontando o dedo na minha cara, mas como já disse, não vai me intimidar, não recuo nenhum passo. Até que ele parece finalmente se acalmar. — Todavia, se você está assim tão interessada em dinheiro, há outros meios de consegui-lo...
 
E então, ele estende o braço peludo até alcançar meu ombro, entrelaçando seus dedos na alcinha da minha blusa roxa, puxando-a para baixo, deixando meu ombro livre enquanto me alisa com um olhar asqueroso. Sinto meu sangue borbulhar de tanto ódio. Velho asqueroso!
 
Bato em seu braço e o empurro com força, afastando-o de mim enquanto endireito minha roupa. Ele se enfurece e começa a abrir a portinha do balcão para vir me pegar, mas sou mais rápida. Pego minha pulseira de volta e saio de perto, nunca vou trocá-la por um valor tão baixo, ainda mais com um homem nojento como ele.
 
— Vá à merda! Você e seus produtos falsificados! Mortícia, faça com que esse verme se arrependa de existir!
 
 Infelizmente para ele, eu não vim aqui sozinha. Subitamente, uma pequena criatura azulada, com bolinhas vermelhas em torno do seu pescoço parecendo um colar, grandes olhos vermelhos e mechas rosadas nas pontas de seu “cabelo”, aparece magicamente bem perto dele, que se assusta ao vê-la.
 
Ela joga seu pequeno corpo contra as prateleiras atrás deles, chacoalhando-as e derrubando os objetos contidos nelas, provocando uma chuva de tralhas que caem em cima dele e se estilhaçam ao tocar o chão. O idiota cobre a cabeça, ridiculamente desesperado, enquanto dá pequenos saltinhos conforme os frascos e potes vão caindo sobre nele, sem saber para onde correr. Ele me ameaça e me xinga loucamente, enquanto faço questão de soltar uma gargalhada alta e debochada, assim como a fantasminha, que deve estar se divertindo tanto quanto eu.
 
E para finalizar, ela flutua graciosamente para o centro da loja e fecha seus olhos para se concentrar. Como já imagino o que ela vai fazer, rio maliciosamente cantando vitória com um “você já era” cheio de desprezo para o desgraçado.
 
E então, ela abre os olhos, emanando um forte brilho fúcsia, e começa a conjurar e lançar diversas ondas psicodélicas com o mesmo brilho e cor por toda a sala, derrubando todas as prateleiras, armários, vasos, cadeiras e tudo mais que estiver no caminho. Eu aplaudo satisfeita e a parabenizo ao se aproximar de mim, toda faceira. O velho corre desesperado tentando impedir a queda de algumas joias, mas em vão.
 
Diante da porta, observo todo o estrago causado naquela loja feia e mal-acabada, que agora parece ter sido afligida por um terremoto. Gostei da decoração, combina com ele, muito melhor do que estava antes! Sorrio satisfeita com meu trabalho, principalmente ao ver as supostas joias de ouro e pedras preciosas todas despedaçadas no chão.
 
Mas infelizmente, não tenho muito tempo para apreciar minha obra de arte, é hora de dar no pé, antes que as coisas se compliquem. Por sorte, Anastasiya e Meiling não estavam mais lá. A primeira provavelmente vai querer me assassinar quando souber...
 
Digo para Mortícia fugir imediatamente, já que ela pode atravessar as paredes, mas quando é a minha vez de sair, sinto meu braço ser agarrado. Olho para trás e levo um baita susto ao ver a cara toda vermelha de pura fúria daquele velho, que estava dez vezes mais feio. Ele agarrou meus dois braços com força, me machucando, enquanto cuspia palavras ofensivas e ameaças contra mim, dizendo que vou ter que pagar e outras baboseiras que nem consegui entender e também não me importo.
 
— Seu velho maldito e nojento! Tire suas mãos de mim!!
 
Desesperada para me soltar, dou um chute certeiro no meio das pernas dele, com toda a força que consegui no momento. Ele me larga e grita de dor, caindo de joelhos. Ainda não satisfeita, acerto um soco bem dado em seu nariz, que o faz desabar para trás.
 
Finalmente livre, é hora de sumir. Mas é claro que não seria tão fácil, nunca é. Ao tentar sair, me deparo com um aglomerado de curiosos do lado de fora da loja, atraídos pelo barulho, provavelmente. Alguns, os que tem mais cara de riquinhos nojentinhos, olham horrorizados enquanto cochicham palavras que não dá para escutar, já outros riem, fazendo piada da situação. Talvez também não gostem dele, ou simplesmente tenham uma vida tão monótona, que acabam se divertindo com qualquer coisa fora do normal que aconteça.
 
Mas isso não é importante agora, o que importa é que chamei atenção demais, e muito em breve a Guarda vai chegar aqui. Se for pega, estou morta, e para valer dessa vez. Sinto minha boca secar e mordo meus lábios. Meus parabéns, Amaya! Arruinou tudo mais uma vez!
 
Como não me entrego sem luta, já estava preparada para me jogar no meio da multidão e sair socando, chutando e mordendo qualquer desocupado que ouse tentar me impedir, até que de repente, todas aquelas pessoas que estavam olhando para mim, começaram a se comportar de maneira idiota, andando em círculos, olhando para os lados como se procurassem alguma coisa e não estivessem mais me vendo.
 
Parecem confusas. Não, elas realmente estão confusas. Ah, mas é claro! Sorri aliviada quando me dei conta do que estava acontecendo. Estou salva. É isso aí, Wandinha! Bem na hora!
 
Aproveitei a propícia oportunidade para sumir dali de uma vez, mas minha fuga foi interrompida por um braço que me envolveu e me puxou para perto da parede, quando ia virando a esquina. Já estava pronta para socar a cara do infeliz, quando fui surpreendida por um doce e inconfundível beijo, poderoso a ponto de fazer toda a minha raiva dessa vida de merda desaparecer, sendo tomada por preciosos e raros segundos de satisfação e felicidade.
 
Era Lucy, com seus lindos cabelos cor de palha, trajando um vestido preto e branco, junto com Wandinha, que veio flutuando logo atrás, com seu pequeno corpo preto e branco e o rosto roxo e redondo imóvel, emitindo ondas psíquicas quase imperceptíveis com seus olhos azuis.
 
Lucy soltou uma risadinha fofa enquanto me dava um abraço, se virando logo depois para correr, com seus cabelos balançando ao vento, entrelaçando os dedos nos meus e me puxando para mais perto de si, nos conduzindo para longe da multidão ensandecida, enquanto sirenes tocavam ao fundo, cada vez mais próximas.
 
 
 
— Ah, finalmente chegaram!
 
E lá vem ela, Anastasiya, correndo em minha direção, com sua cabeleira ruiva toda bagunçada, já levantando os braços pronta para me ma... abraçar? Quando chegamos no local combinado, um beco vazio que fica entre o restaurante onde Lucy trabalha e um prédio abandonado, fui surpreendentemente recebida com um forte e inesperado abraço. Não era a reação que estava esperando.
 
— Vocês estão bem? Fiquei preocupada. Pensei seriamente que tivessem sido pegas! — Disse ela, pondo de lado, pela primeira vez em anos, toda a pose de certinha sabichona que nunca se abala para dar espaço a sentimentos de preocupação e medo.
 
Ver ela, que é sempre a mais séria e racional de nós, preocupada comigo desse jeito, acabou desestabilizando meu lado durão e implacável, me levando a pedir desculpas, coisa que não costumo fazer. 
 
— Estamos bem, desculpe por causar preocupação. — Olhei para o chão, coçando a nuca tentando não encará-la e disfarçar minha vergonha. — Sabe que já escapei de situações piores, não me entrego tão fácil. Nós demoramos porque fomos pegar algumas coisas no nosso cafofo.
 
Meiling, que até então estava encostada na parede e quieta, resolve se aproximar entrando na conversa, com um sorriso um tanto suspeito, de quem vai aprontar.
 
— Hum... sei! Sei bem as coisas que vocês foram pegar! — Aponta ela, em um tom malicioso, fazendo biquinho com os lábios e simulando como se estivesse tocando em seus seios imaginários.
— Mas o que é isso, criança?
 
Mas que diabos? Me zango com ela, puxando o elástico que prendia seus cabelos, enquanto Ana a olha horrorizada e Lucy apenas ri.
 
— Criança não, que estou prestes a fazer onze anos!
 
Ela desliza as mãos sobre os cabelos negros recém soltos, tentando arrumá-los. Depois pula em cima de um caixote, querendo parecer mais alta, estufando o peito.
 
— Logo será minha vez!
— Que? Não vai não, pirralha! Fica na sua aí, que nem tamanho você tem!
 
A pego com as duas mãos e a coloco de volta de chão, para que pare de fazer gracinhas. Lucy solta uma gargalhada e envolve a mais nova em seus braços, enquanto Anastasiya bate a mão na testa, suspirando e balançando a cabeça em reprovação.
 
Superado esse momento estranho e constrangedor, é hora de contar quanto dinheiro temos e o que precisamos comprar. Ou melhor, quanto poderemos comprar com a merreca que conseguimos.
 
Todas elas mostram o que arrecadaram com seus trabalhos e atividades: Meiling com suas apresentações de canto junto com as pokémons, Lucy trabalhando no restaurante e Anastasiya ajudando uma costureira. Todas... menos eu. Sou a única que não tem um trabalho, e nem talento. Não consegui ganhar nada, mais uma vez.
 
Me recolho ao canto da parede, frustrada com minha própria existência. Acho que é agora que o arrependimento vem. Não por ter arruinado a loja daquele vigarista tarado, mas por passar mais um dia sem conseguir dinheiro algum.
 
Lucy percebe minha frustração e vem tentar me animar com um abraço e um beijo, dizendo para eu não me preocupar, pois o que elas conseguiram já é o suficiente, mesmo eu sabendo que não, e para não desistir porque amanhã com certeza será um dia melhor. O problema é que já estou cansada de esperar por esse dia melhor que nunca vem.
 
 
 
Ah, o mercado. Como eu odeio esse lugar. É um punhado de lojas e barracas, que se estendem lado a lado por toda a rua principal, onde se reúnem um bando de loucos competindo para ver quem consegue gritar mais alto e vender primeiro, com um bando de loucos correndo desesperados de um lado para o outro, se empurrando para conseguir comprar primeiro. Já perdi a conta de quantas vezes vi gente saindo no tapa por causa de uma fruta ou verdura. Mas não julgo, porque também já fiz isso.
 
Afinal, não há tanta comida disponível aqui no bairro Lambda, levando em conta a quantidade de gente que precisa. Nem se compara aos grandes mercados organizados e repletos de comidas e produtos variados que tem lá nos bairros nobres, até mesmo no Delta, o antigo bairro onde vivia com minha saudosa família. Quanto mais longe do Alpha, mais pobre e com menos recursos é o bairro.
 
Falei para as meninas irem enquanto eu fico aqui tomando conta das pokémons, já que elas têm mais paciência para lidar com pessoas do que eu, que já chego na voadora. Sério, como eu ODEIO gente suada se esfregando em mim.
 
Para passar o tempo, Wandinha ajeita o “laço” branco que possui abaixo da cabeça e se junta à Flora para observar o movimento na rua, com a última levantando a folha comprida na cabeça toda vez que vê algo que a interessa. Enquanto Musa, com seu pequeno corpo rosa, redondo e mais leve que o ar, dá piruetas em pleno ar para se distrair. Pelo menos alguém está se divertindo. Já Mortícia parece estranhamente agitada.
 
Acaricio o topo de sua cabeça e me sento na escada lateral do prédio, ao pavoroso som do ranger da portinha da caixa de correio que está aberta, mas estou me sentindo tão mal comigo mesma no momento que nem tenho ânimo de ir até lá fechá-la, seu barulho irritante é um problema insignificante demais para me importar agora.
 
 Olho para a pulseira que planejava vender. Diferente do que aquele velho nojento disse, eu não a roubei, ela é realmente minha. Foi o último presente de aniversário que ganhei de meus queridos pais, antes de serem brutalmente arrancados de mim. É a última recordação que tenho deles e da minha antiga vida, por isso não queria me desfazer dela, mas tendo em vista a situação em que nos encontramos, ela terá muito mais utilidade se for vendida, pois sei que as lembranças eu sempre levarei comigo.
 
Não tem como não me preocupar. Sou a mais velha do grupo, porra! Eu que devia ser a responsável e cuidar delas, mas na realidade são elas que acabam cuidando de mim. Só queria poder dar uma vida melhor para elas, que já fizeram tanto por mim, mas no fim sempre acabo arruinando tudo.  Eu sou uma inútil.
 
De repente, Mortícia, que estava agitada por algum motivo, para diante de mim, com seus “cabelos” rosados ouriçados e os olhos zangados brilhando em fúcsia, tremendo de nervoso. Foi quando senti minha espinha gelar e percebi que tem alguém nos observando.
 
Levantei em um pulo, me virando para encarar um aterrorizante par de olhos vermelhos diabólicos com um grande sorrido macabro e amarelo, flutuando no vazio, sem um corpo.
 
Meu coração disparou e as palavras se engasgaram em minha garganta por um instante. Mas que diabos é isso? Um Pokémon? O que ele quer aqui? Meu movimento brusco chamou a atenção das outras três, que correram para mais perto. Gritei para ficarem atentas e se protegerem.
 
Mas antes que o lugar fosse tomado por uma briga, uma suave voz se aproximou de nós, chamando por aquela coisa, que prontamente desapareceu. Era uma mulher com uma chamativa cabeleira vermelha e cachos volumosos, usando um lenço rubro na cabeça, amarrado na nuca abaixo dos cabelos.
 
Pela forma peculiar e chamativa como se veste, com uma longa saia preta, cheia de babados vermelhos em camadas e detalhes dourados, um corpete negro por cima de uma blusa vermelha que deixava os ombros a mostra, além de grandes brincos dourados de argola e diversas pulseiras de ouro que tiniam a cada movimento, já dá para perceber de que tipo de pessoa se trata.
 
Uma cigana. Era só o que me faltava. De vez em quando essa gente aparece por aqui. São um bando de charlatões, isso sim! Chegam com esse papinho de que conseguem ver o futuro, sorte, maldiçoes, mas que não passam de historinhas muito das falsas, escritas por gente que não tem o que fazer. Mas fazer o que, tem tontos que acreditam.
 
Ao vê-la, bufei e revirei os olhos com desgosto, fazendo questão de demonstrar o quanto a presença dela me desagrada e que não é bem-vinda aqui. Já odeio essa vaca e aquela coisa por terem me dado um susto.
 
— Se veio até aqui querendo dinheiro, perdeu seu tempo. — Já mandei a real, tenho paciência não. — A mim você não engana com essas previsões furadas de horóscopo genérico. Não tenho dinheiro e muito menos interesse.
 
— Ora bem sei que não tem dinheiro, senhorita Amaya. Também sei que há muito tempo tem buscado por um trabalho que seja capaz de satisfazer seus desejos. — Ela chega mais perto e faz uma reverência, curvando levemente seu corpo para frente enquanto segura a saia. — Sou a madame Esmeralda Gloriana de La Plata, a seu dispor. Sonhei com esse encontro que mudaria minha sorte. — Ela se endireita e estende a mão para mim, com seus montes de pulseiras fazendo barulho a cada movimento. — E se permitir, também a sua.
 
Olhei para ela com olhos arregalados, incrédula com tamanha audácia e pelo nível de loucura que tem essa mulher. Flora e Musa se viraram para mim esperando minha reação, enquanto Wandinha observava desconfiada e Mortícia seguia em posição de ataque. Sonho? Mudar a sorte? Soltei uma alta gargalhada cheia de escárnio bem na cara dela, que apenas sorria cinicamente sem mover um músculo. Porém, passado o riso, hora de falar sério. O que essa doida acha que quer comigo?
 
— Vem cá, pensa que engana quem? Acha que vai me impressionar porque sabe algumas coisas sobre mim? — Esbravejei, apontando o dedo na cara dela. — Acontece que eu vi aquela coisa que você mandou pra me espionar. É esse o seu truquezinho sujo? Espiona as pessoas e depois usa contra elas? Sei muito bem que era um Pokémon fantasma, pois sou próxima de um. — Ao ouvir isso, Mortícia fez pose, orgulhosa. — Olha só, por que não faz o seguinte? Aproveita que está com “sorte” hoje, pega ela e enfia bem...
 
Falando naquela coisa, seu rosto macabro voltou a se materializar, mas dessa vez ao lado dela e por completo. Ele apareceu deitado em pleno ar, com seu corpo todo cinza, não muito grande, apoiando o queixo com as mãos, com o mesmo sorriso amarelo diabólico, de orelha a orelha, que agora percebo ter um zíper no lugar da boca. É uma criatura realmente bizarra. Os dois se entreolham e riem maliciosamente.
 
— Ui! Viu só, Cheshire? Ela é tão sabida, ela! — Dessa vez, eles é que zombam de mim, o que faz meu sangue ferver. — Ótimo, assim podemos pular as formalidades e partir logo para o que interessa.
 
Sua expressão antes calma e serena mudou completamente. Tirou o sorriso falso do rosto e um cigarro da mochila, fumando, deixando de lado todo o pudor de antes. Não sei o que é, mas não me parece ser um cigarro comum, tem um cheiro diferente de tudo que já senti.
 
— Eu não concordei com nada.
— Mas vai. É o seguinte: tem um cara aqui no mercado que perdeu uma aposta comigo e está me devendo. Você conhece ele, é o dono daquela mercearia da esquina onde já trabalhou. Um sujeito quieto, que vende berries durante o dia e pessoas para os militares durante a noite.
 
A menção de um dos locais em que já trabalhei me traz lembranças dolorosas. Infelizmente eu me lembro dele, especialmente do último dia em que trabalhei lá, quando estava limpando o balcão e ele enfiou a mão dentro da minha calça.
 
— Pois bem, a questão é simples: eu preciso que você entre na loja dele, que você já conhece, e me traga umas pedras grandes e coloridas que ele guarda no escritório dele. Elas emitem um brilho místico bem peculiar, não tem como errar, provavelmente já sabe de quais estou falando. — Fez uma pausa para dar uma forte tragada e ajeitar os cabelos.
 
Essa mulher perdeu o juízo de vez? Acha que sou o que? Empregada dela?
 
— Tá zoando com minha cara, né? Por que caralhos eu arriscaria meu pescoço pra te trazer algo? O que ganho com isso? E se tem tanto interesse assim, por que não vai você mesma? Por que não manda essa coisa pegar?
 
 Sinceramente, não sei nem por que ainda estou aqui conversando com ela e dando moral.
 
— Porque temos mais o que fazer, garota. Além do que, Cheshire não consegue entrar por causa dos sensores anti-pokémons, e eu não sou do tipo de pessoa que passa despercebida. — Isso é bem verdade. — E não pense que não terá nada pra você. Como eu disse, esse cara faz negócios secretos com os militares, então ele recebe uma propina todo mês, uma quantia de nada mais, nada menos, que oito mil pokedólares.
 
Ao ouvir esse número, senti meu coração palpitar e um arrepio percorrer todo meu corpo. Meus olhos brilharam, até mais do que gostaria. Dessa vez ela conseguiu captar meu interesse.
 
— Ainda não concordei com nada e não quer dizer que vou, mas quanto a esse dinheiro...
 
— Se entrar lá, ele será todinho seu, eu só tenho interesse nas pedras. Mas precisa fazer isso até amanhã cedo ou perderá essa oportunidade, afinal, ele não vai manter o dinheiro lá para sempre.
 
Fez outra pausa para dar mais uma tragada e esbaforir a fumaça.
 
— É uma oferta única, jamais conseguirá tanto dinheiro assim fazendo qualquer outra coisa. Imagina o quanto isso irá ajudar você e as meninas com quem vive? Finalmente poderão comprar roupas decentes, comida não vai mais ser um problema, poderão pagar por uma moradia mais confortável, talvez até se mudem para um bairro melhor. Mas tudo bem, se não tem interesse, posso simplesmente ir atrás de outra pessoa, gente disposta a fazer qualquer coisa por dinheiro é o que não falta.
 
Ela deu uma última tragada antes de oferecer o cigarro ao Pokémon, que abriu o zíper de sua boca, liberando uma névoa sombria que envolveu o maço e o absorveu para dentro de si.
 
— Todavia, caso mude de ideia, eu não estarei mais aqui, pois sou necessária em outro lugar, mas Cheshire ficará até amanhã cedo, você pode entregar para ele.
 
A proposta estranhamente conveniente que acabei de ouvir é incrivelmente tentadora. Merda, são oito mil pokedólares! Sabe quando foi a última vez que vi a cor de um dinheiro assim? Ou de um terço disso, que seja? Quem diz que dinheiro não traz felicidade, é porque nunca passou fome ou teve que viver nas ruas.
 
Mas não sei, é arriscado demais e me cheira muito a golpe. Não, com certeza é. Afinal, por que raios ela quer tanto essas pedras, mais até do que o próprio dinheiro? Para que servem? Sempre achei que fossem só um enfeite extravagante de gente que quer pagar de rico.
 
— Agora, pra mostrar pra você que não sou nenhum monstro, pois já vi que tem uma péssima impressão, leve esses presentes, pra você e para as meninas com quem vive. — Ela abriu novamente a mochila, desta vez retirando cachecóis vermelhos. — Vão precisar, o inverno está chegando e as ruas de Panema são frias e cheias de perigos.
 
Olhei para eles e ri. Por mais orgulhosa que seja, não irei recusar algo que me oferecem de graça, não estou em posição para isso. Mas percebi que ela só havia me entregado três, faltou um. Não podia perder essa oportunidade de alfinetá-la.
 
— Se fosse uma cigana de verdade, saberia que vivo com três meninas.
 
Me aproximei para pegar mais um, porém fui prontamente interrompida por ela, que parou e segurou minha mão, lançando sobre mim um olhar sombrio.

 
 

— Ah, eu sei. Mas não por muito tempo, querida. Não por muito tempo.
 
Empurrei sua mão para que soltasse a minha. Ficamos nos encarando por alguns segundos, enquanto um corriqueiro vento bagunçava nossos cabelos. Ela me confrontava de um jeito cínico e sinistro, como se soubesse de alguma coisa que vai acontecer. Mas antes que pudesse retrucar a gracinha, ouvi passos rápidos correndo em nossa direção. Era Anastasiya, ofegante e parecendo apavorada.
 
— Amaya! Temos que encontrar as meninas e nos reunir depressa! Fiquei sabendo de uma coisa terrível que está para acontecer amanhã!
 
Flora correu até ela e se jogou em seus braços, mas nem isso a fez se acalmar. Algo sério deve ter acontecido. Olhei para trás em busca daquela mulher e a coisa bizarra, porém não havia nada além de um beco vazio e escuro. Me pergunto se o que vivi era mesmo real ou se não passou de um devaneio.


Última edição por *Nina* em Ter 28 Jul 2020 - 18:32, editado 2 vez(es)

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Histórias de Fantasmas Empty Re: Histórias de Fantasmas

Mensagem por Shiota Dom 24 maio 2020 - 20:57

Bom, comecei o capítulo e já tomei um soquinho de leve com a primeira frase. No choque dos primeiros segundos eu interpretei que ela realmente morria e que sei lá, já estava considerando que essa fic se passa em algum lugar após a morte, visto como foi o primeiro capítulo. Aí eu comecei a suspeitar que ela estava falando figurativamente, mas ainda “temia pelo pior”, visto como foi o prólogo . Então fico feliz de ela ter “só” perdido os pais e começado uma vida miserável. Acho que penso como a Lucy, pelo menos ta viva.

Lá no prólogo, quando eu li que tipo de pessoa era um fantasma, eu fiquei curioso pra ver que tipos de pessoas seriam apresentadas (ainda mais que aquela ideia de escrever de vários personagens me animou bastante nesse sentido) e algo como alguém que perdeu tudo abruptamente foi uma das coisas que imaginei. E ter pensado nisso de modo algum tornou a Amaya genérica. Eu não esperava bem que ela fosse se tornar “boca suja” assim, mas adorei isso. E, se tratando de uma fic em primeira pessoa, eu achei maravilhoso ver ela narrar dessa forma. Sério, é apenas a primeira protagonista, mas posso dizer com certa segurança que é uma das minhas favoritas até entre o que eu não vi ainda aoidsjaodijaoidjad.

Eu adorei a forma como a Amaya descreveu a Lucy, enchendo de elogios em tudo que descrevia kkkkkkkkk. Eu já tava mais do que suspeitando algum interesse romântico nela, ai depois chegou a Meiling zoando elas e eu tive certeza de que não era apenas coisa da minha cabeça.

Bem, eu ainda to com uma pulga atrás da orelha com a cigana. Eu achei genial ela usar um fantasma pra ficar espiando as pessoas aksodpakdaodk, não tenho certeza ainda se ela tem realmente algum poder ou só usa esse truque, mas gostei muito disso. Eu não acho que ela esteja mentindo sobre pedras, visto que deve ser algo de valor, como pedras evolutivas ou até mega stones, mas mesmo assim fico desconfiado com a proposta. E algo que estive me perguntando é se ela também é uma fantasma, apesar das roupas "chamativas".

Sobre a sua escrita, eu já disse que ela é incrível, mas detalhando um pouco mais com o pouco mais que vi, eu adorei como suas personagens (principalmente a minha favorita né, hehe) são muito bem “humanizadas”. Eu achei incrível o simples detalhe dela ter se desculpado quando foi abraçada e virar o rosto em vergonha, isso mostra uma certa “flexibilidade” na personalidade da personagem que faz ela não ser muito uniforme, agindo sempre de uma mesma maneira e previsivelmente, e se eu tenho algo pra “criticar” é que você consiga manter essa humanização pra sempre. As vezes a gente esquece como humanos realmente agiriam em certas situações, eu mesmo já falhei várias vezes.

Eu também gostei muito de você ter retratado alguns assuntos mais maduros como a questão do assédio, eu já imaginava esse tipo de tema quando vi sua opinião sobre o retratamento feminino nas fics. Inclusive, preciso nem dizer o quanto você fugiu disso, né? Eu identifiquei um pouco a minha antiga Sophie na Amaya, porém muito mais aprofundada, e acho que entendo porque você me elogiou por isso. Ah, principalmente, eu adorei ver o velho lá se fudendo pra caralho, tenho certeza que você também gostou tanto disso que até fez ele voltar pra tomar um chute no saco -q

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Mensagem por Black~ Seg 25 maio 2020 - 0:14

Well, c'mon

Bem, esse capítulo foi bem legal, até porque detalhou mais sobre as personagens da fic, trazendo-as para mais perto de nós e não deixando tanto no campo "especulativo" como no prólogo, onde só se falava dos "fantasmas" de modo geral, mas nesse capítulo vocês nos trouxe as fantasmas, e foi bem interessante. E também a ideia de vingança da Amaya é interessante. Afinal, quem não gosta de uma boa história de vingança?

De fato, achei a história da Amaya bem intrigante no geral. De fato, entendi um pouco sobre os fantasmas, mas o que me deixou intrigado foi o porquê da morte dos pais da Amaya. Parecia uma família normal, de classe média, que morava no bairro de nível 4 (esse negócio dos níveis dos bairros, lembrou o filme "O Poço" né? Não assisti ao filme, na verdade, mas vi relatos) e tinha apenas uma filha, ou seja, era a "família perfeita" de Panema, certamente que os pais dela provavelmente fizeram algo, talvez. Interessante pensar sobre esse mistério.

Eu sinceramente tô amando essa descrição em primeira pessoa. A descrição em primeira pessoa é boa porque dá pra deixar mais informal, que é o caso da sua. Dá pra entender totalmente a linguagem torpe, a ironia, as piadas. Funcionou muito bem com a personagem, ou com o que nos foi apresentado até agora. Fora que nos colocou dentro do sofrimento da personagem e de tudo que ela fez ou sofreu. E tudo que ela fez acaba sendo mais pessoal né, muito bom.

Eu achei todas as personagens até o momento bem interessantes. Apesar de ser uma fanfic em primeira pessoa (pelo menos esse capítulo) deu pra conhecer bem cada uma, mas a Lucy principalmente né rsrs. Mas gostei de ter atribuído uma função a cada uma e como se cada uma usasse um talento.

Gostei da "brincadeira" do nome "fantasma" e o pokémon da protagonista ser uma Misdreavus kkkk. Pelo que entendi, elas só conseguiram os pokémon porque conseguiram resgatá-los já que eles iam morrer, achei até um ponto interessante e que permite ser explorado por outras personagens na história.

Talvez tenha sido só eu, mas senti um pouco de falta de saber quem eram os outros pokémon; creio que eu possa não ter percebido, já que só pude reconhecer uma Chikorita e a Misdreavus, mas creio que seja parte da narração em primeria pessoa, que é mais livre para permitir passar alguns detalhes kkkk. Ou talvez você explicou e eu me perdi em algum momento, mas enfim kkk.

Eu confesso que achei bem misteriosa essa cigana aí e achei meio suspeitos os métodos de trabalho dela. Será que ela usa o Banette pra ficar seguindo as pessoas e depois arrancar dinheiro delas? De toda forma, estou curioso para ver o interesse dela unicamente nessas pedras, porque ela não quis nem uma partezinha dos 8 mil, certamente que essas pedras são muito interessantes para ela. Além disso, mesmo que ela seja só uma charlatona, achei muito convincente o argumento dela de que seriam só três em breve, como se prevesse o que aconteceu com uma. E aquele final...Hm, deu um gostinho de quero mais, para saber o que aconteceu e talvez até dar razão pra mulher kkkkkk.

Bem, eu achei o tamanho do capítulo bom, não achei grande não, acho que o tamanho da letra influenciou na hora do tamanho, pra mim o ritmo ficou bom e o tamanho também, fora que você escreve muito bem. Bem, eu também gostei muito desses seres humanos escrotos na fanfic, na verdade "gostar" é uma palavra forte, mas achei muito boa a sua ideia de representar uma sociedade totalmente alienada e cheia de preconceitos e só com seres humanos babacas e homens estupradores (qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência k), dar um ar muito mais sério, apesar de nos tirar a pureza dos nossos amados monstrinhos de bolso.

Bem, acho que é só e boa sorte com a fic.

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Mensagem por -Ice Ter 26 maio 2020 - 0:52

Thaís desculpa a demora, a culpa foi do meu computador problemático, não me mate  Histórias de Fantasmas 1f62d 
Como você bem sabe, li esse capítulo hoje mais cedo mas enfrentei problemas ao tentar comentar e agora finalmente estou com o pc normal e consigo ver em tempo real o que escrevo ao invés de apertar as teclas e ver as letras aparecendo na caixa de texto vários segundos depois, a culpa realmente era daquele programa kkkkkkkk

Sobre o capítulo, também achei que ia começar com uma morte e de certo modo até começou, apesar de ser uma alegoria da personagem. Gostei da Amaya mas senti que a personalidade dela ainda tem umas folhas em branco que serão preenchidas com o passar dos capítulos, mesmo você já tendo deixado claro qual a história e alguns traços de personalidade da garota, senti que ainda há mais a ser explorado sobre ela, mas talvez tenha sido impressão. Gostei da maneira como a garota se comporta, sendo explosiva e até um pouco foda-se para as coisas, visto a cena do velho assediador.

Das outras personagens, acho que gostei mais da Lucy, acho que por ser o interesse romântico e ter sido um tequinho mais explorada, mas tô com um pressentimento ruim sobre ela, já explico sobre. Anastasiya também chamou a minha atenção com a cena do papelão, que achei fofo mas também muito triste pela situação em que ela e as outras se encontraram.

Aliás, antes que eu esqueça, em algum momento você deixou as falas com um enter separando elas e em outros deixou grudado, não sei se foi intencional mas caso não tenha sido fica o toque, as vezes é problema da própria caixa de texto haha

Fiquei chocado com as polêmicas que eu já esperava mas eita, esses sujeitos que assediaram ou tentaram assediar a Amaya foi um pouco inesperado, fiquei bem chocado e com raiva dos dois, inclusive ficando até aliviado quando o dono da loja recebeu aquele tratamento.

Uma outra coisa são os pokémon haha. Eu não entendi o porquê de você não citar o nome dos monstrinhos, mas foi um bom exercício de imaginação e como você bem sabe consegui adivinhar todos em pouquíssimo tempo, manda mais que tá fácil Wink
Aliás, falando sobre os monstrinhos de bolso, acho que não precisa das aspas quando for citar características dele, como o "laço" da Gothita, que apesar de fazer parte do corpo dela, não sendo um acessório, ainda assim podemos considerar como um laço, sabe?

Já indo para o final, a cena que mais me deixou hypado foi a da cigana, dando uma "missão" às garotas (ou será que só Amaya vai participar?), dando uma ideia do plot dos próximos capítulos e o final, com ela falando sobre os três cachecóis e dando a entender que uma delas irá sair, bom... posso teorizar?

Acredito que Lucy vai bater as botas ou talvez ser presa pelo Estado ou jogada para fora do muro, tenho essa impressão porque entre as outras três garotas ela foi a mais bem trabalhada e além de tudo é homossexual, o que não é admitido pelo governo. Também temos a Amaya que compartilha essa característica, mas não acho que ela vai morrer já que foi ela quem recebeu a previsão da cigana. Enfim, é a minha teoria, vamos ver com o passar dos capítulos -q

Por enquanto é isso, saiba que estou gostando da fic e estou ansioso para a continuação da história, sei que não vai decepcionar e manter o nível, portanto fico aqui no aguardo de mais um episódio dessa história maravilhosa, até mais!
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Mensagem por Brijudoca Ter 26 maio 2020 - 15:04

Helloooooooooo Nina

Sobre o primeiro capítulo da fanfic: Talento, aclamação e vários "eu entendi a referência". Sério, eu adoro usar referências pops pra nomear personagens nas minhas histórias, então óbvio que não deixaria de destacar a referência à família Adams e ao Clube das Winx pra nomear as pokemons (eu sei que pokemon não deveria ter plural mas eu escolhi ignorar essa regra na minha vida)

Que personagem intensa é a Amaya. O começo, com ela descrevendo como sua vida foi despeçada quando ela foi transformada em apenas mais um fantasma foi de partir o coração. Me animei um pouco conforme o capítulo progrediu, deixando a história um pouco menos pesada, mas sem deixar de tocar em pontos extremamente delicados. É muito diferente encarar o sofrimento da Amaya, nesse mundo em que os homens só pensam em abusar dela, por serem escritos especificamente por você, uma mulher, que sabe como descrever o que uma garota de 15 anos sentiria nessa situação. Duvido que algum homem conseguiria descrever essa sensação com tanta sutileza e ferocidade como você fez.

Mesmo com a breve apresentação, me apeguei com as garotas e já estou extremamente tenso com a possibilidade de perdermos uma delas. Mesmo de forma disfuncional, as garotas estabeleceram uma família e estão tentando viver na triste realidade de Panema. Foi engraçado ver Amaya chocada que a pequena Meileing já perdeu parte da inocência, mas perfeitamente compreensível dada a situação em que elas vivem. Assim como o Black, tive bastante dificuldade em tentar descobrir quais pokemons estavam sendo descritos, só tinha certeza do Banette pela boca de zíper e imaginei que Morticia deveria ser uma Misdreavus. Imagino que pela sua narrativa ficaria meio esquisito parar pra citar que espécie de pokemon era qual, talvez uma pequena trivia no final do cap ajudaria? Ou ficar tentando deduzir que bicho é qual faz parte da experiência da sua fic? haha

Esse plano da cigana deixou todos os meus sentidos de "vai dar merda" apitando, mas quem sou eu pra julgar Amaya por querer uma vida melhor para ela e as meninas? O capítulo terminou e eu fiquei com aquele gostinho de quero mais, mas entendo você ter dividido ele bem nessa parte.

No mais, estou MUITO ANSIOSO pro próximo capítulo. P
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