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PROJETO: Metamorfo Pikalove
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PROJETO: Metamorfo

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Mensagem por SrRinaldi Sáb 15 Abr 2017 - 19:40

Notas do autor: Eu sempre tive vontade de escrever uma fan-fic de Pokémon. Eu queria fazer duas temporadas, ou até mais, mas em tópicos diferentes, como se fossem fan-fics diferentes. Eu me inspirei em várias coisas, como A Bússola de Ouro, O orfanato da srta.Peregrine para crianças peculiares, Fallout 4, enfim, várias coisas. Espero que gostem.

PROJETO: Metamorfo Projet10


Volume I
Capítulo Um



Prólogo

    Nero nunca havia conhecido o mundo lá de fora, mas sempre teve o interesse. Quando se está acostumado a viver em bases militares disfarçadas de internato juvenil, o mundo lá fora parece um atrativo bastante chamativo. Mas Nero nunca saiu do perímetro da base militar de Kalos, numa localização desconhecida numa rota qualquer. Desde que se conhecia por gente, viveu entre as paredes de aço impenetráveis de indestrutíveis, com cabos de energia passando no teto cinza que conectavam todas as tecnologias do local, que, por sinal, era muito desenvolvido e futurista. A única cama que conhecia era a cabine que emergia do piso gelado do dormitório masculino, com uma tampa de vidro, tornando aquilo uma verdadeira encubadora. Seus irmãos eram garotos completamente diferentes dele, mas que foram criados todos juntos, como uma família, sabendo que um dia defenderiam sua pátria no mundo lá fora.

    Às segundas, quartas e sextas-feiras, Nero e seus irmãos tinham aulas de idioma, de matemática, física e outras coisas que a maioria dos rapazes achavam entediante. De terça-feira, os rapazes tinham aula teórica de sobrevivência, afinal, nunca tiveram que usar nada que havia sido aprendido. Os professores, sempre vestidos de branco, com crachás e patentes, frisavam a importância daquelas aulas, dizendo que em alguns anos, deveriam usar. Nero não dava a mínima. Um jovem rebelde não quer saber de estudar para sobreviver, ainda mais quando se é um jovem que tem de tudo desde que nasceu, na base militar de Kalos. Não gostava de quase nenhum dia da semana, se não a tão adorada quinta-feira.

    Às quinta-feiras a base ficava agitada. Os garotos ficavam alvoroçados, animados, excitados. Era o dia que separavam os garotos dos homens, os meros peões de batalhas para os verdadeiros combatentes, os fracos e os fortes: o dia do treino de batalha.

    E hoje era um dia desses. Uma fileira de dezenas de garotos se estendia pelo corredor, esperando a porta de entrada para um salão amplo, bloqueado pelo Doutor Houdini. O homem de meia idade, calvo e com bigode pintado de preto amaciava o pescoço dos internos com um aparelho pequeno, mas, obviamente muito tecnológico. O alvo do aparelho era um pequeno volume que todos os meninos que moravam na base militar tinham. Um chip, que impedia os rapazes de usarem os seus poderes. E era justamente este o motivo que causava o grande alvoroço às quintas-feiras. Dentro daquele salão, o uso de poderes era liberado, e os garotos faziam o que mais gostavam de fazer: tornarem-se criaturas diversificadas, com poderes diversificados, com capacidades diversificadas. O mundo lá fora chamava essas criaturas de Pokémon.

    Essas criaturinhas também eram nomeadas. Nero, por exemplo, conseguia se transformar em um pássaro não muito grande e com habilidades de fogo. Chamavam-no de "No. 662 - Fletchinder". Mas nem sempre fora assim. Quando tinha nove anos, sua transformação era uma versão mais simples da atual, mas para atingir o nível de hoje, teve que passar por uma sessão árdua de modificações genéticas, que davam enjoos e deixavam-no com dor por semanas. Nero, apesar de tudo, estava feliz com a sua capacidade de se transformar, e estava ansioso para poder usá-la hoje no salão, onde treinaria luta com os outros garotos da base.

    Seus cabelos ruivos e espetados eram imóveis de tão curto que estavam. Esse era o padrão dos rapazes que moravam lá: cabelo curto ou até mesmo careca. Os militares exigiam um corte por mês, o que impedia que os rapazes tivessem cabelo comprido. Diferente era para as garotas, que exibiam madeixas coloridas e texturas diferentes. Elas também tinham a habilidade de se transformar em Pokémon, mas recebiam um treino separado por conta de somarem somente sete garotas. Nero sempre foi curioso pra saber quais eram os poderes das meninas, mas nunca teve oportunidade de saber. Nenhum dos garotos teve.

    Os olhos apertados do menino apressavam Doutor Houdini no começo da fila. E os olhos de Nero também eram chamativos: não tinham a parte branca, era todo negro, e do lado de fora, possuíam um contorno amarelado, idênticos aos olhos de Fletchinder, o seu Pokémon. Todos os garotos eram assim, possuindo características dos Pokémon que conseguiam se transformar. Mario, um garoto de estatura média, por exemplo, tinha o cabelo branco e macio como lã, assim como seu Pokémon: Flaffy. Antes de passar pela sessão de modificação genética, seu cabelo era loiro, mas ainda assim aveludado, assim como a ovelhinha simpática que conseguia se tornar.

    Lucas, um rapaz exageradamente robusto e com três rabinhos brotando de seu traseiro, conversava com seus amigos na fila, bem na frente de Nero, que, impaciente, vibrava com os passos lentos que a fila dava. Lucas era um garoto alto e forte demais, sua voz era grave como a de um touro —duvido acertarem a sua transformação —, e, por isso, botava medo nos outros meninos. Seu ego era muito alto, e sua capacidade de ser líder era bastante apreciada pelos militares. O seu único problema era que perdia a paciência com muita facilidade, ainda mais quando citavam os seus três rabos pejorativamente.

    Nero estava ansioso para entrar na sala. Era realmente sua atividade favorita, pois lhe permitia voar. Tal ato era descrito pelo garoto como libertador e adorável, e, para ele, estar privado disso nos outros dias era nada mais do que crueldade.

    A fila andava, mas Lucas, distraído com o bate-papo, demorava para acompanhá-la. Nero estava perdendo tempo da atividade, e isso era simplesmente inadmissível.

    O menino ficava nas pontas dos pés, anotando com os olhos cada colega que entrava na sala, dando um salto e se transformando o mais rápido possível. Era motivo de inveja não ser um dos primeiros na fila.

    — Vai logo, rolha do poço. — resmungou Nero de voz baixa.

    Como se uma onda de choque tivesse passado pelo corpo de Lucas, seus rabos ficavam imóveis e eretos. A encrenca era iminente, e seu cheiro exalava pelo corredor. Uma corrente de silêncio se estendeu pela fila, atraindo olhares para o grandalhão de cabelos castanhos curtinhos. Os pelos da nuca de Lucas se eriçaram antes que se virasse para Nero.

    Os olhos do menino-touro estavam avermelhados, e suas narinas pareciam excessivamente dilatadas, e ele bufava com raiva. Nem mesmo o mais corajoso soldado manteria sua postura diante de Lucas, sendo assim, Nero, automaticamente, cedeu com dois passos para trás.

    — O que você falou, olhos de galinha? — perguntou Lucas com a voz de touro selvagem.

    — É-é-é que a fi-fila tá andando. — respondeu Nero apontando para frente.

    Lucas parecia não estar incomodado com o andamento da fila, afinal, Nero o insultara.

    — Retire o que disse! — exigiu o grandalhão.

    Nero sempre foi uma pessoa muito calma e de fácil tratamento. Era neutro, simpático, educado, mas sabia seus limites. Sua maior paixão era voar, e, por isso, fazia de tudo para participar das aulas de quinta-feira. Lucas era uma muralha fisicamente, mas para seu objetivo, Nero poderia sobrevoa-la. E temendo perder a sessão de liberdade, decidiu ignorar o chilique do grandalhão e avançar na fila.

    Deixou Lucas falando sozinho ao passo que tomava seu lugar na fila. Mas o menino-touro não aceitaria aquilo tão facilmente.

    O corpo de Lucas se projetou para o lado, onde Nero estava, e sua cabeça guiou o ataque. Era um golpe fatal, que esmagaria o ruivo na parede de aço. Mas Nero não era um iniciante em combates com encrenqueiros, afinal, seu jeito calmo e fechado era o que mais irritava os estressadinhos. Nero se projetou para cima com um impulso, abrindo os braços como uma ave, deixando que o grandalhão chocasse contra a parede.

    Aproveitando a queda, Nero apoiou seus pés nas costas do adversário, que cedeu, caindo de joelhos no chão. O silêncio do corredor era substituído pelo alvoroço, pelos cochichos, e pelos passos acelerados de um sapato social.

    Um homem temido e conhecido na base militar se aproximava. Seus cabelos grisalhos se escondiam na boina camuflada, que combinava com o uniforme militar exageradamente enfeitado por medalhas de honra ao mérito e por conquistas inimagináveis. Era um homem muito respeitado, e isso se fazia verdade ao passo que todos os internos arrumavam a postura conforme o oficial passava.

    Nero não conseguiu ver a chegada do tão prestigiado senhor, mas assim que notou sua presença, sentiu algo subindo por suas entranhas, balançando cada músculo do seu corpo, e arrepiando até o último fio de sua cabeça quase raspada.

    — S-senhor. — cumprimentou.

    Lucas se levantava, ainda bufando de nervoso, mas se controlando ao máximo para mostrar respeito.

    — Senhor general, senhor. — falou o touro.

    Os olhos do general pareciam sem vida, sem expressão, mas as sobrancelhas apertadas mostravam sua desaprovação. A bochecha caída e a boca curvada para cima mostravam que não estava feliz em ver o que estava acontecendo. Olhou para ambos os garotos, analisando a situação e pensando numa melhor forma de puni-los. Nero temia perder a sua tão adorada aula de quinta-feira, enquanto Lucas temia perder a chance de esmagar Nero na parede.

    — Essa atitude não é do meu gosto... — começou o general com a voz rouca e imponente.

    Detenção não, detenção não. Torceu Nero.

    — Me encontrem na minha sala.

    O corredor todo prendeu a respiração. Normalmente o general punia os garotos obrigando-os a correr, ou a cozinhar, descascar batatas e etc. Mas um encontro na sala do general também não soava agradável. Não havia o que esperar daquela situação. Era um total mistério, uma surpresa. Até mesmo Lucas sentia medo, mas escondia com sua cara fechada, apenas assentindo junto de Nero.

—x—

    Para chegar na sala do general, primeiro deveria se passar por uma espécie de sala de espera. Uma sala em cubo tinha, encostado em suas paredes, sofás de couro negro e acabamento metálico, tão futurístico quanto todo o resto. O detalhe das paredes ficava a um metro e cinquenta, com luzes azuis passando como laser, atirando para o infinito. Apesar de toda a tecnologia, o sentimento primitivo se fazia presente: o medo.

    O receio, a angústia, o arrependimento.

    Pelo menos para Nero.

    Lucas sentia ódio, bufava para Nero. Afinal, fora golpeado e caiu perante o adversário. Isso era um assassinato a sua honra. O ruivo, por sua vez, sentava com os joelhos encostados e pés separados, apoiando os cotovelos acima da patela e fazendo um suporte para o queixo com as mãos. Olhava para o chão monocromático, imaginando que tipo de bronca ouviriam.

    A porta no canto da sala se abria, indo para o interior da parede. A tecnologia era incrível mesmo. O general solicitava a entrada dos internos.

    Uma sala com o mesmo formato da anterior era o escritório do oficial. Um mapa da região de Kalos estava estendido atrás da cadeira de couro do homem, que, por sua vez, estava atrás de uma mesa bastante grande, com um computador de tecnologia de ponta e papelada. Um aparelho holográfico estava do outro lado da mesa, e piscava em azul. Nero sabia que aquilo significava que o general esperava uma notícia.

    — Vocês sabem para que estão aqui? — perguntou o homem.

    — Para defender Kalos na Guerra? — arriscou Nero.

    — Exato. — respondeu o homem, batendo as mãos na mesa. — Precisamos nos unir. Vocês acham que brigar é uma boa forma de fazer um aliado?

    Nero olhou para Lucas, que não retribuiu.

    — A Guerra já começou há anos. Vocês, meus garotos, são frutos disso. Vocês sabem o que vocês são? — perguntou mais uma vez.

    — Meninos órfãos com poderes? — mais uma vez Nero arriscou.

    O general riu.

    — Órfãos nem todos. Mas com poderes sim. Mas, sendo mais específico: vocês sabem de onde vêm esses poderes?

    Nero realmente não sabia responder aquilo. Engoliu a seco, sem nem mesmo olhar para Lucas em busca de uma resposta do brutamontes.

    — Garotos, a Guerra não começa quando alguém atira uma bomba. A Guerra começa nas palavras dos homens. A Guerra não precisa ser um combate direto, apesar de, possivelmente, se tornar em alguns dias, caso Sinnoh ataque. Vocês são os nossos movimentos de Guerra. Vocês são experi...

    GENERAL GORGON! SINNOH DIVULGOU UMA MENSAGEM. ELES ENVIARAM UMA BOMBA QUE DEVE CHEGAR AQUI EM POUCOS MINUTOS. ELES ATACARAM SEM AVISO. E NÓS SOMOS OS ALVOS!

    O general arregalou os olhos no meio das pelancas velhas. Nero fez o mesmo, com seus olhos totalmente negros, encarando o general e o menino touro, que bufava com mais ferocidade. Era um alerta vermelho. Era a guerra se iniciando.


Última edição por SrRinaldi em Seg 17 Abr 2017 - 14:17, editado 1 vez(es)

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Mensagem por -Ice Sáb 15 Abr 2017 - 20:32

Olá, Rinaldi!

Eu estava há uns trinta minutos andando pela área de fics, passando as páginas para ver algumas pérolas antigas de uma época em que a PM era um fórum incrivelmente movimentado. Vi fanfics sem resposta nenhuma com quase 1000 visualizações, enquanto hoje temos fanfics quase em sua segunda página mas com menos de 500 :/
Enfim, deixando de lado o passado de ouro do fórum, vamos falar sobre a mais nova fanfic da área!

Você disse que se inspirou em várias coisas, e citou algumas. As três citadas são daquelas obras que eu considero boas sem ter assistido ou jogado. Sabe aquelas coisas que você vê de longe e fala "deve ser bom, mas não é pra mim"? Então, o que eu quis dizer com toda essa enrolação é que você provavelmente teve uma boa base =P

Esse negócio dos garotos que se transformam em pokémon já me pareceu uma premissa bem interessante. Um protagonista que se transforma em um Fletchinder, um outro que se transforma em um Tauros, é uma ideia bem legal, principalmente considerando que eles podem "evoluir" e têm características dos pokémon que podem se transformar.

Uma outra coisa interessante é que é muito difícil de acertarem o nome da ovelhinha rosa que é a evolução da Mareep Laughing Eu recentemente usei uma Flaaffy na minha fanfic, e já foi muito difícil não errar nenhuma vez enquanto escrevia, e depois vi nos comentários que não era apenas eu que tinha essa dificuldade. Durante o prólogo, você escreveu Flaffy.

Aliás, já que citei o prólogo, eu poderia dizer que ele poderia se chamar Episódio 1 de boa. Tipo, tem um tamanho legal, a história se desenvolve bastante, tem alguns acontecimentos importantes. Não é obrigatório que uma história comece no Prólogo, vai do autor mesmo. Só estou dando esse toque pois ultimamente tenho visto vários prólogos por aí hahah O único que eu me lembro de ter tentado fugir disso foi o Slow, que colocou o nome do prólogo dele de Capítulo Zero, e ficou bem elegante.

Bom, eu começo a pensar em outras pessoas durante os meus comentários e acabo dando sugestões loucas para o autor que fazem parecer que eu estou criticando a fanfic, mas não ache isso, cara hahah É só o déficit de atenção me atacando.

Enfim, como eu disse, achei muito interessante a história, toda essa coisa da guerra prestes a estourar, os garotos sendo usados como experiências, esse mini mistério que foi criado com as garotas (imagino que elas vão ter poderes diferentes, como foi sugerido). Ao ler o nome do protagonista, não consegui deixar de imaginá-lo como um Growlithe (entendedores entenderão -q), e por isso ri um pouquinho ao ver que ele se transformava em um Fletchinder huasaahu

Enfim cara, gostei do prólogo, espero te ver postando mais capítulos. A área de fanfics, assim como o resto do fórum, precisa crescer novamente, e eu (e alguns outros, creio eu) espero a sua ajuda com isso, então, não desista ^^
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Mensagem por SrRinaldi Seg 17 Abr 2017 - 14:14

Resposta aos comentários:
Notas do Autor:

Capítulo Um

    Uma luz ofuscava a vista do menino. O garotinho de pouco mais de seis anos tinha seus cabelos ruivos raspados apoiados em um travesseiro minúsculo — só para não dizer que não havia conforto na maca —, e lutava junto de seus olhos para tentar enxergar o que acontecia ali. Quase totalmente falho, se não fosse pelas laterais que recebiam pouca luz, onde conseguia ver os homens de branco ocupados, manuseando seringas como se a criança fosse um boneco e não uma pessoa.

    — Célula vital do ancestral pronta na solução. — anunciou uma voz.

    — Aplique. — comandou outra.

    O pequeno sentia dor, mas fazia o máximo para não demonstrar. Já haviam dias que os doutores conversavam com ele, dizendo que ele ganharia poderes desde que não chorasse quando tudo estivesse acontecendo. A boca do garoto entortava, as sobrancelhas apertavam, o ar somente entrava e não saía. Um líquido quente e diluído corria por suas veias, e seus olhos coçavam e ardiam. A única saída do garoto era piscar.

    Essa foi a última vez que seus olhos azuis foram mostrados ao mundo. E a última vez que viu o mundo normalmente.

—x—

    Nero não tinha dimensões sobre o que estava por vir, mas não imaginava nada de bom. As aulas que tivera sobre batalhas não mencionaram o poder de uma bomba, ou então mencionaram mas foram ignoradas. O General Gorgon estava atônito, sem reação. A bomba vinha em sua direção, e em poucos instantes se chocaria com a base militar. Era definitivamente um alerta vermelho, e, combinando com essa característica, um botão vermelho no teclado do computador foi apertado, disparando um alarme perturbador.

    O homem se levantou dando ordens:

    — Procurem o Doutor Houdini, ele já sabe o que se deve fazer.

    — Entendido. — respondeu Nero, apertando as sobrancelhas nos olhos de ave.

    Lucas e Nero saíram da sala com pressa, viraram para a direita, entrando num corredor prateado monótono. Se fosse a primeira vez que estivessem lá, certamente se perderiam, mas não era o caso. Os meta-humanos começaram uma corrida acelerada pelo corredor, passando portas metálicas que davam em banheiros, escritórios, e tudo o que uma base militar especial tinha. Os corredores ramificavam o caminho, o que confundiria mais ainda aqueles que estivessem lá pela primeira vez.

    O alarme na orelha dos garotos era uma pressão e tanto. Era o sinal de que corriam pela sobrevivência.

    Nero focava em sua corrida, olhando para frente, buscando seu objetivo, correndo ao lado de Lucas, que fazia jus a sua transformação a cada passo pesado, porém que proporcionava uma velocidade impressionantemente bruta.

    — Precisamos ir rápido. — comentou Nero.

    — Pra que a pressa? — respondeu Lucas.

    Neste momento, Nero estranhou a resposta e olhou para o outro interno, que usava dos passos de sua corrida para realizar um chute nas pernas do garoto. O ruivo teve tempo para virar seu corpo, mas a perna grossa de Lucas acertava o tornozelo do rapaz, que caía com tudo no chão, chocando sua cabeça e criando um eco em sua mente. Sua visão agora se limitava nas calças cinzas tamanho XG que Lucas vestia, e seu tênis básico sem cadarços cinza também, como todo o resto do uniforme que todo o resto dos internos vestiam.

    Nero nunca foi de guardar rancor. Não era um garoto muito maduro também. Não sabia ao certo quantos anos tinha, mas se julgava ter aproximadamente catorze, mas, de fato, não tinha uma maturidade de um pré-adolescente. Ser criado num local fechado retardou o amadurecimento do menino, lhe isentando de maldade e malícia, o que o penalizou naquele momento. Lucas, por sua vez, tinha uma malícia natural, um ódio natural, um rancor natural, totalmente o oposto do pobre Nero.

    O menino dos olhos de ave se levantava com ajuda das mãos, tremendo com o susto de ter sido golpeado de surpresa. Lucas caminhava ao arredor do ruivo, que sofria para se levantar.

    — Sabe, Nero, você não tem o porte de um soldado. — começou Lucas. — Você é inocente, fraco, frágil. O que você sabe fazer? Virar um pássaro e voar? Pegar fogo? Ok, você é mais aerodinâmico que os outros por natureza. Mas isso não te torna um soldado. Você é um peso para Kalos. Eu deveria deixa-lo sobreviver, ou tentar sobreviver, à esse bombardeio. Já que assim você vai para as linhas de frente, morrer como um peão de batalha. Você precisa crescer, Nero, você precisa de parar de viver nesse seu mundinho, parar de tentar descobrir o seu passado. Bom... Você teria uma oportunidade, mas acho que não vai conseguir se levantar para acompanhar os outros. Aproveite os escombros.

    Lucas estava cara a cara com Nero. O ruivo no chão e o moreno com os joelhos flexionados. Mas isso acabava com o garoto touro se virando e deixando Nero agonizando. A pancada na cabeça fora forte demais, e a visão do menino ficava turva. Ele refletia sobre as palavras de Lucas, sobre ser fraco, não ter utilidade, sobre ser quieto e pensativo em relação ao seu passado. Qual era o problema de tentar descobrir suas origens? Por que não pôde ter uma vida como as pessoas no mundo lá fora?

    Nero não via problema em ser pensativo.

    Processo de evacuação: completo.

    O alarme cessava, e um interruptor era ligado nas entranhas do ruivo, que buscava forças em seu interior para conseguir acompanhar os outros. Cambaleou nas primeiras passadas, avançou com dificuldade se apoiando nas paredes frias. Os tetos monótonos agora eram confusos na mente do menino. Sua visão, apesar de ter um raio de alcance muito alto, estava limitado no local fechado, e, para piorar, estava zonzo.

    Escolheu o caminho sem critério algum, apenas por instinto. Cruzou portas e cabines que pareciam ser cópias das outras, virou por corredores aleatórios. Depois de explorar diversas áreas do quartel, se deparou com uma sala. E ela se diferenciava das outras justamente por ter uma janela, que, infelizmente, não era possível ser aberta. Correu como um bêbado até a janela, batendo suas mãos abertas nas mesmas, olhando para o céu azul, que contrastava com o campo verde e limpo daquele local remoto em Kalos.

    Uma estrela cadente descia na direção da base. O modo tão lúdico de ver aquilo não era surpreendente para alguém como Nero. Mas, naquele momento de agonia, ver o míssil descer com extrema velocidade, era realmente algo de despertar os mais profundos sentidos selvagens. Mas não havia o que fazer. Estava limitado a ser um ser humano aerodinâmico e com uma ótima visão. Mas nada poderia lhe ajudar.

    Decidiu que bater na janela seria o ideal a se fazer. Socou, bateu, deu cabeçadas, gritou e esperneou. Mas ninguém o ouviria dali. Nero estava sozinho, triste por nunca ter conhecido o mundo lá fora. Triste por não saber quem realmente era. Triste por não ter a liberdade de voar naquela tarde de quinta-feira. O míssil descia na direção da base, era a hora de fazer um pedido.

    — Eu desejo ser livre. — falou, fechando os olhos e apertando a mão direita contra o coração, com angústia.

    — Te encontrei. — disse uma voz feminina.

    Um humanoide pequeno com aparência feminina estava na sala. O corpo inteiramente branco contrastava com o cabelo esverdeado com uma franja, enfeitado com duas espécies de chifres rosas. Era, com certeza, uma surpresa para Nero. O menino arregalou os olhos vendo aquele ser misterioso. O susto o jogou contra a janela, dando passos falhos, afinal, não a atravessaria.

    — Não temos tempo! — falou a humanoide.

    — O que é você? — perguntou Nero a medida que via aquele corpinho branco se aproximar correndo.

    Como se Nero fosse uma piscina, a humanoide pulou contra ele, como se estivesse numa competição de natação. Ouviu também uma explosão, e no mesmo instante viu as coisas balançarem. O míssil havia atingido a base. A monstrinha empurrou o ruivo contra o vidro, mas, estranhamente, ele foi realmente para trás. Não sentiu a rigidez do vidro, mas sim um gramado fofo em suas costas, agora no chão.

    Teve tempo de olhar para o lado, onde a humanoide se transformava em uma garota de cabelos verdes e os mesmos chifres rosados. A menina colocava a mão no ombro esquerdo, grunhindo de dor. Nero também estava fraco com a pancada na cabeça, e teve forças somente para deitar e olhar, de ponta cabeça, para a base sendo destruída de longe.

—x—

    O garoto ruivo estava na mesma sala. Era pequenino, uma criança, inocente mas corajoso, crente de que as palavras dos homens de branco seriam verdadeiras. Estava deitado debruçado em uma espécie de cadeira, colocando sua cara na cabeceira vazada, fazendo com que seus olhos de pássaro focassem somente o chão e a ponta dos sapatos bem lustrados de alguém.

    Seguravam suas costas, empurrando contra a cadeira.

    — Oficializar o Experimento 31. Agora. — disse uma voz.

    O menino sentiu uma onda de calor e choque em sua nuca, algo sendo comprimido contra sua medula espinhal. A dor não parava de aumentar. Era como se estivessem colocando algo dentro de seu corpo. Não sentia muito bem seus olhos, e sua visão ficava mais escura. Os braços ficavam sem força, sem movimentos, assim como as pernas. Era como ser um tetraplégico, mas com a outra penalidade de sentir somente dor nas áreas que não controla.

    De repente a dor se resumia em um tiro. Uma espécie de gatilho era apertado e a nuca do menino doeu como jamais doera antes. Seus braços foram pressionados de dentro para fora, como se fossem explodir. Os olhos, antes com pouca visão, agora perdiam-na por inteiro. A coragem e braveza do rapazinho era colocada para fora.

    Seu grito ecoou por todos os corredores.

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Mensagem por Brijudoca Qua 19 Abr 2017 - 17:49

Olá Sr.Ridinald, prazer =p

Devo dizer que de início tomei um susto, pois, já tinha me preparado pra ler o prólogo da sua fic, que por sí só já possui um tamanho considerável, logo, achei um pouco apressado em menos de dois dias você já lançar o capítulo um. Mas como você disse que pretende manter um cronograma de postar um capítulo por semana, toda segunda-feira, já fico mais tranquilo.

A única das obras que você diz se inspirar que eu tive algum contato foi o Orfanato da stra. Peregrine através da adaptação (questionável) de Tim Burton, no qual eu curti muito o universo e fiquei bem tentado em ler os livros. A bussola de ouro eu realmente não sei do que se trata, e quanto a Fallout eu prefiro não passar raiva com outra obra da Bethesda apesar de saber que o game é massa hahaahsuhsa. Durante a leitura também notei uma semelhança com a saga Maze Runner, não sei se também foi uma das suas inspirações ou só coincidência, mas todo esse lance do governo treinar e fazer experimentos com os jovens, isolando eles do mundo, me lembrou bastante.

Eu curti demaaaais as crianças serem metamorfos e imagino o quanto de coisa legal você pode incluir na história a partir disso. Também é bem legal eles assumirem características dos Pokemon que se transformam. Fiquei um tempão imaginando como seria a aparência do Nero e do Lucas. Aliás, achei bem legal o Nero se transformar em um Fletchinder, um dos "pássaros iniciais padrão" mais legais, e como você já deixou claro que eles conseguem evoluir, imagino que eventualmente um Nero-Talonflame vai dominar os céus.

Espero que você desenvolva um pouca da política da história, explicando como o mundo desandou a ponto dos continentes precisarem entrar em guerra e como que os experimentos vão ajudar Kalos a vencer a batalha. Não entendi se ainda existem Pokemon na sua fic, ou apenas os jovens que podem se transformar, mas acredito que isso me será esclarecido em breve.

Sua escrita é boa e fácil de ler, gostei muito do prólogo e da forma como você estabeleceu toda a baste da história. Já no capítulo 1, achei meio curto mesmo, deu impressão que não aconteceu quase nada pra fic andar, não sei se foi de fato pelos flashbacks no começo e no final. Acho que você não deveria estabelecer esse limite pessoal, talvez assim uns capítulos saíam maiores e outros menores mas sempre com a quantidade de informação necessária.

É isso, boa sorte e até a próxima o/
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Mensagem por Black~ Qui 20 Abr 2017 - 15:21

Bom, vamos lá.

Primeiro eu devo dizer que também fiquei assustado com você ter postado os capítulos em um curto período de tempo, mas pelo visto isso foi só durante o prólogo e o primeiro capítulo, já que você mesmo disse que pretende manter um período de uma semana, então ok -q, mas enfim.

Bem, eu gostei bastante da história, achei bem diferente e misteriosa. Realmente, ninguém nunca deve retratado uma fanfic onde os próprios humanos viram pokémons e eu acabei gostando disso. Pelo visto, isso foi algum experimento do governo para criar super humanos ou talvez para substituírem que já foram extintos, já que sua fic parece se passar no futuro, bem, de toda forma, achei bem legal e estou esperando mais para ver como que isso aconteceu, o que o governo fez, etc.

Gostei do Nero ser um Fletchinder, apesar de também associá-lo ao Growlithe kkk. De toda forma curti ele ser o Fletchinder, que apesar de ser um pokémonzinho bem comum, é bem legal e deve ser a ave da Rota 1 mais forte kk, mas enfim. Também achei interessante seu "rival" ser um Tauros, sendo um pokémon bem parecido com o próprio Lucas. Fico perguntando se os cientistas fizeram os meninos se transformarem em pokémons de personalidades e aparência semelhantes. Quanto à menina, imagino que seja um Ralts ou um Kirlia, foi o único pokémon que eu pensei com essas características que você apresentou.

Bem, achei interessante o mundo aparentemente estar um caos e Kalos estar sendo ameaçada por Sinnoh, que arremessa um míssil (qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência), provavelmente dando finalmente início à guerra. Gostaria de saber quais os motivos que levaram à guerra e há quanto tempo está sendo "planejada" a guerra, já que os meninos entraram no projeto ainda bem novos e agora já são adolescentes. De toda forma, curti essa pegada realista e de guerra entre os países que você implementou na fic. Não sei se acontecimentos da vida real que estão acontecendo agora te influenciaram, ou se você já tinha planejado isso e é apenas coincidência mesmo huahuaha, mas enfim.

De toda forma, não entendi muito bem o que aconteceu no fim desse capítulo. Aparentemente o Nero e a menina conseguiram se salvar. Mas um míssil tem um alcance muito grande de destruição, então eles teriam sido atingidos. Talvez o Nero tenha virado o Fletchinder no meio do susto, mas não sei se isso ficou muito claro na narração. Concordo com o Brijudoca, não estabeleceria um limite, ia apenas escrevendo sem limitar a criatividade. Às vezes alguns capítulos simplesmente não necessitam muitas páginas se não fica enrolado, e outros, não são necessárias poucas páginas, pois ficam sem explicação. Talvez você pudesse ter explicado um pouco melhor desde a cena que o Nero fica desacordado, mas enfim, gostei da fic de toda forma, isso é mais um toque.

Erros não vi nenhum tão grotesco para citar.

Enfim, é só e boa sorte com a fic o/

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Mensagem por Shiota Ter 25 Abr 2017 - 0:13

Hey Rinaldi o/

Eu estava "criando coragem" para comentar o prólogo quando você postou o capítulo 1 acabei procrastinando um pouco, digamos, uma semana para ler e comentar ele -q. Bom, to aqui, de qualquer forma :v

Devo dizer que adorei a premissa da fic, toda essa parte deles se transformarem nos Pokémon. Só acho um pouco... bizarro (e isso não é um ponto negativo) de imaginar eles com as características dos bichos, o mais bizarro até agora, para mim, foi justamente o Nero. Ele... sei lá ._.

Algo que gostei também foi do míssil ter sido lançado c: não que eu seja do mal e queira ver Kalos pegar fogo, mas é que acredito que se você se estendesse mais na base militar poderia acabar ficando meio monótono, mas a treta toda já vai começar, curti bastante isso e foi até inesperado para mim. Eles iam tomar uma bronca e... BUM! Só contornando um pouco o que o Black disse sobre o míssil, que eu acabei parando para pensar sobre só depois de ter lido o comentário dele. Dependendo do tamanho da base militar, acredito que não deve ser tão difícil para eles terem escapado assim (e onde o míssil atingiu).

O que eu achei meio estranho por aqui foi o comportamento do Lucas. Eu não sei direito se ele só queria matar o Nero, se é algum tipo de traidor. Mas o mais esquisito é a forma como ele disse aquilo. Me pareceu um intelectual ou algo do tipo, algo que quebrou drasticamente o que eu estava imaginando dele: um cara muito impulsivo, movido pelos impulsos, estressado, esquentado, "valentão" e "fortão". E, naturalmente, um Tauros também não ajuda a passar algo de "intelectual", que foi como ele pareceu, calmo e tal. Só que, ele quase matou o Nero pq foi chamado de "rolha do poço"? o.O (isso tbm foi desnecessário por parte do Nero e deu uma treta... auheauheuh).

Inicialmente eu imaginei a garota que apareceu como uma Gardevoir, mas, novamente, ao ler o cometário do Black, considero que uma Ralts ou Kirlia se encaixem melhor. E também liguei a travessia da janela ao Teleport da linhagem. Não sei a distância que foram, mas aparentemente não foram mais distante do que o próprio raio de visão que Nero estava tendo da janela, no gramado lá e tal. Eu achei meio wtf a metáfora com uma piscina, mas entendi o que você quis dizer de qualquer forma.

Teve algo que não ficou lá muito claro para mim. Certo, Nero e a garota se salvaram, mas e o resto dos outros que estavam na base? Eu imagino que alguns se salvarão, pois acredito que a função do Lucas na fic toda não será só bufar, falar umas coisas e quase matar Nero para morrer logo em seguida. E também não esqueci da ovelha-do-nome-difícil (eu escrevi flaaFLY nos comentários da fic do Ice e só notei dps que ele disse aqui. Ovelhas voadoras auhehuaeuh), que foi suspeitosa e especialmente descrito no prólogo. Mas, será que todo mundo se salvou?

É isso, até a próxima, cara tchau

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